quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
A porta até você.
Em toda sua vida você se relaciona com duas portas: a porta pela qual você veio através do nascimento, e aquela pela qual você partirá.
Mas há uma outra porta, e essa é a porta até você.
Eu ofereço ajuda para abrir aquela porta até você. Eu chamo de Conhecimento um modo prático de você se habilitar a ir para dentro de si e sentir aquele sentimento que está lá, dentro de você. Eu ofereço quatro técnicas para aqueles que desejarem este Conhecimento. Existe um processo muito simples de se preparar para ele, e em seguida você tem a possibilidade de ir para dentro e sentir aquele sentimento.
Do que eu estou falando está dentro de você.
Sempre esteve, sempre estará.
Recentemente falei, em muitos eventos na Índia, que a coisa mais importante que temos é esta existência. Quando você nasce, recebe como presente uma experiência chamada vida.
E, nesta vida, o que você tem ?
Você tem uma respiração.
Você tem um dia, uma hora, um minuto, um segundo. Essas são suas realidades. Isso não é ficção. Não é um conceito. O que falo, o que quero experimentar na minha vida e o que quero que você vivencie não é a ficção. É realidade. Uma realidade que você pode tocar, sentir, que você pode entender. Em sua vida, aceitação deveria ser o que você sabe, entende, sente. Não com o pensamento, mas com o sentimento.
Há um lindo poema Indiano : "Que gotas compõem o oceano, todo mundo sabe; mas, que a gota contém o oceano, pouquíssimos o sabem".
Eu quero que você faça parte desses poucos que entendem isso.
Essa coisa incrível - nela está tudo e ela está em você, também. Você é a gota. Não a gota líquida, você é a gota. O oceano está em você.
E, sim, você pode sentir isso. Eu entendo isso, porque a mesma energia que está por toda parte chega até mim na forma de respiração - me toca e traz o presente da vida.
Por que se tornar pleno? A resposta para essa pergunta está na escritura que não exige alfabetização.
As pessoas se expressam de diversos modos, mas o que dizem é a mesma coisa. Somos todos humanos e, em última instância, temos a mesma paixão, queremos ter paz, ter contentamento, queremos ser felizes.
Recentemente, quando eu cruzava em vôo uma tempestade, tive uma experiência mágica. Havia belas nuvens de um lado, e uma espécie de abertura: nuvens do lado do oceano, nuvens do lado da terra firme, e o sol brilhava no meio. Às vezes apenas as extremidades se iluminavam e, de repente, as nuvens se acendiam por inteiro.
Não havia raios, só a chuva, e belos arco-íris. Parecia algo saído de um livro.
Eu estava lá olhando para isso tudo. Sei muito bem o que é um arco-íris. Posso até dizer onde vai surgir um, se tiver que surgir. Para isso é preciso que haja gotas d´água em suspensão e sol. É a refração da luz nas gotas d´água que faz o arco-íris.
E há nuvens. Sei exatamente o que são as nuvens: elas são vapor d´água. Na medida em que o calor aumenta, começa o resfriamento e a nuvem se forma. A chuva é o vapor d´água que sobe pela atmosfera, resfria-se e cai.
E pensei: "Sim, sei disso tudo. Mas por que é tão belo?"
Desfrutei aquilo. Não há equivalência entre toda a lógica do mundo e o que o coração tem para oferecer em termos de apreciação. O coração faz parte das pessoas tanto quanto o cérebro.
Dê ao coração o tempo necessário e sua vida começará a mudar, pois se há algo que todo mundo pode usar, mas faz isso de modo precário, é a apreciação.
Os médicos não vão dizer isso. Não aparece no exame de sangue. Mas somos todos deficientes em apreciação. Não sabemos o valor das coisas qeu nos foram dadas. Não compreendemos a beleza desta respiração. Quando se compreende a beleza da respiração, como é possível não apreciar?
Não é ciência o que vou dizer, mas creio que seja nossa capacidade de apreciar, de desfrutar, o que faz de nós o que somos. Os cães gostam daquilo que gostam, sem dúvida. Abanam o rabo e um brilho surge em seus olhos. Chegam até a sorrir . Gostam daquilo que gostam. Com os gatos é a mesma coisa. Gostam do que gostam.
Mas há algo que podemos apreciar por sermos o que somos. E isso, em minha opinião, é o que nos diferencia um pouco.
Espero que descubra o que é e preste atenção nessa coisa que está dentro de você e com a qual vai estabelecer um relacionamento. Aí, não estará apenas sobrevivendo, mas florescendo.
Não se julgue pelo que o mundo fez com você, com o que o mundo lhe diz, pelo o que aconteceu ou não aconteceu. Você está vivo. Respira. E por estar respirando você é rico, não pobre.
Você tem uma grande dádiva. O mesmo poder que sustenta todo o Universo mantém você - é algo que nem posso ter a pretensão de dimensionar.
Conheço a palavra infinito. Não consigo avaliá-la, mas posso senti-la, porque esse infinito também está dentro de mim. Esta é a minha força. O Universo respira; se contrai e se expande. É uma coisa viva. É algo que o mantém intacto. E a respiração chega a você graças a isso. A maioria das pessoas ignora que seja assim: "Respiração? O que é essa respiração?"
Mas não a ignore, sinta-a.
