sábado, 17 de julho de 2010

ANUKET, DEUSA DAS CATARATAS DO NILO.


Anuket é uma Deusa muito antiga, que acredita-se ter sido importada da Núbia, considerada como sendo a personificação da fonte do rio Nilo, que nascia do seu ventre. O Egito é "a dádiva do rio Nilo", sem ele, a terra teria sido infecunda. Foi o rio, que fez desde o início do Egito uma nação agrícola.Os egípcios não tinham necessidade de olhar ansiosamente para o céu à procura de chuva, pois todos anos no verão, o Nilo proporcionava a irrigação necessária. A cheia anual, que renovava a vida, nunca deixava de chegar quando o calor se aproximava, irrigando a terra dos faraós e fazendo do Egito uma das mais prósperas nações do mundo antigo e alimentando uma civilização que atravessou milênios de história.
O rio Nilo nasce no coração da África, no lago Vitória, e deságua no Mediterrâneo formando um grande delta. Em seu trajeto, corta todo o território egípcio no sentido sul-norte. Foi ao longo de seu percurso que floresceram as culturas agrícola-urbanas. Os egípcios reverenciavam o grande rio como uma divindade protetora e fertilizadora e, embora suas cheias destruíssem moradias e afogassem homens e animais, eram tidas como uma grande benção.
Anuket era conhecida também, pelos nomes: Anukis, Anqet, Anket, "Senhora da Núbia", "Senhora de Sehel" e "Senhora da Núbia". A Núbia tornou-se uma província do Egito no Novo Império. A Baixa Núbia situava-se entre Assuã e a segunda catarata. A Alta Núbia, estendia-se da segunda catarata às proximidades da quinta.
Como Deusa da água era Anuket (Aquela que Aperta), portanto, com seu abraço que durante a inundação fertilizava os campos. Assim como outras Deusas hermafroditas, acreditava-se que Anuket havia-se originado por si própria, por isso era representada, algumas vezes, com quatro braços, que representavam a união dos princípios masculinos e femininos.
Anuket era uma Deusa nutridora não só da terra, mas também do faraó. Foi retratada amamentando o jovem Ramsés II, transmitindo-lhe poder, saúde e muita alegria. Os egípcios antigos, a julgar pelas pinturas dos túmulos, era um povo muito alegre e o gosto pela vida não era limitado somente aos ricos. Até os humildes, foram mostrados pelos artistas, aparentando despreocupação e muito bom humor.
A Deusa Anuket, segundo alguns registros, foi a segunda esposa do deus Khnemu (deus lunar), possuindo morada especial na ilha de Seheil. Deu forma a uma tríade com Khenmu e Satis ( filha-mãe) e em épocas muito antigas foi identificada com Neftis. A tríade egípcia sempre era formada por um elemento feminino, um elemento masculino e um elemento formado pela união de ambos. Visualizamos na tríade a grande importância da família para o antigo egípcio. Na ilha de Elefantina, Anuket forma outra tríade com Jnun (deus cabeça-carneiro), um deus local de Hípselis e Esna, cuja lenda conta que foi quem modelou o homem em sua olaria às margens do rio. Acompanhando-s encontramos a Deusa Satis(levava a coroa do Alto Egito), uma divindade da primeira catarata do Nilo que é representada adornada com chifre de antílope. Neste caso, Anuket cumpre a função de filha do casal formado por Jnun e Satis.
Só para esclarecer, a primeira catarata do Nilo é um dos seis afloramentos de granito que obstruíam o Nilo na Antiguidade e era também a tradicional fronteira meridional do Egito. O Egito estendia-se desde a quinta catarata do Nilo até o rio Eufrates, na Ásia Ocidental.
Anuket era ainda, uma Deusa da caça, cujo animal sagrado era a gazela e estava também associada a água. A ligação das Deusas da água com a gazela era provavelmente porque os egípcios sempre viam estes animais em torno da água.
Provavelmente, pelo status de Deusa da Fertilidade, Anuket, transformou-se em Deusa da Luxúria e foi relacionada com a natureza sexual. Seu símbolo, com estes atributos era vulva, usado em vários países como amuleto para a fertilidade, renascimento, cura, poder mágico ou boa sorte. Sempre Anuket que era chamada para dar as boas-vindas aos recém-nascidos ou filhotes de animais. Ela era chamada de Doadora de Vida, tanto de humanos como dos animais. Suas bençãos se tornam eficazes nas primeiras formas da Lua Crescente.
Adorada no Reino Novo em Elefantina, onde se encontrava o seu santuário mais importante. Em Filé havia outro templo, onde era identificada com Ísis. Era representada como uma mulher vestindo uma grande coroa com plumas de avestruz, que conduzia um cetro de papiro. Como é de origem africana, suas vestes são muito ornamentadas. Sua imagem pode ser vista no templo de Ramsés II em Abu Simbel. Em 1963 e 1968, o templo foi transferido para longe do lago Nasser, criado pela barragem de Assuã.
Segundo algumas fontes compulsadas, Anuket, também conhecida por Anka, deu origem à palavra ankh, "A Chave da Vida", antigo símbolo feminino da Grande Deusa e da imortalidade dos deuses. Mais tarde, a ankh ficou conhecida como "A Chave do Nilo", reproduzindo a união mística de Ísis e Osíris, que provocava a inundação anual do rio.
Anuket é uma Deusa Mãe Protetora que deu vida ao faraó, à terra e ao próprio Egito.
ARQUÉTIPO DA DEUSA VIRGEM.
A Deusa Anuket está associada à Lua Crescente e a característica da Deusa desta fase é ser virgem. Mas virgem, no sentido de ser essencialmente uma-em-si-mesma. Isto explica o porquê de ser considerada uma Deusa andrógina. Ela não é, portanto, a contraparte feminina de um deus masculino. Ao contrário, ela tem um papel próprio. Ela é a mais Antiga e Eterna, a Mãe do deus Ra e Mãe de todas as coisas.
Da mesma forma, a mulher contemporânea que incorpora o arquétipo de Anuket é "virgem" em sua conotação psicológica. Uma mulher que é dependente do que outras pessoas pensam, que a faz dizer e fazer coisas que realmente não aprova, não é virgem no sentido do termo. A mulher virgem é livre para ser como deseja. Ela é o que é. Mas romper leis convencionais, não pode levá-la ao egocentrismo, pois deste modo a cura se tornaria pior que a doença.
Mas, como pode então a mulher libertar-se de sua orientação egocêntrica? Quando buscar objetivos não-pessoais e relacionar-se corretamente com sua Deusa Interior, terá como resultado a liberação do egotismo e do egoísmo. Ela deixará então de ser vista como uma egoísta, para consolidar uma personalidade de significação mais profunda. Para tanto, deve ser conhecedora dos ensinamentos antigos da Deusa. É entendendo a concepção primitiva das deidades lunares, que eram tanto provedoras da fertilidade, como destruidoras da vida, que poderemos incorporar os princípios femininos das Deusas, nos tornando então, "virgens", uma-em-si-mesmas.
Rosane Volpatto.

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