quinta-feira, 8 de julho de 2010

Vodu Africano.


Na versão mais conhecida da mitologia jeje, a do povo fon, Mawu ou Mahu, que alguns identificam à Nanã dos iorubás, é a deusa suprema, que criou a terra e os seres vivos. Ela é associada a Lissá, masculino, co-responsável pela Criação assimilado ao Oxalá iorubá, e os voduns são filhos e descendentes de ambos e seus agentes no comando do Universo. A divindade dupla Mawu-Lissá é intitulada Dadá Segbô (Grande Pai).
Convém observar que o sexo dos voduns é, muitas vezes, difícil de determinar. Ao contrário dos orixás iorubás, que costumam ser imaginados com uma forma humana nitidamente individualizada, os voduns são freqüentemente concebidos como puras forças da natureza, que podem se manifestar em forma feminina ou masculina. Tanto na África quanto nas Américas, um mesmo vodum pode ser considerado como masculino, como feminino, como andrógino, como um par de irmãos e esposos de sexos opostos ou como um animal ou fenômeno natural de sexo indeterminado, dependendo da região ou da manifestação ("qualidade") específica.
Assim, Mawu, que para os fon do atual Benin é uma deusa criadora identificada com a Lua, é para os ewe do atual Togo é um deu-céu, criador dos espíritos ou voduns (mawu-viwo, filhos de Mawu) para ligá-lo aos humanos, e outra versão do mito faz de Mawu um deus andrógino.
Segundo outras tradições, esse culto foi introduzido pelo rei Tegbessu, que passou muitos anos preso em Oió como refém dos iorubás e começou a difundir hábitos e costumes estrangeiros depois de entronizado, junto com sua mãe Nan Uenguelê. Originalmente, a divindade suprema teria sido Dan ou Dã, vodum da riqueza, representado pela serpente do arco-íris, equivalente ao Oxumaré iorubá. Por seu meio teriam sido criados os fenômenos atmosféricos, como o trovão, representado por Heviossô.
Os voduns são agrupados em "famílias" chefiadas por um vodum principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. Entre os voduns menores, alguns se tornaram particularmente importantes nos cultos afro-americanos, como Aziri, sincretizada no Brasil com Oxum. Segundo Nei Lopes, os voduns formam três grupos ou panteões, os do Céu, do Mar e da Terra:
Os voduns do Céu (dji-vodun) integram o panteão de Mawu-Lissá:
* Loko, primogênito dos voduns, representado pela árvore sagrada conhecida pelos iorubás como Iroco e na África de língua portuguesa como "amoreira africana" (Milicia excelsa) e que foi substituída no Brasil pela gameleira branca (Ficus doliaria).
* Aguê, vodum da selva e da caça, detentor dos segredos da arte e da técnica, sincretizado no Brasil com o Oxóssi iorubá.
* Dji, vodum do trovão.
* Adjakpá, vodum da água potável.
* Aiabá, vodum protetora do lar.
* Wete e Alawê, protetores das riquezas de seu pai, Lissá.
* Aizu e Akau, protetores das riquezas de sua mãe, Mawu.
* Gu, vodum dos metais, guerra, fogo, da morte violenta, dos ferreiros e protetor dos recém-circuncidados, equivalente ao Ogum iorubá.
Os voduns do Mar (to-vodun) seriam os que integram o panteão de Sô:
* Sogbô ou Sobô, chefe do panteão que mora no céu e de lá fulmina os ladrões, feiticeiros e malfeitores.
* Agoê ou Hu, vodum do mar sempre em movimento.
* Na Etê, a chuva.
* Heviossô, vodum que comanda os raios e relâmpagos, equivalente ao Xangô iorubá.
* Badé
* Avrequetê, vodum que habita a arrebentação marinha e leva as men­sagens de seu pai Hou às di­vindades marítimas e aos homens.
* Topodum
Os voduns da Terra (ayi-vodun) são os do panteão de Sakpatá, rei do solo, senhor do chão, que representa tudo o que está na terra.
* Sakpatá, vodum da varíola, equivalente ao Xapanã iorubá. Possui outro nome, menos perigoso de pronunciar: Ainã.
* Corrossu e Niobê Ananu, causadores da varíola.
* Da Zodji, causador da disenteria e dos vômitos.
* Da Longan
* Da Sandji e seu irmão gêmeo Bossu Zurron
* Aglossutô, causador das feridas incuráveis.
* Arrossu Ganvá, causador dos inchaços.
* Avimajé
* Aizã ou Ayizan (Aziza entre os gwen), dona da crosta terrestre e dos mercados.
Além destes três grupos, citam-se os seguintes voduns importantes:
* Nanã Burucu, vodum muito antigo e respeitado. Segundo algumas tradições, é a mesma que Mawu. Para outros, é o mesmo que Sabadã.
* Legbá, caçula de Mawu-Lissá, de quem também é mensageiro e intermediário, representa as entradas e saídas e a sexualidade e é sincretizado com o Exu iorubá. Nennhuma comunicação entre Mawu e um vodum pode ocorrer sem sua intervenção. É ele quem estabelece essa ligação e por isso deve receber oferendas e libações antes de todos os voduns.
* Fá ou Afá, vodum da adivinhação e do destino, equivalente ao Orunmilá iorubá. Veículo entre o mundo visível e invisível, conselheiro e guia dos homens, que indica as diretrizes para os negócios de todos os dias.
* Agassu, vodum que representa a linhagem real do Reino do Daomé.
Existem ainda os voduns clânicos (henu-vodun), peculiares a determinados clãs e que carregam os títulos de togbé e atá, como:
* Atá Kpessu, vodum da guerra.
* Atá Sakumo, chefe dos voduns de seu clã.
* Mamá Kole, sua esposa, simbolizada pelas águas doces dos solos arenosos.
F.P.Wikepédia.

Nenhum comentário: