sexta-feira, 16 de abril de 2010
O menino do Pijama Listrado.
John Boyne é um escritor irlandês contemporâneo que, segundo consta no livro, escreveu esta narrativa de 186 páginas sobre um menino chamado Bruno, de nove anos de idade, em apenas dois dias e meio. Nunca havia ouvido falar nele até então, quando encontrei este volume à venda numa loja de conveniência em um posto de gasolina, durante minhas férias recentes. Um escritor de alguns livros, porém nenhum se comparando com este em questão de trama.
O enredo é simples e batido: Segunda Guerra Mundial e os nazistas. A narrativa é até mesmo similar ao pensamento de uma criança desta idade, embora seja em terceira pessoa, quando se percebe que Bruno, filho mais novo de um comandante do exército alemão, não consegue pronunciar certas palavras que lê e ouve, como quando pronuncia "Fúria" ao invés de "Führer" para se referir a Hitler (trocadilho que, em português, é curioso).
A família mora em Berlim, porém o próprio "Fúria" indica o pai de Bruno para trabalhar em um famoso campo de concentração muito longe de sua cidade. Bruno não gosta da idéia, pois sempre morou na mesma casa grande, onde gostava de brincar de explorador, descer pelo corrimão da escada, entre outras coisas que todo menino de sua idade adora fazer.
Bruno é uma criança que, para muitos leitores, pode parecer bastante mimada, e podem ter razão em pensar assim: um garoto que não tem noção de nada do que se passa ao redor, a não ser satisfazer suas necessidades imediatas de boa vida, já que nunca passou por dificuldade alguma em seus nove anos de vida. Até que vai para uma nova casa muito distante de sua terra natal, devido ao trabalho que foi incubido ao pai realizar. É então que conhece o menino de pijama listrado.
Shmuel é um garoto polonês da mesma idade de Bruno, porém com uma vivência muito diferente de seu novo amiguinho alemão. O que mostra que o amadurecimento de Shmuel é extremamente precoce em relação ao outro. É como se diz por aí: o sofrimento sempre traz experiências, nem sempre boas, entretanto. Judeu feito prisioneiro dos nazistas, é terrivelmente magro e triste, contrastando com a aparência do pequeno alemão, que não consegue entender, ou ao menos suspeitar, o porquê dele ser daquele jeito.
A família de Bruno passa mais de um ano vivendo ao lado do campo de concentração, e durante todo esse período o menino observa cenas e comportamentos incomuns das pessoas ao seu redor, com as quais nunca esteve acostumado, e parece não conseguir se dar conta do que acontece, pois não demonstra amadurecer quase nada com uma situação tão estranha como aquela, onde pessoas são encarceradas, humilhadas e torturadas diariamente. Está certo, é apenas um rapazinho de nove anos, que sempre teve o carinho e atenção de seus pais, nunca se preocupando com nada além de suas brincadeiras. Porém acho insólito, mesmo para uma criança tão pequena, viver alienada de algo tão brutal que ocorre nos fundos de sua casa (ele consegue ver o campo de concentração da janela de seu quarto). Mesmo conversando muitas vezes com Shmuel, ele não se apercebe de coisa alguma, até mesmo prefere tentar ignorar certos fatos que aparecem debaixo de seu nariz.John Boyne
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