quarta-feira, 21 de novembro de 2018

EGO, O FALSO CENTRO.

"O primeiro ponto a ser compreendido é o ego. Uma criança nasce sem qualquer conhecimento, sem qualquer consciência de seu próprio eu. E quando uma criança nasce, a primeira coisa da qual ela se torna consciente não é ela mesma; a primeira coisa da qual ela se torna consciente é o outro. Isso é natural, porque os olhos se abrem para fora, as mãos tocam os outros, os ouvidos escutam os outros, a língua saboreia a comida e o nariz cheira o exterior. Todos esses sentidos abrem-se para fora. O nascimento é isso. Nascimento significa vir a esse mundo: o mundo exterior. Assim, quando uma criança nasce, ela nasce nesse mundo. Ela abre os olhos e vê os outros. O outro significa o tu. Ela primeiro se torna consciente da mãe. Então, pouco a pouco, ela se torna consciente de seu próprio corpo. Esse também é o 'outro', também pertence ao mundo. Ela está com fome e passa a sentir o corpo; quando sua necessidade é satisfeita, ela esquece o corpo. É dessa maneira que a criança cresce. Primeiro ela se torna consciente do você, do tu, do outro, e então, pouco a pouco, contrastando com você, com tu, ela se torna consciente de si mesma. Essa consciência é uma consciência refletida. Ela não está consciente de quem ela é. Ela está simplesmente consciente da mãe e do que ela pensa a seu respeito. Se a mãe sorri, se a mãe aprecia a criança, se diz 'você é bonita', se ela a abraça e a beija, a criança sente-se bem a respeito de si mesma. Assim, um ego começa a nascer. Através da apreciação, do amor, do cuidado, ela sente que é ela boa, ela sente que tem valor, ela sente que tem importância. Um centro está nascendo. Mas esse centro é um centro refletido. Ele não é o ser verdadeiro. A criança não sabe quem ela é; ela simplesmente sabe o que os outros pensa a seu respeito. E esse é o ego: o reflexo, aquilo que os outros pensam. Se ninguém pensa que ela tem alguma utilidade, se ninguém a aprecia, se ninguém lhe sorri, então, também, um ego nasce - um ego doente, triste, rejeitado, como uma ferida, sentindo-se inferior, sem valor. Isso também é ego. Isso também é um reflexo. Primeiro a mãe. A mãe, no início, significa o mundo. Depois os outros se juntarão à mãe, e o mundo irá crescendo. E quanto mais o mundo cresce, mais complexo o ego se torna, porque muitas opiniões dos outros são refletidas. O ego é um fenômeno cumulativo, um subproduto do viver com os outros. Se uma criança vive totalmente sozinha, ela nunca chegará a desenvolver um ego. Mas isso não vai ajudar. Ela permanecerá como um animal. Isso não significa que ela virá a conhecer o seu verdadeiro eu, não. O verdadeiro só pode ser conhecido através do falso, portanto, o ego é uma necessidade. Temos que passar por ele. Ele é uma disciplina. O verdadeiro só pode ser conhecido através da ilusão. Você não pode conhecer a verdade diretamente. Primeiro você tem que conhecer aquilo que não é verdadeiro. Primeiro você tem que encontrar o falso. Através desse encontro, você se torna capaz de conhecer a verdade. Se você conhece o falso como falso, a verdade nascerá em você. O ego é uma necessidade; é uma necessidade social, é um subproduto social. A sociedade significa tudo o que está ao seu redor, não você, mas tudo aquilo que o rodeia. Tudo, menos você, é a sociedade. E todos refletem. Você irá à escola e o professor refletirá quem você é. Você fará amizade com as outras crianças e elas refletirão quem você é. Pouco a pouco, todos estarão adicionando algo ao seu ego, e todos estarão tentando modificá-lo, de modo que você não se torne um problema para a sociedade. Eles não estão interessados em você. Eles estão interessados na sociedade. A sociedade está interessada nela mesma, e é assim que deveria ser. Eles não estão interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor de si mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no mecanismo da sociedade. Você deveria ajustar-se ao padrão. Assim, estão interessados em dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Ensinam-lhe a moralidade. Moralidade significa dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Se você for imoral, você será sempre um desajustado em um lugar ou outro... Moralidade significa simplesmente que você deve se ajustar à sociedade. Se a sociedade estiver em guerra, a moralidade muda. Se a sociedade estiver em paz, existe uma moralidade diferente. A moralidade é uma política social. É diplomacia. E toda criança deve ser educada de tal forma que ela se ajuste à sociedade; e isso é tudo, porque a sociedade está interessada em membros eficientes. A sociedade não está interessada no fato de que você deveria chegar ao auto-conhecimento. A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o eu - não é possível. E a criança necessita de um centro; a criança está absolutamente inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um centro e