sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A Lenda das 13 Matriarcas.

Ao longo dos tempos, entre os Kiowa, Cherokee, Iroquois, Sêneca e em várias outras tribos nativas norte-americanas, as anciãs contavam e ensinava, nos "Conselhos de Mulheres" e nas "Tendas Lunares", as tradições herdadas de suas antepassadas. Dentre várias dessas lendas e histórias, sobressai a lenda das "Treze Mães das Tribos Originais", representando os princípios da energia feminina manifestados nos aspectos da Mãe Terra e da Vovó Lua. Neste momento de profundas transformações humanas e planetárias, é importante que todas as mulheres conheçam este antigo legado para poderem se curar antes de tentarem curar e nutrir os outros. Dessa forma, as feridas da alma feminina não mais se manifestarão em atitudes hostis, separatistas, manipuladoras ou competitivas. Alcançando uma postura de equilíbrio, as mulheres poderão expressar as verdades milenares que representam, em vez de imitarem os modelos masculinos de agressão, competição, conquista ou domínio, mostrando, assim, ao mundo um exemplo de força equilibrada, se empenhando na construção de uma futura sociedade de parceria. Como regentes das treze lunações, as Treze Matriarcas protegem a Mãe Terra e todos os seres vivos, seus atributos individuais sendo as dádivas trazidas por elas à Terra. O símbolo da Mãe Terra é a Tartaruga e seu casco, formado de treze segmentos, simboliza o calendário lunar. Conta a lenda que, no início da no nosso planeta, havia abundância de alimentos e igualdade entre os sexos e as raças. Mas, aos poucos, a ganância pelo ouro levou à competição e à agressão, a violência resultante desviou a Terra de sua órbita, levando-a a cataclismos e mudanças climáticas. Em conseqüência, para que houvesse a purificação necessária do planeta, esse primeiro mundo foi destruído pelo fogo. Assim, com o intuito de ajudar em um novo início e restabelecer o equilíbrio perdido, a Mãe Cósmica, manisfestada na Mãe Terra e na Vovó Lua, deu à humanidade um legado de amor, perdão e compaixão, resguardado no coração das mulheres. Para isso, treze partes do Todo representando as treze lunações de um ciclo solar e atributos de força, beleza, poder e mistério do Sagrado Feminino. Cada uma por si só e todas em conjunto, começaram a agir para devolver às mulheres a força do amor e o bálsamo do perdão e da compaixão que iriam redimir a humanidade. Essa promessa de perfeição e ascensão iria se manifestar em um novo mundo de paz e iluminação, quando os filhos da Terra teriam aprendido todas as lições e alcançado a sabedoria. Cada Matriarca detinha no seu coração o conhecimento e a visão e no seu ventre a capacidade de gerar os sonhos. Na Terra, elas formaram um conselho chamado "A Casa da Tartaruga" e, quando voltaram para o interior da Terra, deixaram em seu lugar treze crânios de cristal, contendo toda a sabedoria por elas alcançada. Por meio dos laços de sangue dos ciclos lunares, as Matriarcas criaram uma Irmandade que une todas as mulheres e visa a cura da Terra, começando com a cura das pessoas. Cada uma das Matriarcas detém uma parte da verdade representada, simbolicamente, em uma das treze ancestrais, as mulheres atuais podem recuperar sua força interior, desenvolver seus dons, realizar seus sonhos, compartilhar sua sabedoria e trabalhar em conjunto para curar e beneficiar a humanidade e a Mãe Terra. Somente curando a si mesmas é que as mulheres poderão curar os outros e educar melhor as futuras gerações, corrigindo, assim, os padrões familiares corrompidos. Apenas honrando seus corpos, suas mentes e suas necessidades emocionais, as mulheres terão condições de realizar seus sonhos. Falando suas verdades e agindo com amor, as mulheres atuais poderão contribuir para recriar a paz e o respeito entre todos os seres, restabelecendo, assim, a harmonia e a igualdade originais, bem como o equilíbrio na Terra. Meditação para entrar em contato com a Matriarca de qualquer lunação. Transporte-se mentalmente para uma planície longínqua. Ande devagar por entre os arbustos e diferente tipos de cactos, nascendo do chão pedregoso. O ar está calmo, o silêncio quebrado apenas pelo canto de alguns pássaros. Veja o Sol se pondo, colorindo o céu nos mais variados tons de dourado e púrpura. No meio dos arbustos você enxerga uma construção rudimentar de adobe, meio enterrada no chão, lembrando o casco de uma tartaruga. Ao redor, há um círculo de treze índias, algumas idosas, outras jovens, vestidas com roupas e xales coloridos e enfeitadas com colares e pulseiras de prata, turquesa e coral. A mais idosa bate um tambor, as outras cantarolam uma canção que lhe parece familiar. Uma delas lhe faz sinal para que você se aproxime e você a segue respeitosamente. Sabendo que chegou à Casa do Conselho, onde receberá apoio e orientação, você entra na estranha construção de teto, por uma abertura, descendo por uma escada rústica de madeira. Ao descer a escada, você se percebe dentro de uma "Kiva", a câmara sagrada de iniciação dos povos nativos. As paredes estão decoradas com treze escudos, cada um ornado de maneira diferente, com penas, símbolos, conchas e fitas coloridas. O chão de terra batida está coberto de ervas cheirosas e algumas esteiras de palha trançada. No fundo da "Kiva", você vê duas pequenas fogueiras, cuja fumaça sai por duas aberturas no teto. Esses "fogos cerimoniais" representam os dois mundos - o material e o espiritual - e as aberturas representam os canais ou "antenas " que permitem a percepção dos planos sutis. A fumaça representa o caminho pelo qual os pedidos de auxílio e as preces são encaminhados para o Grande Espírito. No centro, perto de um caldeirão, está sentada a Matriarca que você veio procurar. Ajoelhe-se e exponha-lhe seu problema. Ouça, então, sua orientação sábia ecoando em sua mente. Peça, em seguida, que ela toque seu peito, acendendo assim o terceiro fogo, a chama amorosa de seu próprio coração. Sinta o calor de sua benção curando antigas feridas e dissolvendo todas as dores, enquanto a chama lhe devolve a coragem, a força, a fé e a esperança. Agradeça à Matriarca pela dádiva que lhe devolveu seu dom inato e comprometa-se a restabelecer os vínculos com a Irmandade das mulheres, lembrando e revivendo a sabedoria ancestral. Despeça-se e volte pelo mesmo caminho, tendo adquirido uma nova consciência e a certeza de que jamais estará só, pois a Matriarca da Lunação de seu nascimento a apoiará e guiará sempre. Texto de Mirella Faur.

mãe das estrelas.

Mirella Faur... A humanidade sempre sentiu fascínio pelas estrelas e ao longo dos tempos as constelações ofereceram imagens e sabedoria para a criação de mitos e lendas. Os nomes atuais das estrelas são, na sua maioria, de origem grega e romana, porém muito antes destas civilizações, os povos nativos exploravam a vastidão do céu e criavam seus próprios mitos e arquétipos divinos. Os nativos norte-americanos consideravam a “estrela matutina e vespertina” (nomes de Vênus nas suas diferentes aparições em função da época do ano) como representações do princípio masculino e feminino. Um motivo comum nas suas lendas era a metamorfose de uma Mulher Estrela em uma linda mortal e seu desaparecimento depois de casar com um humano. Outros mitos chamam as estrelas de Filhos do Sol e da Lua, que, por temerem o Sol que engolia seus filhos, desapareciam de dia e voltam para dançar junto da sua mãe, a Lua, na chegada da noite. Os povos siberianos acreditavam que as estrelas são janelas de cristal pelas quais os deuses olham para a terra, o céu sendo uma grande tenda. A Via Láctea - que marca o centro da nossa galáxia - é descrita por alguns mitos como uma estrada, rio ou ponte entre os