contos sol e lua

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sexta-feira, 8 de junho de 2012

O Livro Dos Mortos Do Antigo Egipto.


A múmia de Ani é transportada numa barca funerária, seguida por carpideiras e acompanhada pela viúva chorosa, enquanto um sacerdote faz libações. Atrás das carpideira um vaso de vísceras, que tem no topo uma cabeça de chacal, e alguns servos que transportam os bens funerários?Há obras que são símbolos de uma determinada civilização, O LIVRO DOS MORTOS do ANTIGO EGIPTO (PRT M HRU), inscreve-se nessa categoria de obras de excepção; sendo o mais antigo livro ilustrado do mundo.Aparece pela primeira vez na XVIII dinastia (c 1550 a.C.), embora a sua origem remonte ao reinado de Unas, último rei da V dinastia (c. 2345 a.C.).Estes primeiros textos funerários do antigo Egipto, foram gravados nas paredes da pirâmide real. Sendo constituídos por hinos, rituais e recitações mágicas a fim de assegurar a ressurreição real, bem como a protecção contra influências malignas.No 1º Período Intermédio e no Império Médio surgem duas novas colectâneas de textos funerários, os TEXTOS DOS SARCÓFAGOS e o LIVRO DOS DOIS CAMINHOS (entre 2300 e 1700 a.C.). Neles se constata a ?democratização? da imortalidade e a projecção conferida a Osíris, que agora se confronta com Rá no topo da hierarquia divina.No princípio da XVIII dinastia com a designada ?Recessão Tebana?, assiste-se à compilação e escolha de todos os textos escritos até então, mas sem qualquer preocupação de natureza sequencial na organização dos mesmos.Posteriormente na XXVI dinastia (c. 650 a.C.) irá surgir uma nova recessão, a ?Saíta?, que se caracterizará por procurar uma ordem sequencial nas fórmulas.Estas fórmulas, vulgarmente designadas capítulos, tem um conteúdo heterogéneo, o que se prende com a diversidade temporal da origem dos textos: Hinos, Prescrições, Orações, exposições da criação, Indicações sobre as diversas divindades que o morto devia conhecer, Textos mágicos de protecção contra determinados animais, etc.Todas as fórmulas (capítulos) tem um título e, a maioria apresenta ilustrações (vinhetas).Os textos são escritos em hieróglifos cursivos em todas as épocas, sendo que a partir da XXI (c.1080 a.C.) dinastia surgem igualmente em hierático. Ao conjunto destas fórmulas foi dado o nome de LIVRO DOS MORTOS, pelo alemão Richard Lepsius em 1842 na cidade de Leipzig.Em 1881 o egiptólogo holandês Willem Pleyte publica os Capítulos Suplementares, alterando a numeração de Lepsius e acrescentando-lhe mais algumas fórmulas (163-174). È no entanto o suíço Edouard Naville que produzirá a edição mais completa do LIVRO DOS MORTOS. Segundo a numeração de Lepsius e não de Pleyte, vem completá-la com novas fórmulas (166-186).Alguns anos mais tarde o egiptólogo inglês, Sir E. A. Wallis Budge publica os CAPÍTULOS DA SAÍDA À LUZ DO DIA. Neles são agrupados indiferentemente textos que vão desde a XVIII dinastia até à época ptolomaica. A partir deste momento o LIVRO DOS MORTOS surge com 190 fórmulas.Todos os egípcios ambicionavam fazer-se acompanhar de um LIVRO DOS MORTOS na sua viagem para o Além. O seu tamanho e a sua temática podiam variar de livro para livro, uma vez que dependiam de factores, tais como o poder económico, a qualidade dos escribas, a quantidade de escribas disponíveis, o tempo de que dispunham, etc.No LIVRO DOS MORTOS encontram-se dois caminhos possíveis para a vida, duas via de salvação: uma osiríaca e a outra solar. Como Osíris eram mumificados, purificados e embalsamados para que o seu corpo não sofresse corrupção e pudesse voar, livre, em direcção ao céu, fundir-se com Rá, transformando assim o Osíris de ontem, no Rá, de hoje e de amanhã.Osíris e Rá, símbolos de imortalidade e de eternidade, projectos de vida e de morte, senhores de Maet, justiça, verdade, ordem e equilíbrio cósmico e universal.Pelo poder mágico das fórmulas, o morto pode aspirar e conquistar a identificação perfeita comOsíris e, depois, com Rá. Pelo poder mágico da palavra, escrita e falada, lida. Porque a palavra, no antigo Egipto, era verbo criador. Palavra realizadora, uma das formas da criação.A magia das fórmulas era de dois tipos: operativa (produzindo determinados efeitos), ou defensiva (contra perigos vários). Por isso o ?morto? no seu lento e progressivo percurso para a Vida e para o Céu, para a Liberdade não temia as diferentes provas que teria de ultrapassar. Ia-se purificando e assim ao chegar junto de Osíris, para ser julgado, de novo pela força operativa das palavras, ele provava a sua inocência. A Osíris e aos quarenta e dois deuses que o acompnhavam, a Maet, a Tot e a Anúbis.Homem-Morto-Osíris-Rá, falcão, fénix ou carneiro, mas sempre egípcio, filho dos deuses, criado pelos deuses, que retorna à divindade depois de um percurso peculiar. Primeiro, sobre a terra do Egipto, sobre a areia do deserto ou aàgua do Nilo. Depois, sob a terra, na necrópole, como Osíris, no ventre de sua mãe. E, finalmente, voando em direcção ao céu, batendo as asas, como Hórus, ao encontro do abraço do seu pai, Rá.Tudo isto aconteceu há muitos anos. Mas perdura, ainda, hoje e? amanhã.Pela eternidade. Pela força da palavra e da magia, do pensamento e do homem, que é divino, quando quer.
Danuia.

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