sábado, 8 de junho de 2013

O Tempo das Provas.

As sombras que pairam no mundo visível ou invisível são desconhecidas da maioria das pessoas que habitam o plano físico, mas podem desencadear crises individuais e colectivas. Dito de uma outra forma, entidades doutros planos que não o físico podem estar no epicentro das nossas crises. Essas forças exercidas sobre nós, muitas vezes, atribuímo-las aos outros, desde a elementos da nossa família, a colegas de trabalho, ao contexto social, ao local onde habitamos, entre outros. Estes seres provêm, essencialmente, do Mundo do Desejo e dos seus respectivos planos. Tendo em conta que o ser não é composto apenas por matéria física, mas também é formado por substâncias de outros mundos, nomeadamente, do Mundo Mental e do Mundo do Desejo, estamos sempre em contacto com esses planos invisíveis e movemo-nos inconscientemente neles. Actuando neles, atraímos, desta forma, entidades que neles habitam e que estão em consonância com o nosso nível evolutivo e em sintonia com a nossa vibração base. Esta influência estabelece-se, normalmente, pelas vias mental e emocional embora relativamente a esta última tal influência seja mais fácil e eficaz, através do estímulo do corpo de desejos. Os nossos diversos estados de espírito atraem, por afinidade energética, vibratória e consequente nível evolutivo, em momentos igualmente diversos, diferentes tipos de entidades, por isso, devemos controlar e trabalhar sobre as nossas flutuações de humor e tentar mantermo-nos calmos e estáveis. Também estamos mais sujeitos a essas influências nefastas em alguns momentos do que noutros, pois essas forças manifestam-se tendencialmente nos nossos tempos mais frágeis, quando estamos mais debilitados fisicamente e psiquicamente, doentes ou em fase de provação das nossas aprendizagens. É importante notar, ainda, que essas forças incidem sobre as fraquezas e debilidades que trazemos para evoluir. Verificámos, deste modo, que as entidades que atraímos são sempre em função do nosso nível vibratório. Deste modo, quando temos pensamentos negativos, adaptamos práticas prejudiciais aos diversos corpos ou escolhemos circular em determinados meios de vibração baixa, estamos a enfraquecer a nossa vibração e, consequentemente, atraímos entidades que estão em sintonia com ela. Por vezes, a libertação desses estados não pode ser realizado individualmente, mas requer ajuda especializada. Dificilmente, no nosso estado actual evolutivo, estamos completamente imunes a essas influências sombrias, mas podemos libertar-nos e construir uma “armadura espiritual”, através da purificação e fortalecimento dos nossos corpos. Isso poderá ser feito através de uma alimentação correcta, exercício físico, persistência em hábitos saudáveis (corpo físico e vital), escolha de pensamentos positivos (corpo mental), praticando boas acções, orando e meditando (corpo emocional). A reformulação de práticas e processos deve ter um carácter construtivo e não punitivo. É requerido um trabalho de introspecção constante, de atenção e de silêncio interior. Também notamos a “olho nu” essa influência quando nos sentimos fatigados ao pé de alguém, com dor de cabeça ou entristecidos. Há seres mais sensíveis às influências alheias do que outros. O mesmo pode ser estendido aos ambientes que nos circundam. Apesar deste breve artigo ter incidido sobre as influências nefastas nas nossas vidas de entidades do mundo supra-físico, também somos influenciados por via mental, positivamente, por entidades bondosas. Tanto num caso como noutro, notamos que nós atraímos seres em função do nosso nível evolutivo e não acima dele; isto de um modo geral e corrente, porém, nem sempre é assim. Note-se que o auxílio espiritual implica a aproximação de entidades de nível superior, ainda que não invocado por nós conscientemente. Também a oração tende, regra geral, a atrair seres de estatura, pelo menos moral, superior à do orante. Sabendo isto, estaremos libertos da ignorância, não tomando estas entidades por aquilo que elas não são. Também existe uma ideia inexacta, por vezes, fantasiosa, acerca dos nossos guias pessoais (não nos referimos aqui aos “guias” da Humanidade, mencionados por Max Heindel). São seres que habitam no plano invisível, mas estes pertencem ao nosso nível evolutivo e não acima dele, pelo que também eles podem induzir-nos em erro, uma vez que o seu conhecimento é tão limitado quanto o nosso. Também é necessário ainda referir que nem todos os seres que se encontram no plano invisível, mesmo ao nosso nível, são prejudiciais. Afinal de contas, Max Heindel afirma “que também os mortos nos ajudam a viver”, como diz o Conceito. Este assunto é igualmente abordado na carta ao estudante número 63, intitulada Mestres Espirituais, os Autênticos e os Falsos. Por vezes, por desconhecimento, no dia-a-dia, ao acender velas, incensos e outros procedimentos semelhantes atraímos entidades que nos prejudicam. Estes produtos, devido à sua composição e características, atraem entidades que carecem de luz; pertencem normalmente ao plano inferior do Mundo do Desejo. Também a recitação repetitiva de determinados textos ou frases mais curtas pode afectar-nos, caso sejam diferentes do nosso nível vibratório. Persistindo em certas práticas nefastas, atraem-se entidades dos planos suprafísicos que se fazem passar por guias, santos e afins, afectando negativamente os corpos, a própria saúde e a evolução dos implicados. Vive-se actualmente num contexto de desespero e de descrença propício à divulgação de conhecimentos distorcidos e à proliferação de falsos mestres, de rituais folclóricos, entre outros. Cegos uns, no plano físico, interagindo com outros cegos, no suprafísico, acabarão por voltar sempre mais enfraquecidos aos mesmos caminhos, por vezes, com danos irreversíveis na saúde, no caso do plano físico, com as expectativas goradas, representando um atraso evolutivo para todas as entidades envolvidas. Não pensemos que as próprias instituições religiosas ou filosóficas estão imunes a estas influências. Se os seus membros adoptarem práticas contrárias ao nível vibratório em que essas instituições vibram, darão espaço a crises sérias pela falta de sintonia que geram. Não foi em vão que Max Heindel nos alertou para a importância e necessidade de disciplina nas instituições. De tempos a tempos, também elas sofrem provações, circulando no seu seio ou querendo entrar nele seres ignorantes, ávidos de protagonismo, que põem à prova as capacidades e conhecimentos dos seus membros. Embora sabendo que a ignorância tem o seu tempo determinado, o facto é que podem prejudicar a evolução dos seus membros e o trabalho social das instituições2. Os menos fortalecidos no plano espiritual e mais carentes de conhecimento deixar-se-ão iludir. Esta atitude fortalecerá, a longo prazo, a instituição porque afastará dela aqueles que não vibram na mesma sintonia ou ainda que vibrem, falta-lhes aperfeiçoar o discernimento e fortalecer a vontade, por isso, são elementos que, isoladamente, não prejudicam mas também não ajudam a fortalecer a égregora da instituição. Tal como os indivíduos, também as instituições necessitam de se limpar e purificar, a fim de se fortalecerem e continuarem a passar às gerações vindouras sabedoria espiritual sólida.Maria Coriel.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

A Provação do Peregrino

Todos vivemos várias provações ao longo da nossa existência terrena, períodos mais ou menos longos, em que somos assolados por diversas experiências bastante dolorosas; podemos citar a título de exemplo a perda de um ente querido, a falência de uma empresa, uma separação conjugal, algo intenso que provoca no indivíduo tristeza, instabilidade, insegurança, incerteza, lançando o ser numa crise profunda que atinge todas as áreas do seu ser, incluindo o seu lado espiritual. Os estudantes das várias correntes espirituais sabem que nada funciona por acaso e que tudo o que nos é dado viver tem um sentido oculto. Vários são os caminhos tomados face a estes períodos. Surge na maioria uma desorientação que, progressivamente, origina uma desconexão com o seu lado espiritual, até se perderem no nevoeiro e tempestades da vida. Podem deambular durante uma vida, desperdiçando oportunidades evolutivas, desmotivados, descrentes, longe do Sentido que inicialmente buscavam. Alguns costumam ficar obcecados com o passado longínquo e detêm-se em procurar ligações cármicas, buscando o fio antigo de sentidos; normalmente, tal é a obstinação por este trilho que rapidamente se perdem em mistificações ou deambulam em teias de fértil imaginação; outros refugiam-se numa atitude triste e submissa, aceitando o pesado destino com resignação. Entre o nevoeiro e a luz outros há que, após fases sucessivas de quedas e de recomeços, vão perdendo e reencontrando o caminho que procuravam, num balanço entre o afastamento e o retorno. Poucos são os que nunca perdem de vista o farol interior que os ilumina, ainda que se percam nos caminhos e atalhos da vida. Para todos a provação pode ser vista sob várias faces ou todas numa só: — funciona como uma prova às capacidades do peregrino, no fundo, um teste a aprendizagens anteriores; — necessidade de mudar de rumo, fazer novas escolhas difíceis, porém adequadas ao novo momento evolutivo; — necessidade de redefinir os sonhos, os objectivos de vida; novas aprendizagens estão na forja. Todos sentem que nesses momentos há determinadas aprendizagens – vontade, discernimento, pensamento positivo – que se afinam ou comportamentos que se adoptam, a disciplina, por exemplo; sentem também que há capacidades novas que emergem. Todas estas capacidades e atitudes podem tornar-se as nossas âncoras, mas só uma se afigura na provação como o nosso refúgio e salvação: a oração, esse fio de luz que nos liga à nossa Casa, nos devolve aos braços do Criador num breve alento para novas batalhas. Qualquer situação, por mais distorcida que se afigure, não tem mais força do que o poder de uma oração sincera e a nossa persistência nesse acto ajudará a ultrapassar qualquer provação, visível ou invisível, a seu tempo. Maria Coriel.