quinta-feira, 28 de março de 2013
A PÁSCOA E SEUS SÍMBOLOS.
As origens do termo
A Páscoa é uma das datas comemorativas mais importantes entre as culturas ocidentais. A origem desta comemoração remonta muitos séculos atrás. O termo “Páscoa” tem uma origem religiosa que vem do latim Pascae. Na Grécia Antiga, este termo também é encontrado como Paska. Porém sua origem mais remota é entre os hebreus, onde aparece o termo Pesach, cujo significado é passagem.
Entre as civilizações antigas
Historiadores encontraram informações que levam a concluir que uma festa de passagem era comemorada entre povos europeus há milhares de anos atrás. Principalmente na região do Mediterrâneo, algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera, durante o mês de março. Geralmente, esta festa era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Entre os povos da antiguidade, o fim do inverno e o começo da primavera era de extrema importância, pois estava ligado a maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que castigava a Europa, dificultando a produção de alimentos.
A Páscoa Judaica
Entre os judeus, esta data assume um significado muito importante, pois marca o êxodo deste povo do Egito, por volta de 1250 a.C, onde foram aprisionados pelos faraós durantes vários anos. Esta história encontra-se no Velho Testamento da Bíblia, no livro Êxodo. A Páscoa Judaica também está relacionada com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, onde liderados por Moises, fugiram do Egito.
Nesta data, os judeus fazem e comem o matzá (pão sem fermento) para lembrar a rápida fuga do Egito, quando não sobrou tempo para fermentar o pão.
A Páscoa entre os cristãos
Entre os primeiros cristãos, esta data celebrava a ressurreição de Jesus Cristo (quando, após a morte, sua alma voltou a se unir ao seu corpo). O festejo era realizado no domingo seguinte a lua cheia posterior al equinócio da Primavera (21 de março).
Entre os cristãos, a semana anterior à Páscoa é considerada como Semana Santa. Esta semana tem início no Domingo de Ramos que marca a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém.
A História do coelhinho da Páscoa e os ovos
A figura do coelho está simbolicamente relacionada à esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.
Mas o que a reprodução tem a ver com os significados religiosos da Páscoa? Tanto no significado judeu quanto no cristão, esta data relaciona-se com a esperança de uma vida nova. Já os ovos de Páscoa (de chocolate, enfeites, jóias), também estão neste contexto da fertilidade e da vida.
A figura do coelho da Páscoa foi trazido para a América pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e início do XVIII.
Semana Santa
A Semana Santa é a ocasião em que é celebrada a paixão de Cristo, sua morte e ressurreição.
Jesus Cristo não aceitava o tipo de vida que seu povo levava, o governo cobrando altos impostos, riquezas extremas para uns e miséria para outros.
Ao chegar a Jerusalém, foi aclamado pela população como sendo o Messias, o Rei, mas os romanos não acreditavam que ele era filho de Deus, duvidavam dos seus sábios ensinamentos, de sua missão para salvar a humanidade, então passaram a persegui-lo.
Jesus tinha conhecimento de tudo que iria passar, da peregrinação que o levaria à morte. Convidou, então, doze homens a quem chamou de discípulos, para levar seus ensinamentos às pessoas.
Porém, Judas Escariotes, um desses apóstolos, também duvidou que Ele era um enviado de Deus, entregando-lhe para os romanos, que o capturaram.
Em seguida, fizeram Jesus passar pela via sacra, amarrado à sua cruz, carregando-a por um longo trecho, sendo torturado, levando chibatadas dos soldados, sendo caçoado covardemente até sofrer a crucificação e a morte.
Em 325 d.C, o Concílio de Niceia, presidido pelo Imperador Constantino e organizado pelo Papa Silvestre I, fabricou e consolidou a doutrina da Igreja Católica, como a escolha dos livros sagrados e as datas religiosas. Ficou decidido também que a Semana Santa seria comemorada por uma semana (do domingo de ramos ao domingo de Páscoa). Há relatos de festas em homenagem aos últimos dias de Cristo, pouco tempo depois de sua morte. Porém comemoravam dois dias apenas (sábado de aleluia e domingo da ressurreição). Nesse Concílio também foi adotado o Catolicismo como religião oficial do Império Romano.
Cada dia da comemoração faz referência a um acontecimento: o domingo de ramos refere-se à entrada do Rei, o Messias, na cidade de Jerusalém, para comemorar a páscoa judaica. Na segunda-feira seguinte foi o dia em que Maria ungiu Cristo; na terça-feira foi o dia em que a figueira foi amaldiçoada; a quarta-feira é conhecida como o dia das trevas; a quinta-feira foi a última ceia com seus apóstolos, mais conhecida como Sêder de Pessach. A sexta-feira foi o dia do seu sofrimento, sua crucificação. Sábado é conhecido como o dia da oração e do jejum, onde os cristãos choram pela morte de Jesus. E, finalmente, o domingo de páscoa, o dia em que ressuscitou e encheu a humanidade de esperança de vida eterna.
domingo, 24 de março de 2013
FISIOLOGIA DA PAIXÃO.
O chamado diencéfalo ou cérebro primitivo, comum a todos os mamíferos, intervém, através do hipotálamo, no desejo, no interesse sexual e também recolhe as informações que chegam do exterior e dos hormônios, controlando-os e dando as respostas da excitação sexual, ejaculação, sensações de prazer e regulando as respostas emocionais e afetivas no comportamento sexual.
O sistema límbico discrimina e seleciona os estímulos, reconhecendo os sinais de saciedade (estar satisfeito) e inibindo o comportamento sexual.
A nossa sexualidade apresenta-se não apenas em nível dos estímulos (visuais,fantasias ,etc) ,como também na participação muito importante da emoção e sobretudo na aprendizagem. Algumas partes do nosso cérebro relacionam o ambiente e a cultura às nossas respostas sexuais. O resultado pode ter maior ou menor eficácia dando aos parceiros, maior ou menor prazer.
Razão, fantasia, emoção e aprendizagem se misturam em nosso cérebro dando respostas curiosas no dia a dia sexual do ser humano.
Os neurotransmissores cumprem uma função indispensável na ativação do impulso sexual, como por exemplo, quando as carícias e beijos levam a lubrificação vaginal e à ereção peniana.
Os cientistas conhecem a feniletilamina (um dos mais simples neurotransmissores) há cerca de 100 anos, mas só recentemente começaram a associá-la à paixão. Ela é uma molécula natural semelhante à anfetamina e suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser desencadeada por eventos tão simples como uma troca de olhares ou um aperto de mãos.
O “affair” da feniletilamina com a paixão teve início com uma teoria proposta pelos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz, do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova Iorque. Eles sugeriram que o cérebro de uma pessoa apaixonada continha grandes quantidades de feniletilamina, e que esta substância poderia responder, em grande parte, pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados.
PAIXÃO X TEMPO.
Existe um limite de tempo para homens e mulheres sentirem os arroubos da paixão? Segundo a professora Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova Iorque, sim. Ela diz: "seres humanos são biologicamente programados para se sentirem apaixonados durante 18 a 30 meses". Ela entrevistou e testou 5.000 pessoas de 37 culturas diferentes e descobriu que a paixão possui um "tempo de vida" longo o suficiente para que o casal se conheça, copule e produza uma criança.
A pesquisadora identificou algumas substâncias responsáveis pelo amor-paixão: dopamina, feniletilamina e ocitocina. Estes produtos químicos são todos relativamente comuns no corpo humano, mas são encontrados juntos apenas durante as fases iniciais do flerte. Ainda assim, com o tempo, o organismo vai se tornando resistente aos seus efeitos - e toda a "loucura" da paixão desvanece gradualmente - a fase de atração não dura para sempre. O casal, então, se vê frente a uma dicotomia: ou se separa ou habitua-se a manifestações mais brandas de amor - companheirismo, afeto e tolerância, e permanece junto. "Isto é especialmente verdadeiro quando filhos estão envolvidos na relação", diz a Dra. Hazan.
Os homens parecem ser mais susceptíveis à ação dessas substâncias. Eles se apaixonam mais rápida e facilmente que as mulheres. E a Dra. Hazan é categórica quanto ao que leva um casal a se apaixonar e reproduzir: "graças à intensidade da ilusão romanceada, achamos que escolhemos nossos parceiros; mas a verdade é conhecida até mesmo pelos zeladores dos zoológicos: a maneira mais confiável de se fazer com que um casal de qualquer espécie reproduza é mantê-los em um mesmo espaço durante algum tempo".
