contos sol e lua

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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Missa da Fénix.


O Mago, seu peito nu, conserva-se ante o altar no qual estão seu Cinzel, Incenso, Turíbulo e dois dos Bolos de Luz. No Sinal do Entrante ele alcança o Oeste através do Altar, e grita:

Salve Rá, que vais em Tua barca

Pelas cavernas das Trevas!

Ele faz o sinal do Silêncio, e pega o Sino, e o Fogo, em suas mãos.

Leste do Altar veja-me em pé

Com Luz e Músicka em minha mão!

Ele bate Onze vezes no Sino 333-55555-333 e coloca o Fogo no incenso.

Eu toco o Sino: eu acendo a Chama:

Pronuncio o Nome misterioso.

ABRAHADABRA.

Ele toca o sino Onze vezes.

Agora começo a orar: Vós, Criança,

Sacro e imaculado é vosso nome!

Vosso reino é vindo; Vossa vontade foi feita.

Aqui está o Pão; aqui está o Sangue.

Trazei-me através da meia-noite ao Sol!

Livrai-me do Bem e do Mal!

Que Vossa coroa de todos os Dez

Aqui e agora seja minha. Amém.

Ele coloca o primeiro Bolo no Fogo do Turíbulo.

Eu queimo este Bolo-Incenso, proclamo

Estas adorações de Vosso nome.

Ele as faz (as adorações) segundo Líber Legis, e novamente toca Onze vezes o Sino.

Com o Cinzel ele então faz sobre seu peito o sinal apropriado.

Observe meu peito que sangra

Marcado com o Sinal do Sacramento!

Ele coloca o segundo Bolo no ferimento.

Estanco o sangue; a hóstia com ele

Se embebe, e o Sumo Sacerdote invoca!

Ele come o segundo Bolo.

Este Pão eu como. Esta blasfêmia juro.

Enquanto me inflamo com oração:

Não há graça: não há culpa:

Esta é a Lei: Faze o que tu queres!

Ele toca Onze vezes o Sino, e grita

ABRAHADABRA.

Entrei com pesar; com alegria

Eu agora prossigo, e com acção de graças,

Para tomar meu prazer na terra

Entre as legiões dos vivos.

Ele prossegue.

Algumas explicações de Aleister Crowley sobre a missa da Fênix, elas foram publicadas originalmente no Book of Lies — capítulos 44 e 62, respectivamente.

A missa da Fénix.
Este é o número especial de Hórus; é o sangue em hebraico, e a multiplicação do 4 pelo 11, o número de Magick (Magia), explica 4 em seu sentido mais sutil. Mas veja em particular as explicações em Equinox I, vi, das circunstâncias do equinócio dos deuses. A palavra “Fênix” pode ser tida como se incluísse em si a idéia de “Pelicano”, o pássaro que na fábula alimenta sua cria com sangue de seu próprio peito. As duas idéias, apesar de cognatas, não são idênticas, e “Fênix” é o símbolo mais acurado.
A Fênix tem um sino ao invés de som; fogo ao invés de visão; uma faca ao invés de toque; dois bolos, um para o paladar e outro para o olfacto. Ele se posiciona ante o altar do Universo no pôr-do-sol, quando a vida na Terra empalidece. Ele conjura o Universo, e o coroa com a luz mágicka, para substituir o Sol da luz natural. Ele ora para homenagear a Ra-Hoor-Khuit; a ele então sacrifica. O primeiro bolo, queimado, ilustra o proveito tomado pelo esquema de encarnação. O segundo, misturado com o sangue vital e comido, ilustra o uso da vida inferior para alimentar a vida superior. Ele então toma o sacramento e se torna livre — incondicionado —, o Absoluto. Queimando na chama de sua oração e novamente nascido — a Fênix!
Também a Fênix leva galhos para acender o fogo que a consume.

Segue na sequência tradução de excertos do livro The Tree of Life, de Israel Regardie. A presente tradução foi feita por Edson Bini.

