quinta-feira, 19 de julho de 2012

Devaneios 1.


Morro para tudo que não fui e tudo aquilo que não escolhi.

Quantas vidas não conhecerei? Quantos “eus” não saberei.

Cada minuto é um enterro, em cada piscar um morto.

Morro de mim incessantemente a cada idéia nova e a cada memória perdida.

fica um pouco de mim por onde passo, como fotografias soltas no chão. São corpos na estrada.



Não sou nem os cadáveres que ficaram, nem este que aqui está.

Sou uma escolha que escolhe mesmo nada fazendo.

Sou todos os caminhos que deixei de optar na estrada.

Sou a soma todas as vidas que morri. Infinitas mortes. Em infinitos mundos agora tão distantes.

Se escolher é viver não ter escolhido é morrer.

Só podemos fazer uma escolha por vez, mas “não escolhemos” infinitas escolhas de uma vez.

Por que são infinitos os caminhos, mas é única a escolha.

Mais morro que vivo. Sou um morto de possibilidades.

Morrem minhas crenças para que outras surjam

morre minhas células para que outras vivam.

Morre todos os amores de todas as mulheres que não amei para que uma floresça.

A cada letra que escolho deste texto morto, milhares de palavras não escolhidas são enterradas nos silêncio das frases não ditas.

Infinitas são as letras que não optei a cada instante que você lê estas palavras.

Eu morri para todas estas poesias.

Morri para os livros e para as bibliotecas.

Morri para a grama no parque, chapinhas em poças d’água.

Morri para o beijo que não te dei ontem e para as cerejas nos copos não bebidos.

Morri para os gritos e as declarações de amor.

Morri para tua mão sobre a minha e para o teu rosto no meu peito.

Morri para o cheiro podre e para o perfume que não usou.

Morri para o vestido branco que nunca teve e para o susto no espelho.



Morri para a falta de tempo de estar contigo e para todo o tempo que eu estive comigo.

Morri quando eu dormia, morri quando tu acordavas.



Morri para todos os teus sorrisos e lagrimas em todos os teus anos até aqui.



Morri para o teu passado morri para o meu futuro.



Morri de livre arbítrio.





Mas hoje, agora, neste momento, que já passou em dias, eu escolhi morrer para tudo apenas para estar com você.

Minhas mortes me levaram até aqui.



Assim como um herói que sacrifica inúmeras vezes sua vida para colher um breve momento eu morri para viver estes instantes com você ao teu lado.

Por que são destes momentos que nasce a vida,

e são destes instantes que se faz uma existência.Poema de Mauro.

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