quarta-feira, 14 de julho de 2010

Os Bardos.


Os bardos eram os menestréis dos antigos povos celtas que, acompanhados de suas harpas, cantavam os feitos dos deuses e heróis, ora nas reuniões palacianas, com cantos de amor e aventuras, ora nos acampamentos militares ou à frente das tropas, nos momentos das guerras, incitando-os à luta. Difundiram-se entre os galeses, escoceses, irlandeses e ingleses, e passaram à Bretanha francesa no século V, sofrendo influência do cristianismo em sua temática.
Cada família nobre orgulhava-se de seus bardos favoritos. Na Irlanda houve até escolas para a sua formação. Nesse país, suas canções, guardaram e transmitiram oralmente grande parte de sua história nacional. No País de Gales, gozavam de regalias especiais, como isenção de impostos e serviço militar.
Depois do século XII até a morte da rainha Elizabeth I (1603), organizavam-se espetáculos ou festivais de canto e poesia, os Eisteddfod (congresso), nos quais se exibiam os bardos. Os vencedores recebiam como prêmio o direito de figurar como bardos oficiais ou músicos de igrejas. No século XIX, procedeu-se à reorganização dos Eisteddfods, transformando-se o festival em uma instituição importante e estimulante para a vida intelectual e artística do País de Gales, com celebração anual, ora no norte, ora no sul, por meio de concursos de prosa e poesia e de música instrumental e vocal. Na Escócia, a despeito da influência da poesia dos bardos, sua importância nunca foi a mesma. Faltou-lhes a organização dos bardos galeses.
No século XVI, o termo bardo possui uma conotação de menosprezo. Na linguagem atual, a palavra tem dois significados: a) de modo geral, um poeta; b) especificamente, um grande poeta, com caráter e significados nacionais, no qual o povo reconheça o intérprete de sua língua e sentimentos.
Nas lendas arthurianas (leiam "As Brumas de Avalon", de Marion Zimmer Bradley) temos dois grandes bardos: Taliesin e Kevin. Além de bardos, detinham também o título de Merlin. Primeiro foi Taliesin, conselheiro do grande Rei Arthur e também era considerado o maior bardo da Britânia. Porém, devido à sua idade avançada, foi escolhido Kevin para substituí-lo. Uma particularidade deste é que ele era aleijado, e mesmo sendo corcunda e tendo suas mãos disformes, tocava maravilhosamente bem a sua Harpa, a qual Kevin se referia como sua amada. Ambos, entretanto, eram quem animavam as festas da corte de Arthur, com seus versos que cantavam o amor e histórias de cavalaria, sejam elas verdadeiras ou não. Eram conhecidos por todos pelos seus versos e músicas.
Pode-se dizer também que, em parte, os bardos foram responsáveis pela mitificação das bruxas e dos cavaleiros medievais. Seus versos transmitiram a gerações as histórias sobre essas figuras tão importantes na Idade Média. Apesar de que a maioria dos cantos dos bardos era inventada, sua contribuição cultural é muito importante. Graças a eles, temos ainda hoje preservadas muitas lendas e muitas versões delas, como por exemplo, as fascinantes histórias que tratam do Rei Arthur. Essas lendas também têm influenciado muito os escritores da atualidade, que fazem reviver os personagens, sejam eles fantásticos, míticos ou até mesmo reais, daquela época distante chamada Idade Medieval.
O Caminho do Bardo.
Para trilharmos este caminho vamos nos entregar à idéia abstrata do trabalho e do propósito alcançado ao examinarmos:
O que ele é. O que ele deve saber. O que ele deve tornar-se. Este último ponto é, de longe, o mais importante, porque determina o seu futuro. Seu trabalho, como também o do 0vate, apresenta um grande leque de possibilidades e de realizações, tão amplo que sua definição não caberia em qualquer outro livro que não o Grande Livro da Natureza.
Foi por meio da atividade inteligente dos Bardos, mantenedores da língua e da Tradição, que as obras de seus antepassados puderam ser conservadas (Myrddin-Merlin, Aneurin, Taliesin, por exemplo). Também, foi graças a eles que se tornou possível a transcrição do "Mabinogion", que codifica uma parte da Tradição Oral, assim como do Barddas e das Tríadas que atualmente ainda são ensinadas.
Ele É:
É antes de tudo, um filósofo no sentido primordial da palavra, isto é, um amigo da sabedoria. É um mágico do verbo, falado e escrito. A partir destes fatos, as funções a seguir lhe são bem apropriadas:
Ele é sobretudo poeta, artista e escrivão e, quanto a isto, está sob a proteção da Tripla Deusa Brigite (Arquétipo inspirador das obras) e sob a influência de Ogmios (o Arquétipo das ligações entre deuses e homens, e da eloqüência).
O Bardo é músico, o que distribui o louvor e a censura sem fazer uso da escrita. Lembremo-nos de que, para a Tradição Druídica, a palavra (principalmente, embora não unicamente, escrita) é inferior, em transmissão e dignidade, ao pensamento.
Ele tem também por atribuição tanto a história e a genealogia quanto a literatura, a diplomacia, a arquitetura. Ele conserva o fundo lendário das antigas crenças.
Ele deve conhecer a maior parte das outras formas de sabedoria, de filosofias. Mas, procurará, mais particularmente, aprofundar-se na sabedoria contida na Via Druídica. Esforçar-se-á em assimilá-la bem e cogitar em seguida.
Deve Saber:
Estudar e aprofundar ao máximo a mensagem, o simbolismo, o espírito contido nas Tríadas, e poder comentá-las.
Estudar o conjunto da Tradição Druídica, os contos, as lendas, os símbolos tão ricos, tão variados e tão determinantes para sua evolução, para seu futuro na Fraternidade dos Druídas.
Estudar com atenção a Natureza e suas forças captadas tanto sobre a terra quanto no céu. Conhecer e empregar a magia do verbo ligada às condições, ao conjunto e ao ambiente do mundo no qual evolui.
O Bardo, sendo um instrumento do Verbo e do Sopro, tem a função de realizar a concordância, de buscar a harmonia.
Ele ajuda, segundo suas capacidades e seus meios, a elevar o nível espiritual da humanidade à qual pertence.
Ele é o cervo ou a corça. Ele bebe na fonte e segura a seiva na raiz. A Bétula é a sua árvore, a avelã seu alimento.
Ele pratica o número e a medida, a analogia e a simbólica.
Deve Tornar-se:
Um trabalhador sincero e sério, competente e atento aos conselhos dados pelos Druídas encarregados de o amparar e de o guiar.
O Bardo deve dominar absolutamente o verbo e a palavra, a fim de dizer o que deve ser dito, sem rebaixar-se nem se comprometer. Ele não está aqui para agradar, mas para transmitir, preservar e aumentar a sabedoria dos antigos, a fim de deixar para aqueles que vierem posteriormente, referências sólidas, um poço, ainda mais profundo, de conhecimento e de uma ciência justa.
O trabalho que deve realizar ele o faz, só, no silêncio profundo da meditação, lembrando-se de que esta é "uma concentração inflamada sobre o Eu majestoso". Desta meditação, que deve ser assídua e amparada, jorrará a intuição genial, tão cara ao Coração dos Druídas e base de sua filosofia. O Bardo provará que se refere ao ser interior, ao homem verdadeiro e não ao homem exterior, versátil e afogado nos pensamentos de outrem.
Procurará aguçar sua memória e seu sentido de observação. A memória lhe servirá, mais tarde, para ensinar e a observação lhe permitirá permanecer com "os pés no chão", pois, caso contrário, pode se produzir o perigo do "desprendimento", perigoso para seu equilíbrio e para seu futuro. Após isto, verá, com certeza, que para progredir deve amar, criar e aprender.
Amar no sentido do respeito à Natureza e às suas leis e no sentido do poder manifestado, porque a caridade sem poder é como uma árvore sem sua seiva.
Criar, pela magia do verbo, das formas-pensamento poderosas e positivas, dos poemas e cantos.
Aprender, para conhecer o mais profundo de seu ser. Não julgar, nem para medir, mas para constatar o porquê de um evento, de um ato. Para criar o Verdadeiro diante do mundo, removendo tudo o que é suscetível de levar o homem a cair e lhe arrebatar, desta forma, seu lugar no Cosmos.
Também deverá aprender a escutar, a perceber e a compreender.
Escutar o canto contínuo da criação que se difunde em ondas multicoloridas em todas as formas de manifestação.
Perceber as mensagens dos guias, dos "Devas" e de todos os que, como ele, buscam a Luz.
Compreender que o Homem sempre será o mestre de seu destino, visto que tem a possibilidade de escolher seu futuro; que a beleza do mundo reside na diversidade. O princípio unitário só pode existir quando sustentado pela diferença, que a verdade reside na beleza.
A Terra é sua Mãe. Ele trabalha para o desdobramento de todas as forças sagradas. Ele é o homem do rio, o homem da clareira. Ele é o Melro do Um .
O caminho do Bardo é traçado na Mãe Natureza e é por esta única senda e pela iniciação feminina, amorosamente vivida no próprio seio da Terra, que sua alma receberá a marca indelével do fogo e do orvalho, que o farão um filho nascido das grandes forjas da Vida.F.P.Wikepédia

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