sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Os Primeiros Vampiros.


A lenda de Nosferatu: as primeiras imagens dos vampiros eram de monstros repugnantes e sem raciocínio que matavam suas vítimas sem pena em busca de sangue
A ideia de que existem criaturas tomadoras de sangue talvez tenha nascido junto com a humanidade, e, ao longo de toda a História, esses seres assustadores surgiram e ressurgiram repetidas vezes, em diferentes épocas e em incontáveis culturas ao redor do mundo. Nem todos, porém, influenciaram o surgimento e a evolução do mais famoso de todos: o vampiro.
O conceito do vampiro, tal como o conhecemos hoje, tem uma origem bem definida no tempo e no espaço: ele surgiu na Europa Centro-Oriental, em especial nos países eslavos, há pouco mais de trezentos anos. No começo, esse tomador de sangue só era conhecido pelos moradores de aldeias remotas e atrasadas.
Entre o final do século XVII e o início do século XVIII, porém, uma verdadeira epidemia de vampirismo espalhou-se pela Sérvia. O episódio permitiu que o termo vampiro atingisse o oeste europeu, mais desenvolvido e culto, uma vez que os relatórios oficiais e médicos sobre as mortes atribuídas aos vampiros introduziram a palavra em idiomas como latim, inglês, francês e alemão.
A figura do vampiro ganhou, então, as atenções nos círculos culturais mais sofisticados, em pleno coração do mundo ocidental. Na Alemanha e França, entre outros países, médicos, filósofos e religiosos estavam perplexos com os relatos de vampirização e discutiam o fenômeno como um possível fato médico. Logo eles se deram conta de que o vampiro não passava de um ser folclórico, mas já era tarde. O desmorto assassino já havia invadido e se instalado de vez na imaginação e na cultura da Europa.
Surgimento do mito.
Na época em que surgiu, o vampiro não era só um mero fantasma ou assombração. Seu mito apareceu como explicação para acontecimentos reais, que a população inculta e sem acesso a informação ou ajuda externa não conseguia explicar de forma mais convencional.
É bem provável que a lenda tenha nascido da necessidade de explicar o alastramento de doenças epidêmicas, numa época e num lugar onde não se conheciam os mecanismos de contágio de enfermidades transmissíveis. Surgiu, assim, a crença de que o morto transformado em vampiro retornava da cova para atacar familiares e amigos, ou seja, pessoas com quem tivera contato mais estreito.
Essa situação nos lembra muito a transmissão de uma doença contagiosa, do doente para as pessoas mais próximas a ele. O intervalo que havia entre as mortes sugere o transcurso de período de incubação e de desenvolvimento dos sintomas do doença, antes da próxima vítima morrer. Várias enfermidades que poderiam dado origem ao mito vampiro foram sugeridas, como a peste bubônica, a tuberculose e a raiva. Outro fator que pode ter contribuído para o surgimento do vampiro folclórico foi a falta de conhecimento sobre o processo de decomposição cadavérica e de como ele pode ser perturbado por fatores externos. Assim, se uma exumação revelasse um cadáver muito menos decomposto do que o esperado, as pessoas lançavam mão da única explicação possível: a sobrenatural.
Seus ancestrais.
O vampiro não nasceu simplesmente do nada. Ele derivou de antepassados mais antigos, por sua vez originários de diferentes pontos não só da Europa como da Ásia. Tais antepassados eram criaturas que já tinham alguma característica “vampírica”, mas não exibiam todo o conjunto que define o vampiro propriamente dito.
Os vampiros originais da Sérvia, ancestrais diretos do vampiro moderno, assimilaram características de cinco tipos diferentes seres sobrenaturais: os mortos-vivos, presentes no folclore por toda a Europa; os espíritos que fazem visitas noturnas, como os íncubos e súcubos da Igreja Católica; os seres que chupam sangue, como as estriges, bruxas da Roma antiga; os bruxos dos países eslavos e balcânicos, que faziam malefícios mesmo depois de mortos; e os licantropos ou lobisomens, pessoas que se transformavam em lobos e que voltavam após a morte para tomar sangue humano.
O vampiro ancestral eslavo assumiu e amalgamou características de todos esses seres sobrenaturais, mas estes não desapareceram do folclore. Alguns sobreviveram até os dias de hoje e podem ser reconhecidos na mitologia europeia e até na brasileira, como as bruxas e os lobisomens. De certa forma, poderíamos considerar o vampiro ancestral como uma criatura transgênica, que incorporou e transmitiu a seus descendentes características que originalmente eram de outras espécies.
Nasce um vilão
A partir do momento em que o vampiro ancestral invadiu a literatura e o teatro, em especial na Alemanha, França e Grã-Bretanha, ele começou a sofrer um processo de transformação e de adaptação ao ambiente cultural. Muitas de suas características originais foram perdidas ou alteradas, enquanto outras surgiam. De monstro repugnante e sem raciocínio, ele se tornou um nobre atraente e cínico, cheio de más intenções. O cenário deixou de ser a aldeia atrasada, e a criatura vampira passou a circular nas altas rodas e a viajar livremente entre países e até continentes, atrás de suas vítimas, em geral mocinhas lindas, indefesas e de boa família.Wikepédia

Nenhum comentário: