sábado, 19 de fevereiro de 2011

VIDA MAIS ABUNDANTE.


A grande mudança vulgarmente designada como “morte” não faz distinção de pessoas. Pode acontecer na juventude, na meia idade ou na velhice. Mas, em algum momento da vida, todos são chamados a deixar suas vestes físicas de lado e fixar-se novamente em reinos além da nossa esfera de conhecimento.

Sabendo que esta mudança é inevitável, certamente é imperativo que aprendamos, o máximo possível, sobre a grande transição. Para os menos esclarecidos, este fenômeno tem sido sempre uma questão que está além do entendimento e, comumente, quando somos chamados para enfrentá-lo, enchemo-nos de uma série de perplexidade e, no mínimo, de um reprovável terror. Esta apreensão, contudo, nem sempre existiu. No passado longínquo, quando a consciência do homem estava mais focalizada nos reinos espirituais do que no material, a perda de seu corpo físico era quase imperceptível. Ele se conhecia como espírito e sua veste física como algo adquirido, destinado para uma vida mais curta ou mais longa, e que, por fim, tal como uma folha de uma árvore, desprendia-se dele para ser substituída quando de novo fosse necessário.

Não foi senão quando o homem perdeu a visão de seu habitat celeste e de que era um espírito imortal ocupando de tempos em tempos um corpo físico, que ele começou a identificar-se com o veículo material e passou a considerá-lo como seu “Eu real” e, daí, o medo de uma possível existência sem ele. De fato, um grande número de seres tem suas consciências focalizadas no mundo material de tal forma, que chegam a acreditar que são apenas um corpo físico e que sua existência cessa no momento em que a morte aniquila este corpo.

Parece quase impossível, para o homem espiritualmente esclarecido, que tal condição ainda possa existir. Infelizmente, ainda temos evidência disto em torno de nós e por toda a parte. As pessoas, com desespero, vêem partir seus assim chamados mortos, pouco compreendendo que um Espírito liberto está retornando ao seu lar no mundo celeste para continuar uma ininterrupta existência.

Ainda que não houvesse nenhuma outra razão senão o conforto daqueles que conhecem os fatos relacionados à assim chamada morte, examinemos a verdade em relação a este peculiar fenômeno.

O homem, o “Eu real”, é puro Espírito, diferenciado no Corpo de DEUS, o qual é todo o Sistema Solar, ambos com aspectos visível e invisível. Seu destino é tornar-se um Deus como seu Divino Criador, segundo o Iniciado Paulo. A fim de desenvolver seu poder divino em potencial, o homem passa através de várias fases de evolução, desde a mais etérea à mais densa, deparando-se com experiências as quais, lentamente mas seguramente, desenvolvem suas capacidades latentes. Durante uma fase do seu desenvolvimento, ele habita este plano terrestre, de vez em quando, usando um corpo físico. Mas somente uma pequena parte de seu tempo é passada aqui. O resto é vivido nos reinos suprafísicos onde ele recebe outra instrução e lhe são dadas outras tarefas a realizar como exercício, todas com o objetivo de desenvolver suas forças potenciais latentes em energia dinâmica pronta para ser usada a qualquer momento e controlada diretamente por seu próprio Espírito que é o seu Eu real.

Cada vez que um indivíduo desce ao plano terrestre, torna-se prisioneiro de um corpo físico; e a duração desta vida na Terra depende do número de lições que ele tenha para aprender. Há Egos que vêm à Terra para aprender lições em construção pré-natal do corpo e que se descartam de seu veículo físico tão logo essa tarefa particular esteja completa, o tempo variando em cada caso, em dias, semanas, meses ou anos. Outros usam seus corpos físicos do nascimento à adolescência, outros até a idade adulta e ainda há os que alcançam avançada idade. Mas, note-se, a duração de cada vida terrena depende de certas lições necessárias à aprendizagem individual, a fim de que sua evolução possa ser favorecida. De modo algum, somos meros joguetes do destino.

Tendo-se uma determinada quantidade de livre arbítrio, é-nos possível no passamento de um Espírito, através de nossas lamentações e outros tipos de perturbação, frustrar temporariamente os planos da Natureza e causar a este Espírito a perda do panorama post-mortem, tão necessário ao seu progresso no mundo celestial. Nestes casos, o Espírito, comumente, retorna àqueles que foram responsáveis por esta sua perda, renascendo em seu lar e logo deixa a vida terrena, indo diretamente para o Primeiro Céu, onde retoma as lições contidas no panorama destruído. Na hora do passamento, todas as crianças, bem como os adultos, são aguardados por amigos queridos e, às vezes, até por Anjos, para conduzi-los ao Grande Além.

A vida das crianças no mundo celeste é de uma beleza indescritível. Quando os pais compreenderem a vida agradável que tais crianças levam e os grandes benefícios usufruídos por elas durante sua breve estada naquele mundo, sua dor será certamente bastante suavizada e as feridas de seu coração curar-se-ão muito mais rapidamente.