Essa coisa chamada vida tem sido descrita como um portal. É o mais próximo que o infinito e o infinito pode chegar um do outro. E aqui, nesta vida, o finito pode sentir o infinito. Assim como no espaço, o infinito poderá consumir o finito.
O finito voltará a ser apenas pó, e o infinito vai permanecer.
Acho isso surpreendente. Há uma imensidão do nada. E a certa altura passa a haver algo, algo que é realmente alguma coisa. Depois volta a imensidão do nada. Expansão e contração.
Respiração, existência. Desaparecendo, reaparecendo. Colisão. Torna-se algo. Não faça comparações: "Isso é tão trivial". Neste Universo nada é trivial, nada. Nem mesmo o pó é trivial, pois isso é tudo o que existe: pó compactado, partícula dispersa. Você é pó. Mas isso é algo, não um nada.
Então fique livre da confusão, da dúvida, do sofrimento. Não se preocupe com o que vai acontecer. Para onde vou? Isso é o que você tem se perguntado a vida toda.
As pessoas têm muitas idéias. Tudo bem. Acredito firmemente que o céu seja aqui. E não apenas creio, eu sei que este é o recipiente que pode sentir a beleza do céu.
Isso é o que lhe foi dado.
PREM RAWAT.
A Sinfonia Interior.
Há uma música que acompanha essa representação incrível da vida, que se pode ouvir com os ouvidos abertos e também tapados, porque a sinfonia que está tocando à nossa volta faz parte da sinfonia
de dentro de nós.
Aprenda a sentir não só o que está fora, mas também
o que está dentro, porque a peça continua a ser representada também dentro de você.
Nesta vida não há nenhum manual.
Mas há um coração.
Não há nenhuma norma. Mas há um sentir.
Será que aperfeiçoamos essa arte em nossa vida?
É uma arte.Tem que ser aperfeiçoada.
Tem que ser utilizada, uma vez, outra vez e outra vez.
Os músicos precisam praticar.
Se deixarem de praticar, deixam de tocar bem.
O desfrutar, o desfrutar a existência, também é uma arte. Ou se usa ou então o que acontece?
Perde-se. Há um festival acontecendo dentro de nós,
à espera de nossa participação. Talvez o que eu esteja falando pareça estranho demais.
Talvez estejamos habituados a ter festas com os amigos.
Mas estou falando da possibilidade de termos festa conosco mesmos
e, à propósito, é o melhor tipo de festa, porque nosso convidado não precisa ir embora.
Há uma sinfonia tocando com cada respiração.
Desperte para essa possibilidade.
É uma possibilidade, apenas isso.
Sim, é possível sentir-se preenchido, estar em paz consigo mesmo. Sim, é possível compreender o valor de cada respiração.É possível reconhecer o anseio desta vida.
É possível. É possível transformara dor em prazer,
a confusão em gratidão, a dúvida em saber.
É possível transformar as perguntas numa resposta.
Uma só. Uma resposta. Que tipo de resposta?
Aquela que não tem pergunta.
Prem Rawat.
domingo, 15 de janeiro de 2012
QUANDO NIETZSCHE CHOROU. Irvin D. Yalom.
No último quartel do séc.XIX em Veneza, no café Sorrento, tem lugar um encontro entre o médico austríaco, Josef Breuer e a insinuante jovem russa Lou Salomé, que promoveu uma série de outros encontros entre aquele e Friederich Nietzsche.
Explicadas as motivações tecidas à volta de um triângulo amoroso entre si, Paul Reé e Nietzsche, e porque a humanidade não poderia arriscar-se a perder o seu mais promitente filósofo, Lou materializa a primeira entrevista deste com Breuer, por intermédio do amigo comum Overbeck, com vista à descoberta da origem do mal, que vinha atacando o filósofo, o qual, é mantido na ignorância desta sua diligência, por aquela saber o que este pensa das ajudas desinteressadas.
Horas de intensa observação deram a conhecer a Breuer a personalidade obstinada e orgulhosa de Nietzsche. Como tratar alguém que recusa ajuda? Porque recusa?
Gorado o acordo para o tratamento, despediram-se friamente. Mas uma recaída do filósofo retoma o contacto com Breuer que lhe ouve, em estado quase comatoso um inesperado mas inconsciente pedido de ajuda. Aberta a brecha, Breuer avança, decidido a fazer Nietzsche soçobrar às suas tentativas de penetração na sua, até então, inviolável psique.
Mantinha-se, no entanto, inexpugnável o filósofo a quaisquer intromissões na sua fortaleza interior. Sucedem-se diálogos de prospecção psíquica, tão duros como inteligentes que os conduzem a um acordo peculiar.
Assentam, então num tratamento recíproco. Breuer, autor da iniciativa, aceita como clínico tentar debelar as enxaquecas de Nietzsche, e este como médico da mente, aceita tratar Breuer.
Homem realizado na sociedade vienense, pela excelência da sua ciência e do seu profissionalismo, Breuer conquistou a fama pela descoberta da importância do ouvido interno para o equilíbrio.
Tendo aplicado o mesmerismo a Bertha, uma jovem lindíssima, sua paciente, com uma grave histeria, criou problemas pelo tempo passado junto da doente, que fizeram nascer em Mathilde, sua esposa, ciúmes inconvenientes. A passar dos quarenta anos, Breuer pergunta-se se era aquilo por que tinha lutado.
Um sonho que recorrentemente o perseguia, e de que já havia falado com o seu amigo Freud, curioso destas fitas cerebrais, piora a situação pelo que poderia significar.
Mas com Bertha afastada da sua vida Breuer sente começar a descer para um subterrâneo desconhecido.
A argúcia argumentativa de Nietzsche, calça botas de soldado com que lhe pisa a estrutura familiar laboriosamente construída. E confronta-o, sem piedade, com a paternidade das escolhas assumidas. Então compreende!
Não havia sido Breuer a escolher o seu caminho. Sempre na esteira dos outros. A carreira, os amigos, o bem-estar, a mulher tinham-no moldado aos seus interesses. A sua genuinidade dormia sob o anestésico da sociedade. Sentiu um ferrão a rasgar o tórax.As escolhas não tinham sido suas. Foram eles que lhe apontaram os caminhos. Como a um cavalo condicionado por antolhos. E de repente tudo se desmorona.
Nietzsche médico das almas, cruel cirurgião da mente, tendo penetrado nos labirínticos meandros da psique de Breuer, desperta-lhe a força da idiossincracia própria de um ser irrepetível e único, pelo que começa a sentir-se como o caçador caçado.
Equipado com as armas necessárias à superação de si, Nietzsche encaminha Breuer para um exercício de auto consciência, o qual, induzido por hipnose pelo seu amigo Freud, consegue figurar Bertha, na intimidade com um outro clínico, dessacralizando assim momentos considerados como possíveis unicamente consigo. Imagina-se, então, profundamente ridículo. A catarse funcionou. Breuer recuperou-se e tornando-se naquilo que é assumiu-se como autor do seu futuro.
Sorridente, afirma-se curado para desgosto de Nietzsche que assim perde mais um amigo.
Nietzsche, a maior parte do ano doente, acossado por doenças do foro psiquiátrico acompanhadas de graves manifestações somáticas, era um homem deprimido. A atravessar desertos de solidão. Uma solidãoaltiva, desejada, própria dos fortes.A sua imaginação febril, afectada pelo rompimento com Wagner, ficou fundamente abalada com as notícias da irmã Elizabeth sobre o que Lou fazia correr sobre ele na sociedade. A traição de novo a corroer-lhe as entranhas. Está condenado a viver só com o seu mal. Longe do mundo e dos homens. Voltaria a galgar o alto Engadine de onde administraria na companhia da sua querida e orgulhosa dor o vasto e exclusivo império do seu EU, tanto mais robusto quanto mais sofrido.
Breuer sarado tinha de se ir embora. É quando se apercebe da íntima tristeza com que Nietzsche saudou a sua cura, e lembrando-se do pedido de ajuda, resolve fazer xeque mate ao mal do, agora, seu amigo. Sempre vencido nos diálogos mantidos com ele,não podia dispersar esta oportunidade única. Tal mostra de fragilidade seria a salvação dele. E sua também. Como clínico. Como amigo.
Se consigo Bertha foi a um tempo a origem da sua angústia, não teve dúvidas em eleger Lou Salomé como uma das grandes causadoras dos pesadelos, insónias e aflições de Nietzsche. Que finalmente se abre e denuncia um coração dilacerado, ao saber que aquela havia produzido, com ele Breuer, o mesmo comportamento insinuantemente provocador tal como, com ele, Nietzsche, que se julgava, no recesso do seu individualismo, senhor absoluto dos mimos de Lou Salomé.
Chamando então a si Freud e toda a sua ciência, a par de tudo o que com o filósofo aprendera, Breuer, impiedoso, escalavra aquele coração, libertando-o da solidão auto imposta, como sobrevivência num mundo imperfeito. Com a certeza e segurança da amizade entretecida na cumplicidade da dor, diluída pelo abraço que acede ao humano, demasiado humano.E que se torna menos mau sempre que um homem chora.
Friedrich Wilhelm Nietzsche 15/10/1844. 25/08/1900.
Órfão de pai aos cinco anos, Nietzsche passou a sua infância em Naumburg, uma pequena cidade da Alemanha às margens do rio Saale, onde cresceu em companhia da mãe, tias e avó. Foi batizado como Friedrich Wilhelm em homenagem ao rei da Prússia. Mais tarde, o filósofo abandonou o nome do meio.
Considerado por professores como um aluno brilhante, recebeu dos colegas o apelido de "pequeno pastor", profissão dos seus avós, que eram protestantes. Aos 14 anos, em conseqüência de sua dedicação aos estudos, obteve uma bolsa na renomada escola de Pforta. Lá, ganhou fluência em grego e latim e, ao mesmo tempo, começou a questionar os ensinamentos do cristianismo.
Depois de Pforta, foi para Bonn estudar filosofia e teologia. Convocado para o Exército em 1867, escapou da atividade devido a uma queda durante uma cavalgada. Convencido por um professor, passou a morar em Leipzig para estudar filologia. Com apenas 24 anos, conseguiu ser nomeado professor de filologia clássica na Universidade de Basiléia. Seu primeiro trabalho acadêmico conhecido foi "A Origem e Finalidade da Tragédia", que escreveu em 1871.
Nesta época, começou a sua amizade com o compositor Richard Wagner. A casa de campo do músico, localizada nas imediações do lago de Lucerna, em Tribschen, serviu-lhe de refúgio e inspiração.
Saúde debilitada
Em 1870, acontece a guerra franco-prussiana e Nietzsche participa como enfermeiro do Exército, mas uma crise de difteria e disenteria impede o filósofo de continuar trabalhando. A partir daí, publica o seu primeiro livro, "O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música" (1871), obra que recebeu grande influência de Wagner e Schopenhauer.
Com crises constantes de cefaléia, problemas de visão e dificuldade para se expressar, foi obrigado a interromper a sua carreira universitária por um ano, mas não deixou de escrever. Quando tentou retornar às atividades acadêmicas, enfrentou sérios problemas em suas cordas vocais que tornaram a sua fala quase inaudível.
Em 1879, quase cego, Nietzsche abandonou definitivamente a universidade, passando a dedicar-se exclusivamente à escrita. Neste período, editou seus principais livros, mas a fama somente chegou ao final do século 19, perto de sua morte. Publicou, então, "Humano, muito humano", e passou temporadas em Veneza e Gênova. Muito abatido com a rejeição por parte de Lou Andréas Salomé, jovem finlandesa com quem pretendia se casar, o filósofo voltou a morar com a mãe e a irmã, sempre demonstrando solidão e sofrimento.
Na última década de vida, Nietzsche começou a apresentar sinais de demência e a escrever cartas para muitas pessoas. Assinava seus textos como "Dionísio" e "O Crucificado". Internado na Basiléia, teve o diagnóstico de paralisia cerebral progressiva, que segundo os médicos, provavelmente foi causada pelo uso de drogas como ópio e haxixe, ingeridas pelo filosofo como auto-medicação. O filósofo morreu em 25 de agosto de 1900, sem recuperar a sua sanidade mental.
Uma de suas obras mais conhecidas é "Assim falava Zaratustra". O livro narra os ensinamentos de um filósofo, Zaratustra, após a fundação do Zoroastrismo na antiga Pérsia. Baseado em episódios, as histórias do livro podem ser lidas em qualquer ordem. Outras obras importantes do filósofo são "Além do Bem e do Mal" (1886), "A Genealogia da Moral" (1887), "O Caso Wagner" (1888), "O Crepúsculo dos Ídolos" (1889) e "Os Ditirambos de Dionísio" (1891).
Os estudiosos em Nietzsche classificam a sua obra como uma crítica aos valores ocidentais, da tradição cristã e platônica. Desde seus primeiros textos, as idéias do filósofo grego Platão eram condenadas como decadentes. Ao mesmo tempo, o filósofo repudiava o cristianismo e o classificava como 'platonismo para o povo'. A sua proposta era o resgate de um super-homem criador, que ficasse além do bem e do mal.
O Anticristo. Friedrich Nietzsche.
Este pequeno livro escrito em 1888 marca a posição do autor de transvalorar todos os valores. Uma crítica radical dos valores do cristianismo com o ousado diagnóstico de que estes são responsáveis pelo adoecimento do homem.
Um experimento transvalorado, já que aqui o cristianismo não é avaliado na verdade de seus dogmas, mas sim como fenômeno moral que norteia todo o processo civilizatório ocidental; se posiciona de fora destes valores buscando identificar o jogo de forças que estão presentes na sua origem e que permanecem ainda. O que quer saber é: o que valem esses valores e para onde eles nos levam.
Verifica no cristianismo uma interpretação do mundo puramente ficcional, sem nenhum contato com a realidade, pelo contrario, movida pelo ódio e pelo ressentimento desta mesma realidade.
Busca entendê-lo desde sua raíz judaica quando esta ainda possuía um Deus poderoso e que se transforma depois num Deus bom; quando se torna impotente perante o conquistador. A releitura que seus profetas fizeram do seu passado, no exílio, traduzida em termos de obediência ou não a Deus, é a causa das grandezas e sofrimentos de um povo. A invenção do pecado como forma de controle sacerdotal sobre um povo.
O papel de Jesus: Visto como um revolucionário anarquista que traz a Boa Nova na sua prática de vida, destruindo toda a distância entre Deus e o homem. Jesus veio ensinar uma vida nova e não uma nova fé.
Sua morte na cruz renova o espírito de vingança em seus apóstolos que não conseguem entender o motivo de tanta crueldade e precisam encontrar um culpado. Paulo encontra no signo Deus na cruz a fórmula para a vingança e invertendo todos os ensinamentos do mestre, que ele nem mesmo conheceu, cria uma religião do ódio aos valores aristocráticos em favor de tudo o que é baixo, fraco, impotente.
Paulo consegue inverter a boa nova de Jesus criando uma religião sacerdotal que vence Roma, o modelo de civilização para homens fortes.
O modelo de civilização que triunfa com o cristianismo é um adestramento e domesticação do tipo homem e a forma encontrada para levá-lo a cabo foi o adoecimento do animal homem.
Um experimento transvalorado que termina com uma sentença de condenação ao cristianismo e marca o êxito da transvaloração de seu autor.
Sobra a questão: Quem foi o anticristo?
Nietzsche? o primeiro a transvalorar o cristianismo?
Paulo? Aquele que transformou a boa nova na religião do ressentimento?
ou Jesus? Aquele que, com sua vida, negou todos os valores defendidos pelo cristianismo?
Decepção.
Com você conheci todos os sentimentos
possíveis e imagináveis
Por você chorei, sofri, amei e odiei!
Odiei pessoas que nada me fizeram
mas o fiz por você!
Por você perdi noites de sono
temi coisas inexistentes
que me fizestes acreditar
chorei e orei!
Não queria que fosse assim
eu não merecia
Acreditava em tudo que você dizia
fui infantil talvez por crer demais
Hoje estou desolado nem sei se é pecado
perdi a fé nas pessoas
Por você errei na minha boa fé
de coração desejo que sejas feliz
A vida é uma sementeira
na qual plantamos nossas ações
o colhedor somos nós não há escapatória
escrevemos no livro da vida nossa história
o protagonista somos nós!
Joe Luigi.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
MUNDOS INFINITOS – (RUMI)
A cada instante a voz do amor nos circunda e partimos em direção ao céu profundo.
Por que deter-se a olhar ao redor? Já estivemos antes por esses espaços e até os anjos os reconhecem.
Retornemos ao mestre, que é lá nosso lugar.
Estamos acima das esferas celestes, somos superiores aos próprios anjos.
Além da dualidade nossa meta é a glória suprema.
Quão distante está o mundo terreno do reino da pura substância?
Por que descemos tanto? Apanhemos nossas coisas e subamos mais uma vez
Sorte não nos faltará ao entregarmos de novo nossas almas.
Nossa caravana tem por guia Mustafá, a glória do mundo.
Ao contemplar sua face a lua partiu-se em dois pedaços.
Não pôde suportar tanta beleza e fez-se feliz mendicante frente àquela riqueza.
A doçura que o vento nos traz é o perfume de seus cabelos.
A face que traz consigo a luz do dia reflete o brilho de seus pensamentos.
Olha bem dentro de teu coração e vê a lua que se despedaça.
Por que teus olhos ainda fogem dessa visão maravilhosa?
O homem emerge do oceano da alma como os pássaros do mar.
Como há de ser terra seca o lugar do descanso final de uma ave nascida nesse mar?
Somos pérolas desse oceano. A ele pertencemos. Cada um de nós.
Seguimos o movimento das ondas que se arrastam até a terra e então retornam ao mar.
E eis que surge a última onda e arremessa o navio do corpo à terra.
E quando essa onda regressa naufraga a alma em seu oceano.
E este é o momento da união.
SOU O ESCRAVO QUE LIBERTOU O AMO.
O discípulo que instruiu o mestre.
Sou a alma que ontem nasceu no mundo
e no mesmo instante criou este mundo vetusto.
Sou a cera orgulhosa que fez o ferro virar aço.
Passei ungüento nos olhos dos cegos
e ensinei homens de curto entendimento.
Sou a nuvem negra que trouxe alegria
da noite de dor ao dia de festa.
Sou a terra milagrosa
que pelo fogo do amo se elevou
e tocou a mente do céu.
Noite passada, o rei não dormiu,
contente de saber que eu, o escravo, dele me lembrei.
Não me culpes se sou escandaloso e lavrei justiça,
foste tu que me embriagaste.
Silêncio, que o espelho se desgasta;
quando soprei sobre ele,
protestou contra mim." (Rumi)
O CAMINHO SUFI"
A brisa da manhã tem segredos para lhe contar,
não durma.
É tempo de perguntar e rezar,
não durma.
Oh pessoas desse mundo,
Deste momento até a eternidade
Aquela porta sem fechadura permanece aberta,
não durma
A vida sem um mestre
é ao mesmo tempo um sono profundo
ou a morte disfarçada.
Fique atento! Trilhar esse caminho
sozinho não é seguro
a água é mortal,
o veneno é doce.
Esta irmandade
não tem nada a ver com ser elevado ou baixo,
esperto ou ignorante.
Não existe uma assembléia especial, nem um grande discurso,
nem se requer nenhum curso anterior.
Esta irmandade se parece mais com uma festa de bêbados
cheia de trapaceiros, tolos, charlatões e loucos.
Oh alma, é tempo de guerra
Coloque sua armadura
Afaste seu medo
Corte a aparência desse mundo.
Oh alma não se descuide agora
isto será apenas mais uma história de gato e rato.
Tomara que você não me diga -
"Os sufis estão perdidos"
nem me diga -
"Os cristãos estão perdidos
Os infiéis estão perdidos"
Porque talvez, meu irmão, você esteja perdido!
Este é o porque de todos parecerem estar perdidos!
Como pode a tristeza se enraizar em nós
que estamos repletos de alegria?
A terra carrega o peso de toda a miséria,
Mantendo-a em seu seio
Como uma semente plantada.
Mas nós deixamos essa terra
e todo o seu sofrimento.
Tudo o que vemos é o teto do paraíso.
A lua se ergue e nós nos erguemos com ela.
Aqueles que não têm nada
não têm nada que os mantenham presos aqui embaixo.
O dervixe que gira pergunta,
"Por que os sábios são tão sombrios?"
Os sábios perguntam,
"Por que os dervixes são tão loucos?"
Queimamos todos os traços do trabalho e da profissão;
Agora, não temos nada além de poesia e canções de amor.
Nós cantamos sobre o coração, a alma e o Amado -
Apenas para queimar todos os traços do
coração, alma e Amado.