Com base em outras pesquisas desenvolvidas pela Dra. Helen Fisher, antropologista da Universidade Rutgers e autora do livro The Anatomy of Love, pode-se fazer um quadro com as várias manifestações e fases do amor e suas relações com diferentes substâncias químicas no corpo:
Manifestação.
Conceito.
Substância mais associada
Luxúria.
Desejo ardente por sexo.
Testosterona (aumento da libido – desejo sexual)
Atração.
Amor no estágio de euforia, envolvimento emocional e romance
•
Altos níveis de dopamina e norepinefrina (noradrenalina): ligadas à inconstância, exaltação, euforia, e a falta de sono e de apetite.
Baixos níveis de serotonina: tendo em vista a ação da serotonina na diminuição de fatores liberadores de gonadotrofinas pela hipófise, quanto mais serotonina menos hormônio sexual.
Ligação.
Atração que evolui para uma relação calma, duradoura e segura.
Ocitocina (associada ao aumento do desejo sexual, orgasmo e bem-estar geral) e vasopressina (ADH), associada à regulação cardiovascular, atuando no controle da pressão sangüínea.
OS SENTIDOS E A PAIXÃO.
VISÃO.
A visão é, provavelmente, a fonte de estimulação sexual mais importante que existe.
No homem, existem numerosos estímulos visuais envolvidos na atração sexual, que vão muito além da visão dos genitais do sexo oposto. A forma de mover-se, um olhar, um gesto, inclusive a forma de vestir-se, são estímulos que, enquanto potencializam a capacidade de imaginação do ser humano, podem resultar mais atraentes que a contemplação pura e simples de um corpo nu.
Segundo o neurobiólogo James Old, o amor entra pelos olhos.
Imaginemos duas pessoas que não se conhecem e se encontram em uma festa:
è Ambos se olham e imediatamente se avaliam, o que ativa neocórtex, especializado em selecionar e avaliar.
è O primeiro nível de avaliação de ambos será o biológico (tem orelhas, duas pernas etc) e enfim, geneticamente saudável.
è Depois a análise continua por padrões baseados na experiência de cada um: tipos físicos reforçados como positivos pelos pais, amigos e meios de comunicação.
è Simultaneamente se avaliam dentro de seu tempo e cultura: numa sociedade propensa a sucumbir a pragas e escassez de alimentos, mulheres mais cheinhas eram sinônimo de saúde e fortaleza.
Elas são mais seletivas.
O neurobiólogo aponta que no caso feminino também existe um fator adicional e mais abstrato: o poder (também ocorrem mudanças com o tempo e cultura)
Segundo o pesquisador, como as mulheres geneticamente têm menos oportunidades para procriar (o número de gametas femininos é menor do que o de espermatozóides), elas buscam no selecionado a capacidade de prover e proteger seus filhos.
AUDIÇÃO.
No homem, a aparição da linguagem representa um passo muito mais avançado como meio de solicitação sexual. Em praticamente todas as sociedades humanas, o uso de frases e canções amorosas constitui uma das preliminares mais habituais. Libertado o cérebro da carga social, uma frase erótica, sussurrada ao ouvido, pode resultar tão incitadora quanto um bramido de elefante na imensidão da selva.
De acordo com investigações do Krasnow Institute for Advanced Study of George Mason University, não só as primeiras palavras, mas também os tons de voz deverão responder aos padrões de saúde e genética desejados na escolha do(a) parceiro(a).
TATO: a pele com a qual amamos.
A superfície do corpo humano, com aproximadamente dois metros quadrados de extensão é, poderíamos dizer, o maior órgão sexual do homem. Mais do que simplesmente um dos sentidos, o tato é a resultante de muitos ingredientes: sensibilidades superficiais (epidérmicas e dérmicas), profundas - como a proprioceptiva, ligada a movimento -, vontade de explorar e atividade motora, emoções, memória, imaginação.
Existem cerca de cinco milhões de receptores do tato na pele - as pontas dos dedos tem uns 3.000 que enviam impulsos nervosos ao cérebro através da medula. O tato é provavelmente o mais primitivo dos sentidos. É a mais elementar, talvez a mais predominante experiência do ser humano, mesmo naquele que ainda não chegou a nascer. O bebê explora o mundo pelo tato. Assim, descobre onde termina seu corpo e onde começa o mundo exterior. Esse sentido é seu primeiro guia.
O sentido do tato proporciona um contato imediato com os objetos percebidos e, na relação humana, é uma experiência inevitavelmente recíproca: pele contra a pele provoca imediatamente um nível de conhecimento mútuo. Na relação com o outro, não é possível experimentá-la.
Encontramos homens com problemas sexuais que não beijam, não abraçam e nem acariciam sua parceira. Para quê? Pensam eles. Este modelo de comportamento impede que muitos casais desfrutem do prazer que pode proporcionar o simples fato de dar e receber carícias.
A estimulação tátil é uma necessidade básica, tão importante para o desenvolvimento como os alimentos, as roupas, etc.. O contato físico é a forma de comunicação mais íntima e intensa dos seres humanos, segundo alguns estudos, até os mais insignificantes contatos físicos tem notáveis efeitos.
Nós realmente "sentimos com o olho da mente" - Uma região do cérebro envolvida no processamento do sentido da visão é também necessária para o sentido do tato. Resultados da Universidade de Emory, que confirmam o papel do córtex visual na percepção táctil (toque), foram publicados na edição da revista Nature de 06/10/1999.
As conclusões do estudo são relevantes para o entendimento de não apenas como o cérebro normalmente processa a informação sensorial, "mas também como o processamento é alterado em condições como cegueira, surdez ou torpor e, principalmente, para melhoria dos métodos de comunicação em indivíduos que sofrem de tais desordens", de acordo com Krishnankutty Sathian, Ph.D.
Até recentemente, cientistas acreditavam que regiões separadas do cérebro processavam a informação advinda de vários sentidos. Essa idéia está sendo, agora, desafiada. As descobertas recentes de que o córtex visual de deficientes visuais é ativado durante a leitura em Braille não são tão surpreendentes se apreciadas por este contexto. Os resultados obtidos pelo grupo de pesquisa demonstram que uma região do córtex cerebral, associada à visão, é ativada quando os humanos tentam distinguir a orientação através do tato.
Juntamente aos depoimentos subjetivos da imagem visual e a ativação cortical parieto-occiptal associada, as descobertas levam a crer que o processamento visual facilita a discriminação tátil normal de orientação. Isso, provavelmente, está relacionado ao fato de que geralmente confiamos no sistema visual para nos orientarmos.
PALADAR.
Desde muito cedo, a boca é a primeira fonte de prazer. Com 16 semanas de vida, além de fazer caretas, levantar as sobrancelhas e coçar a cabeça, as papilas gustativas já estão desenvolvidas. A experiência tem demonstrado que o feto faz careta e para de engolir quando uma gota de substância amarga é colocada no líquido amniótico. Por outro lado, uma substância doce provoca a aceleração dos movimentos de sucção e deglutição.
Aliás, o prazer do paladar continua na fase em que o bebê se amamenta através do mamilo da sua mãe. Daí para frente, o paladar fica cada vez mais apurado.
A boca é uma das partes que compõem o rosto de qualquer pessoa. Quanto a isto, não restam margem para dúvidas. Mas o que se calhar não sabe, é que a zona bocal é a última parte a adquirir todas as formas e recortes finais, embora seja a primeira a sentir as emoções iniciais da vivência.
A língua é a base de todo o paladar e a boca é uma das partes mais sensíveis do corpo e mais versáteis. Um beijo combina os três sentidos de tato, paladar e olfato. Favorece o aparelho circulatório, aumenta de 70 para 150 os batimentos do coração e beneficia a oxigenação do sangue. Sem esquecer que o beijo estimula a liberação de hormônios que causam bem-estar. Detalhe: na troca de saliva, a boca é invadida por cerca de 250 bactérias, 9 miligramas de água, 18 de substâncias orgânicas, 7 decigramas de albumina, 711 miligramas de materiais gordurosos e 45 miligramas de sais minerais. As terminações nervosas reagem ao estímulo erótico e promovem uma reação em cadeia. Ao mesmo tempo, as células olfativas do nariz – mais próximas da boca – permitem tocar, cheirar e degustar o outro.
