quinta-feira, 4 de abril de 2013
ARIADNE, SENHORA DOS LABIRINTOS.
Ariadne era filha do rei Minos de Creta, que apaixonou-se a primeira vista pelo herói Teseu. Este, era filho de Egeu, rei de Atenas e de Etra, que havia nascido em Trezendo e desde muito cedo revelou grande valor e coragem. A estória é mais ou menos assim:
Houve uma época, que os atenienses eram obrigados a pagar um tributo ao rei Minos. Tal fato deveu-se ao assassinato de Androgeu, filho de Minos, que ocorreu depois de ter vencidos os jogos. O rei, indignado com o fato, impôs aos atenienses severo castigo. Eles deveriam, a cada ano, enviar sete rapazes e sete moças, escolhidos mediante sorteio, para alimentarem o Minotauro, furioso animal, metade homem, metade touro, que vivia encerrado no labirinto.
Esse labirinto, um capricho do rei Minos, era um estranho palácio repleto de corredores, curvas, caminhos e encruzilhadas, onde uma pessoa se perdia, jamais conseguindo encontrar a saída depois de transpor a sua entrada. Era aí que ficava encerrado o terrível Minotauro, que espumava e bramia, jamais se fartando de carne humana.
Havia três anos que Atenas pagava o pesado tributo e suas melhores famílias choravam a perda de seus filhos. Teseu resolveu preparar-se para enfrentar o monstro, oferecendo sacrifícios aos deuses e indo consultar o oráculo de Delfos. Invocado o deus, a pitonisa informou a Teseu que ele resolveria o caso desde que fosse amparado pelo amor.
Encorajado, Teseu fez-se incluir entre os jovens que deveriam partir na próxima leva de "carne para o Minotauro". Ao chegar a Creta adquiriu a certeza de que sairia vitorioso, pois a profecia do oráculo começou a realizar-se.
Com efeito, a linda Ariadne, filha de Minos, apaixonou-se por Teseu e combinou com ele um meio de encontrar a saída do terrível Labirinto. Um meio bastante simples: apenas um novelo de lã.
Ariadne ficaria à entrada do palácio, segurando o novelo que Teseu iria desenrolando à medida que fosse avançando pelo labirinto. Para voltar ao ponto de partida, teria, apenas, que ir seguindo o fio que Ariadne seguraria firmemente. Cheio de coragem, Teseu penetrou nos sombrios corredores do soturno labirinto. A fera, mal pressentiu a chegada do jovem, avançou, furiosa, fazendo tremer todo o palácio com a sua cólera. Calmo e sereno, esperou sua arremetida. E então, de um só golpe, Teseu decepou-lhe a cabeça.
Vitorioso, Teseu partiu de Creta, levando em sua companhia a doce e linda Ariadne. Entretanto, ele a abandona na ilha de Naxos, retornando a sua pátria sem ela. Ariadne, vendo-se sozinha, entrega-se ao desespero. Afrodite, porém, apiedou-se dela e consolou-a com a promessa de que teria um amante imortal, em lugar do mortal que tivera.
A ilha onde Ariadne fora deixada era a ilha favorita de Dionísio e enquanto lamentava seu terrível destino, ele encontrou-a, consolou-a e esposou-a. Como presente de casamento, deu-lhe uma coroa de ouro, cravejada de pedras preciosas que atirou ao céu quando Ariadne morreu. À medida que a coroa subia no espaço, as pedras preciosas foram se tornando mais brilhantes até se transformarem em estrelas, e, conservando sua forma, a coroa de Ariadne permaneceu fixada no céu como uma constelação, entre Hércules ajoelhado e o homem que segura a serpente.
Ariadne é uma mulher mortal associada ao divino, considerada ainda, como a Senhora dos Labirintos e o labirinto é a terra de nossas esperanças, de nossos sonhos e de nossa vida. Os labirintos são janelas do tempo, portais que aprisionam o tempo. São usados para facilitar estados alterados de consciência e tem paralelos com a iniciação, reencarnação, prosperidade e ritos de prosperidade. Antigos escandinavos acreditavam que o labirinto possuia propriedades mágicas e quando se caminhava dentro dele, podia-se controlar o tempo. Hoje compreendemos que os caminhos do labirinto, correspondem aos sete centros de energia do corpo, chamados chacras.
Ariadne também é retratada como líder das arrebatantes mênades dançantes, as mulheres seguidoras de Dionísio. Mencionada ainda, como supervisora dos rituais femininos da Vila dos Mistérios, na antiga Pompéia. Esta vila era um lugar destinado à iniciação de mulheres. O primeiro estágio da iniciação começava com orações preliminares, refeição ritual e purificação. O segundo estágio é a entrada no submundo, mostrando sátiros meio-humanos e meio-animais, e Sileno, velho gordo e bêbado, mas dotado de imenso conhecimento do passado e do futuro. Com a perda da consciência, a iniciada entrava no mundo de instintos e sabedoria, distante da segurança racional.
Em cada estágio posterior, a iniciada ia se desfazendo de suas vestes, como se ela fosse despir-se de antigos papéis, a fim de receber uma nova imagem de si mesma. No estágio final, uma cesta contendo o falo ritual é descoberta diante dela. Agora, ela se torna capaz de olhar para o poder fertilizador do deus, uma força regenerativa primordial. Então, uma deusa alada, com chicote comprido e fustigante ergue-se sobre a iniciada, que se submete com humildade. Há também a presença de uma mulher mais velha usando o chapéu da sabedoria, como alguém que já tivesse sido iniciada, e em cujo colo a iniciante, ajoelhada, pousa a cabeça. Ela não protege a noviça, mas lhe dá apoio.
Depois da iniciação a iniciante é vestida com lindos trajes e toda enfeitada. Ela se vê no espelho de Eros, que reflete sua natureza feminina no relacionamento. Ingressou, expeimentou e agora personifica o matrimônio sagrado de Ariadne e Dionísio. Agora é outra mulher, pronta para passar ao mundo exterior a sua força interior.
Na psicologia feminina este mito explica a libertação da mulher do papel de "filha do pai". Para superar esta virgindade perpétua, um cavalheiro-herói com armadura reluzente, a resgata do ambiente paterno. O tal herói é aventureiro e a faz conhecer um uma realidade completamente diversa do que ela já viveu.
Toda mulher, faz do seu primeiro homem uma imagem refletida de um perfeito herói, que nada mais é do que a personificação do seu próprio potencial inconsciente e acredita que este homem travará as batalhas delas, realizará todos seus desejos e lhe tirará de situações indesejáveis. Mas quando, este parceiro, um simples mortal, não corresponde com suas projeções, a realidade é percebida e a relação não pode mais ser sustentada.
Acredite, a paixão é sempre resultado de uma projeção, jamais será um sentimento maduro de respeito e admiração um pelo outro, muito pelo contrário, venera-se um aspecto de si mesmo.
Para que a mulher se relacione bem com seu companheiro, esta projeção deve ser extirpada. Ela precisará compreender que as qualidades que ela vê nele, na realidade, estão dentro dela própria. Aí sim, poderá apreciar a força madura do masculino, o deus que há dentro dele, sem perder a conexão com a sua natureza feminina. A partir da união do masculino com o feminino, a mulher madura experimenta a fertilização de sua própria energia criativa.
Ariadne é a imagem arquetípica de alguém que foi iniciada nos mistérios e alcançou profunda conexão com a Deusa do Amor. Tendo integrado a potência da Deusa, ela pode então servir como mediadora das exigências do inconsciente para outras mulheres.
É através do ritual formal ou da evolução psicológica, que conseguimos conhecer o lado espiritual do erotismo e vive-lo na prática, de acordo com circunstâncias pessoais. Encontramos este tipo de mulher em todas as esferas sociais. Podemos sentir sua presença em toda a mulher que vive sua vida de acordo com sua própria escolha. Tal mulher pode ser muito sexy e provocante, mas não no sentido superficial, por que ela não é motivada pelo consciente ou por exigências inconscientes, mas sim da sutileza do seu ser, que emerge das profundezas de sua alma. Ela é a imagem radiante do feminino que deseja manter um relacionamento amoroso com a mulher.Texto de Rosane Valpato.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário