segunda-feira, 27 de maio de 2024
A Beleza Universal.Christian Bernard .
O adágio “Se você quer ser belo, detenha-se por um minuto diante do seu espelho, cinco diante da sua alma e quinze diante do seu Deus” resume bem um dos objetivos a que todo ser humano deveria buscar. Pagar tributo à Beleza divina deveria ser nosso objetivo prioritário, e ele não pode ser alcançado a menos que nós mesmos nos tornemos belos. Quando falo em Beleza, naturalmente não me refiro à estética corporal à qual alguns atribuem demasiada importância e que, infelizmente, tornou-se, em nossa época, um culto ridículo e mesmo perigoso. Penso sobretudo na beleza de nosso santuário interior, a qual, independentemente do aspecto exterior do templo no qual se encontre, pode irradiar-se a todo momento sob a forma de um magnetismo que nada nem ninguém pode alterar ou diminuir.
Neste sentido, a feiúra não deve ser considerada como uma ausência de beleza física, mas como a expressão de uma grande falta de espiritualidade. O que confere beleza à garrafa, à parte a pureza de sua forma e a qualidade de seu vidro, é antes de tudo o grau de luminosidade que ela é capaz de refletir. O mesmo se aplica ao ser humano. Pelo tempo em que ele esconder sua luz interior, permanecerá prisioneiro de seu corpo e, no melhor dos casos, não poderá manifestar senão a aparência daquilo que lhe parece belo.
Somente o misticismo pode nos dar o poder de desvelar nossa espiritualidade e de libertar plenamente as virtudes escondidas de nossa alma. Tomemos, por exemplo, a verdade. Não há erro mais grave do que a recusa em ver e ouvir a verdade. A verdade é una porque Deus é Uno, mas os erros são múltiplos porque a ignorância desconhece o número de seus adeptos. Ora, o que torna belo o indivíduo é o conhecimento de si mesmo – esse conhecimento que pode elevá-lo até as estrelas mais longínquas para lhe presentear com a Consciência divina.
Observemos também que não é por acaso que o estado de consciência crística é simbolizado na Árvore cabalística pela sefira Tiphereth, ela própria símbolo da beleza adâmica na Terra. Não é dito que o próprio Mestre Jesus veio para manifestar a Beleza Divina?
Esforcemo-nos para imitar a beleza de intenção e de ação que animou o Mestre Jesus ao longo de seu ministério. Isto naturalmente não quer dizer que devemos nos tomar por ele e buscar inflar nosso próprio ego por uma pomposa imitação daquilo que julgamos conhecer acerca dele. Isto significa simplesmente que devemos nos aplicar plenamente para sensibilizar as pessoas de nosso convívio àquilo que é belo, a fim de levar seu senso estético a evoluir na direção dos arquétipos superiores.
Creio que é difícil atingir este objetivo por intermédio da arte, pois ela, nesse ponto da evolução humana, ainda é uma expressão muito imperfeita da Perfeição divina. É verdade que muitos são os mestres que, por intermédio da música, da pintura, da escultura ou de outros ramos da arte, encarnaram formas-pensamento de grande pureza e perfeição. Mas para a maioria das pessoas, tais obras estão além do que elas são capazes de sentir e de compreender em matéria de beleza. É sem dúvida por esta razão que uma pintura inspirada será para alguns o cúmulo do horror ou que, inversamente, uma música decadente será para outros o summum da inspiração.
Tudo isto naturalmente não quer dizer que não haja beleza universal. Isto simplesmente nos mostra que o homem encarnado, antes de ser capaz de discernir a existência de tal beleza, permanece por muito tempo prisioneiro de uma má concepção daquilo que é belo. Neste livro, um outro capítulo também está consagrado à beleza, mas mais particularmente à beleza através da arte.
Não é senão evoluindo na direção dos planos de consciência cada vez mais elevados que cada um pode retirar o véu e se aproximar da magnificência da verdadeira beleza. Enquanto o homem não atinge um certo degrau de evolução, ele não faz mais do que projetar em seu meio o sentido que sua mente dá à beleza. Dito de outra maneira, ele busca aquilo que é belo por meio dos olhos do corpo, e não através dos olhos de sua alma. Segundo esse ponto de vista, podemos dizer que existem tantos critérios de beleza quanto indivíduos, e isto procede se compararmos todas as civilizações e formas de sociedade, mesmo as atuais. Podemos, no entanto, constatar que há coisas sobre as quais existe um consenso no tocante à sua beleza. Sobre elas, é dito que refletem a harmonia, inspiram e apaziguam.