OLFATO.
O amor não começa quando os olhares se encontram, mas sim um pouco mais embaixo, no nariz. "Há circuitos que vão do olfato até o cérebro e levam uma mensagem muito clara: sexo", explica Maria Rosa García Medina, especialista em sentidos químicos do Laboratório de Pesquisas Sensoriais do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), da Argentina.
Alguns pesquisadores afirmam que exalamos continuamente, pelos bilhões de poros na pele e até mesmo pelo hálito, produtos químicos voláteis chamados ferormônios.
Estudos têm demonstrado que a maior parte das espécies de vertebrados tem um órgão situado na cavidade nasal denominado órgão vomeronasal (OVN). A finalidade do OVN parece ser exclusivamente a de detectar sinais químicos – os ferormônios - envolvidos no comportamento sexual e de marcação de território.
Atualmente, existem evidências intrigantes e controvertidas de que os seres humanos podem se comunicar com sinais bioquímicos inconscientes. Os que defendem a existência dos ferormônios baseiam-se em evidências mostrando a presença e a utilização de ferormônios por espécies tão diversas como borboletas, formigas, lobos, elefantes e pequenos símios. Os ferormônios podem sinalizar interesses sexuais, situações de perigo e outros.
Os defensores da Teoria dos Ferormônios vão ainda mais longe: dizem que o "amor à primeira vista" é a maior prova da existência destas substâncias controvertidas. Os ferormônios – atestam – produzem reações químicas que resultam em sensações prazerosas. À medida em que vamos nos tornando dependentes, a cada ausência mais prolongada nos dizemos "apaixonados" – a ansiedade da paixão, então, seria o sintoma mais pertinente da Síndrome de Abstinência de Ferormônios.
Com ou sem ferormônios, é fato que a sensação de "amor à primeira vista" relaciona-se significativamente a grandes quantidades de feniletilamina, dopamina e norepinefrina no organismo. E voltamos à questão inicial: até que ponto a paixão é simplesmente uma reação química?
Um tradicional exemplo do estreito vínculo entre olfato e desejo é a síndrome de Kalman, um quadro genético de alteração hormonal que prejudica a puberdade e que está acompanhado por uma ausência congênita do olfato. Com a ajuda de tratamento, esses pacientes chegam a ter níveis normais de hormônios, mas não recuperam o olfato e isso têm efeitos diretos em sua vida afetiva.
O laboratório canadense Pheromone Sciences Corp. isolou e caracterizou os diversos ferormônios extraídos do suor. Uma primeira pesquisa revelou que o composto pode estimular a libido em homens e mulheres. Os pesquisadores esperam que, em um futuro não muito distante, esse derivado de ferormônios possa servir como tratamento efetivo e seguro para determinadas disfunções sexuais. Inclusive como complemento de remédios como o Viagra.
"Alguns derivados dos ferormônios já são usados para casos de frigidez feminina e ajudam na primeira etapa da sexualidade, que é o desejo", afirma García Medina. "Isso pode ter um grande potencial em outros tipos de disfunções sexuais, mas ao mesmo tempo, reacende questões éticas: É lícito interferir dessa forma no comportamento de uma pessoa?"
Não há duas pessoas que possuam exatamente o mesmo cheiro, embora haja algumas semelhanças entre membros de uma mesma etnia. O odor corporal é fortemente influenciado pelo tipo de alimentação e influencia nossas preferências por certos aromas. Pessoas que gostam de comidas muito temperadas também preferem fragrâncias fortes e penetrantes, como as que contêm patchuli, sândalo ou gengibre. Aquelas que consomem mais laticínios preferem fragrâncias florais, como lavanda e néroli (flor de laranjeira). A alimentação branda porém saudável dos japoneses, baseada principalmente em peixes, verduras e arroz, em conjunto com os banhos freqüentes e meticulosos, é uma das razões pelas quais seu odor corporal é praticamente inexistente, ao menos para o olfato de outras etnias. Os japoneses são atraídos por fragrâncias delicadas. E, enquanto os esquimós são tidos como tendo cheiro de peixe e os africanos cheiro de amoníaco, o resto do mundo concorda que o cheiro azedo dos europeus é o mais nauseante (neste caso não seria pela conhecida carência de banho?).
Há duas décadas atrás, cientistas europeus conseguiram reproduzir os ferormônios em laboratório. Alguns anos mais tarde, empresários americanos compraram a fórmula, fabricaram o produto em quantidades industriais e o engarrafaram em belos vidrinhos. Agora, os tais ferormônios estão à venda na Internet. O representante brasileiro do perfume americano The Scent promete: "É garantido! Você vai conquistar a mulher dos seus sonhos pelo cheiro". No site da empresa, o extrato de ferormônios é promovido como um "afrodisíaco natural", uma "química revolucionária", um "grande segredo vindo da natureza"; em síntese: "um estimulante sexual da mulher", que foi "inteligentemente mascarado como uma colônia masculina". Segundo seus fabricantes, este produto mágico age diretamente no subconsciente da mulher, despertando seu desejo sexual sem que ela saiba o porquê de se sentir loucamente atraída pelo galã perfumado. Mesmo sem explicações válidas, o site jura que "ela ficará totalmente a sua mercê". Ficou curioso? As belas promessas continuam: "você usa, é invisível, não tem cheiro, ninguém ficará sabendo, só você. É a ciência médica interferindo na nossa vida sexual, uma arma que ajudará nas suas conquistas". Segundo os responsáveis pelo produto, o sujeito que utilizar a poderosa colônia atrairá todos os olhares femininos, gerando "mais contatos imediatos e, sem dúvida, uma vida sexual mais ativa do que poderia um dia imaginar, não importa a sua aparência, não importa o nível social. Onde quer que você esteja, passará a chamar muita atenção, como um imã". Mas será que funcionam mesmo? Como você já deve ter percebido, o mesmo perfume ou loção após a barba, exala diversos cheiros em diferentes pessoas, especialmente naquelas do sexo oposto. À medida que a fragrância vaporiza e interage com nossa química própria, várias mudanças do aroma tornam-se perceptíveis.
Pesquisa.wikpédia.
sábado, 9 de março de 2013
Ópera dos Mortos - Autran Dourado.
Ópera dos Mortos é a história de uma casa habitada por uma mulher solteira, Rosalina, e uma criada negra, Quinquina, que lhe serve de emissário fiel entre o mundo interior do casarão e a vida rotineira de uma pequena cidade de Minas.
A casa foi concebida e construída numa espécie de delírio de grandeza por um patriarca, João Capistrano Honório Cota, que depois de um desastre político se fecha em si mesmo, punitivo e purgador.
Rosalina, a filha, recebe com a herança das terras o cultivo do orgulho e o legado do sonho. Desfeita a possibilidade de casamento com o capataz, sem dúvida por diferenças de casta, Rosalina represa na solidão da casa toda a sua marginalidade e o que é real não tarda a se diluir no ideal.
Rosalina se embriaga todas as noites, relê enredos melosos e tenta sopitar tentativas ninfomaníacas.
Ela é o veio subterrâneo, mas esotérico do romance de Autran Dourado: a decadência senhorial, o desajuste entre o tempo histórico e o tempo social.
A casa que em Ópera dos Mortos adquire contorno de coisa viva, castelo de romances medievais e jazigo de anseios frustrados, está deteriorada por fora e por dentro. É uma construção solta no espaço e no tempo, pois o nobre e a sua gerdeira pararam ali todos os relógios.
A história é narrativa por excelência, mas no seu psicologismo recusa a linearidade. Atraído pela verossimilhança, que em Faulkner se realiza em termos puramente ficcionais, Autran Dourado optou pela comunicabilidade.
Preferiu fazer com que os personagens falassem em compridos monólogos, e como ponto de sustentação da trama , elegeu um narrador impessoal. O autor está portanto fora do texto: nada sabe, nada viu: apenas tece, nos seus pressentimentos, a débil teia ficcional, alimentada de vivências.
A linguagem não será a do escritor - mas a dos sentimentos pessoais, fermentados, cristalizados e expressos segundo os meios de comunicação de cada protagonista.
No entanto , a linguagem do romance é uma só: com ligeiras diferenças, exprime o monólogo de Juca Passarinho, o fluxo de Rosalina, as intervenções do narrador invisível.