a criança pouco a pouco fica convencida de que esse é o seu centro, o ego dado pela sociedade. Uma criança volta para casa. Se ela foi o primeiro lugar de sua sala, a família inteira fica feliz. Você a abraça e beija; você a coloca sobre os ombros e começa a dançar e diz 'que linda criança! você é um motivo de orgulho para nós.' Você está dando um ego para ela, um ego sutil. E se a criança chega em casa abatida, fracassada, foi um fiasco na sala - ela não passou de ano ou tirou o último lugar, então ninguém a aprecia e a criança se sente rejeitada. Ela tentará com mais afinco na próxima vez, porque o centro se sente abalado. O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. E é por isso que você está continuamente pedindo atenção. Você obtém dos outros a idéia de quem você é. Não é uma experiência direta. É dos outros que você obtém a idéia de quem você é. Eles modelam o seu centro. Mas esse centro é falso, enquanto que o centro verdadeiro está dentro de você. O centro verdadeiro não é da conta de ninguém. Ninguém o modela. Você vem com ele. Você nasce com ele. Assim, você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Esse é o eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade - o ego. Esse é algo falso - é um grande truque. Através do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente assim a sociedade irá apreciá-lo. Você tem que caminhar de uma certa maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente assim a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, você já não sabe quem você é. Os outros deram-lhe a idéia. E essa idéia é o ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no falso centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o eu. E lembre-se: vai haver um período intermediário, um intervalo, quando o ego estará se despedaçando, quando você não saberá quem você é, quando você não saberá para onde está indo; quando todos os limites se dissolverão. Você estará simplesmente confuso, um caos. Devido a esse caos, você tem medo de perder o ego. Mas tem que ser assim. Temos que passar através do caos antes de atingir o centro verdadeiro. E se você for ousado, o período será curto. Se você for medroso e novamente cair no ego, e novamente começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito longo; muitas vidas podem ser desperdiçadas... Até mesmo o fato de ser infeliz lhe dá a sensação de "eu sou". Afastando-se do que é conhecido, o medo toma conta; você começa sentir medo da escuridão e do caos - porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser... É o mesmo que penetrar numa floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca - a floresta, a selva. Mas aqui dentro tudo está bem: você planejou tudo. Foi assim que aconteceu. A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que ali você possa se sentir em casa. E então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo. Além da cerca você é, tal como você é dentro da cerca - e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro está oculto. Precisamos ser ousados, corajosos. Precisamos dar um passo para o desconhecido. Por um certo tempo, todos os limite ficarão perdidos. Por um certo tempo, você vai se sentir atordoado. Por um certo tempo, você vai se sentir muito amedrontado e abalado, como se tivesse havido um terremoto. Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua alma, o eu. Uma vez que você se aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos, nasce uma nova ordem. Mas essa não é a ordem da sociedade - essa é a própria ordem da existência. É o que Buda chama de Dhamma, Lao Tzu chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente tudo volta a ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo homem não podem ser belas. No máximo você pode esconder a feiúra delas, isso é tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas nunca podem ser belas... O ego tem uma certa qualidade: a de que ele está morto. Ele é de plástico. E é muito fácil obtê-lo, porque os outros o dão a você. Você não precisa procurar por ele; a busca não é necessária. Por isso, a menos que você se torne um buscador à procura do desconhecido, você ainda não terá se tornado um indivíduo. Você é simplesmente mais um na multidão. Você é apenas uma turba. Se você não tem um centro autêntico, como pode ser um indivíduo? O ego não é individual. O ego é um fenômeno social - ele é a sociedade, não é você. Mas ele lhe dá um papel na sociedade, uma posição na sociedade. E se você ficar satisfeito com ele, você perderá toda a oportunidade de encontrar o eu. E por isso você é tão infeliz. Como você pode ser feliz com uma vida de plástico? Como você pode estar em êxtase ser bem-aventurado com uma vida falsa? E esse ego cria muitos tormentos. O ego é o inferno. Sempre que você estiver sofrendo, tente simplesmente observar e analisar, e você descobrirá que, em algum lugar, o ego é a causa do sofrimento. E o ego segue encontrando motivos para sofrer... E assim as pessoas se tornam dependentes, umas das outras. É uma profunda escravidão. O ego tem que ser um escravo. Ele depende dos outros. E somente uma pessoa que não tenha ego é, pela primeira vez, um mestre; ele deixa de ser um escravo. Tente entender isso. E comece a procurar o ego - não nos outros, isso não é da sua conta, mas em você. Toda vez que se sentir infeliz, imediatamente feche os olhos e tente descobrir de onde a infelicidade está vindo, e você sempre descobrirá que o falso centro entrou em choque com alguém. Você esperava algo e isso não aconteceu. Você espera algo e justamente o contrário aconteceu - seu ego fica estremecido, você fica infeliz. Simplesmente olhe, sempre que estiver infeliz, tente descobrir a razão. As causas não estão fora de você. A causa básica está dentro de você - mas você sempre olha para fora, você sempre pergunta: 'Quem está me tornando infeliz?' 'Quem está causando a minha raiva?' 'Quem está causando a minha angústia?' Se você olhar para fora, você não perceberá. Simplesmente feche os olhos e sempre olhe para dentro. A origem de toda a infelicidade, da raiva e da angústia, está oculta dentro de você, é o seu ego. E se você encontrar a origem, será fácil ir além dela. Se você puder ver que é o seu próprio ego que lhe causa problemas, você vai preferir abandoná-lo - porque ninguém é capaz de carregar a origem da infelicidade, uma vez que a tenha entendido. Mas lembre-se, não há necessidade de abandonar o ego. Você não o pode abandonar. E se você tentar abandoná-lo, simplesmente estará conseguindo um outro ego mais sutil, que diz: 'tornei-me humilde'... Todo o caminho em direção ao divino, ao supremo, tem que passar através desse território do ego. O falso tem que ser entendido como falso. A origem da miséria tem que ser entendida como a origem da miséria - então ela simplesmente desaparece. Quando você sabe que ele é o veneno, ele desaparece. Quando você sabe que ele é o fogo, ele desaparece. Quando você sabe que esse é o inferno, ele desaparece. E então você nunca diz: 'eu abandonei o ego'. Você simplesmente irá rir de toda essa história, dessa piada, pois você era o criador de toda essa infelicidade... É difícil ver o próprio ego. É muito fácil ver o ego nos outros. Mas esse não é o ponto, você não os pode ajudar. Tente ver o seu próprio ego. Simplesmente o observe. Não tenha pressa em abandoná-lo, simplesmente o observe. Quanto mais você observa, mais capaz você se torna. De repente, um dia, você simplesmente percebe que ele desapareceu. E quando ele desaparece por si mesmo, somente então ele realmente desaparece. Porque não existe outra maneira. Você não pode abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma folha seca. Quando você tiver amadurecido através da compreensão, da consciência, e tiver sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua infelicidade, um dia você simplesmente vê a folha seca caindo... e então o verdadeiro centro surge. E esse centro verdadeiro é a alma, o eu, o deus, a verdade, ou como quiser chamá-lo. Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que preferir." OSHO, Além das Fronteiras da Mente.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

ESPÍRITOS DOENTES.

Quase todos somos espíritos doentes. Guardamos paixões. Mantemos opinião arraigada. Dominamos corações. Espezinhamos sentimentos. Conservamos animosidades. Iluminados pela claridade Divina escondemos o sol da crença por detrás da nuvem da dúvida. Tocados pelo amor universal em mensagem vigorosa, dilatamos a força da ociosidade, intrigando, invalidando esperanças, lutando pelo egoísmo em construções vulgares do prazer pessoal. Fascinados pelos altos cimos ainda sonhamos com a Terra, lutando nos seus poderosos comandos. Fraternistas dirigimos consciências sob o relho de palavras, atos ou pensamentos hostis. Somos quase todos espíritos doentes… Mas a semente que se recusa a morrer não enseja à árvore oportunidade de viver. A água que se não submete, não movimenta dínamos que beneficiam a vida. O trigo que se obstina ante o esmagamento, não favorece oportunidade ao pão. Da tua enfermidade surgirá a morte da forma, para crescimento da fagulha de luz de que és constituído. Ninguém te pode acusar por trazeres a lama de ontem e o lodo de hoje nos pés, transformados em feridas. Sem o sulco que a dor rasgou em teus tecidos, o avanço teria sido impossível. Sem a enfermidade, a esperança não teria razão de ser. Sim, somos espíritos doentes, quase todos, caminhando para Jesus que, em se fazendo embaixador da vida verdadeira, trocou as excelências do seu Reino para buscar-nos e doando-se a todos, espíritos em jornada, fez-se “o pão da vida” para alimentar-nos na difícil trajetória da evolução. Joanna de Ângelis Do Livro: Messe de Amor Psicografia: Divaldo Pereira Franco Editora: LEAL

O DESAPEGO.

