contos sol e lua

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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

O Cristo Recém-Nascido.

Temos repetido com freqüência em nossa literatura, que o sacrifício de Cristo não foi um acontecimento que teve lugar no Gólgota, nem foi consumado de uma vez por todas em poucas horas, mas que os nascimentos e mortes místicas do Redentor são contínuas ocorrências cósmicas. Concluímos que esse sacrifício é necessário à nossa evolução física e espiritual durante a presente fase do nosso desenvolvimento. Como se aproxima a época do nascimento anual de Cristo, mais uma vez é-nos apresentado um tema para meditação, um tema que nunca envelhece e é sempre novo. Podemos tirar muito proveito refletindo sobre ele e dedicando-lhe uma oração, para que faça nascer em nossos corações uma nova luz que nos guie no caminho da regeneração. O apóstolo deu-nos uma maravilhosa definição da Divindade quando disse: "Deus é Luz", pelo que a "Luz" tem sido usada para ilustrar a natureza do Divino nos Ensinamentos Rosacruzes, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. As Sagradas Escrituras de todos os tempos ensinam claramente que Deus é uno e indivisível. Ao mesmo tempo verificamos que, do mesmo modo que a luz branca una refrata-se nas três cores primárias - vermelho, amarelo e azul - Deus também revela-Se em papel tríplice durante a manifestação pelo exercício de três funções divinas: criação, preservação e dissolução. Quando Ele exercita o atributo criação, Deus revela-se como Jeová, o Espírito Santo, Ele é o Senhor da lei e da geração, projetando a fertilidade solar indiferentemente através dos satélites lunares de todo planeta em que seja necessário fornecer corpos para seus seres evoluintes. Quando Ele exercita o atributo preservação, com o propósito de sustentar os corpos gerados por Jeová sob as leis da Natureza, Deus, revela-se como Redentor, Cristo, e irradia os princípios de amor e regeneração diretamente a todo planeta, onde as criaturas de Jeová requeiram essa ajuda para libertarem-se das malhas da morte e do egoísmo, e alcançarem o altruísmo e a vida infinita. Quando do exercício do divino atributo dissolução, Deus aparece como o Pai. Chama-nos de volta ao lar celestial para assimilarmos os fruto das experiências e do crescimento anímico que acumulamos durante o dia de manifestação. Este Solvente Universal, o raio do Pai, emana então do Invisível Sol Espiritual. Esses processos divinos de criação e nascimento, preservação e vida, dissolução, morte e retorno ao autor de nosso ser, nós os vemos em toda parte, em tudo o que nos cerca. Então, reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Trino em manifestação. Porventura já nos demos conta de que no mundo espiritual não existem acontecimentos definidos, nem condições estáticas; que o começo e o fim de todas as aventuras, de todas as eras estão presentes no eterno "tempo" e "espaço"? Gradativamente, tudo se cristaliza e torna-se inerte, precisando dissolver-se para dar lugar a outras coisas e outros eventos. Não há como escapar dessa lei cósmica, que se aplica a tudo no reino do "tempo" e do "espaço", inclusive ao raio Crístico. Como o lago que se derrama no oceano volta a encher-se quando a água que o abandonou evapora-se e a ele retorna em forma de chuva, para tornar novamente a correr incessantemente em direção ao oceano, assim o Espírito do Amor que nasce eternamente do Pai derrama-se incessantemente, dia após dia, hora após hora, no universo solar para libertar-nos do mundo material que nos prende em seus grilhões mortais. Portanto, onda após onda partem do Sol em direção a todos os planetas, o que proporciona um impulso rítmico às criaturas que neles evoluem. No sentido mais verdadeiro e literal, é um Cristo recém-nascido que saudamos em cada festa natalina, e o Natal é o mais importante acontecimento anual para a humanidade, quer tenhamos consciência disso ou não. Não se trata meramente de comemorar o aniversário de nascimento do nosso amado Irmão Maior, Jesus, mas sim da chegada da rejuvenescente vida-amor do nosso Pai Celestial, por Ele enviada para libertar o mundo do glacial abraço da morte. Sem esta nova infusão de vida e energia