Autran Dourado utiliza a linguagem oral que constitui a média de expressão do homem brasileiro do interior, desde que as diferenças de fortuna, ilustração e modo de vida não sejam acentuadas.
Essa oralidade representa ao mesmo tempo uma forma de dizer e uma forma de sentir. É uma cristalização anímica que transcende a voz pessoal para abranger os limites de comunicação grupal.
Quem traz a herança da vida interiorana não se espanta que Rosalina, filha de um senhor de terras , mas sem educação formal, e Juca Passarinho, um vagabundo que pretende viver a vida fácil, falem quase do mesmo modo. A diferença está nos seus perfis psicológicos.
Essa oralidade denuncia, porém, uma contribuição consciente de Autran Dourado: a imagística. Os símbolos e metáforas que escapam dos monólogos, num fraseado literário de efeito, devem ser imputados à representação da ópera, ao seu conteúdo barroco - e nesse ponto se impõe,na sua acepção ampla , o estilo. O barroco não está apenas no estilo da casa.
Nos seus objetos de que há uma descrição sucinta, mas pesa também nas almas, por mais lineares que estas pareçam em seus comportamentos. De forma que o estilo, o estilo de quem pretende narrar e expor ao mesmo tempo as causas e conseqüências, é igual a oralidade mais os arabescos literários.
O título do romance já é significativo. A ópera, segundo uma de suas definições, é uma "organização temporal de sons e silêncios".
E os sons são preenchidos pela melodia individual (no romance Autran Dourado, os monólogos que constitui, por sua vez, uma das características da arte barroca em música).
Na protofonia do romance temos a apresentação do cenário, a casa da gente Honório Cota , feita de forma impessoal, através do narrador invisível. O leitor é interpelado e convocado insistentemente a ver, sentir, participar.
O melodrama está armado e resumidas suas intenções. A oferta de comunicabilidade prossegue nos cantos individuais, que interpenetram num simulacro de ação simultânea: quando Rosalina está prestes a sair de cena, ouve o barulho de carro-de-boi.
É Juca Passarinho, o andarilho, caçador sem munição, que entra na cidade e é logo seduzido pelo casarão do Largo.
Ele e Rosalina, tão diferentes em tudo, estão amadurecidos para um desfecho em suas vidas - e as vivências acumuladas em ambos transbordam, precipitando a maior cena do romance, o encontro na casa silenciosa, altas horas da noite, entre uma mulher em estado de sonho e um homem em toda lucidez.
Este é em todo o romance o maior teste de Autran dourado, que se equilibra perfeitamente à beira do melodrama, em três ou quatro páginas densas, imponentes e sensuais.
A Flauta Mágica de Mozart.
A Flauta Mágica.de mozart.
I Ato.
1º Cenário: Paisagem rochosa.
O príncipe Tamino encontra-se numa árida paisagem rochosa. Sozinho e sem armas, ele é atacado por uma cobra gigante. Gritando por socorro, acaba por desmaiar. Atraído por seus gritos, aparecem as Três Damas da corte da Rainha da Noite, lilás matam o monstro e correm para relatar o ocorrido à sua soberana.Tamino acorda de seu desmaio e ouve a melodia de uma flauta de Pa. Ele se esconde. Papageno, que estava caçando pássaros para a Rainha da Noite, entra em cena. Ele está retornando ao palácio para se fortalecer com comida e bebida. Tamino sai de seu esconderijo e entre os dois se desenvolve uma conversa, pela qual o príncipe, entre outras coisas, descobre que ele se encontra no reino da Rainha da Noite. Como Tamino supõe que a cobra tenha sido morta por Papageno, agradece a ele por ter salvo sua vida. O caçador de pássaros aceita o agradecimento. Porém, as Três Damas da corte, que ficaram escutando a conversa, retornam e castigam-no pela mentira colocando-lhe um cadeado na boca. Elas mostram a Tamino um retrato da filha da Rainha da Noite, Pamina. Imediatamente, o príncipe é tomado de amor pela linda mulher e jura que a fará sua. As damas da corte lhe contam da complicada situação de Pamina: ela fora raptada pelo malvado e poderoso demônio Sarastro. Tamino promete salvá-la.
2° Cenário: Rainha da Noite.
A Rainha da Noite aparece sob fortes trovoadas. Ela lamenta a perda de sua filha e manda que Tamino salve Pamina. Se ele conseguir libertá-la, ela deverá ser sua. A rainha e suas criadas desaparecem, mas as Damas logo retornam e entregam a Tamino uma flauta mágica, que deverá protegê-lo dos perigos. Elas tiram o cadeado da boca de Papageno, uma vez que a partir de agora ele deverá acompanhar o príncipe e auxiliá-lo em sua perigosa missão. A ele entregam uns sininhos mágicos e informam aos dois que eles serão guiados por três meninos.
3° Cenário: Sala egípcia.
O cenário muda e se vê uma sala no palácio de Sarastro. Monostatos, o ardiloso criado, é o guarda de Pamina. Ele acaba de prendê-la novamente após uma tentativa de fuga e tenta conquistá-la. No momento mais crítico aparece Papageno. Assustado pela aparição deste estranho caçador de pássaros, Monostatos foge. Papageno, também cheio de medo, corre em direção contrária. Ele volta e reconhece Pamina, a filha da Rainha da Noite. Ele lhe assegura que em breve ela será libertada e que ele a levará agora ao seu salvador. Os dois partem apressados.
4° Cenário: Três templos.
Neste meio tempo, os Três Meninos levaram Tamino ao bosque sagrado, onde no meio se encontram os três templos da razão, da natureza e da sabedoria. Suas tentativas de entrar nos primeiros dois templos falham: ele é rejeitado. Ao se aproximar do templo da sabedoria, um sacerdote idoso sai de encontro a ele. O sacerdote lhe explica acerca do verdadeiro caráter de Sarastro: Ele não é o tirano que foi descrito pela Rainha da Noite, mas sim um homem de sabedoria e honra. Tamino pergunta sobre o rapto de Pamina. O sacerdote, porém, não lhe dá qualquer explicação, mas assegura ao jovem que ele saberá reconhecer a verdade tão logo se torne um irmão de sua aliança. Tamino vacila entre seus sentimentos contraditórios, mas seu humor se alegra quando ouve vozes do templo que lhe dizem que Pamina se encontra em segurança. Com sua flauta, ele amansa os animais selvagens e finalmente vai na direção da qual ele ouviu os sons da flauta de Pa de Papageno. Neste momento Papageno e Pamina chegam à floresta. Papageno toca novamente sua flauta e Tamino responde, mas antes de prosseguir, Monostatos e seus escravos os pegam. Papageno lembra-se de seus sininhos mágicos e os toca. O criado e seus escravos se vêem obrigados a dançar ao som dos sininhos e se afastam. Neste momento ouvem-se sons de trompetes que anunciam a chegada de Sarastro e seus seguidores. Pamina se ajoelha diante de Sarastro e confessa sua culpa. Ela quis fugir por causa do mal-intencionado Monostatos e por ter, como filha, o dever de retornar à sua mãe. Sarastro a manda levantar-se. Ele lhe assegura que nunca lhe acontecerá nada de mal, mas também a avisa que de sua mãe somente hão de vir males. Monostatos entra com Tamino preso. Pamina e Tamino se reconhecem imediatamente e se abraçam. Sarastro mostra seu desagrado para com Monostatos por causa de ter molestado Pamina e ordena que Tamino e Papageno se preparem para as provações que deverão acontecer antes que Tamino possa chegar ao seu objetivo. Depois Sarastro parte com Pamina.
II Ato.
5° Cenário: Floresta de palmeiras douradas
Os sacerdotes se reúnem na floresta de palmeiras para decidir se Tamino está pronto para iniciar as provas de admissão na aliança. Sarastro pleiteia convincente e calorosamente a favor da aceitação de Tamino e diz que os deuses determinaram o casamento de Pamina com Tamino. Por este motivo, esclarece Sarastro, ele mandou tirar Pamina de sua mãe. Depois disso, ele se afasta do local.
6° Cenário: Ruína do templo.
