quarta-feira, 31 de março de 2010

O Destino e o Horóscopo.


A palavra "Destino", que às vezes se substitui por "fado", ou até mesmo pelo termo oriental "carma", refere-se à lei da retribuição, que é o efeito, moral ou físico, do conjunto das ações das vidas anteriores.
É uma lei universal, isto é, uma lei natural e, ao mesmo tempo, divina. Segundo esta lei, "o que o homem semeou, há-de colher", como diz o Novo Testamento.
Quem semeou trigo, não colherá espinhos; e quem semeou joio, não colherá trigo. Na maioria dos casos, porém, o ente humano semeia uma mistura de trigo e joio, quer dizer, pratica atos bons e maus; e, portanto, há-de colher um destino com o bom e mau entrelaçados.
Cada alma humana, ao reincarnar, traz consigo as sementes produzidas pela sua vida anterior. Se, nessa vida anterior o balanço entre o bem e o mal pende mais para o bem, terá um horóscopo favorável; se, pelo contrário, esse balanço pender mais para o mal, há-de trazer consigo, ao nascer – ou, mais bem dito, ao renascer – um horóscopo desfavorável. Pois o tema astrológico não é outra coisa mais do que a "conta" do "deve" e do "haver" da respectiva alma.
Se alguém, na vida passada, tiver pecado contra a lei do amor, há-de trazer, ao renascer, indícios desse pecado. E, portanto, os aspectos astrológicos indicarão um amor contrariado ou não retribuído, ou sofrimentos devido ao amor; se, na existência anterior, abusou de seus poderes, trará indícios de fraqueza; se, na vida anterior, praticou injustiça e naquela incarnação não cumpriu as penas, cumpri-las-á na incarnação presente, parecendo sofrer injustamente.
Também os seus órgãos físicos são modelados pelo "destino". Se uma pessoa nasceu com algum órgão mal desenvolvido, não se culpem os astros como malfazejos, mas compreenda-se que, por exemplo, essa alma não prestou suficiente atenção, ou não soube usar bem, a função orgânica que lhe está associada. Lembremo-nos das palavras do mestre quando seus discípulos lhe perguntaram a respeito de um homem cego desde o nascimento1: "Mestre, quem pecou: este homem, ou seus pais, para que nascesse cego?" E o mestre respondeu-lhes: "Nem ele pecou, nem os seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras do criador".. Se não aceitasse a reincarnação, teria dito certamente: "É um absurdo! Como poderia um homem pecar antes de nascer?".
Nunca nos esqueçamos da verdade: nós somos apenas aprendizes na grande escola da vida universal e que, por mais que alguém na Terra seja sábio ou erudito, não é mestre de sabedoria. A verdade é infinita; só quem alcançou a verdadeira união com o Espírito Infinito, pode conhecer a verdade em todas as suas manifestações.
Quando O mestre disse que nem o cego pecara, nem seus pais, não se referia às personalidades atuais dessas pessoas, mas ao espírito do próprio cego e aos erros que ele havia cometido noutras vidas.
Nada se perde no universo. Quem, nesta vida terrestre goza de comodidades, riquezas, honras, etc., e manifestamente delas abusa, cometendo atos vergonhosos e, até, talvez, crimes, é comparável a uma criança a quem os pais lhe tivessem comprado roupa bonita e limpa mas que depois a tivesse sujado e rasgado. É natural que os pais não a presenteiem com mais roupas, que não a elogiam mas, pelo contrário, a castiguem.
Os órgãos do corpo humano foram concebidos por certas inteligências celestes. O cérebro e a laringe, por exemplo, formou-se graças à ajuda de uma classe de seres a quem chamamos "anjos", que empregaram, para esse fim, parte da força sexual humana. É por isso que há uma relação íntima entre os órgãos sexuais e a laringe.
No sistema assim construído pelos anjos, regidos por Javé, insinuaram-se os anjos rebeldes, guiados por Lúcifer, o Espírito de Marte, que inculcaram a paixão, o abuso sexual e a rebeldia. Para corrigir esse desvio, outra classe de seres espirituais, os senhores de Mercúrio, foram encarregados de criar e desenvolver a razão, para que o homem se guiasse cada vez mais por si mesmo.
Todas as grandes hierarquias espirituais trabalham constantemente nos nossos corpos; mas as três que acabamos de mencionar têm especial domínio sobre o comportamento mental e sexual. Cada uma delas está associada a um dos três segmentos principais da coluna vertebral.
A hierarquia de Neptuno, que é subtilmente espiritual, opera no canal espinal e nos ventrículos cerebrais para despertar os sentidos espirituais. Os espíritos de Marte dominam o hemisfério esquerdo, e os mercurianos o hemisfério direito do cérebro. Os anjos lunares governam o cerebelo.
Como todos os que estudaram a astrologia sabem, o ascendente, isto é, o ponto do Zodíaco que ocupa o Leste no momento da nascença, é muito importante para a descrição da forma do corpo e das principais qualidades mentais; mas nem todos sabem que o ascendente é o lugar ocupado pela Lua no momento da concepção.
Compreende-se agora, pelo que dissemos, que, no momento em que uma alma renasce, todas as grandes inteligências cósmicas lhe dão seus presentes, cada uma conforme o seu grau e sua natureza espiritual: as de Mercúrio dão a inteligência, Vénus, o amor, Marte a atividade, etc. Estes dons são modificados pelos signos, pelas casas do horóscopo e pelos aspectos dos planetas. E cada um desses aspectos é a justa recompensa das ações praticadas no passado.
O tema astrológico, portanto, é o balanço que o recém-nascido traz consigo. E das suas atividades durante a vida dependerá se, ao deixar novamente a vida terrestre, levará consigo um débito ou um crédito celeste.
Não se pense também que o horóscopo há-de ficar inalterado durante toda a existência física. O destino trazido pode ser modificado, para melhor ou para pior. A vontade é o fator decisivo.
Quem traz, no seu horóscopo, indícios de fraquezas morais, pode e deve anulá-las, esforçando-se por as vencer e substituir por qualidades boas.
Semeemos bons pensamentos, boas palavras e boas ações; e limpemos convenientemente a seara, retirando o joio, para queimá-lo, sempre que se tenha introduzido no meio do trigo.
F. V. L.

