Os gnósticos, membros das muitas seitas secretas, desde a Antiqüidade, consideravam que o verdadeiro caminho para a Salvação era o Conhecimento Espiritual e não a fé ou as ações. Todas estas seitas, naturalmente, foram muito influenciados por conceitos mágicos derivados das misteriosas religiões do Oriente.
Embora, a mão de bonze acima costume ser interpretada como um símbolo de aproteção contra o "mal-olhado", é quase certo que, para o iniciado gnóstico, seu proprietário original, tivesse um significado bem mais profundo. Talvez simbolizasse o nome de Abraxas, o qual aparece talhado em muitos dos amuletos gnósticos. A cabeça de carneiro é um símbolo de Júpiter e a pinha sobre o polegar significa espiritualidade e reencarnação. Idem a serpente espiralada, embora, para esta, sempre se possa encontrar outros atributos...
Abraxas era mais do que um deus comum: era o Senhor do Primeiro Céu e do ciclo do Renascimento, Morte e Ressurreição. Escreve-se seu nome em grego e se substituem as letras por seus equivalentes numéricos. A soma dará um total de 365, número de dias do ano solar.
A crença gnóstica tem um verdadeiro panteão de seres e entidades, quase todas "não-nascidas", uma mitologia própria, entre eles, o sempre mal compreendido Abraxas, aquele que nos força à busca da Gnose, e, segundo Jung ,"o criador e destruidor de seu próprio mundo, ao mesmo tempo o deus e o destino do homem". Abraxas é aquele que desmascara a farsa do demiurgo, o criador invejoso do Gênesis. Embora as gematrias de Abraxas, tanto em grego quanto em hebraico, totalizem 365, ele não é propriamente um deus ou uma energia astrológica. Estaria bem além da astrologia e o número 365 demonstra um ano, um ciclo e uma época. Mas também o TEMPO e uma prisão...
Contudo, ele representa a possibilidade de quebra destes ciclos criados pelo demiurgo, ou Saclas, identificado com Saturno, o Senhor dos Ciclos.
Abraxas coresponde à libertação de qualquer grilhão, tanto os cíclicos, quanto aqueles que estão além das racionalizações.
A mais elaborada forma de racionalização dos ciclos é a própria astrologia, da qual "devemos nos libertar um dia". Abraxas é o grande Incitador, aquele que nos impele para além dos limites da consciência e nos aparta de qualquer sistema de racionalização. Mas aconselha também o silêncio, para que nos livremos de dizer o indizível... Abraxas representa a Força Original de Deus, oculta em cada átomo, portanto, onipresente, pois não há em todo Universo, qualquer lugar onde esta Força Original não se faça presente.
Para seus devotos, é ele quem capacita o Verdadeiro Homem a realizar o Plano de Deus, plano este que seria a Base do Universo. Por esse motivo, a Sétima Região Cósmica é denominada o "Jardim dos Deuses", a Grande Oficina Alquímica. O Verdadeiro Homem, nascido de Deus, deve ingressar nessa Oficina para, mediante sua atividade, "engrandecer" a Idéia de Deus. Por isso, a Escritura Santa diz que o Homem foi criado para engrandecer a Deus, para engrandecer a Majestade de Deus; e por isso a Filosofia Hermética fala de Abraxas e de suas Quatro Emanações.
(Não é um catecismo muito estranho, não... Aliás, por alguma razão, nos soa até bem familiar... )
Porém, a Força Original de Deus contém em si quatro outras qualidades, a saber: Amor, Sabedoria, Vontade e Atividade.
Dizem os iniciados que "o princípio fundamental da Substância Original e as Quatro Emanações daí emergentes se relacionam entre si como uma Estrela de Cinco Pontas, como um Sol Universal, como Abraxas, resplandecendo, em brilho e majestade". Aquele que, da única maneira correta, quer liberar as forças entranhadas na Substância Original e almeja aplicá-las à Vida, precisa conhecer bem todos os segredos da Fórmula e usá-los na ordem correta.
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