sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Trilha das fadas.Victor Anderson, Cora Anderson e Gwydion Pendderwen.
De acordo com Cora, no livro Fifty Years in the Feri Tradition, o nome original da Tradição das Fadas era Vicia (pronuncia-se Vee-chya), que era relativo ao termo italiano La Vecchia (A Velha).
A Tradição das fadas não é o que a maioria das pessoas esperam, ou pensam dela, quando escutam este nome pela primeira vez. Não pense que você seguirá um caminho entre seres lindos e encantados que derramam glitter pelas trilhas em que você passa...
A Tradição das Fadas conduz à experiência do caos, ao reino das sombras mais negras, ao lago escuro e nutritivo da Deusa, ao espelho da escuridão... o único caminho que pode verdadeiramente te conduzir a inspiração. Você passará pelo abandono dos conceitos sexuais que carrega e esta experiência te conduzirá a glória; você reencontrará os poderes profundos e primários que são comumente incompreendidos ou condenados pela política moral da nossa atual sociedade; Você terá que aprender a se ver como um novo ser que renasce a cada dia diferente, muito mais parecido com sua verdadeira essência de fada do que de humano...
O fato da Tradição ser apresentada como uma tradição de Caos, referindo-se em parte, talvez, a nossa particular relação com a Deusa Estelar - a roda cósmica grávida de possibilidades - nos mostra ela sendo um caminho a contra-mão, pois nós abraçamos todo o espectro das possibilidades; nós tomamos a luz do sol no nosso corpo e revelamos a escuridão da nossa alma. O estado natural onde nossa alma sem sofrer o condicionamento, as resistências e defesas é, algumas vezes, chamado de O Coração Negro da Inocência, e esta é uma frase que poeticamente evoca a matéria prima da pura experiência, formando a base do que nós chamamos de universo de perspectivas das fadas.
Longe de ser uma construção mental, este caminho passa por uma espécie de relacionamento pessoal com o universo, um relacionamento em que não se pode tentar controlar e conter, ou mesmo tentar definir nossas experiências. Na nossa essência, em nosso centro, ele é simples. Nos abrimos e o poder flui por nós, assumindo a forma que quiser. Esta é a maneira pelo qual o xamânico realmente sente o mundo.
Pela sua natureza xamânica, seus praticantes absorvem a inspiração de muitas fontes. Sejam elas uma determinada liturgia, o aparecimento de uma certa planta ou animal, um ritual passado por um professor, ou uma canção sussurrada em um transe... Não adianta perguntar aos praticantes da tradição das fadas qual é o melhor caminho pois é a perspectiva da experiência da relação que é o fator unificador e é para vivenciar estas experiências que nós, seguidores da senda das fadas voltamos as nossas atenções.
Nós somos guiados por estes seres que são invocados em nossa tradição: os guardiões, os deuses e deusas das fadas, e nos unimos a eles em espírito, permitindo que eles se movam através de nós, modificando-nos sempre. Na nossa visão, esses seres são reais (não são vistos como forças psicológicas ou inconsciente coletivo) isso reflete nosso relacionamento com eles, que se mostra pessoal e dinâmico. Quando invocamos nossos deuses, e eles se movem dentro de nós, somos modificados e mexidos em todos os nossos níveis interiores (até mesmo os mais internos). Nós conhecemos, em nossos corpos, a alegria de Nimue no solstício de verão, ou o poder Negro de Arddu na morte escura e fria das noites de inverno.
E, infelizmente, diferente das demais tradições modernas de bruxaria, a Faery não é uma tradição sem perigos. Como neófitos nas sombras, carregamos apenas nossa coragem nesta trilha escura pelos territórios desconhecidos do espírito e, muitas vezes, nos encontramos sozinhos e vulneráveis em nossa busca. Percorrendo e procurando ruas de poder, curando a nós mesmos e a nossa terra, nós engatinhamos e escalamos nosso próprio caminho por dentro de nós, enfrentando nossos demônios, medos e desejos verdadeiros. Pela preparação, tanto psicológica quanto espiritual, nós somos ensinados a tocar a fonte do poder das fadas e a mantê-la conosco, uma vez que encontrada.
Outra característica que nos distingue é a senda de nossa iniciação que requer o enfrentamento e o uso da corrente de energia das fadas. Quando somos iniciados somos conectados com a corrente viva de energia que é única em nossa tradição. Nos tornamos canais abertos, permitindo que essa força flua por nós e pelo mundo que nos cerca. Esta é a verdadeira função de qualquer sacerdotisa ou sacerdote: ser um mediador do poder universal.
Uma fada escolhe sempre o topo do cogumelo para se acomodar, pois é assim que ela nos ensina a guardar os segredos que correm por dentro de sua pele psicodélica, sempre vendo o todo e o tudo, nunca deixando nada escondido... Provando o cálice negro da dor e as frutas mágicas do prazer; banqueteando-se na mesa cósmica da Deusa Estelar... E é assim que ela convida-nos a partilhar um pouco da loucura que é característica de seu reino...
E quando parados dizemos nossas poesias, nossas declarações sagradas de invocação aos deuses ancestrais, nesta hora devemos nos oferecer, entregar nossos corpos como vasos, permitindo sermos modificados para sempre com a Suas presenças.
Na estrada das fadas há tanto alegria quanto horror, mas ambos são essenciais para o verdadeiro crescimento que é inevitável com a utilização constante das ferramentas que esta tradição nos oferece.
E que essas oferendas que fazemos ,em perfeito amor e confiança, traga-nos muito mais
a tradição
Há um corpo específico de cantos e material litúrgico. Muito disto se originou de Victor Anderson e Gwydion Pendderwen que forneceram um arsenal para muitos Círculos em funcionamento e cuja criatividade poética é altamente estimada.
As práticas mágicas da Faery Wicca ou (ou Feri, como Victor chama) são altamente invocatórias e encorajam a manifestação direta dos Deuses através de práticas como "Puxar a Lua Para Baixo", que confere talentos psíquicos ou sensibilidade especial para algumas práticas específicas.
Há uma linhagem iniciatória, traçada desde Victor ou Cora Anderson ou Gwydion Pendderwen. Victor conta antecedentes da Tradição do coven no qual ele foi envolvido nos anos 20 e 30 no Oregon. As energias são trabalhadas entre os bruxos da Tradição das Fadas através da visualização do fogo azul, um corpo de material poético e litúrgico, Deuses e arquétipos específico à Tradição, a doutrina dos Três Self, um círculo de uma cor específica, um sentimento de "tribo" ou "clã" tribal para o Coven e veneram o Deus Cornudo. A Tradição das Fadas é aberta à todas as orientações sexuais.
Embora Victor seja reconhecido universalmente como o professor fundador da tradição, é possível identificar influências que formaram a tradição antes de sua forma presente evoluir. Há uma influência de uma dispora africana forte, principalmente Dahomeana-haitiano, e a Teoria do 3 Selfs foi trazida da Magia Kahuna. O material de Victor não é a única fonte dentro da Tradição. Cada iniciado parece trazer a Tradição para uma direção nova e descobrir algo de novo... Alguns praticantes, como Gwydion e Eldri Littlewolf, enredaram profundamente em formas Xamânicas. Gwydion também trabalhou extensivamente com a religião Céltica.
Outras influências como a Arica, meditação Tibetana e Magia Cerimonial começaram a fazer parte da Tradição com Gabriel Caradoc. Victor, Gwydion, Caradoc, Brian Dragon e Paladin escreveram lindas poesias e litugias para rituais. Francesca De Grandis que compôs Sharon Knight, adicionou sua inspiração para o corpo de material. Starhawk usou conceitos desenvolvidos na Tradição fairy Wicca, expressando suas convicções e prática, e deu explicações mais claras sobre o conceito dos 3 selfs e do Pentáculo de ferro.
Como na Tradição das fadas um iniciado ensina o neófito, é comum que se adira algo de seu próprio interesse e costume na Tradição que ensinam. Além disso, alguém treinado por um professor em específico talvez aprenda algo que não é ensinado por um outro professor, mas isso não invalida a iniciação do neófito.
Victor Anderson, Cora Anderson e Gwydion Pendderwen.
Victor nasceu em 1917 e ficou cego aos dois anos de idade. Ele tinha trilhado caminhos anteriores pelo Kahuna Havaiano e pelo Voodu Africano. Victor foi iniciado no Harpy Coven em Bend, Oregon, quando era adolescente. Este grupo de pessoas trabalhou com energia durante as décadas de 20 e 30 e, claro, esse trabalho se tornou uma fonte e base para a Tradição das Fadas de Victor. A tradição das fadas, apesar de apresentar aspecto iniciático e mágico e, também, trabalhar as fases da Lua, se diferencia um pouco da tradição Gardeniana e da maioria das religiões wiccanianas neo-pagãs.
O Harpy Coven se separou na época da segunda Guerra mundial. Em 1944 Victor casou-se com Cora. Cora, como a maioria dos membros do coven, era do sul dos Estados Unidos. Ela trouxe o folclore desta região para as práticas do grupo e Victor as compartilhou, desenvolveu e integrou em seu trabalho. Quando o material Gardeniano e Alexandrino foram publicados em 1960 e 1970, Victor incorporou alguns aspectos deles em suas práticas.
Nos anos 60, a Família Anderson adotou um garoto que cresceria e se tornaria o conhecido Gwydion Pendderwen. Ele foi também chamado de o xamã das fadas, porque Gwydion se tornou um dos melhores e mais sábios iniciados de Victor. Ele espalhou os conhecimentos da Tradição das Fadas pela comunidade neo-pagã na década de 70. Gwydion faleceu em um acidente de carro em 1981. Gwydion aderiu bastante material céltico, principalmente galês, na tradição. De fato, a Tradição das Fadas não é necessariamente céltica, apesar de muitos de seus iniciados praticar e ensinar a orientação mitológica e mágica céltica.
Victor foi chamado pela Velha Deusa e regressou para a Terra das Fadas em 20 de setembro de 2001, quando faleceu.
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