As Palavras sem Rosto.


Sinto que há certas coisas que nunca poderão ficar claras; não há palavras adequadas para elas; contudo, essas coisas existem.
Krishnamurti.
Há coisas que pertencem ao reino da alma, lá, onde moram as coisas indizíveis, as que sentimos como verdadeiras e eternas.
As palavras foram inventadas para nomear as coisas concretas; o visível torna-se dizível, portanto. Mas outras há para as quais as palavras ficam sempre aquém. Se os sentidos ao menos pudessem ver-lhes a substância, provavelmente torná-las-iam dizíveis, explicáveis, sossegando a alma inquieta. Também escapam à razão que não consegue capturá-las, esquadrinhá-las, estudá-las, dar-lhes uma identidade.
Depois de tentar infrutiferamente traduzir o indizível, aprendemos que nunca conseguiremos nomeá-lo com precisão. Ele não existe para ser pensado, mas para ser sentido.
Ana M. Martins.

Escutando o Rio a Fluir.

Há tempos que são de espera. Nada nos pedem. Nada nos querem dizer. Nada acontece de novo. Desconcertante. Fomos educados para produzir. Fazer muitas coisas. Queremos mudar. Experimentar emoções diferentes.
A casa do silêncio é ampla. Sentimo-nos sós. Perdidos. Forçamos o tempo. Distraímo-nos. Ocupamo-nos. Apressamo-nos a ir para algum lado. O tempo responde-nos com o silêncio. Porque há tempos que são de escuta. De imobilidade. Voltamos, de novo, ao ponto de partida.
A cada um o tempo de espera ensina coisas diversas, mas a todos deixa os mesmos recados: aprender a estar imóvel; nem tudo depende inteiramente de nós.
Se estás nesse tempo, senta-te e escuta o rio que flui. Não para ouvir o que ele tem para te dizer, mas para escutares o que a tua alma tem para lhe contar.
Nesse momento, desenhar-se-á um novo tempo. Conciliador. Entre o que aprendeste sobre ti e o que o mundo te preparou.
No tempo fértil, serás, então, convidado a sair da casa do silêncio e a desenhar novos gestos no dia claro.Maria Coriel.



terça-feira, 30 de março de 2010

Leis do Carma.


Trata-se de um tema desafiante e útil, pois é sempre difícil tentar conhecer e compreender a profundidade de certas Leis Cósmicas, para aceita-las e viver em harmonia com as mesmas. A Lei do Carma é um desafio maior, porque, para tentar melhor compreendê-la precisamos, geralmente, nos voltar para o lado negativo, os erros cometidos ou insucessos de nossa vida, o que, de certo modo, pode ser incômodo para nós. Contudo, se pensarmos em termos de "custo/benefício", os benefícios dessa compreensão serão maiores do que os custos de alguma reação emocional, pois tentarmos conhecer como essa Lei Divina opera, nos dará segurança e confiança para tomar decisões, desde as mais simples ás mais importantes em nossas vidas, com a convicção, serenidade e a confiança daqueles que melhor compreendem a peração das Leis do Criador.
A Lei do Carma é objeto de interesse de várias correntes filosóficas e religiosas, como o hinduísmo, a teosofia e o espiritismo. Do ponto de vista dessas correntes, é encarada como uma lei de causa e efeito, à semelhança da lei da gravidade, por exemplo. É lei aplicada à alma ou parte imaterial do homem, que colhe os resultados de sua própria semeadura ou plantio, ou, em outras palavras, sofre a reação de sua própria ação. É encarada como uma lei justa, impessoal, que opera pelas linhas da experiência, vida e caráter pessoais e se espelha na busca da evolução pelo homem e no equilíbrio cósmico, e está acima da noção humana de bem e mal. Para essas correntes, a Lei do Carma se vincula à doutrina da reencarnação, e o carma de cada ser deve determinar as circunstâncias de seus renascimentos. Há semelhanças entre essas visões da Lei do Carma, e seus aspectos essenciais têm pontos em comum com o pensamento rosacruz.
Caracterização da Lei do Carma.
Todos nós, seres humanos, de maneira geral, ficamos perplexos quando tentamos entender como opera a Lei do Carma. Isto é natural, porque compreende-la é compreender os pensamentos da Mente Divina, infinita, e isto é difícil para uma mente finita como a nossa.
Vamos nos ater ao que dizem os ensinamentos rosacruzes, evidenciando pontos considerados de maior interesse para todos, pela perplexidade que despertam e pela necessidade de sua melhor compreensão para a nossa evolução pessoal.
Carma é uma palavra oriental que significa ação. No dicionário encontra-se a seguinte definição: do sânscrito karman; nas filosofias da Índia, o conjunto das ações dos homens e suas conseqüências.
Segue-se uma caracterização sucinta da Lei do Carma, em sete pontos. Examinemos cada uma dessas sete características:
1ª. É UMA LEI CÓSMICA DE CAUSA E EFEITO, SENDO, PORTANTO, JUSTA, IMPESSOAL E INFALÍVEL
Como tantas outras leis da natureza, a Lei do Carma é uma Lei Cósmica, Divina, que opera da mesma forma que a lei da gravidade, por exemplo. Se, por algum motivo, atiramos uma grande pedra para o ar, levando a lei da gravidade a afeta-la e depois, por ignorância ou indiferença, colocamo-nos na trajetória da queda da pedra, poderemos sofrer um acidente. Nosso ato de atirar a pedra acarretará um efeito, no caso desagradável, sobre nós. A Lei do Carma opera de forma semelhante, e cada um de nossos atos ou pensamentos são causas que podem reverter em efeitos, agradáveis ou não, sobre nós. A lei da gravidade afetaria qualquer pessoa que atirasse a pedra sempre que esta ação fosse praticada. Os efeitos da lei cármica também se manifestam sempre para todas as pessoas, inclusive todas as espécies de coisas vivas, a despeito de sua condição social, poder econômico, raça ou credo, sempre que as pessoas invocarem os efeitos dessa lei. Nisto reside o princípio de justiça, impessoalidade e infalibilidade que a caracterizam. Por ser uma Lei Cósmica, sempre se cumpre, é imutável e nunca falha.
2º. É UMA LEI DE COMPENSAÇÃO, QUE VISA À HARMONIA CÓSMICA E À EVOLUÇÃO DA ALMA DO HOMEM, E SUA FUNÇÃO É ENSINAR E NÃO PUNIR.
A Lei do Carma é também chamada de "Lei de Compensação", porque por seu intermédio devemos compensar o universo, ou a vida, por nossos atos que interfiram com a harmonia cósmica, que prevê a evolução do ser humano e do próprio universo, segundo parâmetros de Luz, Vida e Amor, instituídos por nosso Criador. A cada vez que pensarmos ou agirmos fora desses princípios, estaremos "descompensando" as Leis Cósmicas, por assim dizer, e em algum momento, de alguma forma, deveremos restabelecer o equilíbrio por nós afetado. Para ilustrar essa característica, utilizaremos o simbolismo da balança cármica, uma grande balança de dois pratos. Esta balança pesará tudo, em matéria de pensamento ou conduta humana, que, de alguma forma, direta ou indiretamente, por nossa causa seja nela colocado.
Para melhor compreensão da balança, tenhamos em mente o que se segue. Um dos pratos da balança representará o "bem", os bons atos humanos, as atitudes harmonizadas com as Leis Cósmicas. O outro prato representará o "mal", os atos que contrariam a harmonia prevista para a humanidade ou o universo. Do ponto de vista cósmico, a balança tenderá ao equilíbrio quando o prato do "bem", da harmonização cósmica, tiver mais peso que o prato do "mal", da desarmonia, ou seja, quando o ser humano estiver "harmonizado", e predominantemente positivo em seus pensamentos e atos, agindo de forma cooperativa, solidária, tolerante e amorosa com seus semelhantes e consigo mesmo. Sempre que o "mal" começar a pesar mais, ou seja, quando estivermos predominantemente "desarmonizados", negativos, intolerantes, rancorosos, vingativos, invejoso, vaidosos, pouco cooperativos com nossos semelhantes e conosco, a balança tenderá ao desequilíbrio. Em ambos os casos, estaremos incorrendo em carma, que será favorável quando estivermos harmonizados, e desfavorável quando ferirmos a harmonia.
Nosso carma favorável se reverterá em benesses e felicidade; sentiremos paz interior e desejaremos, cada vez mais, fazer o bem. O carma negativo, ao contrário, tenderá a nos puxar cada vez mais para baixo, trazendo-nos problemas e inquietações. Neste caso, a balança voltará ao equilíbrio quando compensarmos ou repararmos, de alguma forma, os erros praticados, e compreendermos que nossa forma de agir foi incorreta. Neste ponto qualquer sofrimento cármico se aliviará e deverá desaparecer.
Aprender a lição, compensar o erro, e seguir o caminho da evolução é o que a Lei do Carma espera de nós. Entretanto, se persistirmos no erro, aumentaremos o desequilíbrio, e a necessidade de compensação e a lição a ser aprendida serão cada vez maiores. Isto explica porque algumas pessoas vivem carmas negativos mis leves que outras em circunstâncias semelhantes. Há os que percebem e corrigem os seus erros ao primeiro movimento de desequilíbrio da balança, enquanto outros permanecem indiferentes ou desafiam as Leis Divinas, e seu sofrimento é maior.
O sofrimento cármico pode ser abreviado, a não ser quando as pessoas relutam em aprender a lição que elas mesmas invocaram para si. Há pessoas que suportam passivamente seu sofrimento cármico, por acreditarem que nada podem fazer para diminuí-lo, e com isto o sofrimento persiste. Ao tomarmos conhecimento de um erro, procuremos repara-lo o quanto antes, fazendo equilibrar os pratos da balança com atitudes amorosas, utilizando, com sabedoria, a Luz que temos o privilégio de receber da Ordem Rosacruz, AMORC.
3º. NOSSO CARMA, É FUNÇÃO DE NOSSO LIVRE-ARBÍTRIO, E PODE INFLUENCIAR NOSSA MISSÃO DE VIDA.
Se O CRIADOR escolheu o homem para expressar plenamente o poder de Sua Luz, Vida e Amor, o homem também deve escolher a Senda que lhe permitirá uma expressão consciente desse triplo poder. Para levar a bom termo a escolha dessa Senda, a Divindade lhe outorgou o dom do livre-arbítrio.
A cada dia estamos movimentando nossa "balança cármica" com nosso livre-arbítrio. Quando no uso do mesmo cedemos às pressões negativas do mundo que nos cerca, é como se, deliberadamente, passássemos da luz para as trevas. Para retornar à luz restabelecer nossa relação harmoniosa com as Leis Cósmicas, temos que fazer alguma coisa por nosso próprio esforço, e esta ação é o ato cármico ou de compensação.
Tendo esta consciência, passaremos a ser mais cautelosos com o uso do nosso livre-arbítrio, especialmente em ocasiões mais significativas para a nossa vida e a de pessoas de nosso convívio.
O curso de nosso carma exercerá grande efeito em nossa missão de vida, nossas experiências e aprendizado. Seguem-se alguns exemplos. Uma pessoa com poucas posses materiais, mas que de suas posses fez o melhor uso, empregando todos os meios para se revelar um espírito humanitário, tendo usado seus bens pessoais para beneficiar outras pessoas, que não apenas a si mesma, criou uma condição cármica favorável à realização de mais obras altruísticas e caridosas, podendo usufruir de muita riqueza, nesta ou em outra vida, para cumprir essa nobre missão. Por outro lado, uma pessoa muito rica, mas egoísta ao extremo, sem o menor interesse em auxiliar uma única alma vivente, poderá ter sua vida presente alterada, tornando-se pobre, passando a sofrer as necessidades da miséria, ou vir a renascer em família pobre e ter que experimentar as vicissitudes de uma vida humilíssima, sentindo a amargura da falta de solidariedade de seus semelhantes, de modo a aprender o valor da solidariedade humana.
Nosso comportamento afeta o nosso amanhã. Se hoje somos imorais, amorais, injustos para com os outros e para com nós mesmos, produziremos condições cármicas coerentes que afetarão negativamente nossa vida. Se formos progressistas em nosso modo de pensar, se evoluirmos adequadamente e nos elevarmos diariamente a um plano superior, tornaremos nossa futura missão de vida mais fácil, mais agradável e mais benéfica para todos.
4º. AS CONDIÇÕES CÁRMICAS QUE CRIAMOS PODEM SE MANIFESTAR NESTA VIDA OU EM FUTURAS ENCARNAÇÕES.
Não é correto pensarmos que o nosso carma diz respeito somente à nossa próxima encarnação. Ao criarmos condições cármicas, elas podem se manifestar no minuto, hora, dia, semana, mês ou ano seguintes, nesta vida, como também podem ser relegadas a outras encarnações. Se o carma não se manifesta nesta vida é porque nem sempre temos contato com situações, lugares e coisas que propiciem essa manifestação. Vejamos um exemplo. Se constantemente adotarmos uma atitude de crueldade para com crianças de modo geral, maltratando-as sempre que as encontramos, recusando-nos deliberadamente a ajudar as que estejam verdadeiramente em dificuldades, sendo sistematicamente intolerantes para com elas, estaremos incorrendo em carma negativo para com os pequeninos. A Lei do Carma pode decretar que devemos aprender a tratar melhor as crianças. Poderemos aprender a lição tornando-nos crianças e sofrendo o impacto de maus tratos alheios ou tendo filhos e vendo-os passar por tais dissabores. Se não temos filhos, ou já não somos mais crianças, nosso carma pode ser adiado até que tenhamos filhos ou até sermos crianças em outra encarnação. Há muitas condições cármicas que se manifestam imediatamente, outras que tardam um pouco a se concretizar, porém todas têm sempre a mesma finalidade: nos ensinar uma lição de vida. Pode acontecer que nossa experiência seja adiada para a ocasião mais adequada ao nosso aprendizado.
5º. TODOS OS NOSSOS ATOS PODEM GERAR CARMA, MAS NEM TODAS AS NOSSAS TRIBULAÇÕES SÃO, NECESSARIAMENTE, O RESULTADO DE UM CARMA NEGATIVO.
Se toda má ação acaba se traduzindo em uma prova cármica, nem todas as provas que o ser humano conhece são, necessariamente, o resultado de um carma negativo. Algumas provações fazem parte da vida no plano terreno, e é impossível viver neste mundo sem estar sujeito a enfrentar problemas e dificuldades. E há, também, os sofrimentos decorrentes de escolhas que fizemos antes de nos encarnar, com o objetivo de acelerar nossa própria evolução ou de contribuir para a evolução de outras pessoas.
A propósito, é incorreto pensar que todos os nossos infortúnios (um nascimento com deficiência física ou mental, uma doença incurável, um acidente grave e incapacitante, a perda de bens materiais, por exemplo) sempre constituem débitos cármicos. Por outro lado, não se deve duvidar de que essas provas, não necessariamente cármicas, possam gerar um carma muito positivo a quem as enfrenta com confiança, esperança e dignidade. Neste campo, mais do que em qualquer outro relacionado ao carma, convém sermos cautelosos em nossos julgamentos, quer digam respeito à nossa própria vida ou a de outrem.
6º. TODOS OS NOSSOS ATOS, DE MAIOR OU MENOR PESO, PODEM CRIAR CARMA, NÃO DEVENDO SER JULGADO POR SUA APARÊNCIA.
Muitas pessoas acreditam que só as coisas de maior impacto podem desequilibrar a balança cármica. E, por pensarem assim, continuam a manter atitudes incorretas, aumentando seu carma negativo. Não podemos avaliar nossos atos unicamente por sua dimensão objetiva. Na verdade, podemos criar um carma negativo na "calada da noite", num momento de selente recolhimento, sem sermos notados. Por exemplo, ao abrigar sentimentos de ódio ou inimizade, ainda que não os manifestemos, é nocivo; ter ciúmes de alguma coisa ou alguém e deixar que esse ciúme macule nosso pensamento é igualmente nocivo. Ouçamos os ditames de nossa consciência e teremos a noção exata da dimensão de nossos atos, antes de passarmos à ação.
7º. NÃO PODEMOS BURLAR O CARMA, MAS PODEMOS AMENIZÁ-LO, FAZÊ-LO CESSAR OU BUSCAR DIRECIONAR OS SEUS EFEITOS PARA OCASIÃO FUTURA.
A compensação do ato cármico, a conscientização e a reparação do erro cometido, fazem cessar ou amenizar o débito por nós adquirido. Além disso, se percebermos que alguma lição nos está sendo ou nos será imposta pela Lei do Carma, poderemos buscar, com toda a humildade, de acordo com nosso merecimento e em consonância com as Leis Cósmicas de amor e perdão, dirigir os efeitos e o curso dessa ação para ocasião que julgarmos mais oportuna, em que a lição a ser aprendida possa ser mais suportável para nós. A direção poderá ser feita mediante preces de intercessão ao Deus de nossos corações e exercícios místicos de visualização e criação mental.
Estes fatos são mais uma comprovação do Amor e misericórdia do Criador para com o ser humano e de que a Lei do Carma visa conscientizar, ensinar e iluminar, e não punir as pessoas.
Revista O Rosacruz – 4º Trimestre 2007

segunda-feira, 29 de março de 2010

os signos e as doze personalidades.

Quem nunca olhou para o céu e sentiu um arrepio na alma diante da imensidão e poder do desconhecido que existe por trás das estrelas, de uma lua cheia, de um sol nascendo no horizonte? A necessidade humana por respostas a essa magia marcou o início dos estudos sobre a astrologia. Com o decorrer do tempo os estudiosos dessa arte foram descobrindo que existe uma ligação indiscutível entre cada planeta e personalidade humana, formando assim, doze personalidades básicas:

aries 21/03 a 20/04 - Áries, o guerreiro
Toda pessoa de Áries traz em si a energia de marte, que é o deus da guerra. Isso não quer dizer que essa necessidade de combate deve se dar apenas de forma agressiva. Marte é um deus assertivo e decidido a conquistar objetivos e vencer batalhas, que podem ser no plano físico, emocional ou mental.

touro 21/04 a 20/05 - Touro, a beleza
Regida pela deusa da beleza e do amor, toda pessoa de Touro possui a necessidade de estar rodeada de conforto, carinho, segurança, amor e beleza. Questões materiais também são regidas por essa deusa que promete sucesso nesse setor a todos que pertencem a esse signo.

gêmeos 21/05 a 20/06 - Gêmeos, o intelectual
Regido por mercúrio, o deus da comunicação inteligente, toda pessoa de gêmeos traz dentro de si a capacidade de interação com o mundo exterior: atua, comunica, interage. Capacidade intelectual e desenvolvimento da inteligência é o seu nome.

cancer 21/06 a 21/07 - Câncer, a maternidade
Por causa da regência da Lua toda pessoa de câncer traz em si a semente das emoções mais profundas, maternais, femininas, junto com a necessidade de segurança e satisfação.

leao 22/07 a 22/08 - Leão, o herói
O sol é o centro do nosso sistema, assim o ego é o centro de si para pessoas de leão. Egocentrismo, vitalidade, luz e amor são as forças mais presentes nas pessoas desse signo.

virgem 23/08 a 22/09 - Virgem, a razão
O uso da razão, a ponderação a discrição e os limites são as melhores qualidades desse signo, que é regido por mercúrio. E sua capacidade crítica por causa desses atributos podem ser positivas ou negativas. Tudo depende da forma que é usada.

libra 23/09 a 22/10 - Libra, o outro
O relacionamento com os outros e o mundo é o principal objetivo de toda pessoa de libra - regida por Venus, a deusa do amor. No entanto, essa relação é mais cerebral que em touro. Libra preza pela forma, pelo equilíbrio e a inteligência emocional.

escorpiao 23/10 a 21/11 - Escorpião, o fanático
O mundo das profundezas da terra e da alma humana são as moradas mais familiares para este signo regido pelo deus das trevas. O subterrâneo, as forças que puxam para baixo e impedem a vida devem ser combatidas, assim como as tórridas paixões e sentimentos de posse.

sagitario 22/11 a 21/12 - Sagitário, o filósofo
Este signo, regido por Júpiter, traz o terapeuta dentro de si. A busca pelo sentido da vida e o papel que a religiosidade desempenha sobre mim, assim como a necessidade de curar o que está enfermo em si e nos outros são as maiores características desse curioso signo metade homem, metade animal.

capricornio 22/12 a 20/01 - Capricórnio, o velho ou a velha
Este signo, regido por Saturno, o senhor do tempo, já nasce velho e maduro e traz em si a semente da lei e da estrutura. Toda pessoa de capricórnio sabe que a vida é uma escola onde o destino deve ser o professor. O tempo é seu melhor aliado.

aquario 21/01 a 19/02 - Aquário, o liberador
As pessoas nascidas sob a regência de urano sabem que estão aqui para se rebelar, mas de uma maneira positiva, contra um sistema de regras falidas que algumas áreas da vida insistem em manter. Liberdade e independência são seus nomes.

peixes 20/02 a 20/03 - Peixes, o mestre
Desvendar o mundo de maya, ou da ilusão, é a grande tarefa das pessoas nascidas sob o véu de Netuno. Encontrar o significado dos mistérios da união do mundo da matéria e espírito, e transcender essa divisão são seus maiores objetivos.Eunice Ferrari.

Conheça seu lado "bruxo" através de seu signo.


aries Áries: 21/03 a 20/04
Você é sedutor, mas peca pela impaciência e capacidade de atirar primeiro, depois perguntar por quê. Regido por Marte, o deus da guerra, você precisa aprender a usar sua mente, a ser mais racional. Abrindo as portas para mercúrio, o deus da comunicação inteligente, você domina o seu poder, que está na mente unida ao seu fogoso coração.

touro Touro: 21/04 a 20/05
Você é sensual e as pessoas percebem sua intensidade só no olhar. É determinado também e quando deseja algo, sua mente coloca no meio da testa uma meta. E como um pano vermelho em sua frente, você caminha em direção a ela. Seu poder está em sua na mente e na capacidade de foco, na determinação e objetividade.

gêmeos Gêmeos: 21/05 a 20/06
Você fala demais e às vezes fala tanto que os mais desavisados não percebem o poder que você possui com as palavras. Como um ilusionista você fala, promete, garante mas quase sempre não cumpre o que prometeu. Você é um típico prestidigitador, um mago, mas precisa aprender o poder das palavras, do verbo.

cancer Câncer: 21/06 a 21/07
Seu poder reside em lugares que às vezes nem mesmo você consegue perceber tamanha a sutileza. Você rodeia, rodeia, rodeia e quando sua presa menos espera você finca suas garras nela sem nenhuma intenção de largar. E com um leve sorriso nos lábios faz todos sentirem tanta piedade por suas dores e faltas que acaba conseguindo o que quer.

leao Leão: 22/07 a 22/08
Você gosta do poder e não esconde isso de ninguém. Sua determinação é conhecida por todos também. Não rodeia, é direto, objetivo e adora chamar a atenção, mas precisa antes de qualquer coisa aprender o amor, abrir seu coração. Seu poder está no amor e na consciência de que o mundo é feito de pessoas diferentes de você, cada um com sua própria identidade.

virgem Virgem: 23/08 a 22/09
Sua mente é capaz de tudo e de maneira discreta você consegue mirar o alvo. Você é sério e seria incapaz de qualquer deslize. Joga limpo e sabe que pode quando se determina. Você sempre vai conseguir o que deseja através de seu poder de organização, detalhe, na capacidade de esperar a semente germinar e na destreza mental, mas deve desenvolver a objetividade e clareza de intenções.

libra Libra: 23/09 a 22/10
Você é leve demais para serviços bruxos, mas racional o suficiente para saber o que deseja. Seu poder está na capacidade que tem de ponderar e enxergar todos os lados da questão. O poder de sedução, o gosto pelas relações e pelo refinamento na forma de se relacionar com as pessoas e com a vida, sua capacidade de atingir altos valores e senso de ética.

escorpiao Escorpião: 23/10 a 21/11
Você nasceu bruxo e vai morrer bruxo. Possui todas as qualidades necessárias para qualquer serviço e, se necessário, a falta de ética também. Conhece a sombra humana e por isso não tem medo de nada e ninguém. Você mexe com a luz, mas se for preciso com as trevas também. Aprenda o amor e cuidado com o carma que cria através de seus ódios!

sagitario Sagitário: 22/11 a 21/12
Você é um sacerdote nato. Adora a bruxaria, mas de maneira limpa e absolutamente ética. Abomina a ignorância e sabe usar de maneira limpa seu poder, que está na mente e na capacidade de cura com as palavras e com suas mãos. Você é Quíron, o filósofo curador.

capricornio Capricórnio: 22/12 a 20/01
Você não deve saber, mas os maiores mestres que passaram por este planeta eram de capricórnio. Você possui a sabedoria inata, a maturidade necessária para exercer o poder de mutação. No entanto, a montanha da materialidade deve ser escalada antes de qualquer passo em direção à espiritualidade.

aquario Aquário: 21/01 a 19/02
Seu poder virá conforme amadurecer, pois sua mente esconde a capacidade de usar a emoção. Inteligência emocional é o que deve aprender, ou seja, sem manter um contato direto com suas emoções você não terá poder algum. Portanto, trate de abrir seu coração e unir sua inteligência a ele.

peixes Peixes: 20/02 a 20/03
Sua sensibilidade é tamanha que se perde em meio a tanta confusão. Mas você precisa aprender a realizar, concretizar, colocar os pés no chão. Seu processo é oposto ao dos demais. Você já nasce bruxo, mas precisa se encontrar em meio ao oceano sem fronteiras que vive. Precisa aprender o discernimento e os limites.Eunice Ferrari

domingo, 28 de março de 2010

Tradução da letra Wonderland.


Eu vi tudo lá devo ver?
Ou há mais saido para estar?
O mais profundo dos pensamentos.
Aqui eu estou, fechado na realidade.
Em um mundo da ansiedade.
Eu tenho que escapar.
Explore as possibilidades.
Podem os sonhos tornar-se verdadeiros?
Em um unicórnio eu estou montando.
Ao país das maravilhas.
Eu prenderei sua juba de prata, enfrento um sonho.
Eu quero saber se eu retornarei.
De minha viagem ao país das maravilhas.
Faraway, profundo dentro do universo.
Através das arcadas do mistério.
O embaciamento é ido.
Minha mente que coleta partes.
De uma vida eu viverei.
Em um unicórnio eu estou montando.
Ao país das maravilhas.
Querem saber se eu retornarei.
De minha viagem no país das maravilhas.
Estão procurarando, mas não podem encontrar.
Eu estou escondendo dentro de minha mente.
Pode você manter um segredo? Eu não sou mim.
Eu estou para sempre em minha fantasia.
Em um unicórnio eu estou montando.
Ao país das maravilhas.
Eu prenderei sua juba de prata, enfrento um sonho.
Eu quero saber se eu retornarei.
De minha viagem ao país das maravilhas.
País das maravilhas, país das maravilhas.
Tome-me a esse neverland.
País das maravilhas.- Morgana Lefay

ORFEU, ORFISMO E MISTÉRIOS ÓRFICOS.


