quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O MITO ORIGINAL.


Perséfone é a donzela do Renascimento e da Regeneração identificada com a Lua, a Primavera, as Serpentes e o Mundo Subterrâneo.
Como Deusa Mãe, Demeter engendra a sua filha (Perséfone) junto com a criação simbolizada na Primavera e na Agricultura. Ambas vivem juntas colocando em marcha os ciclos da vida cósmica, vegetal, animal e humana. Depois de educar e iniciar sua filha, Deméter, em sua ausência, assume seu aspecto sombrio de deusa outonal. Neste momento, ela torna-se uma anciã sábia oculta nas raízes das ervas curativas, se refugiando debaixo da terra e dentro de covas, até que o ciclo da vida se complete.
É somente com o retorno de sua filha do Mundo Avernal, e isso acontece na Primavera, é que a Mãe também volta para povoar o mundo e a vida adormecida nasce sobre a terra. As plantas florescem, as árvores dão frutos e os animais procriam. Já os humanos participam deste retorno expressando sentimentos de amor, amizade e solidariedade.
No Mito de Deméter-Perséfone visualizamos o símbolo tardio da Virgem Maria frente a seu filho crucificado (cena encontrada no filme americano “A Paixão de Cristo”), que segue ressonando na consciência das pessoas. Não existe nada mais doloroso que chorar a morte de um filho ou uma filha.
Tanto o nosso mito grego, como o cristianismo exaltam a morte injusta e a dor materna como arquétipo de amor sublime e abnegado. Entretanto, Deméter-Perséfone, nos falam de uma concepção sagrada, onde a vida e a morte fazem parte de um mesmo processo. Ambas não estão dualizadas e não funcionam como irreconciliáveis. A morte natural como a vida é uma experiência de transformação, iluminação e amadurecimento que abarcam dimensões espirituais, psicológicas e culturais das pessoas.

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