Você reivindica habilidade em cada arte
e conhecimento em toda a ciência.
Mas você não consegue ouvir o que seu próprio coração está lhe dizendo.
Até que você ouça essa simples voz
Como você poderá ser um repositório dos segredos?
Como você poderá ser um viajante neste caminho?
Como pode a tristeza se aproximar do coração
de um verdadeiro amante?
A tristeza pertence àqueles
que são enfadonhos e solitários.
O coração do amante
está preenchido de um oceano,
E nas suas ondas enoveladas
o cosmos gentilmente se dobra.
Eu rio e rio e não sei porque
Apenas Deus sabe porque a haste de uma flor
treme na brisa da manhã.
Como pode a tristeza permanecer junto ao verdadeiro amante
quando ele tem o rubah em seu coração?
Você diz que ele parece louco -
É apenas porque a música
na qual ele dança
não é captada pelo seu ouvido.
Por que cobrir a si mesmo com roupas de falsos profetas
quando a alegria de um verdadeiro mestre preenche o mundo?
Por que tomar remédios amargos para as doenças de seu coração
quando a doce água do amor preenche o mundo?
Se você deseja uma pérola,
Não a procure em uma poça de água.
Aqueles que buscam pérolas
Devem mergulhar no mais profundo oceano.
E quem irá encontrar a pérola? -
Aqueles que emergirem
Das águas da vida
Ainda sedentos.
Apenas o dervixe conhece o segredo da adoração.
Penetrando nos céus infinitos,
ele vê Deus e o Mestre como sendo um.
Se você deseja transformar sua alma ferruginosa em ouro
Fique junto do Mestre -
Ele é o Alquimista.
Secretamente conversamos,
aquele sábio e eu.
Eu disse, "Diga-me os segredos do mundo".
Ele disse, "Sh… Fique quieto
Diga você os segredos do mundo".
Rumi.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
CAMINHOS DO CORAÇÃO.
Joanna de Ângelis.
Multiplicam-se os caminhos do processo evolutivo, especialmente durante a marcha que se faz no invólucro carnal.
Há caminhos atapetados de facilidades, que conduzem a profundos abismos do sentimento.
Apresentam-se caminhos ásperos, coalhadas de pedrouços que ferem, na forma de vícios e derrocadas morais escravizadores.
Abrem-se, atraentes, caminhos de vaidade, levando a situações vexatórias, cujo recuo se torna difícil.
Repontam caminhos de angústia, marcados por desencantos e aflições
desnecessárias, que se percorrem com loucura irrefreável.
Desdobram-se caminhos de volúpias culturais, que intoxicam a alma de soberba, exilando-a para as regiões da indiferença pelas dores alheias.
Aparecem caminhos de irresponsabilidade, repletos de soluções fáceis para os problemas gerados ao longo do tempo.
Caminhos e caminhantes!
Existem caminhos de boa aparência, que disfarçam dificuldades de acesso e encobrem feridas graves no percurso.
Caminhos curtos e longos, retos e curvos, de ascensão e descida, estão por toda parte, especialmente no campo moral, aguardando ser escolhidos.
Todos eles conduzem a algum lugar, ou se interrompem, ou não levam a parte alguma... São, apenas, caminhos: começados, interrompidos, concluídos...
Tens o direito de escolher o teu caminho, aquele que deves seguir.
Ao fazê-lo, repassa pela mente os objetivos que persegues, os recursos que se encontram à tua disposição íntima assinalando o estado evolutivo, a fim de teres condição de seguir.
Se possível, opta pelos caminhos do coração.
Eles, certamente, levarão os teus anseios e a tua vida ao ponto de luz que brilha à frente esperando por ti.
O homem estremunha-se entre os condicionamentos do medo, da ambição, da prepotência e da segurança que raramente discerne com correção.
O medo domina-lhe as paisagens íntimas, impedindo-lhe o crescimento, o avanço, retendo-o em situação lamentável, embora todas as possibilidades que lhe sorriem esperança.
A ambição alucina-o, impulsionando-o para assumir compromissos perturbadores que o intoxicam de vapores venenosos, decorrentes da exagerada ganância.
A prepotência anestesia-lhe os sentimentos, enquanto lhe exacerba as paixões inferiores, tornando-o infeliz, na desenfreada situação a que se entrega.
A liberdade a que aspira, propõe-lhe licenças que se permite sem respeito aos direitos alheios nem observância dos deveres para com o próximo e a vida; destruindo qualquer possibilidade de segurança, que, aliás, é sempre relativa enquanto se transita na este física.
Os caminhos do coração se encontram, porém, enriquecidos da coragem, que se vitaliza com a esperança do bem, da humildade, que reconhece a própria fragilidade, e satisfaz-se com os dons do espírito - ao invés do tresvariado desejo de amealhar coisas de secundário importância - os serviços
enobrecedores e a paz, que são a verdadeira segurança em relação às metas a conquistar.
Os caminhos do coração encontram-se iluminados pelo conhecimento da razão, que lhes clareia o leito, facilitando o percurso. Jesus escolheu os caminhos do coração para acercar-se das criaturas e chamá-las ao reino dos Céus.
Francisco de Assis seguiu-Lhe o exemplo e tornou-se o herói da humildade.
Vicente de Paulo optou pelos mesmos e fez-se o campeão da caridade.
Gandhi redescobriu-os e comoveu o mundo, revelando-se como o apóstolo da não-violência.
Incontáveis criaturas, nos mais diversos períodos da humanidade e mesmo hoje, identificaram esses caminhos do coração e avançam com alegria na direção da plenitude espiritual.
Diante dos variados caminhos que se desdobram convidativos, escolhe os caminhos do coração, qual ovelha mansa, e deixa que o Bom Pastor te conduza ao aprisco pelo qual anelas.
Trilha das fadas.Victor Anderson, Cora Anderson e Gwydion Pendderwen.
De acordo com Cora, no livro Fifty Years in the Feri Tradition, o nome original da Tradição das Fadas era Vicia (pronuncia-se Vee-chya), que era relativo ao termo italiano La Vecchia (A Velha).
A Tradição das fadas não é o que a maioria das pessoas esperam, ou pensam dela, quando escutam este nome pela primeira vez. Não pense que você seguirá um caminho entre seres lindos e encantados que derramam glitter pelas trilhas em que você passa...
A Tradição das Fadas conduz à experiência do caos, ao reino das sombras mais negras, ao lago escuro e nutritivo da Deusa, ao espelho da escuridão... o único caminho que pode verdadeiramente te conduzir a inspiração. Você passará pelo abandono dos conceitos sexuais que carrega e esta experiência te conduzirá a glória; você reencontrará os poderes profundos e primários que são comumente incompreendidos ou condenados pela política moral da nossa atual sociedade; Você terá que aprender a se ver como um novo ser que renasce a cada dia diferente, muito mais parecido com sua verdadeira essência de fada do que de humano...
O fato da Tradição ser apresentada como uma tradição de Caos, referindo-se em parte, talvez, a nossa particular relação com a Deusa Estelar - a roda cósmica grávida de possibilidades - nos mostra ela sendo um caminho a contra-mão, pois nós abraçamos todo o espectro das possibilidades; nós tomamos a luz do sol no nosso corpo e revelamos a escuridão da nossa alma. O estado natural onde nossa alma sem sofrer o condicionamento, as resistências e defesas é, algumas vezes, chamado de O Coração Negro da Inocência, e esta é uma frase que poeticamente evoca a matéria prima da pura experiência, formando a base do que nós chamamos de universo de perspectivas das fadas.
Longe de ser uma construção mental, este caminho passa por uma espécie de relacionamento pessoal com o universo, um relacionamento em que não se pode tentar controlar e conter, ou mesmo tentar definir nossas experiências. Na nossa essência, em nosso centro, ele é simples. Nos abrimos e o poder flui por nós, assumindo a forma que quiser. Esta é a maneira pelo qual o xamânico realmente sente o mundo.
Pela sua natureza xamânica, seus praticantes absorvem a inspiração de muitas fontes. Sejam elas uma determinada liturgia, o aparecimento de uma certa planta ou animal, um ritual passado por um professor, ou uma canção sussurrada em um transe... Não adianta perguntar aos praticantes da tradição das fadas qual é o melhor caminho pois é a perspectiva da experiência da relação que é o fator unificador e é para vivenciar estas experiências que nós, seguidores da senda das fadas voltamos as nossas atenções.
Nós somos guiados por estes seres que são invocados em nossa tradição: os guardiões, os deuses e deusas das fadas, e nos unimos a eles em espírito, permitindo que eles se movam através de nós, modificando-nos sempre. Na nossa visão, esses seres são reais (não são vistos como forças psicológicas ou inconsciente coletivo) isso reflete nosso relacionamento com eles, que se mostra pessoal e dinâmico. Quando invocamos nossos deuses, e eles se movem dentro de nós, somos modificados e mexidos em todos os nossos níveis interiores (até mesmo os mais internos). Nós conhecemos, em nossos corpos, a alegria de Nimue no solstício de verão, ou o poder Negro de Arddu na morte escura e fria das noites de inverno.
E, infelizmente, diferente das demais tradições modernas de bruxaria, a Faery não é uma tradição sem perigos. Como neófitos nas sombras, carregamos apenas nossa coragem nesta trilha escura pelos territórios desconhecidos do espírito e, muitas vezes, nos encontramos sozinhos e vulneráveis em nossa busca. Percorrendo e procurando ruas de poder, curando a nós mesmos e a nossa terra, nós engatinhamos e escalamos nosso próprio caminho por dentro de nós, enfrentando nossos demônios, medos e desejos verdadeiros. Pela preparação, tanto psicológica quanto espiritual, nós somos ensinados a tocar a fonte do poder das fadas e a mantê-la conosco, uma vez que encontrada.
Outra característica que nos distingue é a senda de nossa iniciação que requer o enfrentamento e o uso da corrente de energia das fadas. Quando somos iniciados somos conectados com a corrente viva de energia que é única em nossa tradição. Nos tornamos canais abertos, permitindo que essa força flua por nós e pelo mundo que nos cerca. Esta é a verdadeira função de qualquer sacerdotisa ou sacerdote: ser um mediador do poder universal.
Uma fada escolhe sempre o topo do cogumelo para se acomodar, pois é assim que ela nos ensina a guardar os segredos que correm por dentro de sua pele psicodélica, sempre vendo o todo e o tudo, nunca deixando nada escondido... Provando o cálice negro da dor e as frutas mágicas do prazer; banqueteando-se na mesa cósmica da Deusa Estelar... E é assim que ela convida-nos a partilhar um pouco da loucura que é característica de seu reino...
