contos sol e lua

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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O mundo Viking.


Embora a mesma língua (o escandinavo arcaico) fosse falada em toda a Escandinávia; os vikings nunca foram uma nação. No início da era viking a lealdade fundamental era para com o clã (um grupo de famílias aparentadas) e havia muitas regiões diferentes, cada uma com seu regente próprio. Gradualmente, durante os tempos vikings, os três reinos que formam a moderna Escandinávia - Noruega, Suécia e Dinamarca - foram formados.
Por contraste, no ano 800 da nossa era o resto da Europa foi dominado por três poderosos impérios. 0 Sagrado Império Romano incluía a França, a Itália e a Alemanha e era regido pelo Imperador Carlos Magno. No leste, a cidade de Bizâncio (atual Istambul) era o centro do rico Império Bizantino. A sul e leste do Mar Mediterrâneo estendia-se o Império Muçulmano Árabe. Os vikings não tinham nenhum governo central ou polícia coordenada, ainda que por trezentos anos tenham sido capazes de aterrorizar esses três grandes impérios.
Religiao e sagrificios
Os deuses vikings eram violentos e impiedosos. Odin, o deus da guerra, regia a Valhalla, a Sala dos Eleitos. Cavalgava pelos céus em um cavalo de oito patas, acompanhado por lobos. Os guerreiros que morriam em batalha eram levados para a Valhalla pelas Valquírias (donzelas guerreiras). Nesse céu viking eles lutavam o dia todo e festejavam a noite toda. Odin era também o deus da sabedoria e o pai da escrita e da poesia. Não se podia confiar realmente em Odin.
Thor, o deus do trovão, era o mais popular dos deuses. As pessoas comuns usavam talismãs da sorte feitos na forma do martelo que ele carregava. Thor defendia a lei e a justiça, razão pela qual a Assembléia Islandesa abria sempre numa quinta-feira. (N.T. Em inglês, Thursday = Thors day = dia de Thor.)
Freir, o deus da colheita, e sua irmã Freyja, a deusa do amor, garantiam boas colheitas e famílias grandes. 0 pai deles, Njord, era o deus da riqueza, da pesca e da navegação. Tanto Odin como Freir exigiam sacrifícios – em raras ocasiões, sacrifício humano. Inimigos capturados eram amarrados com os membros esticados. Fazia-se um corte ao longo da espinha, as costelas eram abertas dos lados e os pulmões puxados para fora, como as asas de uma águia. Um escritor alemão do século XI, Adão de Bremen, foi informado por um cristão de um festival em Uppsala, na Suécia, que acontecia de nove em nove anos e durava nove dias.
Se seu informante estava falando a verdade, nove machos de diversos tipos de criatura, inclusive o homem, eram abatidos e dependurados numa árvore sagrada pelos gothis (sacerdotes). Eles mergulhavam varas de bétula no sangue e borrifavam os adoradores. Os vikings acreditavam que Freir ficava mais satisfeito com o sacrifício de cavalos; por isso os cristãos da época eram proibidos de comer carne de cavalo.
O maior sacrifício era oferecer um filho. Quando a guerra contra os vikings vizinhos estava indo mal, Hakon, regente da Noruega (965-95), prometeu sacrificar seu filhinho, Erling. Os negócios melhoraram imediatamente e Hakon deu o menino a seu criado para ser morto.
No inicio
Apesar de seus rituais religiosos, os vikings não eram bárbaros incivilizados. No século VIII seus ancestrais escandinavos já tinham uma forma de democracia e extensas ligações comerciais. Na ilha de Helgö, perto de Estocolmo, os arqueólogos encontraram até um Buda de bronze, proveniente da Índia. Tesouros de moedas e jóias foram descobertos, o que mostra que os suecos, particularmente, eram muito ricos. Mostram também que o século antes de 800 da nossa era foi um tempo de guerra na Escandinávia - o tesouro era enterrado pelos donos, que não sobreviviam para recuperá-lo. Durante esse período os vikings desenvolveram seu espírito de luta e táticas piratas, tornando-se hábeis navegadores. Viagens e invasões tornaram-se parte do modo de vida escandinavo.
Ninguém sabia realmente o que inspirava os vikings a atacar o resto da Europa, mas em 808 da nossa era Godofredo, Rei da Dinamarca, sentiu-se poderoso o bastante para declarar guerra ao Sagrado Império Romano. Embora fosse incapaz de derrotar Carlos Magno, destruiu a cidade comercial de Reric e persuadiu seus comerciantes a se mudarem para uma nova cidade que ele tinha construído na Dinamarca. Seu nome era Hedeby. Godofredo não era um assassino sem compaixão. Ele estava usando o poder naval e militar viking para desenvolver o mercado e aumentar a riqueza de seu país. Seguiram-se três séculos de invasões, comércio e conquista viking.
Atividades de inverno
Nos tempos vikings, o clima na Escandinávia era mais quente do que é hoje. Os invernos porém eram rigorosos, portanto o fazendeiro e sua família deixavam a choupana e voltavam para o baer. Eles faziam o sacrifício de inverno (14 de outubro) para pedir aos deuses um clima ameno. Em 12 de janeiro faziam o sacrifício de Yule. Durava três dias, durante os quais os gothis sacrificavam o "porco do perdão" e pediam a Freir, deus da fertilidade, prosperidade e paz.
Para os homens vikings o inverno era uma época de grande lazer. Eles consertavam suas ferramentas e armas. De acordo com um poeta viking, os filhos dos jarIs e dos homens livres aprendiam a "atirar flechas, cavalgar, caçar com cães, brandir espadas e fazer feitos na natação", habilidades de que iriam precisar quando fossem para a guerra. 0 passatempo dos adultos incluía luta romana, um jogo de bola chamado knattleikr e truques com facas. Os homens desafiavam uns aos outros para escalar uma rocha íngreme ou pular de um rochedo. Desse modo mantinham-se em forma, prontos para a batalha.
A violência era parte de tudo o que os vikings faziam. Eles gostavam de assistir a lutas de garanhões até um matar o outro. Nas competições de natação os competidores tentavam afogar seus oponentes. Lutas romanas e knattleíkr muitas vezes terminavam em morte. Mesmo o hnefatafl, um jogo de tabuleiro, podia acabar em discussão e em socos que faziam o sangue jorrar.
Batalha para pilhar
Um monge francês escreveu que depois de 800 da nossa era, invasores noruegueses e dinamarqueses "Ievavam a todos os lugares a fúria do fogo e da espada, entregavam as pessoas à morte e à escravidão, devastavam todos os mosteiros e deixavam todos cheios de terror".
De fato, muitas vezes os vikings eram derrotados mas todo ano eles voltavam. Gradualmente eles começaram a se estabelecer nas ilhas de Shetland e Orkney, ao norte da Escócia, fazendo os habitantes de escravos. Construíram fortes na Islândia e os usavam como bases, de onde atacavam os mosteiros irlandeses. Em 844 os vikings se estabeleceram nas ilhas ocidentais da França. Em 855 invasores vikings permaneceram na Inglaterra além do inverno pela primeira vez.
Os ataques se tornaram uma invasão. Em 865 inúmeros nobres vikings se juntaram para formar uma grande hoste (exército) que durante os 30 anos seguintes aterrorizou a Europa ocidental. 0 norte o leste da Inglaterra foram conquistados e tomaram-se subordinados à lei dinamarquesa. Em 6 de janeiro de 878 os dinamarqueses surpreenderam o rei inglês, Alfred, e devastaram Wessex, no sul da Inglaterra. Alfred e um pequeno grupo de guerrilha esconderam-se nos pântanos. Depois de uma série de batalhas, forçaram a hoste a se render. 0 líder dinamarquês e seus homens foram batizados como cristãos e estabeleceram-se no leste inglês.
VIKINGS de JOHN D. CLARE.

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