O amor é a única libertação do apego. Quando você ama tudo, não está preso a nada. Na verdade, o fenômeno do apego precisa ser entendido. Por que você se agarra a algo? Porque tem medo de perdê-lo. Talvez alguém possa roubá-lo. Seu medo é de que amanhã você não possa ter o que tem hoje. Quem sabe o que acontecerá amanhã? A mulher ou o homem que você ama… qualquer movimento é possível: vocês podem se aproximar ou podem se distanciar. Vocês podem novamente se tornar estranhos ou podem ficar tão unidos que não seria correto dizer nem mesmo que vocês são duas pessoas diferentes; é claro, existem dois corpos, mas o coração é um só, a canção do coração é uma só e o êxtase os envolve como uma nuvem.] Vocês desaparecem nesse êxtase: você não é você, ela não é ela. O amor passa a ser tão total, tão grande e irresistível que você não pode permanecer você mesmo; você precisa submergir e desaparecer. Nesse desaparecimento, quem se prenderá, e a quem? Tudo é. Quando o amor desabrocha em sua totalidade, tudo simplesmente é. O receio do amanhã não surge, daí não surgir a questão do apego. Todas as nossas misérias e sofrimentos não são nada mais do que apego. Toda a nossa ignorância e escuridão é uma estranha combinação de mil e um apegos. Nós estamos apegados a coisas que serão levadas no momento da morte, ou mesmo, talvez, antes. Você pode estar muito apegado a dinheiro, mas você pode ir à bancarrota amanhã. Você pode estar muito apegado a seu poder e posição, mas eles são como bolhas de sabão. Hoje eles estão aqui; amanhã eles não deixarão nem um traço. (…) Todas as nossas posições, todos os nossos poderes, nosso dinheiro, nosso prestígio, respeitabilidade são todos bolhas de sabão. Não fique apegado a bolhas de sabão; senão, você estará em contínua miséria e agonia. Essas bolhas de sabão não se importam por você estar apegado a elas. Elas continuam estourando e desaparecendo no ar e deixando-o para trás com o coração ferido, com um fracasso, com uma profunda destruição de seu ego. Elas o deixam triste, amargo, irritado, frustrado. Elas transformam sua vida num inferno. Compreender que a vida é feita da mesma matéria que os sonhos é a essência do caminho. Desapegue-se: viva no mundo, mas não seja do mundo. Viva no mundo, mas não permita que o mundo viva dentro de você. Lembre-se que ele é um belo sonho, porque tudo está mudando e desaparecendo. Não se agarre a nada. Agarrar-se é a causa de sermos inconscientes. Se você começar a se desprender, uma tremenda liberação de energia acontecerá dentro de você. A energia que estava envolvida no apego às coisas trará um novo amanhecer ao seu ser, uma nova luz, uma nova compreensão, um tremendo descarregar – nenhuma possibilidade para a miséria, a agonia, a angustia. Ao contrário, quando todas essas coisas desaparecem, você se encontra sereno, calmo e tranqüilo, numa alegria sutil. Haverá um riso no seu ser. (…) Se você se tornar desapegado, você será capaz de ver como as pessoas estão apegadas a coisas triviais, e quanto elas estão sofrendo por isso. E você rirá de si mesmo, porque você também estava no mesmo barco antes. O desapego é certamente a essência do caminho. Osho.

Signos Astrológicos e Chakras.