Tamino e Papageno são conduzidos ao lugar. É noite. Pergunta-se a Tamino se ele está disposto a aceitar qualquer prova, mesmo que isso signifique a morte. Tamino aceita o desafio. Papageno não tem tanta certeza, mas suas dúvidas desaparecem depois que ele fica sabendo que Sarastro lhe reservou uma linda noiva. Os dois devem fazer um juramento, comprometendo-se a não falar. Esta deverá ser a primeira provação para que possam continuar. Logo após ficarem sozinhos, aparecem as Três Damas e tentam de persuadi-los a falar. Mas Tamino e também Papageno - não sem alguma ajuda do príncipe - não cedem e permanecem calados. Os sacerdotes retornam e conduzem os dois para prosseguir as provas.
7° Cenário: Jardim com esfinge.
Vemos um jardim, onde Pamina se encontra dormindo. Monostatos se aproxima de Pamina cheio de desejos, mas a Rainha da Noite ordena que ele se afaste. Pamina acorda. Sua mãe lhe entrega um punhal e exige que ela mate Sarastro. Com estrondo de trovões, ela se retira. O criado, que ouviu a conversa, chega perto de Pamina, que está inconsolável e confusa, e tenta convencê-la de que ela somente será salva desta situação se lhe der amor. Mas Pamina se recusa e fica desesperada. O criado arranca-lhe o punhal e pretende assassiná-la; porém, neste exato momento chega Sarastro e o enxota.
8° Cenário: Salão do templo.
Tamino e Papageno estão sozinhos no salão do templo, ainda sob juramento de manter silêncio. Uma mulher bem velha entra e conversa com Papageno. Ele fica curioso, esquece de seu juramento e fala com ela. Quando ele pergunta pelo seu nome, ouve-se um trovão e a velha vai embora. Os Três Meninos trazem comida e bebida ao salão, bem como a flauta mágica e os sininhos. Pamina entra. Sua alegria de finalmente ter encontrado Tamino se transforma em tristeza ao perceber que Tamino não lhe responde e, por meio de gestos, tenta afastá-la. Desesperada, ela parte e decide encontrar a paz na morte, pois pensa que ele, Tamino, não a ama mais. Trompetes soam, chamando os homens para a reunião. Papageno permanece para terminar sua refeição; porém, quando entram seis leões no salão, levanta-se rapidamente e chama por Tamino para lhe prestar socorro. O príncipe atende ao chamado. Quando vê os leões, toca sua flauta e estes se amansam e se afastam.
9º Cenário: Abóbada subterrânea no interior de uma pirâmide.
Tamino e, em seguida, Pamina, são conduzidos para um salão no interior do templo. Sarastro pede à moça que se despeça de seu amado, pois este agora partirá para realizar a prova mais difícil. Após sua despedida, ela é retirada e Sarastro se afasta juntamente com o príncipe. Agora chega Papageno ao mesmo lugar. É dito a ele que ele não se comportou como devia, mas que os deuses o perdoarão. Porém, Papageno nunca será aceito no círculo da aliança. Papageno reage com indiferença e confessa que mesmo assim gostaria de ter sua mulher amada. No mesmo instante, a velha aparece. Ela está disposta a selar um relacionamento com ele, mas Papageno resiste. Somente quando ela ameaça de que ele ficará para sempre trancado neste local a pão e água, ele finalmente concorda meio contrariado, jurando-lhe fidelidade eterna. Neste momento a velha se transforma em uma jovem e bela mulher, totalmente vestida com penas coloridas: a Papagena. Os dois correm para se abraçar, mas antes um sacerdote aparece para levar Papagena. Os Três Meninos vão ao encontro de Pamina, que está num jardim. Ela está completamente desesperada e tenta se matar com o punhal que recebera de sua mãe. Os Três Meninos, porém, conseguem evitar o pior e a fazem desistir do suicídio, asseguram-lhe que Tamino verdadeiramente ainda a ama e chamam-na para que os acompanhe a fim de procurá-lo.
10º Cenário: Prova do fogo e da água.
Neste ínterim, Tamino fora conduzido à caverna dupla do fogo e da água, onde há dois guardas. Tamino pede que se iniciem as provas. De repente, ele escuta a voz de Pamina, chamando para que ele a espere. Ele recebe a permissão de falar com ela e os dois amantes se abraçam. Pamina pede Tamino que este coloque toda sua confiança no seu amor e na flauta mágica. Acompanhados pela melodia da flauta, os dois vencem a prova e conseguem passar incólumes pelas cavernas do fogo e da água. Agora, abrem-se os portões do templo e os sacerdotes recebem o casal com júbilo. Sarastro caminha à frente em direção ao salão principal. Também Papageno é salvo do suicídio pêlos Três Meninos. Eles o encontram no momento em que ele pretendia se enforcar numa árvore, motivado pelo desgosto de não ter achado sua Papagena. A conselho dos Meninos, Papageno toca os sininhos mágicos e Papagena aparece. Os dois se reencontram cheios de entusiasmo e alegria e partem de braços dados.
11º Cenário: Templo do sol.
Diante dos muros do templo estão a Rainha da Noite, Monostatos e as Três Damas da corte. Pela última vez querem tentar executar seu plano de vingança. A Monostatos foi prometida a mão de Pamina caso ele desempenhe com sucesso seu papel no plano. De repente, irrompe uma tempestade terrível e relâmpagos aparecem no céu. A terra se abre e engole os malvados. Imediatamente o cenário muda para um gigantesco templo do sol. Sarastro, Pamina e Tamino ao seu lado, rodeado de sacerdotes, encontram-se nos degraus do templo. O Sarastro exalta a vitória das forças da luz sobre as forças das trevas. A ópera finaliza com uma cerimônia de agradecimento aos deuses.
O Grande Arquiteto da Música.Mozart,.
“Graças ao poder da música, caminharemos felizes pela noite sombria da morte.” (A Flauta Mágica, ato II, cena 28)
Em 5 de dezembro de 1784 era proposto o nome de Wolfgang Amadeus Mozart à Loja Maçônica “A Beneficência”. Entretanto, analisando o teor esotérico da sua obra, nota-se que Mozart era ligado a egrégora maçônica muito antes do seu ingresso na fraternidade. Aos 11 anos, Mozart musicou o poema maçônico “Andie Freude“. Aos 16, compôs uma ária para o hino ritual “Oh heiliges Band“. E aos 17, compôs o drama maçônico “Thamos, König in Ägypten”.
Mozart escreveu aproximadamente 30 obras destinadas exclusivamente à maçonaria. Dedicou à congregação cantatas com textos que falam em igualdade entre seres humanos, seres livres de jugos impostos por determinadas religiões, melodias compostas para atos solenes, para acompanhar os ritos e até mesmo concertos beneficentes abertos ao público.
É interessante o fato que Mozart não encontrava incongruências entre a Maçonaria e a igreja. Para ele, ambos os sistemas se complementavam, na Maçonaria ele faria a busca pelo autoconhecimento, a transformação do chumbo do Ego no ouro da Essência, no catolicismo reconheceu a busca do aperfeiçoamento espiritual, o perdão dos pecados, e a consolidação da redenção na vida após a morte.
Óperas.
A iniciação era o centro do pensamento mozartiano. Suas obras refletem os aspectos mais profundos da Maçonaria e da via alquímica, porém imperceptível ao grande público. Suas óperas foram concebidas como verdadeiros rituais, possuindo vários níveis de percepção e significado.
“Descobrimos o mistério: não há nada a acrescentar.” (As Bodas de Fígaro ato II, cena 2)
Le Nozze di Figaro (As Bodas de Fígaro), ópera dividida em três atos, tem como tema a Igualdade, ela representa a jornada do Aprendiz, Fígaro. Há também alusões ao casamento alquímico, sagrada geometria, enfim uma obra de várias camadas.
“Não se alimenta de alimentos mortais aquele que se alimenta de alimentos celestes” (Don Giovanni ato II, cena 15)
Don Giovanni tem como tema a Liberdade e trata do drama vivido pelo companheiro em busca do grau de Mestre. O próprio Mozart confirmou o caráter iniciático desta obra. Don Giovanni representa o companheiro, o Comendador a encarnação do Mestre-de-Obras Hiram, Leporello o Primeiro Vigilante, isso se descrevermos apenas os principais. Ao longo de todo o ritual, Leporello fará a formação de Don Giovanni e o levará na direção das provas até ser engolido pela terra.
Cosi fan Tutte (Todas elas são assim), aparentemente representa o comportamento das mulheres, mas Mozart a concebeu pensando nas Lojas. Todas elas agem de maneira ritualística se desejam viver a tradição iniciática. Sob a óptica da alquimia, Cosi fan Tutte aborda o segredo do pilar da Sabedoria. Don Alfonso, detentor dos segredos, representa o Venerável Mestre. Ao atravessar a morte alquímica sob a conduta do Venerável Alfonso, os dois casais atingem a verdade do amor autêntico, em outras palavras, a Grande Obra.
“Se a virtude e a Justiça espalharem a glória pelo caminho dos Grandes, então a Terra será um reino celeste, e os mortais, semelhantes aos deuses.” (A Flauta Mágica, ato I, cena 19)
Die Zauberflöte (A Flauta Mágica), tem como tema a Fraternidade, com o simbolismo muito mais explícito que as anteriores, é uma das obras mais ricas em conteúdo iniciático da história da música, não por acaso o filósofo e dramaturgo alemão Johann Wolfgang Goethe afirmou: “É suficiente que a multidão tenha prazer em ver o espetáculo; mas, ao mesmo tempo, seu significado elevado não vai escapar aos iniciados”.
A flauta sintetiza todo o simbolismo iniciático. No decorrer da ópera Pamina diz que ela foi esculpida em madeira numa noite de tempestade (água e escuridão) repleta de sons de trovões (terra) e de relâmpagos (fogo), e a própria flauta representando o elemento ar. Maçonaria, Hermetismo, Rosacrucianismo, Astrologia, Magia, Tarot, Kabbalah, Mitologia, está tudo lá. E como vocês já perceberam, dá pra fazer um post pra cada ópera, e desta eu já fiz AQUI.
“Todos os esforços que fizemos para conseguir expressar a profundidade das coisas se tornaram inúteis depois do aparecimento de Mozart.” (Goethe)
A Gruta.
Mozart era mais inclinado aos elementos místicos da Maçonaria do que o seu racionalismo ético, e sua música procurava refletir esse espírito místico. Naquela época houve o surgimento de interesse em ritos iniciáticos do Antigo Egito e a introdução do simbolismo egípcio em alguns rituais maçônicos. A Loja de Mozart praticava a “Estrita Observância”, um rito que dava atenção às influências dos Cavaleiros Templários, sendo descrita como uma mistura de “simbolismo maçônico, práticas alquímicas e tradições rosacruzes.
Em 1791, ano da sua morte, Mozart decide fundar uma nova Ordem iniciática, a qual iria se chamar “Gruta”. Como é demonstrado na ópera-ritual “A Flauta Mágica” a Gruta seria uma ordem “celestial”, permitindo a iniciação feminina com rituais inspirados na tradição dos mistérios egípcios. Entretanto, poucos sabiam dessa intenção de Mozart, como revelou sua esposa Constanze numa carta “A respeito da Ordem ou Sociedade denominada Gruta, que ele queria criar”, escreveu ela, “não posso dar maiores explicações. O antigo clarinetista da corte, Stadler, que redigiu o resto dos estatutos, poderia fazê-lo, mas ele confessa que tem medo, pois sabe que as Ordens e as sociedades secretas são odiadas.”
Última Obra
Curiosamente a última obra terminada por Mozart, anotada no seu catálogo, foi uma pequena cantata maçônica intitulada “Laut verkünde unsre Freude” (Em alta voz anuncia nossa Alegria). Finalizada no dia 15 de novembro de 1791 à apenas três semanas do dia da sua morte (05 de dezembro), o espírito de despedida ressoa por estas melodias. Mozart dirigiu a cantata pessoalmente em sua Loja, foi a sua última aparição pública.
“Em alta voz anuncia nossa alegria
O alegre soar dos instrumentos.
O coração de cada Irmão sente
O eco destes muros.
Portanto, consagremos este lugar,
Pela cadeia de ouro da fraternidade,
E com verdadeira humildade de coração,
Hoje, o nosso Templo.”
(Trecho da letra de “Laut verkünde unsre Freude”)
Referências:
Tetralogia: Mozart, o grande mago, Christian Jacq
A Flauta Mágica, Ópera maçônica de Jacques Chailley
Música e Simbolismo de Roger J.V. Cotte
Mozart e a Música Maçônica, SCA.
o fantasma da ópera
Le Fantôme de l''Opéra (O fantasma da ópera em português) é uma novela francesa escrita por Gaston Leroux, inspirada na novela Trilby de George du Maurier. Publicada em 1910 pela primeira vez, foi desde então adaptada inúmeras vezes para o cinema e atuações de teatro, atingindo o seu auge ao ser adaptada para a Broadway, por Andrew Lloyd Webber, Charles Hart e Richard Stilgoe. O espectáculo bateu o recorde de permanência na Broadway (superando Cats), e continua em palco até hoje desde a estréia em 1986.
Le Fantôme de l''Opéra foi inúmeras vezes traduzido para o português do Brasil, sendo que as versões mais difundidas são das editoras Ediouro e Ática. A preferência por essas versões devem-se à maior fidelidade à história originalmente criada por Gaston Leroux.
O fantasma da ópera é considerada por muitos uma novela gótica, por combinar romance, horror, ficção, mistério e tragédia. Na novela original de Leroux, a ação desenvolve-se no século XIX, em Paris, na Ópera de Paris, um monumental e luxuoso edifício, construído entre 1857 e 1874, sobre um enorme lençol de água subterrâneo. Os empregados afirmam que a ópera se encontra assombrada por um misterioso fantasma, que causa uma variedade de acidentes. O Fantasma chantageia os dois administradores da Ópera, exigindo que continuem lhe pagando um salário de 20 mil francos mensais e que lhe reservem o camarote número cinco em todas as atuações.
Entretanto, a jovem inexperiente bailarina (e mais tarde cantora) Christine Daaé, acreditando ser guiada por um "Anjo da Música", supostamente enviado pelo seu pai após a sua morte, consegue subitamente alguma proeminência nos palcos da ópera quando é confrontada a substituir Carlotta, a arrogante Diva do espectáculo. Christine conquista os corações da audiência na sua primeira atuação, incluindo o do seu amor de infância e entretanto patrocinador do teatro, Visconde Raoul de Chagny.
Erik, o Fantasma, não gosta da relação entre Christine e Raoul e a leva ao seu "mundo" subterrâneo que Christine considera um lugar frio e sombrio. Ela percebe que o seu "Anjo da Música" é na verdade o Fantasma que aterroriza a ópera. Descobre então que o Fantasma é fisicamente deformado na face, razão pela qual usa uma máscara para esconder a sua "deficiência". Ao olhar para a sua verdadeira imagem, Christine fica chocada. O Fantasma decide prendê-la no seu mundo, e diz que somente a deixará partir se ela prometer não amar ninguém além dele e voltar por vontade própria.
Christine enfrenta uma luta interna entre o seu amor por Raoul e a sua fascinação pelo génio da personagem do Fantasma. Ela decide se casar com Raoul em segredo e fugir de Paris e do alcance do Fantasma. No entanto, o seu plano é descoberto e durante uma atuação da Ópera "Fausto" de Charles Gounod, Christine é raptada do palco e levada para os labirintos embaixo da Ópera. Aí, nos aposentos do Fantasma, ocorre o confronto final entre Christine, o Fantasma e o Visconde Raoul de Chagny, que é levado até lá pelo Persa, através dos subterrâneos da Ópera, passando pela câmara dos súplicios, onde ambos quase acabam por enlouquecer e enforcar-se com o "Pendjab" (espécie de cordão feito de tripas de gato, que o Fantasma usava para matar). Christine é forçada a escolher entre o Fantasma e Raoul. Christine escolhe o Fantasma, com o intuito de salvar as vidas das pessoas da Ópera, pois o Fantasma colocou uma bomba no teatro que detonará se ela escolher ficar com Raoul. Contudo, o Fantasma percebe que não consegue lutar contra o amor dos dois, e deixa-a ir com Raoul. Acaba por falecer meses depois, indo Christine, a pedido deste, sepultá-lo no luonde ele sempre viveu e nunca saiu, os subterrâneos da Ópera.
Cinema, teatro e música.
Cinema
O fantasma da ópera foi inúmeras vezes transposto para os palcos e para a telas de cinema , onde fez um estrondoso sucesso, principalmente entre o grande público. A primeira versão de O fantasma da ópera'' para o cinema foi em um filme mudo e em preto-e-branco, realizado em 1925, pelos estúdios da Universal, e com Lon Chaney no papel de fantasma.
Seguiram-se outras versões igualmente populares, incluindo a da década de 40, dirigida por Arthur Lubin, e com Claude Rains no papel-título. Destaque também para a versão rock-musical de 1974, dirigida por Brian De Palma e estrelada por Paul Williams, entitulada como O fantasma do paraíso, sem contar com o célebre musical da Broadway escrito por Andrew Lloyd Webber, considerado a maior atração teatral de todos os tempos.
segunda-feira, 4 de março de 2013
O Medo de Estar Só.
Meu maior medo e limitação, até onde posso checar, é o medo de ser abandonada, de ser deixada só. Eu sinto que isso sempre teve e ainda tem uma influência forte em minha vida e em meus relacionamentos. Existe outra maneira de livrar-me desse medo, além de senti-lo e permitir que ele esteja ali – o que obviamente eu não fiz o bastante? Querido mestre, você poderia falar a respeito desse medo de ser abandonada e ficar só?
Sadhan, o medo de ser deixada só é algo natural, porque todo mundo nasceu em uma família. Assim, desde o início estamos sempre dentro de um certo grupo, dentro de um certo aglomerado, de uma certa religião. Sempre existem pessoas ao nosso redor. Assim, estar entre pessoas tornou-se quase natural para nós, embora isto seja apenas um costume.
Isso não é natural. No que diz respeito ao que é natural, todo mundo nasce só. Não importa se a pessoa nasce numa família. Por nove meses, no útero de sua mãe, você esteve só. Depois que você nasceu, sempre que fechar os seus olhos, você se encontrará só. Mesmo numa praça de mercado, simplesmente feche seus olhos e você se encontrará só.
Estar só é a sua verdadeira natureza, e a aglomeração é apenas um costume. Mas o costume se tornou tão forte e você se tornou tão inconsciente de sua natureza que existe sempre o medo de que se todo mundo abandoná-la, o que você irá fazer? Na verdade você não saberá quem você é se todo mundo abandoná-la. A opinião das pessoas é que cria uma identidade para você.
Alguém lhe diz, ‘Sadhan, você é muito bonita.’ Ele está lhe dando uma certa identidade. Alguém lhe diz, ‘Você é muito inteligente,’ outro lhe diz, ‘Você é muito alegre,’ e mais um outro lhe diz, ‘Você é tão amorosa’. Tudo isso são opiniões. Elas podem ter sido expressadas apenas como uma forma de etiqueta, elas podem não significar coisa alguma, mas você capta essas opiniões. E a sua personalidade é isso.
A sua personalidade depende do que as pessoas dizem a seu respeito. É por isso que todo mundo está tão preocupado com sua reputação, com seu nome, com seu prestígio. E a sociedade explora essa situação muito espertamente. Ela mantém todo mundo tremendo, com medo, porque ela tem o poder de lhe tirar a respeitabilidade e a honra. Sem perceber, você é uma escrava, pois depende da sociedade para a sua identidade. Sem essa identidade, você não sabe quem você é. Esse é o medo maior de ser deixado só, é o de não saber quem você é.
Eu lhes contei uma história Sufi... Um místico Sufi foi a Meca. Era uma época de festival, quando os muçulmanos de todo o mundo vão a Meca. Faz parte da religião deles que todo muçulmano, pelo menos uma vez na vida, deve ir a Meca. (...)
E esse místico Sufi, um pobre muçulmano, foi a Meca. Todos os hotéis estavam cheios, todos os caravanserai (grandes pousadas) estavam cheios. E ele não era um homem rico. Ele bateu em muitas portas, mas em todos os lugares ele foi recusado – milhões de pessoas estavam reunidas ali. E no meio do deserto, numa noite fria, com fome e sede, como ele iria sobreviver? Por fim, ele disse a um gerente de hotel, ‘Eu deitarei em qualquer lugar – nas escadas, no porão. Mas, pelo menos por esta noite... Eu estou cansado, eu caminhei milhas e milhas até chegar aqui.’
O gerente disse, ‘Eu posso ver que você está cansado, e parece que você é um homem muito simples e humilde. Eu não posso recusá-lo. Mas o problema é o seguinte: nós não temos quarto algum, lugar algum. Somente uma coisa é possível. Eu dei um quarto para um homem – ele é rico. É um quarto de casal e ele está só, mas ele pagou pelo quarto. Eu posso perguntar a ele. Talvez ele sinta alguma compaixão por você. Venha comigo.’
O gerente pensou, ‘Não haverá problema, pois uma cama está vazia. Por que mandar esse pobre homem embora...? Ele pode dormir.’ Assim, o gerente deixou-o no quarto, e o místico foi para a cama com seu turbante, com sapatos, com o casaco – nem mesmo tirou os sapatos. Ele estava todo vestido, e naturalmente estava difícil dormir. Ele ficou tossindo e se virando na cama, e por causa disso o homem a quem pertencia o quarto não conseguia dormir.
Por fim, o homem disse, ‘Escute, eu permiti que você dormisse aqui, mas você não dorme, você simplesmente tosse e se vira na cama. E eu posso ver que em tal situação ninguém vai conseguir dormir: você nem mesmo tirou os sapatos, ainda está com seu turbante e está dormindo com um casaco apertado. Isso é impossível. E você também não está me deixando dormir.’
O místico disse, ‘Isso é um grande problema.’
O homem disse, “Qual é o grande problema?’
Ele disse, “Você está dormindo nu; eu também tenho o costume de dormir nu.’
O homem disse, “Então qual é o problema? Simplesmente fique nu e vá dormir!’
O místico disse, ‘Isso não é tão fácil. O problema é: se eu dormir nu, de manhã como eu vou descobrir quem sou eu – você ou eu? Porque minha única identidade são minhas roupas: meu turbante, meus sapatos. Nu, eu não tenho identidade alguma. Assim, de manhã, quem dirá quem eu sou?’
O homem riu de tal estupidez. E disse, ‘Eu vou lhe sugerir uma coisa. Dê uma olhada naquele canto – um brinquedo – talvez seja das pessoas que estiveram aqui antes no quarto, seus filhos devem tê-lo deixado.’ Assim, ele disse, ‘Faça uma coisa, pegue aquele brinquedo, amarre-o em seu pé e vá dormir. De manhã você poderá ver que o brinquedo está ali, assim, esse certamente é você.’
O místico disse, ‘Isso me soa absolutamente correto.’ Ele tirou as roupas e ficou nu. O outro homem ajudou-o a amarrar o brinquedo em seu pé e ele caiu no sono, começando a roncar imediatamente. De fato, ele estava cansado.
O outro homem teve uma idéia. Ele desamarrou o brinquedo, amarrou-o em seu pé e foi dormir. De manhã, o místico acordou, olhou para seu pé e para o pé do outro homem e disse, ‘Meu Deus, eu sei que você é eu, mas quem sou eu? É absolutamente certo que você é eu, porque o brinquedo está ali no seu pé. Mas agora surgiu o problema, quem sou eu?’
Os místicos têm usado essa história por séculos, para lhe dizer que toda a sua identidade consiste em coisas não essenciais, que são as opiniões que lhe são dadas pelos outros. Eles podem voltar atrás em suas opiniões, por isso as pessoas estão sempre com medo de fazer algo que vá contra a tradição, a religião, a ideologia política, as atitudes nacionalistas. Ainda que elas pareçam ser totalmente erradas, as pessoas continuam apoiando-as pela simples razão de terem medo de que se elas levantarem suas vozes contra alguma coisa tradicional, a sociedade poderá retirar a identidade que ela lhes deu. Então você não saberá quem você é.
Este é o medo, Sadhan, de que se você for deixada só, como saberá quem você é? Todas aquelas pessoas que fizeram de você alguma coisa, um alguém, todos elas já se foram. E o medo permanecerá até que você venha a conhecer a si mesma diretamente, não através dos outros.
Estas são as duas coisas a serem lembradas. Quando você conhece a si mesma através dos outros, essa é a sua personalidade, apenas uma camada fina de opiniões. Quando você conhece a si mesma diretamente, você conhece a sua individualidade. E uma vez que você conhece a sua individualidade, o medo de ser deixada só desaparece. Não existe outra maneira.
Você está perguntando, ‘Meu maior medo e limitação, até onde posso checar, é o medo de ser abandonada, de ser deixada só’ Este não é somente seu medo, este é o medo de que sofre todo ser humano. E é bom que você tenha ficado consciente dele, porque esse é o primeiro passo para se livrar dele.
‘Eu sinto que isso sempre teve e ainda tem uma influência forte em minha vida e em meus relacionamentos’ Se o medo existe, é provável que ele tenha influência em sua vida, porque você sempre agirá de uma maneira para que não fique só, seja qual for o preço que tenha que pagar, mesmo que você tenha que permanecer uma escrava por toda a sua vida. Se você tiver que vender a sua alma, você venderá, mas você permanecerá cercada pela multidão. Isso parecerá aconchegante, seguro, protegido. Você saberá quem é você.
Isso destruirá toda a sua beleza espiritual, sua glória espiritual. Isso destruirá todas as possibilidades de seu crescimento interior. E isso vai influenciar seus relacionamentos. Milhões de pessoas continuam em relacionamentos que são simplesmente infernos; mas devido ao medo de que possam ser deixadas sós, elas continuam agarradas. Isso é miserável, é um grande sofrimento, é uma tortura, mas pelo menos alguém está com você.
Fazendo a comparação, é melhor ser miserável estando com alguém do que ser deixado só. Esta é uma das razões porque milhões de pessoas continuam sofrendo e continuam agarradas aos mesmos relacionamentos que não estão lhes dando qualquer alimento e simplesmente são destrutivos e suicidas.
Somente um homem ou mulher que é capaz de estar só, será também capaz de estar num relacionamento sem ser destruído por ele – porque estar só já não será mais um medo. Se algum relacionamento está criando miséria, você pode simplesmente sair dele. Ninguém pode impedi-lo. É uma situação muito patética, a de milhões de pessoas que estão agarradas umas às outras apenas devido ao medo de que elas possam ser deixadas sós. E estar só é a nossa natureza. Não há nada para se temer, você apenas tem que experienciar isso. Uma vez que você tenha experienciado, nos profundos silêncios de seu coração, a beleza e o êxtase de sua solitude, todos os medos vão embora. E você irá rir de seu passado: quão estúpida você estava sendo! O que você esteve fazendo consigo mesma?
‘Existe outra maneira de livrar-me desse medo, além de senti-lo e permitir que ele esteja ali – o que obviamente eu não fiz o bastante?’ Só existe uma maneira e ela é: aprenda a entrar em sua solitude quantas vezes for possível. Sempre que tiver uma chance, não arrume uma ocupação desnecessária para evitar a solitude. Sempre que tiver uma chance, feche seus olhos, sente-se silenciosamente, relaxada, e olhe para dentro. Pouco a pouco o tumulto será colocado em ordem, a mente se tornará quieta, e um silêncio profundo predominará. E de repente você começará a sentir o seu centro mais profundo, o verdadeiro centro de sua vida, o qual está só. Ali não existe e nunca poderá existir mais alguém.
Ninguém consegue chegar ali, exceto você. Ali é seu território. É o único lugar que pertence a você. Ninguém consegue tirar de você, nem mesmo a morte. Isso acontecerá com o seu lado de fora, o corpo, a mente, mas não com o espaço mais interno, que por séculos temos chamado de alma, espírito, ou o deus interno em você – ou qualquer nome que você queira dar. Mas essa solitude, uma vez conhecida, simplesmente remove todos os medos. Na verdade ela traz uma nova dimensão de êxtase. Ao invés de sentir medo da solitude, você se tornará mais e mais intrigada com seu mistério. Você irá querer estar mais e mais só.
No meio da noite, você acordará, sentará na cama e simplesmente entrará em sua solitude. E isto é apenas uma questão de seguir repetindo. Na medida em que você vai se movendo para dentro e para fora, vai ficando mais fácil, o caminho se torna mais leve. Isso se torna tão fácil que a qualquer momento você simplesmente fecha os olhos e imediatamente alcança o centro, sem perder um átimo de segundo. Então, até na praça do mercado você pode estar só, no meio da multidão. E você sentirá uma certa alegria crescendo em você, uma certa canção surgindo em seu silêncio, uma certa fragrância que você nunca conheceu antes.
Sadhan, este não é um grande problema. É uma coisa muito simples. Apenas porque as pessoas esqueceram a idéia de ir para dentro, isso parece algo difícil. Mas eu lhe digo que é a coisa mais simples do mundo.
O medo de estar só ou de ser deixado só, não é um fenômeno simples; ele é muito complexo. Por causa disso muitas outras coisas acontecem a você: o ciúme é parte disso, a raiva é parte disso, a tristeza, o apego e a possessividade são partes disso. Você pode ver: por que você quer dominar, enquanto esposa, enquanto marido, enquanto pai? Por que você quer dominar? Apenas para se certificar de que o outro está absolutamente sob seu controle. Por isso todo mundo está tentando manter todo mundo sob controle. Mas no fundo é apenas o medo de ficar só. E isso não é apenas hoje; talvez desde o início dos tempos – se é que existe um início – o medo tem estado aí.
E, Sadhan, porque você é uma mulher, isso é ainda mais complexo, pois o homem tem retirado todas as possibilidades de sua independência. Na maior parte das vezes eles não tem permitido que vocês se eduquem, que aprendam qualquer arte, qualquer habilidade; eles não tem permitido que vocês sejam livres e independentes financeiramente. Essa foi a estratégia deles para mantê-las no cativeiro. Eles também têm medo de serem deixados sós. Devido ao seu medo, eles têm destruído a liberdade da mulher. E a mulher tem mais medo de ser deixada só, porque agora ela se tornou totalmente dependente. Ela não é capaz de ganhar seu dinheiro, de se levantar por si mesma. Assim, mesmo que seu marido seja um torturador, um sádico, ela terá que permanecer com ele. Pelo menos ele cuidará da alimentação dela, das suas roupas e de seu abrigo.
Numa noite em que chegou muito tarde em casa, Adão encontrou Eva à sua espera com muita raiva. ‘Atrasado de novo,’ ela gritou, ‘você deve ter visto alguma outra mulher.’
‘Eu considero essa acusação um absurdo sem motivo,’ disse o ultrajado Adão. ‘Você sabe muito bem que eu e você somos as únicas pessoas neste mundo.’ E foi logo pra a cama.
Ele acordou com uma sensação de cócegas em seu peito. Ao abrir os olhos, ele viu a Eva sobre ele, contando cuidadosamente as suas costelas.
Porque Deus criou a Eva tirando uma costela do Adão, ela estava contando. Talvez ele tivesse tirado outra costela e em algum lugar nas redondezas houvesse uma outra mulher atrás dos arbustos.
Este medo, embora seja natural, pode ser abandonado, porque você tem a possibilidade de crescer acima da natureza. A sua consciência pode ir mais alto, e das alturas, aquilo que era muito importante nos vales negros da vida, se torna absolutamente sem importância e ridículo. O dia em que você puder rir de todos os seus medos será um grande dia em sua vida – e eu estou preparando você para esse dia.
Eu estou preparando você para que um dia você possa rir de tudo o que tem sido medo, miséria, possessividade, dominação, e que você possa fazer piada com tudo o que as pessoas estão levando tão a sério.
A vida é muito hilariante. Por que você deve se preocupar desnecessariamente com o medo, a miséria, com a Latifa e o Om? Eu penso que a maioria de seus problemas parecem ser importantes porque eles são os problemas de milhões de pessoas. Assim, você pensa que certamente os seus problemas são sérios, grandes e difíceis. Mas essa não é a conclusão correta.
Hymie e Betty Goldenberg estavam passando o dia no campo. Betty viu um lugar bonito debaixo de uma árvore próximo a um lago e mostrou-o para o Humie.
‘Este é um belo local para um piquenique’, ela disse.
‘Deve ser, querida,’ disse duvidando Hymie. ‘Cinqüenta milhões de mosquitos não podem estar errados.’
Esse é o problema. Mas eu lhe digo, cinqüenta milhões de mosquitos podem não estar errados, mas cinqüenta milhões de seres humanos podem estar, porque eles estão simplesmente imitando uns aos outros. A história é a mesma. Eles estão jogando os mesmos jogos, os mesmos papéis, e só porque toda a multidão está sofrendo o mesmo problema, um problema pequeno se torna uma epidemia. Se você olhar para o problema e esquecer os cinqüenta milhões de mosquitos, verá que ele é um problema muito pequeno e que um método muito pequeno poderá trazer você para fora dele.osho
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