terça-feira, 6 de abril de 2010

Gnose, a religião do diabo.


"Dois amores deram nascimento a duas cidades: a cidade terrestre procede do amor de si até ao desprezo de Deus; a cidade celeste procede do amor de Deus levado até ao desprezo de si” (Santo Agostinho, De Civitas Dei, lib. XIV, c. 17).
Sem pretender aprofundar o estudo da gnose, da qual se pode conseguir melhores informações no artigo Gnose: Religião Oculta na História, de autoria do professor Orlando Fedeli e no Espaço do Leitor, na seção sobre Gnose, procuramos explicar qual é a relação da gnose com a crescente onda de paganismo que assola o mundo.
Gnose significa conhecimento. Não um conhecimento que pode ser alcançado com o uso do intelecto, mas um conhecimento místico, uma espécie de iluminação, que pretende ser “magicamente” adquirida pelo iniciado.
Segundo a explicação mais comum que a gnose utiliza para a criação do universo, no começo Deus era tudo que existia, o todo era divisível, e todas as partículas resultantes dessa divisão (éons) eram idênticas entre si. Cada partícula era idêntica ao todo; assim, cada parte se reconhecia no todo e o todo se reconhecia em cada parte.
Isso permaneceu assim até o surgimento de um éon diferente. Como este era diferente, os outros não se reconheciam nele. Isso causou, de alguma forma, a criação do mundo material e o aprisionamento dos éons (partículas divinas) na matéria.
Foi então que, segundo a teoria gnóstica, o demiurgo (a divindade má em essência, porque era diferente) criou o mundo material e aprisionou a divindade boa nele. O papel do gnóstico então seria conseguir o “conhecimento” para liberar a divindade contida na matéria, ou mais especificamente, nele mesmo.
Assim, enquanto que para os cristãos Deus salva o homem, para a gnose, o homem salva Deus.
Daí também a pretensão metafísica do homem de efetivamente ser Deus.
Os pagãos alegam que sua religião é muito antiga, e eles têm razão nisto, se considerarmos em última instância sua religião é a gnose, pois está escrito no Gênesis, capítulo 3, versículos 1 a 6:
" A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse a mulher: É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?
A mulher respondeu-lhe: Podemos comer do fruto das árvores do jardim.
Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: “Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais.”
"Não! – tornou a serpente – vós não morrereis!
Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”
A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente.”
Assim, a serpente (o demônio) seduziu a Eva e esta a Adão para comer da árvore do conhecimento (Gnosis em grego) pois assim – através do “conhecimento” – eles seriam deuses. Eis a fundação da gnose.
No sistema religioso gnóstico, não existe uma entidade superior transcendental, ou seja, um Deus sobrenatural, exterior à natureza. A divindade estaria aprisionada dentro da própria natureza. Deus seria imanente ao mundo. Dessa forma, para o gnóstico a matéria é má.
O panteísmo é uma forma grosseira de traduzir a imanência divina, identificando a divindade com o universo material, e preparatória para a Gnose, ao identificar a divindade com a matéria. Assim, contrariamente à gnose, o panteísmo passa a ver a matéria como boa, pois a identifica com a própria divindade.
Panteísmo significa exatamente isto: tudo é divino. Assim sendo, não se espera de uma pessoa cujo pensamento seja essencialmente panteísta que acredite em Deus separado da natureza, ou que acredite na graça sobrenatural. Para ele, tudo o que acontece, seja no âmbito visível (mundo material) ou no invisível (mundo espiritual), acontece de acordo com leis naturais, conhecidas ou não.
No paganismo, adotou-se quer o panteísmo, quer a Gnose. Conforme diz o Padre Festugière, em sua grande obra sobre Hermes Trismegisto, havia no mundo greco-romano duas religiões: uma otimista e panteísta, que divinizava a matéria; outra pessimista, gnóstica, que considerava a matéria má (Cfr. R. P. Festugière, La Revélation de l´Hermes Trismegite, Lecofre Gabalda, Paris, 1954, 4 vol.).
No paganismo panteísta, cultuam-se diversas entidades naturais, diretamente vinculadas ou relacionadas com o mundo material. No fundo, as divindades pagãs refletem o próprio homem com suas fraquezas e misérias.
O neopaganismo se manifesta mais perfeitamente panteísta que o paganismo antigo, no sentido de que mais diretamente adora a natureza, mesmo que em seus cultos sejam envolvidas entidades espirituais, que em seu entendimento também são naturais.
O pai da gnose, e por conseguinte do panteísmo, é o mesmo demônio que tentou Adão e Eva no paraíso, para que comessem do fruto do conhecimento do bem e do mal. Dessa forma , de acordo com o demônio, eles se tornariam como deuses. E assim, hoje, o homem come do fruto da gnose, que é a mentira essencial, pois ele se acredita deus, negando a graça sobrenatural e a existência de um Deus transcendental criador do Universo.F.Wikepédia.

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