sábado, 13 de janeiro de 2018

ENCONTRO MARCADO

ENCONTRO MARCADO Quando a aflição lhe bateu à porta, o discípulo tomou as noticias do senhor e leu-lhe a promessa divina: “Estarei convosco até o fim dos séculos...” Acendeu-lhe a esperança no imo d'alma. E, certa manhã, partiu à procura do mestre, à feição da corça transviada no deserto, quando suspira pela fonte das águas vivas. Entrou num templo repleto de luzes faiscantes, onde se lhe venerava a memória; todavia, não obstante sentir que a fé aí brilhava entre cânticos reverentes e flores devotas, não encontrou o Divino Amigo. Buscou-o nos vastos recintos, onde se lhe pronunciava o nome com reflexão de supremo respeito; contudo, apesar de surpreender-lhe o ensinamento puro, no verbo daqueles que sobraçavam dourados livros, não lhe anotou a presença. Na jornada exaustiva, gastou as horas ... Em vão, atravessou portadas e colunas, altares e jardins. Descia, gélida, a noite, quando escutou os gemidos de uma criança doente, abandonada à sarjeta. Ajoelhando-se, asilou-a amorosamente na concha dos próprios braços. Ao levantar os olhos, viu Jesus, diante dele. Fremente, bradou: - Mestre! Mestre!... O excelso benfeitor afagou-lhe a cabeça fatigada, como quem lhe expungia toda a chaga de angústia, e falou, compassivo: - Realmente, filho meu, estarei com todos e em toda a parte, até o fim dos séculos; no entanto, moro no coração da caridade, em cuja luz tenho encontro marcado com todo os aprendizes do bem eterno... Debalde, tentou o discípulo reter o Senhor de encontro ao peito... Através da neblina espessa das lágrimas a lhe inundarem o rosto mudo, reparou que a celeste visão se diluía no anilado fulgor do céu vespertino, mas na acústica do próprio ser, ressoavam para ele agora as palavras inesquecíveis: - Toda vez que amparardes a um desses pequeninos, por amor de meu nome, é a mim que o fazeis... Meimei

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