terça-feira, 29 de setembro de 2009

O círculo sagrado celta.


Deus é um círculo cujo centro está em todos os lugares e cuja circunferência não está em lugar nenhum”
[Hermes Trismegistus)
O mundo antigo abriga inúmeros mistérios, lendas, mitos e testemunhos artísticos e arquitetônicos das civilizações perdidas. Tudo isso está envolto nas brumas da ancestralidade e fascina o homem desde sempre. Embora muitos livros já tenham sido escritos apresentando versões variadas para buscar explicar essas culturas, e pesquisadores tenham percorrido sítios arqueológicos para comprovar a origem e datar no tempo monumentos dessas civilizações da Antiguidade, eles continuam a nos arrebatar a imaginação e a nos convidar para fazer reflexões mais profundas sobre a origem e a história da nossa humanidade.
Dentre tantos monumentos do mundo antigo, para nós ocidentais o enigma arquitetônico mais famoso e intrigante é Stonehenge. O círculo, o labirinto, é uma forma presente em todas as tradições e culturas, e esse é um legado da tradição e cultura celta. Como toda cultura constitui um todo indissociável, esse monumento demonstra que estamos todos integrados no tempo; e que presente e passado são facetas de uma mesma existência.
Os celtas nos deixaram uma mitologia de grande beleza e uma tradição espiritual mágica cujas lendas magníficas contêm inegável poder revelador e inspirador. A estrutura poderosa do círculo de pedras de Stonhenge proporciona não apenas a visão do fato concreto, mas também uma experiência subjetiva profunda de apreensão da essência da cultura do povo celta.
Diante de monumentos dessa grandiosidade, o transcendente se manifesta e revela a simbologia sagrada da vida; o passado e o presente se unem; o racional e o espiritual dialogam e, desse diálogo, nascem novos conceitos de realidade e visões de mundo.
Nesse novo milênio, as alianças entre sobrevivência e transcedência, mundo interior e mundo exterior, serão o alicerce da construção de um homem melhor. As tradições espirituais e a sabedoria contida nelas revelam a unidade na diversidade do conhecimento e de todas as manifestações da vida.
No Ocidente, Stonhenge é o monumento pré-histórico mais conhecido e pesquisado, e é visitado por milhares de pessoas anualmente. Localizado na planície de Salisbury, sul da Inglaterra, ele reina soberano na paisagem descampada em místico isolamento.
Quando o visitante avista o magnífico círculo formado por imponentes blocos de pedra cinza chamada sarsen – um tipo de arenito muito duro -, sente a força e envolvência do mistério que o monumento encerra. Os blocos de pedra medem 4 metros de altura e são denominados menires; encimados pro enormes pedras horizontais, dolmens, formam um enorme círculo contínuo com aberturas regulares entre as pedras.
Diante da magnificência do círculo sagrado, nos transportamos para um passado desconhecido, porém pressentido, e sentimos o poder do dinamismo efetivo dos símbolos, a imagem acolhedora da roda, do círculo, e percebemos como essa é uma forma geométrica sagrada e atuante em nosso psiquismo. Temos sede de unidade. O círculo sagrado nos apresenta uma concepção unificante do sentido da vida; por isso nos atrai tanto e provoca no peito um sentimento reverente e, na mente, um alumbra-mento.
Stonehenge é mais do que um monumento; é um símbolo e é um mito, e por isso se presta às mais variadas interpretações e perspectivas. O mito permite o afloramento de questões que pressupõem atitudes diante da realidade, e reorganiza nosso modo de ver e entender as coisas, nós mesmos e o mundo. Por isso, Stonehenge instiga a imaginação e se apresenta como algo destinado a se éter-nizar.
Quem primeiro se deteve para estudar o monumento foi o clérigo Henry de Huntingdon que, por volta de 1130, escreveu um livro sobre a história da Inglaterra, e incluiu Stonehenge como incógnita histórica. Historiadores atribuem a idade de cinco mil anos para o círculo de pedras, e os místicos e eso-téricos o consideram uma obra erigida pelos atlantes.
De onde teriam vindo aqueles blocos enormes, já que na planície não existem montanhas nem pedreiras? Como teriam sido erguidas e por quem?
O nome Stonehenge se origina de stan (pedra) e hencg (eixo), palavras do inglês arcaico. Geoffrey de Monmouth corajosamente atribuiu a construção de Stonehenge ao mítico mago Merlin, que magicamente teria transportado as pedras que já existiam na Irlanda para Salisbury, por ordem de Aurélio Ambrósio, tio do rei Arthur. A narrativa de Geoffrey teve enorme repercussão no coração dos ingleses porque evocava o mago Merlin e a legendária cavalaria arturiana, o patriotismo, as aventuras heróicas, a bravura e principalmente o mistério.
O monumento também foi decifrado com um marco erguido em homenagem aos britânicos indefesos massacrados pelos brutais saxões. Depois, em 1620, o rei Jaime I visitou o monumento e ordenou que se escavasse o local e buscasse a origem do círculo. A região pertencia a Robert Newdyk, que recusou a proposta de compra que lhe foi feita pela realeza, mas autorizou as escavações.
Muitos pesquisadores elaboram teorias sobre Stonehenge; uns atribuíam a construção aos Romanos, e outros aos escandinavos, que também têm megálitos semelhantes, porém de tamanho menor.
Por volta de 1953, as pedras foram fotografadas, revelando o desenho de uma adaga muito se-melhante às espadas da civilização micênica de 1500 a.C., na Grécia. A descoberta de outros círculos de pedra no interior da Grã-Bretanha e de antigos escritos romanos, conduziu os pesquisadores e cientistas até os celtas e os druidas. A aproximação entre ciência e tradição espiritual trouxe mais informação sobre o monumento.
Dizem alguns estudiosos do esoterismo que os celtas remontam ao tempo em que os deuses caminhavam sobre a Terra – a era dourada da humanidade.
O escritor e pesquisador francês Robert Charroux, em o Livro dos Mundos Esquecidos, afirma que os celtas irlandeses eram atlantes ali radicados depois do afundamento de Poseidon, a última ilha de Atlântida. Os atlantes que sobreviveram à catástrofe teriam se espalhado pelo mundo, semeandos sua cultura, conhecimentos, artes, crenças e rituais místicos e mágicos.
Segundo o mesmo autor, certo dia, os celtas receberam a visita dos Tuatha Dé Danann, um povo maia quiche vindo de além-oceano depois de ter sofrido uma grande derrota em seu território. Os Tuatha Dé Danann tinham o mesmo tipo físico, os mesmos costumes, manifestações artísticas e deuses dos celtas, e neles estariam reencontrando sua raiz civilizatória. Os celtas os acolheram e com eles se mesclaram.
Os Tuatha se diziam uma raça divina e seriam inicialmente originários da Céltia, vindos de Atlântida. Essa afirmação se baseia em textos do Popol Vuh, livro sagrado dos maias, no qual está escrito: “Eles estavam em Há’kavitz quando os quatro chefes da migração desapareceram de forma misteriosa. Embora bastante idosos e vindos de muito longe há já algum tempo, não estavam doentes quando se despediram de seus filhos, dizendo que a missão tinha sido cumprida e que regressavam à pátria.”
Outro trecho diz: “A vossa casa não é aqui; é para além dos mares que encontrareis as vossas montanhas e as vossas planícies. Sereis protegidos por Belih (Bel) e pro Tot (Thot,Thor), deuses de civilizações muitos antigas”.Bel, na Babilônia; Thot, no Egito; e Thor, para os escandinavos e germanos.
Os celtas-atlantes seriam nossos antepassados comuns, pois teriam colonizado todo globo. Como eles eram grandes navegadores, mapearam os oceanos e o planeta, e se espalharam pelo mundo. Da Pérsia, atual Irã , à Irlanda e àIbéria, e daí continuaram e povoaram toda a bacia mediterrânea;a seguir foram para a Índia e demais paises da Ásia. Depois, atravessaram o Atlântico e se mesclaram aos autóctones americanos do norte e do sul. Eles também teriam ido ao Pacífico Sul e povoado as ilhas da Micronésia e da Polinésia, e constituído o mítoco império de Mu.
É evidente que essa versão não é aceita pela história oficial, sendo considerada fantasiosa; mas os arqueólogos e historiadores devem se sentir desafiados pelas evidências. Os menires, os lingans (falos) da Índia, e os megálitos de Filitosa e de Carbac, na França, os da Grã-Bretanha, Alemanha, Rússia, Ásia, etc., são semelhantes aos de Tula, no México, de Tiahuanaco, na Bolívia e Peru, da Ilha de Páscoa, Ilhas Marianas, das Ilhas Guanches nas Canárias, Lampur, Senegal, Egito e outros. A pirâmide de Carnac, conhecida como túmulo de Saint Michel, e a de Plouézoch, na Bretanha, são semelhantes às pirâmides maias em Monte Albán, obedecendo à mesma arquitetura.
Esses e outros indícios, ainda envoltos em mistério, podem ser desvendados desde que os pesquisadores ousem rever a história oficial sem medo, e não se acomodem ao conhecido e referendo pela maioria.
Os Druidas são os servidores da Deusa, a Grande Mãe, e detentores da sabedoria sagrada dos celtas. Eles eram os cientistas e os mestres espirituais desse povo. Eles eram homens magos que dedicavam suas vidas a louvar a fecundidade da Terra e a promover a evolução humana e cósmica pelo diálogo da alma com o planeta e o cosmos. Esses sacerdotes viviam um polisteísmo singular e cheio de paradoxos.
O deus supremo dos celtas era o Dis Pater, que não podia ser conhecido nem sequer invocado. A mitologia celta tem nos seus demais deuses manifestações arquetípicas desses deus inominável. Cernunus, filho e consorte da Deusa, a insemina e é parido por ela. Lug, o herói mestre de todas as artes, Esus, Taran, Teutatés, Belinus e outros tantos, são aspectos desse Dis Pater e instrumentos de sua atuação efetiva na vida. A contraparte feminina do Dis Pater é tão inominável e abstrata quanto ele, mas no plano material é chamada Dé-Meter (Terra Mãe).
Dé-Meter é a raiz de Demeter, deusa da Grécia; também é o princípio feminino Morrigan, a Morgana dos celtas; Don para os russos;e Dana, a Senhora Rainha da Estrela Sírius, outro nome de Ísis para os Tuatha, ou Ana. Os irlandeses chamavam-na Danu. Dan é uma palavra céltica, e está presente na composição de muitos nomes arianos, escandinavos e eslavos. Por exemplo: Danmark (Dinamarca), Dan ou Wodan (Odin, deus da mitologia escandinava), e também dos germanos e dos citas. A tribo de Dan, à qual pertencia Sansão, para alguns era formada por uma aliança celto-hebraica.

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