E quando parados dizemos nossas poesias, nossas declarações sagradas de invocação aos deuses ancestrais, nesta hora devemos nos oferecer, entregar nossos corpos como vasos, permitindo sermos modificados para sempre com a Suas presenças.
Na estrada das fadas há tanto alegria quanto horror, mas ambos são essenciais para o verdadeiro crescimento que é inevitável com a utilização constante das ferramentas que esta tradição nos oferece.
E que essas oferendas que fazemos ,em perfeito amor e confiança, traga-nos muito mais
a tradição
Há um corpo específico de cantos e material litúrgico. Muito disto se originou de Victor Anderson e Gwydion Pendderwen que forneceram um arsenal para muitos Círculos em funcionamento e cuja criatividade poética é altamente estimada.
As práticas mágicas da Faery Wicca ou (ou Feri, como Victor chama) são altamente invocatórias e encorajam a manifestação direta dos Deuses através de práticas como "Puxar a Lua Para Baixo", que confere talentos psíquicos ou sensibilidade especial para algumas práticas específicas.
Há uma linhagem iniciatória, traçada desde Victor ou Cora Anderson ou Gwydion Pendderwen. Victor conta antecedentes da Tradição do coven no qual ele foi envolvido nos anos 20 e 30 no Oregon. As energias são trabalhadas entre os bruxos da Tradição das Fadas através da visualização do fogo azul, um corpo de material poético e litúrgico, Deuses e arquétipos específico à Tradição, a doutrina dos Três Self, um círculo de uma cor específica, um sentimento de "tribo" ou "clã" tribal para o Coven e veneram o Deus Cornudo. A Tradição das Fadas é aberta à todas as orientações sexuais.
Embora Victor seja reconhecido universalmente como o professor fundador da tradição, é possível identificar influências que formaram a tradição antes de sua forma presente evoluir. Há uma influência de uma dispora africana forte, principalmente Dahomeana-haitiano, e a Teoria do 3 Selfs foi trazida da Magia Kahuna. O material de Victor não é a única fonte dentro da Tradição. Cada iniciado parece trazer a Tradição para uma direção nova e descobrir algo de novo... Alguns praticantes, como Gwydion e Eldri Littlewolf, enredaram profundamente em formas Xamânicas. Gwydion também trabalhou extensivamente com a religião Céltica.
Outras influências como a Arica, meditação Tibetana e Magia Cerimonial começaram a fazer parte da Tradição com Gabriel Caradoc. Victor, Gwydion, Caradoc, Brian Dragon e Paladin escreveram lindas poesias e litugias para rituais. Francesca De Grandis que compôs Sharon Knight, adicionou sua inspiração para o corpo de material. Starhawk usou conceitos desenvolvidos na Tradição fairy Wicca, expressando suas convicções e prática, e deu explicações mais claras sobre o conceito dos 3 selfs e do Pentáculo de ferro.
Como na Tradição das fadas um iniciado ensina o neófito, é comum que se adira algo de seu próprio interesse e costume na Tradição que ensinam. Além disso, alguém treinado por um professor em específico talvez aprenda algo que não é ensinado por um outro professor, mas isso não invalida a iniciação do neófito.
Victor Anderson, Cora Anderson e Gwydion Pendderwen.
Victor nasceu em 1917 e ficou cego aos dois anos de idade. Ele tinha trilhado caminhos anteriores pelo Kahuna Havaiano e pelo Voodu Africano. Victor foi iniciado no Harpy Coven em Bend, Oregon, quando era adolescente. Este grupo de pessoas trabalhou com energia durante as décadas de 20 e 30 e, claro, esse trabalho se tornou uma fonte e base para a Tradição das Fadas de Victor. A tradição das fadas, apesar de apresentar aspecto iniciático e mágico e, também, trabalhar as fases da Lua, se diferencia um pouco da tradição Gardeniana e da maioria das religiões wiccanianas neo-pagãs.
O Harpy Coven se separou na época da segunda Guerra mundial. Em 1944 Victor casou-se com Cora. Cora, como a maioria dos membros do coven, era do sul dos Estados Unidos. Ela trouxe o folclore desta região para as práticas do grupo e Victor as compartilhou, desenvolveu e integrou em seu trabalho. Quando o material Gardeniano e Alexandrino foram publicados em 1960 e 1970, Victor incorporou alguns aspectos deles em suas práticas.
Nos anos 60, a Família Anderson adotou um garoto que cresceria e se tornaria o conhecido Gwydion Pendderwen. Ele foi também chamado de o xamã das fadas, porque Gwydion se tornou um dos melhores e mais sábios iniciados de Victor. Ele espalhou os conhecimentos da Tradição das Fadas pela comunidade neo-pagã na década de 70. Gwydion faleceu em um acidente de carro em 1981. Gwydion aderiu bastante material céltico, principalmente galês, na tradição. De fato, a Tradição das Fadas não é necessariamente céltica, apesar de muitos de seus iniciados praticar e ensinar a orientação mitológica e mágica céltica.
Victor foi chamado pela Velha Deusa e regressou para a Terra das Fadas em 20 de setembro de 2001, quando faleceu.
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