terça-feira, 5 de janeiro de 2010
A experiencia Mística.
O tema da experiência mística é abordado na obra “A Dança da Vida” do psicólogo Havelock Ellis. A experiência mística é apreciada como uma extensão temporária da consciência a valores universais. Em determinado momento é estabelecida uma relação singular entre as chamadas vidas interna e externa.
Aquilo que é real, geralmente esquecido ou ignorado, assume o primeiro plano na relação figura e fundo, enquanto que o irreal é visualizado claramente como mera ilusão.
A maioria das pessoas passa pela existência sem jamais vislumbrar o real significado da vida. Flutuam como folhas ao vento na atmosfera da existência fenomenal, definindo a vida como um mero conjunto de rotinas de subsistência, como comer, dormir e trabalhar, ignorando seu próprio self.
O mundo externo, com suas ocupações e responsabilidades, parece muito próximo e muito real enquanto a placidez da esfera dos sábios, parece muito distante e inacessível. A experiência mística mostra o erro deste ponto de vista. Na realidade a paz da vida interna se revela mais próxima que o próprio hálito, enquanto o mundo é vislumbrado mais longe.
Através da experiência mística velhos padrões de percepção e compreensão são ultrapassados. A vida interior desponta vitoriosamente acima dos preconceitos , da ansiedade e da dúvida, revelando a imanência da vida, da lei e do amor.
Segundo Manly P. Hall, “Nenhum conhecimento é importante em si mesmo, porém é importante em relação às inferências que podem advir através dele. Todas as artes e ciências são portais para o templo do cosmos, portas para a casa do verdadeiro ensino. Cada arte e ciência conduz ao fim à Deus.” A experiência mística reúne o que o homem sabe e constrói o que ele é. É a aquisição que resulta da destilação final da experiência. É o momento da iluminação que faculta a todas as coisas um significado .
A experiência mística é o meio através da qual a mais alta forma do saber chega aos humanos, não o saber exterior, produto da mente alheia, mas aquele que emana da fonte de sabedoria infinita que irrompe, naturalmente, em seu interior, e que o guiará e o ensinará sempre que for capaz de sintonizar-se com ele. Tal saber é chamado Voz do Silêncio, ou a Voz de Deus, que fala na placidez de uma consciência, voz que tudo sabe e que realmente ensina, timão seguro para todas as horas e em todas as tempestades. Através desta Voz , Jacob Boheme, o humilde sapateiro foi iluminado pela consciência divina.
A mitologia nos mostra os semideuses como seres mistos, humano e divinos, fruto da união entre seres humanos e seres divinos, ou seja entre mortais e imortais. Tais figuras ilustram o ser humano, com todos os seus atributos humanos, com todas as suas virtudes e defeitos se relacionando com a sua contraparte divina, sempre presente e todavia desconhecida.
A verdade é insofismável, todavia não pode ser dita . Ultrapassa, escapa a demarcação da linguagem, o campo das representações. Por isso Pilatos, a mente concreta, diante de Cristo, ao indagar o que era a Verdade, não recebeu nenhuma resposta. A Verdade ultrapassa o campo das representações.
É importante ressaltar que “um místico não pode ser aquilatado simplesmente pelo número de livros que tenha escrito ou pelas instituições que tenha representado como dirigente.Um místico só pode ser avaliado pela intensidade da iluminação que tenha projetado no caminho da humanidade. Buda, Jesus e Muhammad nunca escreveram nada “.(KA)
O místico torna-se alegoricamente o cálice do Graal, um receptáculo de forças ordinariamente consideradas sobrenaturais. Como Jesus será tentado e à medida que renuncie a efêmera glória material pelo serviço amoroso e desinteressado pela humanidade, torna-se um instrumento eficaz de mediação da Hierarquia Espiritual.
A Dança da Vida.Havelock Ellis.
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