Para darmos alguns exemplos, nunca aconteceu de você ouvir dizer que uma aurora ou um crepúsculo, ou ainda um céu estrelado, são feios. As coisas acontecem diferentemente quando perguntamos às pessoas o que elas pensam da beleza deste ou daquele objeto. Aparece então uma divergência entre as diversas concepções de beleza, cada qual sendo resultante da educação, da personalidade e da evolução interior de cada um. Portanto, é fácil compreender que o problema do homem não é que ele seja insensível à beleza universal, mas sobretudo que, na maioria dos casos, ele não toma consciência dela, não sabe onde situá-la ou é incapaz de exprimí-la naquilo que ele pensa, diz e faz.
Como venho de salientar, todo indivíduo é sensível à beleza que se manifesta pelo viés da natureza. Devemos então levar nosso meio, e mesmo um público mais amplo, se pudermos, a refletir sobre o porquê e o como desta sensibilidade à beleza. Agindo assim, conduziremos progressivamente essas pessoas a não mais se contentarem com aquilo que constitui a beleza da natureza e do universo, mas a participarem conscientemente nela enquanto atores e espectadores. Que possamos dar a eles o desejo de abrir o “Livro do homem” e o “Livro da natureza” e o desejo de conhecer e compreender as leis que se operam neles e ao redor deles.
É a isso que me dediquei através destas reflexões, e espero que você possa encontrar em si e a seu redor a sublime beleza universal.
Tempo perdido. Jeanne Guesdon.
Charles Darwin (1809-1882) foi um dos maiores cientistas do último século. Sua obra fundamental sobre a origem das espécies teve, desde sua publicação, uma repercussão universal e orientou a biologia em caminhos novos e fecundos. Darwin baseou seus trabalhos em milhares de observações.
Teve, portanto, um trabalho enorme. No entanto, sua saúde não era boa; ele era fisicamente incapaz de um trabalho de muitas horas seguidas e, em suas memórias, confessa: “Nunca pude trabalhar mais de duas horas por dia.”
Duas horas? É bem pouco. Mas quando esse lapso de tempo foi repetido todo dia, realmente todo dia, ele permitiu fazer obra digna de admiração, um verdadeiro monumento de saber humano.
Chamamos sua atenção para o bom uso que cada um de nós pode e deve fazer do mais valioso dos tesouros: o tempo.
Quantas vezes ouvimos confidências do tipo: “Sim, eu gostaria muito de fazer progressos maiores, mas não tenho tempo”. Ao que podemos quase sempre responder, sem medo de errar; “Bem, esse tempo necessário ao estudo, você o tem, mas não sabe usá-lo. Você o desperdiça, você o joga fora. Sem nem mesmo se dar conta disto…”.
Pois, assim como gotas de água, milhares de vezes repetidas e caindo sempre no mesmo lugar, acabam vencendo a resistência do granito, assim também os minutos de estudo ou meditação, repetidos diariamente, nem que seja a razão de dez ou quinze minutos cada vez, farão de você um autêntico buscador da verdade, logo um Rosacruz.
Faça um exame sincero de seu uso do tempo diário e veja se não há um só quarto de hora por dia que você desperdice com conversas fúteis, leitura de revistas sem cultura etc.
Economizando esses momentos de tempo perdido, encontramos facilmente, mesmo que sejamos “terrivelmente ocupados”, aquele quarto de hora necessário ao estudo. E com a condição expressa de continuarmos todos os dias, sem nenhuma interrupção, de perseverarmos, faça chuva ou faça sol, é certo e seguro que podemos realizar um trabalho considerável e atingir nossos objetivos. Há também um meio mais sutil de perder tempo: é usá-lo pela metade, isto é, não nos dedicarmos completamente à tarefa que executamos, sendo que devemos nos entregar a ela por inteiro, não nos deixarmos distrair por nada, entrarmos inteiros naquilo que fazemos. O importante é uma atenção absoluta, que tenha de certo modo um valor magnético.
Naturalmente, tal resultado não se obtém num só dia. Mas a Ordem Rosacruz, AMORC vai, justamente, ensiná-lo a obter esse estado de concentração, no mínimo de tempo e com o máximo de eficiência.
Também é importante escolhermos para nossos momentos de estudo um tema relacionado às nossas possibilidades, aos nossos gostos. Se quiséssemos atacar uma tarefa árdua demais, possivelmente os fracassos nos cansariam e nos desestimulariam, ao passo que, se o esforço estiver à altura dos nossos meios, ele ampliará o campo de nossa ação. O crescente interesse vai também nos abrir novos horizontes de busca; o esforço inicial se tornará um prazer e dará o sentimento e a satisfação do dever cumprido, o que em geral proporciona, acima de tudo, paz e muitas vezes felicidade também.
Lembremos também que o tempo foge com rapidez. Nós marcamos sua passagem com medidas humanas, mas não podemos detê-lo. O minuto presente nem bem existe e logo outro chega, e é substituído pelo seguinte.
Dentre os momentos perdidos, esta mensagem mencionou as conversas fúteis. Uma pessoa rumina várias vezes aquilo que já disse… E para quê? Para se repetir! Outra, quando você lhe conta uma experiência vivida, um acontecimento qualquer, vai imediatamente relatar algo parecido com o que você acabou de falar. Ora, lembre-se de que aquilo que tem interesse pessoal para você muitas vezes não interessa à pessoa que está ouvindo. Na hora de falar, seria bom também lembrar-se de uma das lições rosacruzes que fala do esquecimento de si mesmo e da supressão do pronome “eu”.
Também nesse caso, há uma disciplina a ser seguida e um treinamento a ser feito; e, em vez de “colher flores ao longo da estrada da vida”, essa disciplina e esse treinamento o ajudarão a subir a encosta, mais penosa, da senda da montanha que conduz à iluminação.
sábado, 25 de maio de 2024
O Começo de um novo ciclo – H.Spencer Lewis.
Sempre me pareceu estranho que as pessoas do mundo inteiro encarem o primeiro dia de um novo ano, o início de um novo calendário no primeiro dia de janeiro, como o começo de um novo ciclo de realizações, de tomada de resoluções, ou como um período de iniciar coisas novas e de promover mudanças.
A verdade sobre isso é que para muito poucos de nós, muito poucos mesmo, o primeiro dia de janeiro é o verdadeiro começo de um novo ciclo. Para a maioria das pessoas, seu aniversário, a data do seu natalício, é verdadeiramente o início de um novo ciclo, que vai de um a outro aniversário.
Não posso compreender por que a média dos filósofos ou dos místicos sinceros, e todas as pessoas sensíveis não sintam que o começo de cada dia, desde o nascer do Sol, é o começo de um novo ciclo. Será que pode haver algum ciclo mais propício, maior e mais pleno que o das vinte e quatro horas por que passamos todos os dias?
Pense na incoerência de esperarmos de um a outro novo ano, ou de um a outro aniversário, para tomarmos novas resoluções, mudarmos velhos hábitos, ou colocarmos em prática novas ideias, quando o nascer do Sol a cada vinte e quatro horas traz o nascimento de um novo ciclo que é tão pleno de possibilidades quanto qualquer grande ciclo místico!
Assim, se já não o fez, faça deste ano um novo ano e um novo ciclo, um novo começo. Não se importe com o fato de que o primeiro dia do ano já se foi, que muitos de nós provavelmente se esqueceram do início de um novo ciclo anual (o começo arbitrário, indefinido, artificial e inconsistente, que não é uniforme no mundo inteiro), e pense apenas no ciclo que começa amanhã, o dia seguinte a este em que você está lendo este artigo.
Levante-se amanhã de manhã cheio de disposição e vigor, com a determinação de que, tão certo quanto o Sol surge no horizonte e se eleva ao meio do céu até que comece a se pôr, você elevar-se-á com ele aos píncaros da glória. Esteja determinado a se levantar interiormente, espiritual e poderosamente, decidido a alcançar o zênite de sua vida, a conquistar o mundo e ser mestre das experiências por que passe.
Imagine que amanhã será o único dia, último dia de sua vida em que terá a oportunidade, a consciência e a vitalidade de fazer qualquer coisa. Faça de cada minuto do dia de amanhã não apenas um minuto venturoso, mas um momento cósmico, um momento vital para a consecução de algo, quer isso seja um período de relaxamento que melhorará sua saúde, um gesto amável para com algum semelhante, uma ou duas horas de estudo, alguns atos de caridade, ou uma combinação disso tudo.
Quando o dia estiver terminado e o Sol tiver se posto no horizonte, possa dizer para si mesmo, ao deitar a cabeça no travesseiro, que esse dia foi o maior ciclo de realizações e conquistas de sua vida. E repita isto todos os dias!
Não espere algum outro dia “especial”. Isto é tão tolo quanto o ato de esperar o domingo para ir a algum lugar de adoração, ajoelhar-se e orar, esquecendo-se de Deus o resto da semana.
Podemos elevar em oração nossos pensamentos e consciência a Deus a qualquer minuto, a qualquer hora do dia, onde quer que estejamos: num templo, no escritório, em casa, no campo ou num automóvel; e podemos fazer de cada dia o começo de um novo ciclo.
Assim, se você puder harmonizar cada dia deste ano com o espírito promissor de um novo ano, faça isso e torne este ano que se inicia o melhor ano, o maior ciclo de sua vida.
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