segunda-feira, 9 de julho de 2012
castelo chamado orgulho.
O acesso é dificultado por acidentes abruptos e pelos galhos
espinhosos de plantas ressequidas que formam uma "floresta" cerrada
em que a passagem é fechada a quem não se anima a romper a horda
ameaçadora de espinhos. As muralhas do castelo são muito sólidas e os
blocos de pedra utilizados na sua formação são altamente maciços e
fortemente ligados, o que dificulta o arremetimento por qualquer
arma. O senhor do castelo mantém em regime severo de prisão um
valente exército sempre na espreita de disputar em confronto com os
tenazes e bem armados carcereiros suas forças intima e
extraordinariamente contidas, fazendo com que se mantenha na
obscuridade da relativa impotência.
O castelo de imponente silhueta ao abrigo de densa névoa tem um nome
tão aparatoso quanto sua própria figura: ORGULHO. Sua localização:
bem no coração de uma mata densa, muito pouco explorada. Nunca se viu
no mundo objetivo uma defesa tão impenetrável, as abordagens do mundo
exterior, na maior parte das vezes, param no forte espinheiro que
protege o castelo. As que logram passar pela defesa batem no maciço
inespugnável, não encontrando meio de invadir fortaleza tão hermética.
Como acessar as dependências desta fortificação e resgatar o valoroso
exército mantido sob inclemente e forçada subjugação? O castelo é
absolutamente impenetrável, o que nos leva a concluir que se
possibilidade houver, somente uma revolução interna pode realizar a
façanha. Isto é, um motim! Ou o exército prisioneiro descobrir um
ponto fraco na guarda inimiga ou aproveitar-se de uma distração -
causada por algum afrouxamento do castelão - e dominar uns, ganhar a
adesão de outros, e assim, estar em condições de estabelecer uma
guerra no interior do castelo. Esta terá a duração comparável com a
resistência de um e de outro exército, que acabará - sabe-se lá
depois de quanto tempo! - com a libertação dos prisioneiros e a queda
do castelo, se não com a derrota destes e uma nova oportunidade de
luta terá que ser aguardada, após restabelecimento das forças
trancafiadas concomitante com novo ensejo oferecido pela guarda do
castelo. E o ciclo continua, mas até que a resistência do exército do
castelão seja minada pela persistência irresistível do intrépido
colosso que procura manter sob seu poder tirânico. Essa resistência
do comando e do povo do castelo exige uma concentração de esforços
insustentável ao longo do tempo - podem ser anos, séculos... - mas um
dia o castelo, por esgotamento das forças reinantes, cai. E do
coração dessa floresta, agora bela e exuberantemente transformada,
partem em decidida disparada, os tropéis libertos que vão reinar
soberanos por toda a vastidão que a imaginação alcança.
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