quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A Rosa e a Cruz.

poema místico de Fernando Pessoa. Porque choras de que existe A terra e o que a terra tem? Tudo nosso – mal ou bem – É fictício e só persiste Porque a alma aqui é ninguém Não chores! Tudo é o nada Onde os astros luzes são. Tudo é lei e confusão. Toma este mundo por strada E vai como os santos vão. Levantado de onde lavra O inferno em que somos réus Sob o silêncio dos céus, Encontrarás a Palavra, O Nome interno de Deus. E, além da dupla unidade Do que em dois sexos mistura A ventura e a desventura, O sonho e a realidade, Serás quem já não procura. Porque, limpo do Universo, Em Christo nosso Senhor, Por sua verdade e amor, Reunirás o disperso E a Cruz abrirá em Flor.

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