quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A bruxa.

Sob a luz da lua a mulher nua banha-se no sereno. Murmura palavras de magia e, em sua fantasia, flutua acima da terra. Comprime as mãos e enterra as unhas em sua palma até sentir-se ferida na carne e na alma. Esse simbólico flagelo derrete o gelo de seu coração. A mulher vestida de brisa alisa seu próprio corpo nesse ritual delirante entrega-se ao seu amante imaginário. Quando cessa sua loucura com espírito e corpo ferido suas roupas rotas ela procura. Veste-se e volta para o marido. Não termina aqui sua história, resta ainda um desesperado aceno, liberta-se cheia de glórias dando ao seu tirano algumas gotas de veneno. Assim, louca e descabelada volta à lua e ao sereno para sentir-se novamente amada por seu amante não terreno. Mauro Gouvêa.

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