domingo, 2 de fevereiro de 2014

os olhos.

Os olhos foram feitos para ver coisas insólitas, fez-se a alma para gozar da alegria e do prazer. O coração foi destinado a embriagar-se na beleza do amigo ou na aflição da ausência. A meta do amor é voar até o firmamento, a do intelecto, desvendar as leis e o mundo. Para além das causas estão os mistérios, as maravilhas. Os olhos ficarão cegos quando virem que todas as coisas são apenas meios para o saber. O amante, difamado neste mundo por uma centena de acusações, receberá, no momento da união, cem títulos e nomes. Peregrinar nas areias do deserto nos exige suportar beber leite de camelo, ser pilhados por beduínos. Apaixonado, o peregrino beija a Pedra Negra ansioso por sentir mais uma vez o toque dos lábios do amigo e degustar como antes o seu beijo. Ó alma, não cunhes moedas com o ouro das palavras: o buscador é aquele que vai à própria mina de ouro. Rumi.

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