sábado, 21 de novembro de 2009
Literatura Gótica.
LEWIS, O MONGE.
Em 1796, Beckford foi substituído por Matthew Gregory Lewis, autor de The Castle Spectre (1797), um melodrama gótico que ajudou na introdução de temas proibídos na sociedade inglesa. Como Beckford, ele nasceu com muitas vantagens e estudos, identificando-se mais com os europeus do que com os ingleses.
Em 1792, ele estava em Weimar, aprendendo alemão e traduzindo baladas fantasmagóricas populares, escritas por seu compatriota, Bishop Thomas Percy, Reliquies of Ancient English Poetry, em 1765.
Em 1794, manteve uma coluna diplomática em The Hogue, onde conheceu os franceses aristocratas que haviam escapado da Revolução e do Reino de Terror, uma época na França descrita por Wordsworth como carnificina doméstica.
Os franceses emigraram, carregando na mémoria muito terror, em parte porque escaparam de assassinatos, prisões, torturas, massacres e injustiças. Lewis encontrou na filosofia sensacionalista do Marquês de Sade, a tortura, a humilhação, a perseguição, o sofrimento e a exploração das mulheres, iniciando, assim, uma nova e macabra direção para a literatura de sentimentos. (Bloom, 1981)
Juntamente com o sobrenaturalismo da literatura germânica e a depravação da literatura contemporânea francesa, Lewis influenciou a bem delimitada tradição gótica nativa. Em dez semanas, enquanto cumpria seu trabalho diplomático, Lewis escreveu Ambrosio, ou O Monge, que surgia para ser uma resposta diabólica para a obra sentimental Vicar of Wakefield, de Oliver Goldsmith, de 1766.
O Marques de Sade escreveu em Reflexões Acerca dos Romances:
Talvez devêssemos analisar aqui os romances modernos cujo mérito reside quase inteiramente no sortilégio e na fantasmagoria, colocando à cabeça O Monge, superior em todos os aspectos às bizarrias da brilhante fantasia de Radcliffe. (Sade, 1794)
Para o advento de O Monge, foi necessária a conjunção num coração de vinte anos de todas as brasas que o vento tempestuoso de 1789 a 1794 havia reanimado no fundo do principais cadinhos do mundo ocidental, escreve André Breton, o pai do surrealismo, em 1915, que reinstalou o gosto irracional do romance noir, na cultura moderna. Para a elaboração das obras e das histórias modernas que ornam e complicam a trama central, Lewis inspira-se nos modelos germânicos (O Visionário, de Schiller; O Bruxo, de Weit Weber; lendas alemãs como a Monja Sangrenta, e, evidentemente, o Fausto, de Goethe).
Sofre igualmente a influência dos franceses (O Diabo Amoroso, de Gazzote, Justina, de Sade, a literatura anticlerical da Revolução e o Auto-da-Fé, de Gabiot), bem como dos espanhóis, dos escoceses e dos dinamarqueses, sobretudo da Balada de Alonso e Inogênia.
Na trama, Ambrosio, abade de um convento capuchinho, em Madri, cuja eloqüência, virtude e perfeição espiritual atrai a atenção de Satã, é cercado por um luxurioso e insaciável demônio, quando é seduzido por Matilde, uma nobre dama que entra no convento, vestida como uma jovem noviça. Ambrosio resolve obter os favores de uma das suas penitentes e entra nos aposentos da vítima escolhida, a bela Antonia, mas é surpreendido pela mãe da jovem. Louco de furor e despeito, ele estrangula a pobre senhora e, em seguida, obriga Antonia a beber um poderoso narcótico.
Todos a julgam morta e transportam a infeliz para os subterrâneos da igreja. Ali, em plenas trevas, entre os túmulos, o frade viola Antonia e a mata. Descoberto e denunciado à Santa Inquisição, Ambrosio é preso, torturado e condenado à fogueira. Para escapar do suplício, tenta concluir um pacto com Satã e vende-lhe a alma. Mas Satã não cumpre a sua palavra. Revela-lhe até que as mulheres que matou covardemente eram sua mãe e sua irmã. Depois, Lúcifer o carrega pelo céu, por cima de horríveis montanhas e precipita-o no interior dos abismos mais profundos. (Orlandi, 1969)
Alguns escritores criticaram o realismo, a fascinação pela decadência da carne, a corrupção física, a blasfêmia, enfim, os elementos que destruíram a delicadeza do drama O Monge, mas também aplaudiram o que poderia somente ter sido uma expressão de ira de um vigário contra a igreja, contra toda a filosofia de benevolência e sensibilidade, contra o modelo de virtude que foi promovido por Hannah More, e Maria Edgeworth em seus panfletos educacionais, contra qualquer coisa que tenha sido defendida pelos escritores devotos e críticos que reclamavam para agradar o público.
Embora os críticos descrevessem Beckford e Lewis como maus, obscenos, depravados ou sempre demoniamente possuídos, eles simplesmente representaram um público que estava sendo espiritual e esteticamente preparado por todo um século de razão, de empirismo e pensamento democrático. Depois dessa geração, esses autores iniciados continuaram sendo uma potente força na literatura inglesa, auxiliados por autores como Wordsworth, Tennyson, e Matthew Arnold, que experimentaram comparáveis períodos de confusão. (Bloom, 1981)
André Breton acrescenta:
O fantástico céu tempestuoso de O Monge, que cobre e descobre com uma violência sem igual o conflito entre as aspirações à virtude mais austera e o desejo carnal exasperado pela provocação mais ardente exercerá uma perseverante fascinação ao longo de todo o século XIX. (Breton, 1915)
O DIABÓLICO MELMOTH DO REVERENDO MATURIN.
O criador de Melmoth ou Homem Errante é o reverendo Charles Robert Maturin (1782-1824), da paróquia de São Pedro, em Dublin. O reverendo publicara já vários livros sob o pseudônimo de Dennis Jasper Murphy (A Desforra Fatal ou a Família Montório, em 1804; O Jovem Selvagem Irlandês, em 1808 e O Chefe Milesiano, em 1813), antes de publicar com o seu nome verdadeiro, primeiro uma tragédia, Bertran, e depois, Melmoth.
A história é inspirada, em grande parte, num romance aparecido em 1799, São Leão, de William Godwin, o pai de Mary Shelley. Há, também, influências de O Monge, de Lewis, e da Religiosa, de Diderot, bem como da lenda do Judeu Errante. A figura dominante é a do terrível Melmoth, personagem misteriosa e imponente, cujos olhos eram dos que nunca se desejaria ter visto e que não é possível esquecer. Melmoth fez um pacto com Satã, e ele próprio dirá no final de sua história (Marilyn, 1988):
Disseram de mim que eu obtivera do inimigo das almas uma vida mais longa do que a do prazo normal, cerca de cento e cinqüenta anos, e o poder de sulcar o espaço velozmente e sem qualquer estorvo, bem como o de visitar as regiões mais distantes à velocidade do próprio pensamento, que eu pude desafiar o raio sem temer ser atingido por ele e que logrei entrar nos cubículos mais recônditos e sombrios apesar das portas e dos ferrolhos.
Ajuntaram ter-me sido dado este poder para eu tentar os infelizes na hora terrível do desespero, oferecendo-lhes a esperança da libertação e da salvação desde que concordassem em trocar a sua situação pela minha.
Jamais, porém, alguém quis permutar a sua sorte com a de Melmoth, o homem errante. Percorri todo o mundo no decurso das minhas buscas e não se me deparou ninguém que para permanecer cá em baixo quisesse perder a sua alma. Nem Stanton no asilo, nem Monçada nos ergástulos da Inquisição, nem mesmo Walberg, embora tenha visto os seus filhos morrerem de fome, nem ainda uma outra.(Maturin, 1813)
Esta outra é Isidora, sua mulher, que ele conheceu sob o nome de Immalee, uma jovem pura, ignorante, que vivia numa ilha deserta após um terrível naufrágio, e que ele reencontrara mais tarde na Espanha, filha de uma rica família nobre. O casamento de ambos foi celebrado por um fantasma, após Melmoth ter morto em duelo o irmão de Isidora. A pobre garota, grávida, e depois abandonada por Melmoth, fora trancafiada nos cárceres da Inquisição por ter tido relações com o demônio. Mesmo Isidora, que viu morrer o filho nos seus braços e que vai ela própria morrer de desgosto, recusa trocar a sua sorte pela do seu tenebroso amante. Uma vez passados os cento e cinqüenta anos, Melmoth é atirado pelo demônio ao mar. (Orlandi, 1969)
A influencia da obra Melmoth foi importante na literatura francesa. Victor Hugo (Han de Islândia), Charles Nodier, Alexandre Dumas e Eugene Sue devem-lhe a evocação de certas atmosferas e de certas formas narrativas. Eis o que escreveu Baudelaire na obra Paraísos Artificiais:
Lembremo-nos de Melmoth, esse admirável símbolo. O seu espantoso sofrimento reside na desproporção entre as suas maravilhosas faculdades, adquiridas instantaneamente mercê de um pacto satânico, e o ambiente em que, como criatura de Deus, está condenado a viver.
Nenhum daqueles que pretende seduzir consente em comprar-lhe nas mesmas condições o seu terrível privilégio. Com efeito, todo o homem que não aceita as condições da existência vende a sua alma.
É fácil de apreender a relação existente entre as criações satânicas dos poetas e as criaturas vivas que se entregam aos estimulantes. (Baudelaire, 1855)
FRANKENSTEIN, O PROMETEU MODERNO.
Romance de caráter bastante gótico, apresenta narrativa aventureira, pessimista e com uma disputa entre criador e criatura, no campo das divagações, dos sonhos e da guerra física, na qual vence, com certeza, a criatura, que se mostra mais sensível, mais imaginativa e letrada que seu criador.
A comparação com Prometeu Acorrentado, de Ésquilo, vem a calhar no sentido que Victor Frankenstein dá à luz o ser inanimado.Há quem diga que a criatura de Prometeu, analogamente à de Victor, seria Júpiter, pois com esse deus supremo a humanidade corria riscos. Prometeu poderia ser encarado como Cristo e Lúcifer, expulso do mundo que ofendera, em função da necessidade de transmitir e apresentar conhecimento. (Marilyn 1988)
A história do ensandecido Victor, e sua horrenda criação, rendeu filmes, peças e algumas polêmicas no sentido do reforço à idéia de que para ser cientista, sábio, criador, é necessário uma boa dose de loucura, solidão e sofrimento.
Mary Wollstonecraft Shelley (1797-1851), filha do casal Mary Wollstonecraft, uma das grandes porta-vozes do feminismo do século XVIII, e William Godwin, filósofo e romancista, teve uma vida marcada por tragédias e alegrias.
Perdeu a mãe onze dias após seu nascimento devido a complicações do parto. Inteligente e com conhecimento de línguas, terminou sua educação com o marido Percy Shelley, que conheceu na casa do pai. Em dezoito meses, leu noventa obras de autores variados, entre eles: Goethe, Gibbon, Virgílio, Ovídio, Schiller e outros. Com apenas dezenove anos, Mary convivia muito bem com as cabeças pensantes radicais do seu tempo e seus amigos. Formavam um grupo apelidado de Liga do Incesto e do Ateísmo, tendo como seu principal representante, um vizinho do casal Shelley, o poeta Byron.(Millor, 1981)
Num dia de tempestade, Mary Shelley, Byron e um certo Dr. Polidori fizeram uma aposta: cada um escreveria uma história de horror e, depois, seria escolhida a melhor.
A única que levou adiante o projeto foi Mary, cujo texto foi publicado junto com leituras filosóficas, contos alemães que conhecia, e o seu poema Mazeppa. A autora escreve no prefácio de seu romance:
O tempo estava frio e chuvoso. À noite juntávamo-nos, portanto, em volta de um belo fogo de cavacas, e distraíamo-nos a ler histórias alemãs de fantasmas que vinham às mãos. Essas leituras concitaram em nós uma ânsia burlesca de emulação. Dois dos meus amigos e eu própria decidimos cada qual escrever sua história, baseada num fato sobrenatural. Mas o tempo tornou-se de súbito mais agradável, e os meus amigos trocaram-me por uma excursão aos Alpes. A minha história foi, pois, a única levada a bom termo.
A autora ainda aproveita para explicar como surgiu o monstro:
Vi, em sonho, o hediondo fantasma de um homem estirado e, em seguida, graças a ação de alguma máquina poderosa, mostrar ele sinais de vida, mexendo-se com movimentos contrafeitos, semivivos. (Shelley, 1818)
A obra O Frankenstein foi publicada em 1818 e obteve imediatamente um estrondoso sucesso de público e crítica. No enredo, Victor Frankenstein é um jovem sábio que, qual novo Prometeu, utilizando peças do corpo humano obtidas em cemitérios e em casas mortuárias, consegue fabricar um homem que, mais tarde, adquirirá o nome de seu criador.
Obviamente, este monstro é desprovido de alma e não tem a mínima experiência do mundo. Mas em poucos dias percorre as principais etapas da história humana, desde a descoberta do fogo até à cultura moderna, por ter encontrado numa arca alguns livros que se apressa a ler.
O monstro depressa trava conhecimento com a realidade da vida social, com a injustiça e a crueldade dos homens. Torna-se mau e utliza a sua força descomunal para cometer assassinatos. Vinga-se de sua desventura, matando a mulher, o irmão e o amigo do seu criador. Depois, refugia-se no Ártico. Perseguido e apanhado pelo sábio que o procurou para vingar a sua família destroçada, o monstro revolta-se uma última vez. Mata o seu dono e desaparece para sempre. (Orlandi, 1969)
AS LOUCURAS DE HOFFMANN.
Se a Inglaterra é a pátria do romance medieval e, posteriormente, do romance noir, a Alemanha, em compensação, é a da literatura fantástica do terror, a ponto de Edgar Allan Poe, para responder a críticos que o acusam de ter plagiado autores europeus, se sentir obrigado a dizer que o terror que suas histórias e contos encerram não proveio da Alemanha, mas sim, e unicamente, do mais profundo do seu coração.
O maior escritor fantástico alemão é Ernst Theodor Amadeus Hoffmann (1776-1822), músico, mestre de orquestra e escritor maldito. Para se libertar das preocupações da vida, Hoffmann entrega-se à bebida, e não é impossível.
Que grande número das suas alucinações provenha justamente de excessos alcoólicos. Sabe-se disso por meio de uma pequena coleção de contos, as Fantasias à Maneira de Callot (1814), prefaciada por outro grande escritor fantástico, Jean Paul Ritcher (1763-1825), autor de A Loja Invisível (1793), do Espero (1795) e sobretudo de O Titã (1803), que terão notável influência na obra de Hoffmann e na dos escritores da Alemanha.
Num livro complexo, Os Elixires do Diabo, encontram-se reunidas, de forma caótica, todas as teorias estéticas, literárias, filosóficas e morais de Hoffmann.
O santo frade Medardo bebe um misterioso elixir, encontrado no seu convento, que lhe provoca uma espécie de furor sensual. Enviado pelo seu prior numa embaixada a Roma, apaixona-se, no decurso da viagem, pela jovem Aurélia.
Para conseguir os seus propósitos, não hesita em cometer um crime. Mata Eufêmia, a sogra, e Hermógeno, o irmão de Aurélia, e depois refugia-se na Itália, onde é ajudado por uma personagem misteriosa e bizarra, o barbeiro Pietro Belcampo. Antes de se arrepender, Medardo deverá suportar as mais estranhas aventuras.
A inspiração medieval e negra, evidente em numerosos episódios do romance, reaparece nos contos da compilação Nocturnos, por exemplo, O Morgado e A Promessa, que retomam os temas de A Balada de Alonso e Imogénia e de O Monge, de Lewis, aparecidos em 1817.
Pouco apreciado na Alemanha, Hoffmann torna-se célebre fora do seu país. É sobretudo na França que cresce a sua notoriedade, por influência de Balzac na sua Peau de Chagrin, e rivaliza em sucesso com as Histórias Extraordinárias de Poe. (Bloom, 1981)
CHARLES BROCKDEN BROWN, PRECURSOR DE POE.
O primeiro homem de Letras americano a fazer da literatura uma profissão é Charles Brockden Brown (1771-1810), o importador do medievalismo na América, por meio das obras de William Godwin, Caleb Williams, mas sobretudo de Os Mistérios de Udolfo, de Ann Radcliffe, e dos escritores alemães.
Brockden Brown escreve, em 1798, a sua obra-prima Vieland ou A Transformação. Depois, em quatro anos, cinco outros romances do mesmo gênero são lançados, dos quais os mais notáveis são Ormond ou o Testemunho Secreto e Edgar Huntley ou as Memórias de um Sonâmbulo, ambos de 1799.
Contrariamente às obras européias similares, quer inglesas, quer alemãs, o americano situa as suas histórias no presente. O terror deixa de ser um sentimento exterior, causado pela atmosfera diabólica das velhas abadias em ruínas, das noites negras e das aparições de espectros.
Nasce no homem, no seu espírito e nas suas visões, que podem ser mesmo de caráter religioso.
Justamente por isso, Brockden Brown é o verdadeiro precursor direto de Edgar Allan Poe, que não contente de herdar a sua metafísica do horror, recebe dele igualmente temas para contos (O Poço e o Pêndulo é inspirado no capítulo XV do Edgar Huntley), sem falar no estilo muito peculiar que procura transmitir para o leitor o êxtase da vítima. O ponto de partida de Vieland é um acontecimento verídico. Em 1781, um agricultor de Tamhannock tinha sacrificado todos os seus animais, e em seguida sua mulher e os seus quatro filhos, para obedecer - novo Abraão - aos desejos de dois anjos que lhe haviam aparecido. Brockden Brown esforça-se por encontrar para o caso uma explicação racional: o seu assassino religioso foi arrastado, não por vozes celestiais, mas por um infame ventríloquo que abusou do seu espírito. (Orlandi, 1969)
O GATO GÓTICO DE POE.
Baudelaire, que tornou Poe conhecido na Europa, estimava a sua produção em cerca de setenta contos, cinqüenta poemas, oitocentas páginas de artigos de crítica e uma obra filosófica, Eureka. Poesia, ficção, crítica, eis os três primeiros domínios em que a arte de Poe se exercitou durante a sua curta e trágica existência.
Foi contudo como prosador que Poe registrou os primeiros sucessos artísticos e materiais. O Manuscrito Encontrado Numa Garrafa valeu-lhe, em 1833, um prêmio de 50 dólares, oferecido peloSaturday Visiter de Baltimore. Foi seguidamente na qualidade de crítico que se tornou célebre, sobretudo pela perseguição que promove contra os plagiadores, e pela violência verbal.,BR> A sua obra caracteriza-se por uma constante variação de temas, de situações e de imagens, tanto na prosa como na poesia e no ensaio. Apesar de ser considerada importante e interessante toda a obra de Poe, será estudado neste trabalho somente um conto, O Gato Preto, considerado um dos trabalhos mais góticos do autor.
O Gato Preto (1843) foi o conto que mais impressionou a fértil imaginação de Baudelaire e dos artistas franceses em geral, a tal ponto que, um cabaré, dedicado ao animal, abriu as suas portas em Montmartre em 1881. No conto, um homem é perseguido por um gato preto de quem gostou muito, mas ao qual um dia, embriagado, vazou um olho.
O ódio que o animal passou a ter dele torna-se tão insuportável que o dono do animal acaba por enforcá-lo. Sente, porém, um amargo arrependimento, e quando encontra, durante um passeio, um gato tão preto como o precedente e igualmente zarolho, leva-o para casa. Mas o animal também passa a odiá-lo.
Um dia, o homem desce ao sótão em companhia da mulher e do gato. Este o faz tropeçar e cair. Enfurecido, o homem tenta acertar uma machadada no animal, mas é a esposa que, ao tentar defender o animal, recebe o golpe. O homem empareda o cadáver da mulher no local e corre atrás do gato para o matar, mas não o encontra em parte alguma.
Depois de vários dias, durante uma busca da polícia, que procura a desaparecida, o homem está tão seguro de si que zomba da polícia, chegando até a perguntar porque não derrubam a parede do sótão. E bate com a mão na parte da parede que, recentemente, construíra. Sai dela um grito horrível. Os guardas derrubam a parede e deparam-se com o corpo da esposa e sobre o crânio está o fatídico gato. (Orlandi, 1969)
REI STEPHEN.
Stephen King é um divisor de águas na literatura do horror, pois reconquistou o grande público, transportando o gênero das masmorras e noites tempestuosas para o cotidiano do mundo moderno e a luz do dia.
Dentre suas obras, a que mais se assemelha com os ideais da Idade Média, uma das características retomadas pelo gótico, é Os Olhos do Dragão, apesar de haver, em todo o seu trabalho, muitos fantasmas e monstros, inspirados nos mestres do passado.
Em Os Olhos do Dragão, Flagg, um bruxo com mais de quatrocentos anos, planeja a destruição total do reino de Delain. Ele inicia seus planos malignos, convencendo uma parteira a matar a Rainha-Mãe, Sacha, no momento em que nasce Tomás. Depois, o bruxo coloca um veneno chamado areia-do-dragão na bebida do rei Rolando e na refeição de um pequeno camundongo. Ambos morrem. Flagg, então, coloca o rato no cofre de Pedro, filho mais velho de Rolando, e, assim, indiretamente o acusa de assassinar o próprio pai. Pedro é condenado a passar o resto dos seus dias na prisão, no alto da torre do Obelisco, enquanto, Tomás assume o trono e elege Flagg como conselheiro.
Porém, o bruxo não sabia, mas no dia em que levou o veneno até Rolando, Tomás o observava através da cabeça do dragão Nier, empalhada e pendurada no quarto do rei.
Com a ajuda da casa de boneca de Sacha e de fios de guardanapos, Pedro tece uma corda e foge do Obelisco, no momento em que Flagg preparava-se para matá-lo. A fuga leva-os para o quarto de Rolando, onde Tomás, com a arma utilizada pelo pai para matar o dragão Niner, acerta um tiro certeiro no olho esquerdo de Flagg, que desaparece, em meio à fumaças e gritos de dor.F.Wikepédia
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