mundos. Os índios navajos dizem que ela foi formada pelo coiote que espalhou pedras brilhantes no céu, formando a ponte que liga o céu à terra. Já os maias achavam que ela era a estrada pela qual as almas iam para o mundo subterrâneo. No antigo Egito a luminosa estrela Sirius era alvo de veneração, seu aparecimento no céu coincidindo com a cheia do rio Nilo que trazia fertilidade e prosperidade. Os templos de Ísis, Hathor e Nut eram orientados para Sirius, que era o local de repouso das almas dos faraós e sacerdotes. Ísis era tradução grega do nome Au Set ou Sothis, equivalente de Sirius. A constelação Canis Maior a qual pertence Sírius é formada por 7 estrelas que deram origem aos 7 aspectos de Hathor e à serpente com 7 cabeças. A deusa árabe Al-Uzza também é associada com Sirius; os mitos semitas relatam a descida das deusas Ishtar e Astarte do planeta Vênus. Os títulos Rainha Celeste e Estrela Guia foram atribuídos a estas deusas, bem como à Inanna e “herdados” depois por Maria.Inanna era descrita vestida com uma túnica de estrelas e um cinto formado pelo zodíaco. Existem inúmeros mitos sobre as Plêiades, chamadas também de Sete Irmãs, “A galinha e seus pintinhos” ou “As choronas”, sua aparição sendo prenúncio da estação de chuvas, um marco importante para navegação e início do Ano Novo em vários lugares.. Elas formam um pequeno grupo na constelação de Touro, seis sendo visíveis a olho nu. Em contraste com seus efeitos míticos benéficos, na astrologia lhes é atribuída uma influência nefasta, presságio de cegueira para aqueles que nasceram debaixo da sua influência (grau 29 de Touro). Mitos celtas e maias atribuem a construção dos sítios megalíticos, círculos de menires e pirâmides a um enigmático Povo das Estrelas e aos viajantes vindo das Plêiades. A Mãe das Estrelas é uma divindade cuja antiguidade e complexidade foge à nossa compreensão racional. Ela abarca toda a vastidão e diversidade do universo, regendo o tempo e a ausência dele. Ao mesmo tempo é gentil e terrível, simbolizando criação e destruição, o milagre do nascimento de uma estrela e a explosão violenta de uma super nova. Tanto é a luz difusa e longínqua das nebulosas, quanto o calor do Sol, o brilho da Estrela Polar ou o mistério dos buracos negros. Para conseguir alcançar o seu misterioso e profundo poder, precisamos nos distanciar dos arquétipos e diversos nomes a Ela atribuídos ao longo dos tempos. Podemos apenas imaginá-la como uma figura nebulosa formada pelas galáxias, cujos cabelos ondulam no movimento dos cometas e os seus passos são marcados pela poeira estelar. Seus olhos brilham como estrelas super novas, seu sorriso esquenta como os raios do Sol e Ela protege os viajantes da Terra, do mar e do espaço com suas asas radiantes. Seu elemento é a escuridão que abrange e conforta, mas também é a luz que brilha e guia. Seu halo cintila com cores estelares, do ultravioleta ao infravermelho, passando pelo azul, amarelo, vermelho ou simplesmente branco. Pode ser vista como uma Deusa Tríplice personificando a passagem do tempo ou apenas Mãe, pois Ela é a Fonte de tudo, o começo e o fim. Para ouvir Sua voz no nosso coração e sentir o Seu abrangente abraço, precisamos apenas olhar para o céu estrelado e refletir sobre o movimento eterno e infinito dos planetas, estrelas, constelações e galáxias, círculos dentro de círculos, mundos dentro de mundos. Sentir a nossa pequenez de simples átomos do Seu corpo, mas também a nossa grandeza espiritual por sermos Suas filhas. Iremos encontrá-la se mergulharmos dentro de nós, na nossa alma, percebendo-a como nosso Sol e doadora de vida, a nossa estrela Guia. E, se quisermos refletir suas bênçãos, devemos irradiar nossa própria luz, como pequenas centelhas da sua gloriosa e radiante chama. Pois ela é a Mãe de todos nós, o Alfa e Ômega do Todo, a Senhora Estelar primordial.