divinas, logo pereceríamos fisicamente, frustando o nosso progresso no que tange às atuais linhas de desenvolvimento. Precisamos esforçar-nos por compreender muito bem este ponto, a fim de que possamos aprender a apreciar o Natal da maneira mais profunda possível. A este respeito, como em muitos outros, podemos aprender uma lição observando nossos filhos ou recordando a nossa própria infância. Como eram fortes nossas expectativas à aproximação dos festejos natalinos! Como ansiosamente esperávamos pela hora de receber os presentes que pensávamos serem deixados pelo Papai Noel, o misterioso benfeitor universal que distribuía os brinquedos! Como nos sentiremos se nossos pais nos dessem apenas as bonecas estragadas e os tamborzinhos já gastos do ano passado? A sensação seria certamente de infelicidade total, além de uma profunda quebra de confiança em tudo, sentimentos que os pais achariam cada vez mais difícil restaurar. Isso nada seria, comparado à calamidade cósmica que se abateria sobre a humanidade, se o nosso Pai Celestial deixasse de enviar como Presente Cósmico de Natal, o Cristo recém-nascido. O Cristo do ano anterior não nos pode livrar da fome física, como as chuvas daquele ano não podem agora encharcar o solo e desenvolver os milhões de sementes que dormitam na terra, à espera de que as atividades germinadoras da vida do Pai as façam crescer. Assim como o calor do último verão já não nos pode aquecer, o Cristo do ano passado não pode acender de novo em nossos corações as aspirações espirituais que nos impelem para cima em busca de algo mais. O Cristo do ano passado deu-nos seu amor e sua vida sem restrições ou medidas. Quando Ele renasceu na Terra no Natal anterior, Ele impregnou de vida as sementes adormecidas, que cresceram e muito gratamente encheram os nossos celeiros com o pão da vida física. O amor que o Pai Lhe deu, Ele o derramou profusamente sobre nós, e do mesmo modo que a água do rio volta para o céu pela evaporação, assim também Ele eleva-se outra vez ao seio do Pai, após esgotar toda a sua vida e morrer na Páscoa. Mas, o amor divino jorra infinitamente. Como um pai apieda-se de seus filhos, assim também nosso Pai Celeste compadece-se de nós, pois Ele conhece a nossa fragilidade e dependências física e espiritual. Por conseguinte, esperamos mais uma vez, confiantemente, o nascimento místico do Cristo que virá com renovada vida e renovado amor. O Pai no-Lo envia acudindo à fome física e espiritual que sofreríamos se não tivéssemos d’Ele essa amorosa oferenda anual. As almas jovens, via de regra, acham difícil separar em suas mentes as personalidades de Deus, de Cristo e do Espírito Santo, de modo que algumas podem amar apenas a Jesus, o homem. Esquecem Cristo, o Grande Espírito, que introduziu uma nova era na qual as nações estabelecidas sob o regime de Jeová serão destroçadas, a fim de que a sublime estrutura da Fraternidade Universal possa ser edificada sobre as suas ruínas. No devido tempo, o mundo inteiro saberá que "Deus" é espírito, para ser adorado em "espírito e em verdade". É bom que amemos Jesus e O imitemos; desconhecemos ideal mais nobre e alguém mais digno. Se pudesse ter sido encontrado alguém mais nobre, não teria sido Ele o escolhido para ser o veículo do Grande Unigênito, Cristo, em que reside a Divindade. Fazemos bem em seguir "Seus passos". Ao mesmo tempo devemos exaltar Deus em nossas próprias consciências, aceitando a afirmação bíblica de que Ele é espírito e que não podemos tentar representar a Sua imagem, nem retratá-Lo, pois Ele a nada se assemelha, quer nos céus quer na Terra. Podemos ver os veículos de Jeová circulando como satélites em volta de diversos planetas. Também podemos ver o Sol, que é o veículo visível de Cristo. Mas o Sol Invisível, que é o veículo do Pai e fonte de tudo, este só pode ser visto pelos maiores clarividentes e apenas como a oitava superior da fotosfera do Sol, revelando-se como um anel de luminosidade azul-violeta por trás do Sol. Mas nós não precisamos vê-Lo. Podemos sentir Seu amor e essa sensação nunca é tão grande como na época do Natal, quando Ele nos está dando o maior de todos os presentes: o Cristo do novo ano.Max Heindel. FIM

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