contos sol e lua

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domingo, 30 de dezembro de 2012

Das Doutrinas Secretas de Jesus.

Jesus logo achou necessário desenvolver seu trabalho de maneira dual. Seria necessário continuar as reuniões abertas, as demonstrações públicas de milagres nas margens das estradas, na presença das multidões. Mas também seria necessário reunir-se, em ocasiões variadas de cada mês, com Seus sinceros e honestos colaboradores, que ele havia escolhido nos últimos meses para levar adiante Sua grande obra. Nisso Jesus percebeu que a experiência de avatares e líderes anteriores era de grande valor, e os antigos registos indicam que Ele não se desviou muito dos métodos que esses líderes haviam utilizado, no que se referia aos detalhes do reconhecimento físico e mundano. Evidentemente, havia dois tipos de homens e mulheres que eram admitidos a Suas escolas secretas ou a Seus locais secretos de reunião. O primeiro grupo consistia de pessoas que estavam sinceramente interessadas em conhecer os factos, mas que deliberadamente tomavam esses factos com certa restrição e exigiam sinais e demonstrações de tempos a tempos. Essas pessoas tornaram-se estudantes sinceros no que concerne ao desejo de dominar os princípios dessas demonstrações, já que esse domínio lhes permitiria curar os doentes, fazer andar os aleijados e dar visão aos cegos, como Jesus havia feito, mas não estavam ansiosas para seguir Seus preceitos espirituais e modificar o curso de sua vida pessoal de modo que pudessem alcançar o estado ideal que Jesus defendia como o objectivo maior de Sua missão. A outra classe aceitava com sincera fé todas as grandes verdades postuladas por Jesus e pouco ou nada se importava com demonstrações contínuas de Seu poder, encontrando na virtude de uma vida mais aprimorada toda a recompensa que desejava. Essas duas facções de Seu grupo fizeram Jesus ir a extremos para lhes transmitir a importância da obra que tinha de realizar e que Ele sabia que deveria ser continuada por Seus seguidores no futuro. Não foi fácil o trabalho que Jesus teve para organizar a instituição ou escola que Ele visualizava, e temos várias provas de que Ele se retirou para a solidão ou para o silêncio muitas vezes, para chorar, orar e pedir a Deus que Lhe desse orientação especial. Os pecados do mundo não O entristeciam tanto quanto a indiferença e falta de sinceridade dos que eram verdadeiramente dignos de se tornar Seus grandes discípulos, mas que ainda se apegavam aos prazeres do mundo e não se podiam dar total e completamente ao novo movimento. Entretanto, percebemos que com o passar do tempo Ele reuniu cento e vinte seguidores e estudantes para formar Sua sociedade secreta. Houve alguns que Ele teve de deixar de parte, no círculo exterior de membros, pois representavam os buscadores insinceros ou superficiais da verdade. Hoje em dia temos o mesmo tipo de pessoas indo de um lado para o outro para ouvir palavras de sabedoria de grandes pregadores e oradores, comprando livros e manuscritos, sempre procurando, conforme elas mesmas dizem, as grandes verdades da vida. Mas no santuário de seu coração, nas horas silenciosas de meditação e auto-análise, elas classificam as verdades recebidas e as analisam à luz de suas próprias crenças anteriores, especialmente à luz de suas crenças e convicções mais convenientes. Criam uma filosofia, um código de vida, um credo próprio que é uma mistura de suas próprias crenças anteriores e daquelas que acharam mais convenientes e passíveis de aceitação, provindas de mentes e corações alheios. Essas pessoas jamais descobrem ou compreendem real e interiormente as grandes verdades que estão buscando. Encerram sua vida ainda convictas de que o grande mestre que poderia lhes ter revelado todas as verdades que elas poderiam aceitar e que lhes seriam inequivocamente provadas não apareceu, e que em algum lugar esse grande mestre devia existir, enquanto elas buscavam aqui e ali, passando diariamente pelo portal do templo que tanto esperavam encontrar. Para evitar que os indignos e aqueles que se encontravam no círculo exterior de membros participassem das instruções secretas e revelações divinas que Deus prometera a Jesus que seriam dadas a Seus discípulos, nada mais natural que Jesus decidisse que Ele e Seus cento e vinte discípulos qualificados se reunissem secretamente, mediante um sinal ou palavra de passe com que se identificassem. Lançar pérolas aos porcos sempre foi um método seguro não só de perder a maior parte delas, mas de fazer com que os porcos e outras criaturas não valorizem o que lhes é oferecido. Há uma tendência na natureza humana de valorizar as coisas pela dificuldade para obtê-las ou alcançá-las. Aquilo que é oferecido gratuitamente só vale o esforço de pegar. Pensar que Jesus desconhecia esse princípio fundamental do pensamento humano é subestimar Seu maravilhoso conhecimento da psicologia humana. Tudo que Jesus oferecia ao público e aos seus discípulos era mantido nas alturas, colocado numa posição difícil de alcançar. A própria Salvação, aquilo que o Homem mais desejava e que Jesus oferecia tão liberalmente, exigia sacrifícios e esforços. Embora muitos pensassem que o Caminho para a Salvação indicado por Jesus parecia simples demais, comparado com a complicação das exigências ritualísticas das outras religiões contemporâneas, tanto os pobres quanto os ricos logo verificaram que o método cristão era o mais difícil de todos, e aqueles que efectivamente desejavam a purificação, o desabrochar e a elevação espiritual que lhes era oferecida, passaram a lutar por isso simplesmente porque as dificuldades aparentemente intransponíveis faziam a recompensa parecer extremamente valiosa. Jesus precisava de líderes para levar avante sua missão e sabia que esses homens teriam de ser entusiastas e atribuir um alto valor à confiança que Ele oferecia. Foi por isso que Ele utilizou muitos métodos, especialmente o antigo sistema de escolher discípulos particulares, secretos, que seriam eficientemente treinados e enviados como verdadeiros representantes de Seu divino plano e objectivo. Harvey Spencer Lewis.

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