Aqueles que deixam seu Corpo Físico em condições normais estão liberados inteiramente assim que o panorama da vida é gravado no Corpo de Desejos, o qual eles levam ao mundo celeste. Três dias e meio de perfeita quietude devem ser permitidos ao Espírito no momento da transferência da gravação do panorama da vida recém finda do éter refletor do Corpo Vital para o Corpo de Desejos, veículo em que o Espírito funciona quando entra nos mundos superiores. As imagens assim transferidas para o Corpo de Desejos, o veículo da emoção e do sentimento, são a base do subsequente sofrimento durante a estada do Espírito no Purgatório, devido aos maus atos cometidos, e, no Primeiro Céu, a alegria sentida é por conta das boas ações realizadas em sua última vida terrena.

O tempo de permanência do Espírito no Purgatório pode ser grandemente abreviado se ele estiver perfeita e prontamente desejoso de reconhecer e desfazer-se de seus erros e faltas, quando estas imagens aparecerem no panorama da vida, ao invés de tentar desculpar-se ou deixar-se inflamar de novo pela cólera e pelo ódio do passado. Este desejo de cooperação do Espírito reduz grandemente o sofrimento relativo à purgação do post-mortem.

Tão logo o corpo físico se separa dos corpos sutis, os portais do reino elemental se abrem e as forças que impregnam a terra, a água, o fogo e o ar retiram-se da forma inanimada pertencente ao seu particular domínio, e a reintegram em seu próprio reino.

O peculiar ambiente que envolve uma câmara mortuária e o medo que a maioria das pessoas tem de um corpo morto são ambos causados pelo estreito contato, então existente, entre os ocupados seres elementais e as pessoas que se encontram em volta do corpo inanimado. Estas forças elementais estão sempre presentes e excessivamente ativas quando qualquer tipo de matéria orgânica tem de ser desintegrada, e suas partículas devem retornar às respectivas esferas.

Tristezas, lamentações, pensamentos de desespero e ânsias de que volte o ser que partiu tendem a tornar o Espírito preso à Terra, impedindo-o de participar das atividades pertencentes ao seu novo ambiente de vida. Por outro lado, pensamentos de amor, coragem, esperança, alegria e boa vontade são mais benéficos e de valor inestimável. Se, ao invés de entregar-se às nocivas práticas das lamentações que impedem o progresso do Espírito que partiu, alguém fizesse, à noite, precisamente antes de adormecer, uma oração fervorosa para lhe ser permitido ir ao encontro do seu ente querido, tão logo tivesse adormecido, tal desejo o transportaria quase imediatamente para onde estivesse o ser querido e poderiam passar horas juntos, o que seria proveitoso para ambas as partes. Na ocasião em que este alguém fosse capaz de voltar às Regiões Suprafísicas em plena consciência, muitas experiências seriam conseguidas nos planos invisíveis e, desta forma, poderia auxiliar os amigos que partiram e, com o método já mencionado, eles poderiam encurtar muito sua permanência na região purgatorial.

O tempo de permanência no purgatório é comparativamente curto, cerca de um terço do período vivido no Mundo Físico, mas a vida no Primeiro Céu dura, aproximadamente, centenas de anos. Esta região é um lugar de alegria, sem a menor dose de amargura. Doenças, tristezas e pesares são desconhecidos então, e todas as nobres atividades almejadas pelo Espírito são totalmente realizadas. Belas casas, flores, árvores, etc. lhe pertencem, tudo composto pela sutil substância do Mundo do Desejo. Apesar disso, todas as coisas são tão palpáveis para os habitantes do mundo celeste como nossas propriedades materiais o são para nós.

Esta gloriosa região é lugar de progresso e contém tudo o que é bom e desejável nas humanas aspirações. Aqui, o estudioso e o filósofo têm acesso instantâneo a todas as bibliotecas do mundo. O artista, pelo poder da imaginação, cria seus modelos perfeitamente em cores luminosas e vívidas, de cintilante beleza. O escultor modela com facilidade a matéria plástica deste mundo, produzindo obras cuja delicada beleza ele nunca imaginou durante sua vida na Terra. O musicista também é grandemente beneficiado, pois, nesta região, ele ouve os ecos de celestiais melodias, muito mais doces e mais duradouras que quaisquer que tenha ouvido na Terra, e seu Espírito se inebria em sua especial harmonia. O poeta encontra uma inspiração maravilhosa em imagens, música e cores as quais será capaz de usar em seu próximo renascimento. Os filantropos elaboram planos altruístas que serão empregados em vidas futuras. Nesta região, ele vê também a causa das falhas do passado, aprende a transpor os obstáculos e a evitar os erros que tornaram os planos que usou no passado impraticáveis. Assim, após uma curta estada de purificação na região purgatorial, este é o lugar onde os nossos entre queridos são encontrados, preparando-se para uma nova, melhor, mais eficiente, mais compreensível vida terrena em tempos vindouros.
F.P.Biblioteca Rosa Cruz.

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