A Missa do Espírito Santo!
Assim é chamada esta técnica específica. E única em toda a magia, pois nela está compreendida quase toda forma conhecida de procedimento teúrgico. Ao mesmo tempo, é a quintessência e a síntese de todas elas. Entre outras coisas, diz respeito à magia dos talismãs. Por meio desse método, uma força espiritual viva é confinada numa substância teles mâtica específica.
Não se trata de telesmata morto ou inerte como acontece na costumeira evocação talismânica cerimonial, mas sim de imediato vibrante, dinâmico e contendo em germe e potencial a possibilidade de todo crescimento e desenvolvimento. De uma maneira muito especial, refere-se, ademais, à fórmula do Cálice Sagrado. Um cálice dourado de graça espiritual é utilizado, no qual a própria essência e sangue vital do teurgo têm de ser derramados para a redenção não de sua própria alma, mas de toda a espécie humana.
A eucaristia também está implícita e o cálice é usado como a taça da comunhão, cujo conteúdo santificado — taumatúrgico e iridescente, em suma o vinho sacramentai — tem de ser dedicado e consagrado ao serviço do Altíssimo. A oblação a ser consumida com o vinho eucarístico é, em função dessa interpretação, a essência secreta tanto do mago intoxicado quanto do supremo deus que ele invocou. Neste método está presente também em larga escala a técnica alquímica, visto que concerne majoritariamente à produção do ouro potável, a pedra filosofal e o elixir da vida que é Amrita, o rocio da imortalidade.
Acima de tudo, ter em mente a fórmula filosófica do Tetragrammaton, que é o métododesta missa. Isso demonstra a necessidade de uma familiarização prática com os princípios numéricos da Santa Cabala, pois quanto mais conhecimento se possui, classificado no sistema indicador da Arvore da Vida, mais sentido e significação se vinculam à fórmula de Tetragrammaton, Na elaboração do que foi dito acima, os seguintes princípios podem ser postulados. O Y do nome sagrado neste sistema é chamado de leão vermelho e a primeira H é a águia branca. Concebe-se que essas duas letras sejam as representações de dois princípios cósmicos, dois rios de sangue escarlate que brotam dos seios da sereia para dentro do mar, duas torrentes distintas e incessantes de vida, luz e amor que procedem eternamente da própria vida.
Nelas reside o poder de tocar e comungar, fazendo um novo do outro, sem nenhuma ruptura das fronteiras sutis das torrentes ou qualquer confusão de substância. Em sua natureza, são mutuamente complementares e opostas, e, no entanto, nelas está fundada a totalidade da existência. Todas as operações alquímicas, de acordo com as autoridades, requerem dois instrumentos principais: “um recipiente circular, cristalino, precisamente proporcional à qualidade de seu conteúdo “, ou cucúrbita, e “um forno teosófico selado cabalisticamente” ou athanor, O athanor é atribuído ao Y e a cucúrbita ê uma atribuição da H.
A fabricação do ouro alquímico, que é o rocio da imortalidade, consiste de uma operação peculiar que apresenta várias fases. Pelo estímulo do calor e do fogo espiritual para o athanor, deve haver uma transferência, uma ascensão da serpente daquele instrumento para dentro da cucúrbita, usada como uma retorta. O casamento alquímico ou a combinação das duas correntes de força na retorta produz de imediato a decomposição química da serpente no mênstruo do glúten, sendo este a parte do solve da fórmula alquímica geral do solve et coagula. Junto à decomposição da serpente e sua morte surge a resplendente Fênix que, como um talismã, deve ser carregada por meio de uma contínua invocação do princípio espiritual compatível com a operação em andamento. A conclusão da missa consiste ou no consumo dos elementos transubstanciados, que é a Amrita, ou no ungir e consagração de um talismã especial.
Conduzida dentro de um círculo adequadamente consagrado, após um perfeito banimento, seguida por uma poderosa conjuração da força divina e o assumir da forma divina apropriada, a cerimónia pode se revelar detentora de poder incomparável para franquear os portais dos céus. Utilizando-se apenas a taça e o bastão como armas elementares, em associação com o mantra ou a invocação rítmica especializada, é raro que a missa falhe ou não produza efeito. Essa união de duas armas mágicas diferentes, bastante divorciadas, como podem ter-se afigurado num primeiro momento, aumenta a potência de cada uma delas, já que combina numa operação única os melhores aspectos e as maiores vantagens de ambas.Vampiros Rituais de Sangue, de Marcos Torrigo.

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