sábado, 18 de abril de 2020
O PODER DO PENSAMENTO..Norman Vincent Peale.
O pensamento pode ser um dos mais significantes fatores da evolução, e ainda assim, o menos
compreendido. As pessoas geralmente consideram o processo do pensamento como uma matéria
puramente privada de influência pessoal momentânea. Elas não têm nenhuma consciência das
ramificações complicadas e das consequências dos pensamentos aparentemente mais insignificantes que
se formam nas suas mentes.
Para ilustrar a importância do pensamento, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental dizem-nos que tudo
o que existe no universo foi primeiramente um pensamento. O Novo Testamento, originalmente escrito
em Grego, usa a palavra “logos” para significar ambos, a “palavra” e o pensamento que precede a
palavra. A palavra pode ser considerada como a forma manifestada do pensamento – um som que constrói
todas as formas e, de acordo com o conhecimento oculto, é a sua alma. O homem, evoluindo como um
Deus potencial tem em si as faculdades latentes da criação. Ele está atualmente a aprender a criar; ele tem
a capacidade de pensar e de dar voz aos seus pensamentos. Quando não consegue por si próprio realizar
as suas ideias, pode procurar a ajuda de outros através da fala. À medida que a evolução continua, chegará
provavelmente a altura em que ele será capaz de criar diretamente através da palavra emitida da sua
laringe espiritualizada. É necessária a aprendizagem através de uma série de encarnações, para que ele
não cometa erros. O homem ainda não está espiritualmente desenvolvido e, se atualmente fosse capaz de
criar diretamente pela palavra, as suas criações seriam imperfeitas e prejudiciais.
A grande maioria das pessoas adquiriu o hábito de pensar superficialmente, o que as torna incapazes de
tratarem de um assunto até que esteja completamente dominado. Apesar dos pensamentos que vêm à
mente poderem ser bons, maus ou indiferentes – principalmente os últimos – a mente não os retém o
tempo suficiente para aprender a sua natureza. O controlo do pensamento é muitas vezes, muito difícil de
2conseguir. Uma vez conseguido, no entanto, o possuidor tem em suas mãos a chave para o sucesso seja
qual for a linha que prossiga.
A força do pensamento é o meio mais poderoso para obter o conhecimento. Se ela for concentrada sobre
um objeto, ela queimará o seu caminho através de qualquer obstáculo e resolve o problema. Se a
quantidade necessária de força de pensamento é exercida, não há nada que fique para além do poder da
compreensão humana. Enquanto a dispersarmos, a força do pensamento é de pouca utilidade para nós,
mas assim que estivermos preparados para nos darmos ao trabalho de aproveitá-la, todo o conhecimento
será nosso. Como o pensamento é o nosso principal poder, temos de aprender a ter o controlo absoluto
sobre ele, de modo a que o que produzirmos não seja ilusão induzida pelas condições exteriores, mas
verdadeira imaginação gerada no interior, pelo Espírito.
Esta é uma das razões pela qual os estudantes dos Ensinamentos Rosacrucianos são aconselhados a
realizar o exercício matinal da concentração, regularmente e com persistência. Eles são ensinados a fixar
profundamente as suas mentes num único objeto, ficando tão absorvidos nele que tudo o resto é eliminado
com êxito, da consciência. Uma vez que o estudante aprenda a fazer isto, ele é capaz de ver o lado
espiritual de um objeto ou uma ideia iluminada pela luz espiritual, e assim, obtém um conhecimento da
natureza interior das coisas nem sequer sonhado pelo homem mundano.
Falamos dos pensamentos como tendo sido concebidos pela mente, mas tal como ambos, pai e mãe são
necessários na geração de um filho, também ambos, a ideia e a mente são necessárias antes que o
pensamento seja concebido. As ideias são geradas por um Ego humano na substância do espírito dos
mundos internos. Esta ideia é projetada sobre a mente receptiva, dando origem a um pensamento. Assim,
quando cada ideia se encerra a si própria numa forma feita de matéria do pensamento, é então um
pensamento, tão visível para a visão interna de um clarividente suficientemente desenvolvido, como a
criança é visível para os seus pais.
Vemos, pois, que as ideias são pensamentos embrionários, núcleos de substância do espírito dos mundos
internos. Concebidos inadequadamente numa mente doente tornam-se caprichos e delírios, mas quando
são gerados numa mente sã e formados em pensamentos racionais são as bases de todo o progresso
material, moral e mental.
Atualmente, no entanto, a mente não está focada de modo a ser capaz de dar uma imagem clara e
verdadeira daquilo que o Espírito imagina. Não está direcionada. Dá imagens vagas e enevoadas. Daí a
necessidade da experiência para mostrar a inadequação da primeira concepção, e de trazer novas
imaginações e ideias até que a imagem produzida pelo Espírito em substância mental seja reproduzida na
matéria física.
Na melhor das hipóteses estamos aptos a modelar através da mente, apenas as imagens que têm a ver com
a forma, porque a mente humana só foi criada no atual Período Terrestre da nossa evolução, por isso, está
agora na sua forma, ou estágio, “mineral”. (Ver o Conceito Rosacruz do Cosmos), por isso, nas nossas
atividades, estamos confinados a formas e minerais. Podemos imaginar meios de trabalhar com as formas
minerais dos três reinos inferiores, mas não podemos fazer nada ou quase nada com corpos vivos.
Podemos de fato enxertar um ramo numa árvore viva, ou uma parte de um animal ou de um homem,
noutro animal ou homem vivos, mas não estamos a trabalhar com a vida; é apenas a forma. Estamos a
criar condições diferentes, mas a vida que já habitava a forma continua a ser a mesma. Criar vida está
para além do poder do homem até que a sua mente se torne viva.
Muitas pessoas acreditam que tudo resulta de outra coisa, e não consideram a possibilidade de qualquer
nova construção original. Aqueles que estudam a vida, normalmente falam apenas de involução e
evolução; aqueles que estudam a forma, nomeadamente, os modernos cientistas, só estão preocupados
com a evolução. Os mais avançados de entre eles, no entanto, estão a começar a encontrar outro fator, ao
qual chamaram epigénese, o impulso criativo. No início de 1787, Caspar Wolff formulou a sua Theorea
Generationis, na qual mostrou que no desenvolvimento do óvulo, há uma série de novas transformações
nunca antes mostradas pelos seus antecessores. Nas formas de vida inferiores, nas quais as mudanças são
rápidas, a epigénese pode ser demonstrada no microscópio.
Desde que a mente foi dada ao homem, este impulso criativo original, a epigénese, tem sido a causa de
todo o nosso desenvolvimento. É verdade que construímos sobre aquilo que já foi criado. No entanto,
também há sempre qualquer coisa nova, devida à criatividade do Espírito. Assim, é que nos tornamos
criadores. Se só imitássemos aquilo que já nos foi dado por Deus, nunca seria possível tornarmo-nos
inteligências criativas – seríamos simplesmente imitadores. E, novamente, o pensamento está por trás de
tudo o que é criado através da epigénese.
Fomos colocados neste mundo físico para que possamos aprender a pensar bem e desenvolver a epigénese
de forma construtiva. Por exemplo, vejamos o caso de um inventor que tem uma ideia. A ideia não é
ainda um pensamento; é um instantâneo que ainda não tomou forma. Gradualmente, no entanto, o
inventor visualiza-a na sua mente. Ele forma uma máquina no seu pensamento, e perante a sua visão
mental essa máquina aparece com as rodas a girar desta e daquela maneira, conforme é necessário para
realizar o trabalho pretendido. Então ele começa a desenhar os planos para a máquina, e mesmo neste
estágio ele certamente verá as modificações que são necessárias. Vemos assim, que já as condições físicas
mostram ao inventor onde o seu pensamento não estava correto. Quando ele constrói a máquina no
material apropriado para a realização do trabalho, normalmente são necessárias mais modificações.
Provavelmente, ele tem que rejeitar a primeira máquina e construir outra completamente diferente. Assim,
as condições físicas concretas possibilitaram-lhe detectar os erros no seu raciocínio; elas forçam-no a
fazer as modificações necessárias no seu pensamento original para construir uma máquina que faça o
trabalho.
Em empreendimentos mercantis ou filantrópicos aplica-se o mesmo princípio. Se as nossas ideias
relacionadas com os vários assuntos da vida estão erradas, são corrigidas quando são trazidas à vida
prática. Por isso, é absolutamente necessário que habitemos neste mundo físico e aprendamos a exercer o
poder do pensamento – um poder que atualmente está a ser testado em grande medida pelas nossas
condições materiais.
Para ilustrar a importância do pensamento, diremos que tudo o que existe neste mundo que foi feito pela
mão do homem é pensamento cristalizado: as cadeiras onde nos sentamos, as casas onde vivemos, os
vários objetos que usamos – todos eles foram um pensamento na mente do homem. Se não fosse por esse
pensamento, o objeto nunca teria aparecido. De maneira semelhante, as árvores, as flores, as montanhas, e
os mares são formas pensamento cristalizadas das Forças da Natureza.
Neste mundo somos compelidos a investigar e a estudar uma coisa antes de sabermos sobre ela. No
entanto, os investigadores do oculto que têm sido capazes de funcionar nos mundos espirituais, chamado
Mundo do Pensamento, descobrem que lá é diferente. Ali, quando desejamos saber sobre qualquer objeto
em particular, dirigimos a nossa atenção para ele e o objeto, fala-nos, por assim dizer. O som que ele
emite dá imediatamente uma luminosa compreensão de cada fase da sua natureza. Podemos atingir a
compreensão do seu passado histórico; toda a história da sua manifestação é revelada e nós parecemos ter
vivido todas essas experiências juntamente com o objeto que estamos a investigar. No entanto, toda esta
informação, flui para, e em nós com enorme rapidez, num momento, para que não tenha princípio nem
fim. No Mundo do Pensamento, tudo é um grande AGORA, e o tempo não existe.
Quando queremos usar esta informação arquetípica no nosso Mundo Físico, devemos, portanto, separá-la
e organizá-la em ordem cronológica com princípio e fim antes que se torne inteligível aos seres que
vivem num reino onde o tempo é o principal fator. Esta reorganização é uma tarefa muito difícil, pois as
palavras são cunhadas em relação às três dimensões do espaço e a evanescente unidade de tempo; por
isso, muita dessa informação continua inacessível.
Muitas pessoas argumentam que temos o direito de pensar o que queremos, e que os maus pensamentos,
se não se traduzirem em más ações, são inofensivos. Isto está longe da verdade, e o poder dos maus
pensamentos, tal como o poder dos pensamentos bons e beneficentes, é de fato grande. Através dos
séculos, por exemplo, os maus pensamentos de medo e de ódio dos homens têm cristalizado como
bacilos. Os bacilos de doenças infecciosas são particularmente as encarnações do medo e do ódio, e por
isso, são também vencidos pela força oposta – a coragem. Se encararmos uma pessoa infectada com uma
doença contagiosa a tremer e com medo, seguramente desenvolveremos nós próprios os micróbios
venenosos. Se, por outro lado, nos aproximarmos dessa pessoa com uma atitude sem medo, escaparemos
à infecção, sobretudo se somos movidos pelo amor.
No Sermão da Montanha, Cristo Jesus diz-nos que “O homem que olhou para uma mulher com desejo, já
cometeu, de fato, o adultério”. Quando tomamos consciência de que “Como o homem pensa no seu
coração, assim ele é”, teremos uma concepção muito mais clara da vida do que temos se só tivermos em
consideração as ações dos homens. Cada ação é o resultado de um pensamento prévio, mas não
necessariamente o pensamento da pessoa que cometeu a ação.
Se um diapasão vibrar num determinado tom e estiver outro diapasão na proximidade, o segundo vibrará
em sintonia com o primeiro. Do mesmo modo, quando temos um pensamento e outra pessoa no nosso
ambiente estiver na mesma linha de pensamento, os nossos pensamentos unem-se com os dela e
fortalecem-no para o bem ou para o mal, conforme a natureza do pensamento.
Quando vamos a um tribunal e vemos um criminoso, só consideramos o ato; não temos nenhum
conhecimento do pensamento que lhe deu origem. Se tivermos o hábito de pensar mal, de ter
pensamentos maliciosos em relação a alguém, esses pensamentos podem ter sido atraídos pelo criminoso.
Segundo o princípio de que uma solução saturada de sal necessita apenas de um cristal desse sal para
solidificar, assim também, se um homem saturou o seu cérebro com pensamentos assassinos, o
pensamento assassino que outra pessoa envia pode ser a última gota e destruir a última barreira que teria
afastado o assassino de cometer a sua má ação.
Por isso, os nossos pensamentos são de maior importância do que as nossas ações. Se pensarmos sempre
bem, agiremos sempre bem. Nenhum homem pode pensar no amor ao seu companheiro, ou pode planear
como ajudar espiritual, mental ou fisicamente os outros, sem também agir conforme esses pensamentos.
Se cultivarmos tais pensamentos, depressa encontraremos a luz do Sol espalhando-se à nossa volta;
descobriremos que encontramos pessoas imbuídas do mesmo espírito que nós enviamos.
Então, se virmos mesquinhez e pequenez nas pessoas que encontramos, será bom verificar se nós próprios
não estamos a causar essas qualidades que emanam de nós próprios. O homem que é mesquinho e
pequenino irradia ele próprio essas qualidades e aqueles que encontrar parecer-lhe-ão mesquinhos porque
os seus pensamentos causaram algo de natureza idêntica a vibrar na outra pessoa.
Por outro lado, se cultivarmos uma atitude serena e pensamentos livres de inveja, e formos francamente
honestos e prontos a ajudar, faremos sobressair o melhor das outras pessoas. Por isso tomemos
consciência que enquanto não tivermos cultivado as melhores qualidades em nós próprios não podemos
esperar encontrá-las nos outros. Somos, pois, seguramente, responsáveis pelos nossos pensamentos.
Somos na realidade, os protetores dos nossos irmãos, pois assim como pensarmos quando os
encontramos, assim lhes aparecemos, e eles refletem a nossa atitude. Se quisermos obter ajuda para
cultivar melhores qualidades, então procuremos a companhia de pessoas que já são boas, pois a sua
atitude mental será de imensa ajuda para trazer ao de cima as nossas melhores qualidades.
Se nem sempre é fácil afastar os maus pensamentos, e a maioria de nós não pode deixar de encontrar
pessoas ou situações que evocam pensamentos negativos, tentem combatêlos como nós fazemos. Mas há
uma maneira simples de descartar esses pensamentos indesejados que não envolve, de modo nenhum,
“combatê-los”.
Ambos, gostar e não gostar tendem a atrair um pensamento ou ideia para nós, e a acrescida força que
enviamos para combater os maus pensamentos mantê-los-á vivos e trazê-los-á para a nossa mente muitas
vezes, do mesmo modo que uma discussão com uma pessoa que nos desagrada pode causar-nos rancor.
Por isso, em vez de lutar, adotemos uma táctica de indiferença. Se virarmos a cara para o outro lado
quando encontramos uma pessoa de quem não gostamos, ela certamente ficará cansada de nos seguir.
Segundo o mesmo princípio, se nós nos afastarmos com indiferença quando os maus pensamentos entram
nas nossas mentes, e as aplicarmos a algo que é bom e ideal, descobriremos que ao fim de pouco tempo
estaremos livres dos maus pensamentos e só teremos os bons pensamentos que desejamos para nos
entretermos.
Vemos assim, até que ponto é realmente grande e poderoso o alcance do pensamento. Todas as coisas
quer sejam para o bem ou para o mal, podem ser realizadas com ele. De fato, o poder do pensamento é
uma das mais poderosas forças que o homem conhece. Só quando a humanidade tiver uma compreensão
da verdadeira natureza e do uso apropriado desta força divina a humanidade se libertará dos grilhões do
materialismo e continuará a subir o caminho para se tornar um Ser Criativo autoconsciente.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário