quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

As faces da deusa Sekhmet.

Amada e temida na mesma medida: esta é a deusa Sekhmet, cujo culto originalmente institucionalizara-se na cidade de Mênfis. Ao lado de seu esposo Ptah (“o criador”) e de Nefertum (“o todo que ressurge”), formava uma importante tríade. Sendo representada como uma figura feminina antropozoomorfa, mista de corpo de mulher e cabeça de leoa, a deusa possuía um disco solar lhe encimando a cabeça – fato intimamente ligado à sua relação com o deus Rá. Sekhmet (“a poderosa”), filha de Rá, frequentemente era associada à figura da deusa Háthor – encenando, neste aspecto, o lado mais sombrio desta deusa: assim, enquanto Háthor representava a gravidez, o nascimento, o prazer, a música e a dança, Sekhmet era intitulada como “a destruidora” ou “a senhora da peste”. Mas engana-se quem pensa que a deusa representava“o Mal em si”, visto que o caráter intolerante da deusa Sekhmet estava intimamente ligado à falta do espírito de lei e ordem nos homens – o que lhe causava uma fúria destrutiva de caráter punitivo. Sendo assim, Sekhmet também era intitulada como “a única que ama Maat e detesta o Mal” – sendo Maat a deusa egípcia que representava a Ordem, a Justiça e a Verdade. De acordo com o mito, Rá teria ficado irado ao ver que a humanidade não estava respeitando os preceitos da deusa Maat, decidindo, assim, enviar a deusa Sekhmet (“o olho de Rá”) para que esta punisse a humanidade. E assim os campos fartaram-se com o sangue dos homens. Mas como o deus Rá não era uma divindade malévola, ao deparar-se com tamanha carnificina ele acabou arrependendo-se de seu ato, uma vez que a deusa Sekhmet não conseguia discernir os bons dos maus, matando a todos. Assim, Rá preparou 7.000 jarros de cerveja com suco de romã, deixando a cerveja avermelhada como o sangue, e deixou no caminho da deusa que, desapercebida, acabou bebendo a cerveja achando que era sangue: após beber todos os jarros, Sekhmet teria ficado tão bêbada que acabou entrando num sono profundo, do qual acordara somente três dias depois. Ao acordar, a fúria da deusa havia desaparecido, e, assim, Rá havia salvado a humanidade de sua ira implacável. Sendo Sekhmet, portanto, uma deusa temida devido ao seu grande poder, os egípcios constantemente buscavam agradar à deusa com festividades e oferendas, visto que como inimiga a deusa era implacável, trazendo doenças e pragas, mas, como amiga, curava doenças e afastava as pragas e protegia contra o Mal.Johny Alberto Monitor do Museu Egípcio.

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