segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
SUBCULTURA, TRIBO, MOVIMENTO,GÓTICO.
Existe uma polêmica entre o uso dos termos "subcultura", "tribo" ou "movimento" para certos tipos de grupos sociais contemporâneos. Alguns autores conceituam tais termos de forma bastante próxima, enquanto outros autores aplicam estes termos a relações sociais com características bem diferentes.
O conceito de "tribo urbana pós-moderna" foi popularizado por Michel Maffesoli no final dos anos 80. Ele salientava mais características grupais como fluidez, transitoriedade, o localismo e "espírito de máfia"
Conceito de "subcultura" é o mais adequado para o tipo de grupo social com as características 8-Estrutura da Subcultura Gótica: DIFERENCIAÇÃO CONSISTENTE, TRANSLOCALIDADE, IDENTIDADE, COMPROMETIMENTO e AUTONOMIA.
Algumas pessoas ou grupos podem se relacionar com a subcultura Gótica de formas menos comprometidas ou menos duradouras, convivendo com outras pessoas ou grupos que podem ter uma participação subcultural ao longo de décadas, funcionando como um eixo de sustentação. Mas também as mesmas pessoas podem passar por tipos e níveis de participação diferente ao longo dos anos.
No Brasil, o termo movimento foi bastante usado no passado, mas mais recentemente passou a ser questionado na sua adequação, aqui, devido a uma associação do termo apenas a "movimento social para mudar o mundo". Todavia este não é o único sentido do termo movimento, que pode ser usado, por exemplo, também para escolas artísticas. Em outras línguas, todavia, o termo "movimento" é eventualmente usado sem maiores restrições, com sentido próximo ao que usamos aqui para subcultura, ou em conjunto com outros termos.
GÓTICO: PRA SEMPRE "FORA-DE-MODA" (MAS COM MUITO ESTILO!)
Os estilos das modas comerciais passam, pois não são ligadas a nada de substancial. Os estilos subculturais permanecem, pois fazem parte de um sistema (sub)cultural.
Quando alguns jornalistas e bandas usaram pela primeira vez o termo "Gótico" para comentar um estilo, talvez imaginassem que fosse apenas mais uma moda passageira. Mas hoje, mais de 25 anos depois, em torno dos símbolos emitidos inicialmente (talvez inconscientemente) pelos artistas e seus trabalhos, se aglutinou todo um sistema simbólico de representação do mundo que vai muito além da música e do visual.
Desde os anos 80 até hoje temos a consolidação uma subcultura urbana não centralizada, com história própria, espalhada por países de todo o mundo. A subcultura Gótica inclui produção musical, literária, cinematográfica, moda, comportamento, economia e trabalho (lojas, gravadoras, editoras, clubes) e entretenimento, etc. E, claro, inclui também relações afetivas com estes símbolos tão significativos e entre as demais pessoas ligadas a esta subcultura.
A participação do tipo subcultural acontece em um grupo social que possui uma visão de mundo diferenciada da sociedade dominante, mas também diferente de outras subculturas. A visão de mundo diferenciada de cada subcultura é expressa ou vivenciada através de seu sistema de símbolos.
É importante ainda diferenciar os modismos que surgem DENTRO de uma subcultura X (decorrentes de sua evolução natural ao longo do tempo) dos modismos passageiros criados no mainstream inspirados em fragmentos de uma subcultura X pré-existente. São dois processos diferentes, mesmo que eventualmente possam se relacionar.
BASCI GÓTICO OU TENHO ALMA GÓTICA?
Quando nos sentimos atraídos por uma subcultura, muitas vezes intuitivamente ou apaixonadamente, isso acontece geralmente porque as representações da visão de mundo desta subcultura englobam, combinam parcialmente ou produzem uma integração na nossa visão de mundo pessoal.
Por isso, é comum ouvirmos alguém dizer que ao conhecer a subcultura Gótica "descobri que sempre fui Gótico(a)" ou "Eu nasci com alma Gótica". Obviamente estas são apenas formas coloquiais de dizer que aconteceu uma identificação com elementos que já existiam em nossa visão de mundo pessoal, em nossa personalidade, ou em nossos interesses pessoais.
OS ADOLESCENTES NAS SUBCULTURAS
Nem subcultura Gótica é um modismo adolescente, nem todos os adolescentes se deixam seduzir por "modismos adolescentes". Mas muitos adolescentes se aproximam da subcultura Gótica como se esta fosse um modismo adolescente. E, principalmente, nem todo adolescente se aproxima da subcultura Gótica por modismo.
Alguns adolescentes buscam pertencer a "qualquer rebanho" ou "gangue" que lhe ofereça uma identidade fácil que possa ser uma alternativa à identidade de "filho" dependente dos pais que tinha até então. Este tipo de participação subcultural não nos interessa aqui, pois quem se aproxima de uma subcultura apenas para "ter amigos" ou "uma galera" vai se afastar desta subcultura pouco tempo depois, muitas vezes falando mal dela ou a ela se referindo como "coisa de adolescente". De fato, para esta pessoa foi "coisa de adolescente" pois ela se aproximou por motivos equivocados: apenas por necessidade de pertencimento a algum grupo, necessidade de auto-afirmação e/ou uma identidade superficial e fácil.
Uma parte dos que se aproximam cedo de uma subcultura acabam se identificando de fato com o que ela significa. Mas para que isso aconteça é preciso que a pessoa descubra quem ela é ou quer ser. Subculturas não podem ser substitutos de nossa identidade, apenas fazem parte de nossa identidade, juntamente com outras coisas. Somos Góticos e ao mesmo tempo somos várias outras coisas não necessariamente relacionadas a subcultura Gótica.
Sem dúvida, a convivência entre pessoas maduras que se percebem como Góticas inclui também "a proximidade afetuosa" ou "celebração grupal", mas neste caso a participação e pertencimento na subcultura Gótica não se baseiam apenas nestes dois fatores, pois a percepção de identidade subcultural permanece mesmo na ausência deles.
O DESAPARECIMENTO SOCIAL DA MORTE (E DA VIDA.)
Os Góticos são muita vezes caricaturizados pela mídia de massa como pessoas mórbidas ou obcecadas pela morte. Esta visão redutora e preconceituosa espelha mais o recalque da cultura dominante em relação aos temas morte e mortalidade, e não diz nada sobre a subcultura Gótica.
Conseguimos integrar cotidianamente nossa relação com a morte, processos vitais e de envelhecimento? Como Walter Benjamin nos lembra, durante o século XX vivenciamos na sociedade urbana industrializada do ocidente o "desaparecimento" da morte e de outros processos que costumavam gerar historicidade e sentido em nossas vidas. Os nascimentos e os moribundos foram escondidos nos hospitais. Os velórios foram retirados das habitações e cada vez mais existem espaços públicos ou empresas privadas que tem espaços para o velório. Também os processos de preparação do morto para o enterro cada vez mais passam longe de seus familiares, lar e amigos.
Assim, nossos "lares" e nossas vidas perderam muito de sua historicidade e sentido, e nossa percepção do processo vital natural foi brutalmente distorcida. Pior, ao perdermos a noção da perecibilidade e do ciclo vital, perdemos a noção de valor da vida que só o contato com a morte e os nascimentos nos traziam.
Não é nenhuma surpresa a existência de um subcultura que faz questão de "se" lembrar da morte e do "carpe diem", valorizar a vida constantemente. Neste aspecto, podemos considerar a subcultura Gótica mais saudável e integrada do que a cultura economificada dominante, visto que esta última se aliena e até cinde com realidades vitais e vitalizantes.
Não se trata de pessimismo ou negativismo, mas, isto sim, de uma reintegração de aspectos da vida e da realidade humana. Principalmente daqueles aspectos hoje mais rejeitados e negados socialmente. Quem freqüentar a cena Gótica, em pouco tempo vai perceber que ela é bastante divertida e vivaz.Wikepédia.
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