A Astrologia e a ciência dos chakras têm algo essencial em comum: ambas lidam com vibrações, com o estudo de diferentes intensidades e ritmos dessas “palpitações sutis” em nossas dinâmicas internas. São vibrações não visíveis ao olho comum, mas que nem por isso deixam de se inter-relacionar e influir em tudo o que podemos perceber a “olhos nus”. Estudar o comportamento dos signos astrológicos possibilita entender muito sobre o funcionamento e função dos chakras e observar os chakras possibilita decifrar alguns dos mistérios – aparentemente indecifráveis – dos signos. Pessoas diferentes entendem a relação entre chakras e signos com lógicas e mapeamentos diferentes, a mais comum é a que relaciona saturno ao primeiro chakra, júpiter ao segundo, marte ao terceiro, vênus ao quarto, mercúrio ao quinto, sol ao sexto e lua ao sétimo, dessa maneira, defendendo que quanto mais lento o planeta, ele estaria relacionado a um chakra mais “baixo” e quanto mais rápido, a um chakra mais alto. Respeito essa leitura, foi a primeira que me deram mas, nos últimos 25 anos dirigi grupos de trabalho com chakras, onde sempre levantei os mapas astrológicos de todos os envolvidos e os acompanhei no dia-a-dia tentando perceber o que acontecia em seus mapas astrológicos e com sua evolução na sensibilização e vitalização dos chakras. Cheguei de início a uma relação diferente e desde então venho reiteradamente observando o quanto as resposta é mais efetiva na prática, na vida de quem trabalha seus chakras. Foram cerca de mil e seiscentos participantes nesses grupos e acredito que já seja hora de compartilhar as conclusões, entendendo que devam ser experimentadas por quem busca desenvolver e harmonizar seus chakras, para que cada um tire suas conclusões a partir da própria experiência, mais do que a partir de uma teoria. Nop sistema que adoto, os seis primeiros chakras refletem todas as dualidades que carregamos em nós e com as quais nos defrontamos diariamente. Esses seis primeiros chakras estão ligados, cada um, a dois signos complementares. Esses signos complementares refletem as duas polaridades básicas do chakra. O primeiro chakra por exemplo, o muladhara, mula em sânscrito significa “raiz” e adhara significa “base”. Ele está relacionado aos signos de Capricórnio e Câncer. Câncer está ligado às nossas raízes emocionais e Capricórnio ao estabelecimento de fundamentos concretos para aquilo que pretendemos realizar. Como das raízes da árvore depende a sua solidez e segurança, ambos os signos e o chakra estão sempre voltados para esse tema e o medo da sobreviência se torna o principal medo ligado ao muladhara. Um primeiro chakra bem desenvolvido dá à pessoa condições para que assuma responsabilidade sobre o próprio destino; quando inibido, esse chakra leva a pessoa a se fechar em seu casulo e tornar-se arisca a contatos diretos que exponham seu emocional. O primeiro chakra atrofiado torna a pessoa uma fácil vítima da culpa e do medo, levando-a a apequenar e reduzir seus objetivos e alcances. Quando a energia desse chakra flui sem empecilhos a pessoa é capaz de coordenar sonhos com realizações da maneira mais positiva possível. O segundo chakra está sintonizado aos signos de Virgem e Peixes. Seu nome, swadisthana, significa “a sua morada”. No Oriente se diz que nessa região do seu corpo mora o seu buda interno. Assim como o signo de Virgem, esse chakra rege os intestinos, órgão que filtra o que nos serve e devolve ao Universo o que não nos é apropriado. Assim, o swadisthana quando ativado e harmonizado, proporciona uma infinita capacidade de discernimento. Discernimento é a qualidade essencial de um buda. Virgem e Peixes são dois signos perfeccionistas e é dito que aí mora nosso buda interno pelo constante compromisso com a constante auto-elaboração e auto-aperfeiçoamento que o chakra quando acordado estimula. O terceiro chakra chama-se Manipura, que significa “jóia brilhante” e está ligado aos signos de Áries e Libra, dois signos impulsivos, capazes de se atirar na realidade como a mariposa quando se sente atraída pela luz. Se o primeiro chakra era a raiz de nossa árvore, o segundo é o momento em que essa raiz se divide em duas e o terceiro, o momento em que a planta sai buscando seu lugar ao Sol. Dessa maneira, é um chakra ligado à auto afirmação (Áries) ou à afirmação de nossos projetos coletivos (Libra). É o chakra do guerreiro (Áries) e do general (Libra) e sempre fonte de estímulo para irmos à frente, estímulo que pode ser canalizado para propósitos pessoais (Áries) ou coletivos (Libra). O quarto chakra está ligado a Leão e Aquário, é o chakra do coração, sempre vivo em nossas relações amorosas (Leão) e de amizade (Aquário). Nesse chakra temos que decidir quanto à questão básica do Leonino, se viveremos em função de nosso orgulho ou de nossa auto-estima. O coração tem também outra dimensão, a da coragem. A palavra “coragem” vem de “core”, âmago, a mesma raiz de coração. É aí que mora a coragem do revolucionário ou do rebelde (dimensões aquarianas). É esse chakra desenvolvido que nos dá uma visão otimista e positiva da vida (Leão) mas também com visão humanista e noção de como relacionar-se com o outro preservando a própria liberdade e independência (Aquário). O quinto chakra está ligado aos signos Touro e Escorpião. Localizado na garganta, pode se dizer que o Escorpião é a polaridade mais presente na nuca, fonte de uma inacabável criatividade, enquanto Touro está relacionado à parte da frente do chakra, ligada ao senso estético, mas também à vaidade. Quem vive na superfície desse chakra, tende a se preocupar com a forma e gerenciar sua vida de maneira conservadora e apegada. Quem se torna consciente das camadas mais profundas do chakra, passa a ter uma capacidade infindável de avaliação da realidade e de desprendimento. Quem vive na superfície desse chakra tende a se tornar obediente e um bom executor. Quem vive na profundidade, costuma questionar a legitimidade da autoridade de quem tenta regê-lo ou se aproveitar dele. Quem vive na parte anterior do chakra, tem grande capacidade de dedicação por aqueles e por tudo o que gosta, mas costuma empacar quando não gosta de alguém ou de algo. Quem vive na parte mais essencial e posterior do chakra, mostra sempre enorme capacidade de superação e uma intensidade de compromisso com o que faz, que torna o aparentemente impossível em possível. O sexto chakra está ligado aos signos de Sagitário e Gêmeos. Mais popular no Ocidente como chakra da “terceira visão” ele está ligado à intuição, à capacidade de lidar com os componente sutis do que nos está perto (Gêmeos) e distante (Sagitário). Quando desenvolvido e harmonizado esse chakra, ele nos deixa objetivos e com senso de direção (Sagitário) ao mesmo tempo em que nos torna capaz de traduzir o que a pessoa mais simples diz para a mais sofisticada e vice-versa (Gêmeos). Ele é chamado por muitos de chakra da fé (Sagitário) capaz de concretizar o suposto “inconcretizável”. No tantra se diz que esse chakra desenvolvido torna tudo possível para você, que basta que você queira as coisas e elas acontecem. Assim como acontece com pessoas que se relacionam bem com se Júpiter, planeta de Sagitário. Por outro lado é um chakra que pode se tornar ligeiramente perigoso para quem o desenvolve sem ter uma base emocional sólida, uma vez que ele nos dá uma incrível capacidade de manipular o que nos rodeia (Gêmeos). É o chakra onde chegamos à beira de transcender a mente (Gêmeos e Sagitário). Os seis primeiros chakras administram todas as nossa dualidades internas. Quando chegamos ao sétimo, experimentamos a dissolução de nossa noção de identidade e de todos os nossos valores, crenças, certezas, medos, desejos, e todas as outras criações da mente e do ego. Dessa maneira, esse chakra não se liga a nenhum planeta particular, uma vez que todos os planetas incorporam as qualidade de uma polaridade de algum eixo. O sétimo está ligado ao centro de nosso mapa astrológico, o lugar onde encontramos o constante equilíbrio e harmonia entre todas as nossas polaridades e facetas. Chegar à ele é experimentar a liberdade última possível a um ser humano, a liberdade de todas as ilusões e a felicidade que a lucidez em sua dimensão ampla é capaz de oferecer.. Pedro Tornaghi. .

Amor Platônico.

Em um dos mais belos textos da literatura mundial, O Banquete, Platão expôs aquilo que seria a sua doutrina sobre o amor. A narrativa que rememora uma festa acontecida na casa de um famoso poeta (Agatão) vai desencadear uma série de elogios ao deus que, se acreditava, não havia ainda recebido os louvores dos homens. Assim, o deus foi tido por diversos caracteres, desde o deus mais antigo e por isso bom educador, passando por uma força cósmica universal geradora dos seres, até uma dupla característica, uma vulgar e outra ascética, bem como também o deus mais jovem, mais belo e por isso irresponsável, criador, etc. Chegada a vez de Sócrates falar, surge o problema: Sócrates não sabe falar bem (eloquência). Ele não sabe elogiar, mas gostaria, na forma dialogada, falar do deus. E sua primeira questão é: o que é o amor? Ou seja, antes de falar se ele é bom ou mau, belo ou feio, se ajuda ou se atrapalha na educação, deveríamos saber o que ele é. Para desconcerto geral, Sócrates define o amor como sendo a busca da beleza e do bem. E sendo assim, ele mesmo não pode ser belo nem bom. Quem ama, deseja algo que não tem. Quando se tem, não se deseja mais, ou se se deseja, deseja manter no futuro, o que significa que não o tem. E todos só desejam o melhor, ninguém escolhe o mal voluntariamente. Logo, o amor é o desejo do belo e do bom. Essa definição permite uma compreensão universal do objeto (o amor). Mas não devemos também acreditar que por não ser bom, o amor é mau. Não é uma conclusão necessária. Para isso, Sócrates vai contar o que Diotima contou-lhe sobre o amor. Para combater o mito que acabara de escutar da boca de um comediógrafo (Aristófanes - mito da alma gêmea), Sócrates mostra o que aprendeu com aquela que o iniciou nos mistérios do amor. Diotima disse ao nosso filósofo que durante uma festa, todos os deuses foram convidados, menos a deusa Penúria. Faminta e isolada, ela procurou alimento nos restos da festa. Porém, ao ver o deus Astuto, deus engenhoso, cheio de recursos e que estava embriagado, deitado num jardim, a deusa resolveu ter um filho com ele. Nasce daí o deus Eros (ou amor), que assume as características de seus pais. Como sua mãe, ele é pobre, carente, faminto, desejante. Mas como seu pai, ele é nobre, cheio de recursos para alcançar o que lhe aprouver, saciando suas necessidades. Em um nível cósmico, a função do deus é ligar os homens a Zeus, sendo um intermediário entre eles. Aos deuses, o amor leva as súplicas dos homens, seus anseios, suas dúvidas e necessidades através das preces e orações. Aos homens, o deus do amor traz as recomendações aos sacrifícios e honra aos deuses. Por isso, não sendo nem bom nem mal, mortal e também imortal, o amor é o que nos leva a escolher sempre o melhor, a fazer o bem. Ele morre, como um desejo que se acaba, mas logo nos inflama novamente, renascendo na alma dos homens. Todavia, o que é o belo e o bem que o amor busca? Para Platão, no nível mais imediato, o amor refere-se à nossa sensibilidade e apetites, principalmente o sexual. Vemos, a partir de um corpo, a beleza, e o desejo de procriar nele. Isso significa, inconscientemente, que o desejo por um corpo belo é a tentativa da matéria de se eternizar. Os filhos são uma forma dos pais serem eternos. No entanto, o belo não é somente o corpo, tanto que logo que esse desejo se esvai, percebemos que outros corpos também nos atraem. Assim, passamos do singular (indivíduo) para o universal (todos os indivíduos). Mas ainda nisso não consiste a beleza, apenas participa da ideia. Para Platão, subimos degraus na compreensão da beleza, dos corpos até as ações nas ciências, nas artes e na política, que expandem a ideia de beleza. Mas ela mesma é uma ideia, norteadora das ações humanas, que dirige as almas para o bem absoluto que não pode simplesmente ser conquistado pelo homem encarnado. Portanto, o homem, como duplo corpo-alma, jamais conhecerá a verdade de modo absoluto. Isso cabe somente aos deuses. Mas nem por isso deve deixar de se desenvolver. É moral dever agir procurando o melhor sempre. Ao homem, ser desejante intermediário entre os deuses e os outros seres não conscientes, cabe buscar o conhecimento que o aproxime dos deuses, não se deixando fascinar pelo sensível, mas buscando compreender o inteligível, o reino das ideias, o que propriamente é o saber. Assim, naturalmente, o homem é filósofo (ou deveria ser!) buscando a sabedoria, entendendo por isso a melhor forma de usar a parte que lhe é principal – a alma – para agir, ser dono dos desejos, compreendendo a função de cada um e não se tornar escravos desses. Por João Francisco P. Cabral Colaborador Brasil Escola Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP