sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O Culto Da Rosa.


Ah! Minha alma da vida
rainha das flores de Safo
que semeia a beleza
sou teu inseto que te leva o grão de pólen teu adepto mais fiel

Ah! Flagrante anímico de Deus
herbácea perene,
deusa dos meus sonhos,
perfume mais fino que possa existir
teor mais metafísico dessa imanência

Quero sentir o teu mais leve olor
alcançar teu gineceu, tua beleza incomparável,
tua variedade trepadora
tua instalação divina nos jardins
o teu etéreo emanar

Quero a de Sharom,
santificada por Salomão no Cântico dos Cânticos;
a realeza da de Hélios

Quero a das sessenta pétalas dos jardins de Midas que figuraram nas armas dos heróis da guerra de Tróia;
quero as que desapareceram dos jardins suspensos da Babilônia;
a das águas que Vênus embalsamou o corpo de Aquiles;
a que coroou o soldado romano depois da queda de Cartago;
a que é Príncipe Negro, o negro que é vermelho bem escuro.

Quero a da santa de Viterbo,
a que fora proibida pelo pai de dar esmolas aos pobres;
quero a Chá, Sinensis, a mais antiga oriunda da China;
a Azimutal Sideral que auxiliou a navegar o Índico sob as estrelas de distâncias polares no rumo do horizonte.

Quero a dos gregos, nos rumos da Torre dos Ventos, chamada Rhodon;
a Rústica de Giulio Cesare Cortese;
a que o lapidário inspirado homenageia a Holanda ou Antuérpia pra encher os olhos do polidor de diamantes;
a Mística,
a santificada de Isabel,
a Santa-Maria,
a da chuva do Vaticano,
a das meninas recém-nascidas.

Quero a que Tagore poetou:
"passando de folhas para flores porque começaram a amar..."

Quero a do Ouro do Papa Gregório II;
a da Rainha Josefina,
a das pedras no quintal;
a que o rodólogo, exímio amante, multiplica com sua dedicação;
a Azul utópica.
a de Hildesheim, de mil anos,
a da guerra de York e Lancaster,
a de Joaquim Fontes que está comigo,
a Gallica, de propriedades medicinais;
a de Malherbe,
a dos tesouros da moura encantada que não desmente o que promete nem retoma o que dá.

Quero a Malvácea Aurora em sua metamorfose durante todo o dia até sabê-la Amor-de-Homem;
a Brinco-de-Rainha,
a Malva,
a Super-Star
a do monte dos Alpes;
a Altéia que me cura com seu amor e ainda me farta a fome, a Geléia Rosela, a Caruru Azedo;
a de Lima, a primeira santa nativa do continente americano, simples de idade peruana;
a de Bokor e a jovem princesa apaixonada pelo oficial japonês no extinto cinema cambojano;
a da cachaça com erva doce, canela em pau, cravo e calda grossa de açúcar: a do Sol;
a dos ventos do lirismo erótico da poetisa uruguaia Juana Hernandez de Ibarbourou, a Juna de América;
quero a de Yeats, o homem que sonhava com o país das fadas e escrevia versos para quando você ficar velho;
a de Engandi, nos versos que viraram estudo psicozoológicos do guatemalteco Arévalo Martinez;
a de Cem Folhas do poeta galego Ramon Cabanillas;
a da Cruz do poeta russo Blok;

quero a de Luxemburg com o sonho abatido a bala;
a do Povo de Drummond,
a de Raoom,
a rosa rosa
todas numa só que é uma só
a rosa.
L. A. Machado Nascente

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