quinta-feira, 25 de março de 2010
A Parte Oculta da Mente.
Se nos deparássemos com as camadas mais profundas da nossa mente, certamente não as reconheceríamos. Provavelmente, as rejeitaríamos como estranhas àquilo que gostamos e valorizamos. Talvez inclusive as odiássemos, temêssemos e quiséssemos destruí-las. Ou, ao contrário, talvez as achássemos sublimes e angelicais. Ainda assim não as sentiríamos como parte nossa, pois as consideraríamos muito superiores ao que pensamos de nós mesmos. Poderia acontecer também de não as acharmos nem terríveis, nem sublimes, mas simplesmente estranhas, alheias ao que somos. De todo modo, uma coisa é certa: a imagem que fazemos de nós mesmos não corresponde ao que somos em nossa totalidade. Nossa identidade é falsa, uma ilusão criada pela falta do conhecimento de si mesmo.
Formamos uma identidade a partir de apenas um pequeno fragmento daquilo que somos. E a partir do momento em que a formamos nos apegamos aferradamente a ela. E a defendemos do que quer que possa ameaçar a sua verdade. Em especial a defendemos com maior vigor bem contra o que está mais profundamente enraizado na parte oculta de nossa mente. Porém, é exatamente esta parte que insiste em se mostrar em nossas vidas incessantemente, a cada momento em um novo disfarce. Se um dia ela nos aparece na forma de um cisne e tentamos matá-lo ou ignorá-lo, no outro ela nos aparecerá na forma de uma mulher sedutora procurando atrair o nosso desejo. E a cada vez ela se metamorfoseará, como que tentando nos trapacear, até que consiga ter sua companhia aceita por nós. E após se tornar nossa companhia, tentará ser nossa amiga. E então nossa amante. Finalmente, será a nossa própria face.
E a cada vez que isso acontece, sempre que os conteúdos ocultos da nossa mente se tornam a nossa própria face aceita e vista no espelho, mais a nossa identidade se torna um espelho do nosso íntimo, ao invés de uma proteção contra ele. E assim ela ganha realidade e substância, enquanto nossa existência ganha significado e propósito. Não somos mais apenas fantasmas inconscientes vagando por um deserto sem vida. Somos condores sobrevoando os mais altos cumes e mergulhando nos mais baixos vales da alma humana.
Nada disso, porém, é possível sem abertura. Estar aberto às manifestações de sua própria mente oculta é preciso. Procurar encarar-se sem apegos a própria identidade. Buscar expulsar de dentro de si quaisquer premissas a seu próprio respeito. Deixar de dar importância às regras morais de sociedades, religiões e ideologias. Abandonar todos os filtros e interpretações que vêm do exterior. Deixar-se estar cara-a-cara com o desconhecido. Pois é lá, naquele local inóspito e sem luzes ou placas indicando o caminho, que se encontram os maiores tesouros de nossa alma, o pote de ouro no fim do arco-íris.
Esta empreitada pode exigir a coragem de um semi-deus grego ou a inocência de uma criança. É pela coragem de enfrentar o medo ou pela falta de consciência do perigo que nos abrimos a novas realidades interiores. São dois caminhos possíveis para a abertura e muitas vezes alternamos entre eles, ao longo de diferentes fases da vida ou mesmo de um único dia.
No final o que se ganha é algo que, embora etéreo, é a mais vital e substancial conquista de qualquer indivíduo: ser completo, ser humano.Wikepédia.
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