sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O tempo.

Todas as criaturas gozam o tempo – raras aproveitam-no. Corre a oportunidade – espalhando bênçãos. Arrasta-se o homem – estragando as dádivas recebidas. Cada dia é um país – de vinte e quatro províncias. Cada hora é uma província – de sessenta unidades. O homem, contudo, é o semeador – que não despertou ainda. Distraído cultivador, pergunta: - que farei? E o tempo silencioso responde, com ensejos benditos: De servir – ganhando autoridade. De obedecer – conquistando o mundo. De lutar – escalando os céus. O homem, todavia, - voluntariamente cego. Roga sempre mais tempo – para zombar a vida, Porque se obedece – revolta-se orgulhoso, Se sofre – injuria e blasfema, Se chamado a conta – lavra reclamações descabidas. Cientistas – fogem da verdadeira ciência. Filósofos – ausentam-se dos próprios ensinos. Religiosos – negam a religião. Administradores – retiram-se da responsabilidade. Médicos – subtraem-se à medicina. Literatos – furtam-se à divina verdade. Estadistas – centralizam a dominação. Servidores do povo – buscam interesses privados. Lavradores – abandonam a terra. Trabalhadores – escapam do serviço. Gozadores temporários – entronizam ilusões. Ao invés de suar no trabalho – apanham borboletas da fantasia. Desfrutam a existência – assassinando-a em si próprios. Possuem os bens da Terra – acabando possuídos. Reclamam liberdade – submetendo-se à escravidão. Mas chega, um dia – porque há sempre um dia mais claro que os outros, Em que a morte surge – reclamando trapos velhos... O tempo recolhe, então, apressado – as oportunidades que pareciam sem fim, E o homem reconhece – tardiamente preocupado, Que a Eternidade infinita – pede contas do minuto... André Luiz

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