Orfeu (descendo do morro para a cidade [o inferno]) :
"Não sou daqui, sou do morro. Sou o músico do morro. No morro sou conhecido – sou a vida do morro. Eurídice morreu. Desci à cidade para buscar Eurídice, a mulher do meu coração. Há muitos dias busco Eurídice. Todo mundo canta, todo mundo bebe: ninguém sabe onde Eurídice está. Eu quero Eurídice, a minha noiva morta, a que morreu por amor de mim. Sem Eurídice não posso viver. Sem Eurídice não há Orfeu, não há música, não há nada. O morro parou, tudo se esqueceu. O que resta de vida é a esperança de Orfeu ver Eurídice nem que seja pela última vez”.
Orfeu da Conceição – Vinícius de Moraes.
O mito de Orfeu exerce uma atração fascinante no imaginário da cultura ocidental, tanto no passado como no presente. A primeira ópera conservada até hoje em sua totalidade é o L’Orfeo de Cláudio Montiverdi, estreada em Mântua em 1607. O primeiro balé alemão – Orpheus und Eurydice - foi criado por Heinrich Schütz em 1638. Glück, no século XVIII, criou Orfeo ed Eurídice. No século XIX, Offenbach, não nos legou somente Os Contos de Hoffmann, mas também um Orfeu no Inferno. Orfeu foi tema para os seguintes musicistas: Liszt, Benda, Paer, Milhaud, Malipiero, Casella, Krenek, Birtwistle e Stravinsky. O cinema, no século XX, apresentou-nos os dois Orfeus (Orpheus [1949] e Le Testament d’Orphée [1959]) de Jean Cocteau e o carnavalesco Orfeu Negro (1959) de Marcel Camus, premiado com a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar em Hollywood, baseado na peça de Vinícius de Moraes - Orfeu da Conceição, testemunhando a modernidade do tema. Folheando-se os jornais hoje (maio/1999), depara-se com o último filme de Cacá Diegues - Orfeu - e o último livro de Salman ”Versos Satânicos” Rushdie - O Chão Que Ela Pisa - que, segundo a crítica, é um mergulho no universo pop e traz à tona o mito de Orfeu. Já que se passou para a literatura, não se pode deixar de citar o maior poeta lírico grego – Píndaro; Platão na República, no Górgias e no Banquete; as Geórgicas de Virgílio (principalmente o Livro IV); o Paradise Lost (Canto VII) e o L’Allegro (145) de Milton; as Pastorals de Pope; o romântico Novalis e o nosso brasileiríssimo e monumental poema barroco (no dizer de Murilo Mendes) de Jorge de Lima: Invenção de Orfeu (1952). Na pintura, o poeta Guillaume Apollinaire, em 1912, criou um termo - cubismo órfico - que influenciou Robert Delaunay, Fernand Léger, Francis Picabia e Marcel Duchamp.

Lendas sobre Orfeu.
Numerosas fontes históricas relatam a existência dos mitos órficos. Tudo leva a crer que não era conhecido de Homero (antes de 700 a. C.) mas, já no século VI, aparece em algumas tradições. O primeiro escritor grego a fazer menção ao “célebre Orfeu” foi Ibykos em meados do século VI. a. C. A lenda de Orfeu coloca-o como um dos principais poetas e músicos da época heróica, ao lado de Homero e Hesíodo. Determinou a existência de uma religião especial – o orfismo – e de uma seita – os órficos – que se expandiu por todo o mundo grego e a Itália meridional.
Encontram-se alusões ao mito em Píndaro, Ésquilo, Eurípedes, Empédocles etc. É, contudo, o já citado Platão que o entroniza na República em plena época clássica (século IV a. C.). Ele e os neo-platônicos influenciaram vigorosamente o pensamento cristão. A humanidade herdou três obras comple- tas, numerosos fragmentos e uma longa lista de obras, efetuadas pelo lexicógrafo grego Suidas, atribuídas ao próprio Orfeu.
Orfeu, do grego OrjeuV, é um herói lendário grego dos tempos antigos com extrema habilidade na música, no canto e na poesia e que se tornou o patrono de um movimento religioso ritualizado por um corpus de escritos sagrados que teria sido composto pelo próprio.
Remanescem dúvidas se Orfeu teria sido um personagem histórico. A lenda, contudo, reza que teria nascido na Trácia e era filho de u’a Musa (provavelmente Calíope, patrona da poesia épica e a mais importante das musas) e Eagros, rei da Trácia. Outra versão, apresenta-o como filho do próprio Apolo.
Orfeu é considerado como o maior músico da antigüidade, não só pela música como pelo canto. Todos os poetas antigos celebraram sua lira e sua cítara, pois, até mesmo esta, teria sido inventada ou aperfeiçoada por ele, pois aumentou-lhe o número de cordas, de sete para nove, numa homenagem às Nove Musas. Seus acordes eram tão melodiosos que os homens e os animais quedavam paralisados para o escutar. Os animais ferozes deitavam-se a seus pés como cordeiros; as árvores vergavam para melhor escutá-lo; os homens mais coléricos sentiam-se penetrados de ternura e bondade. Educador da humanidade, conduziu os trácios da selvageria para a civilização. Iniciado nos ‘mistérios’, completou sua formação religiosa e filosófica viajando pelo mundo. Ao retornar do Egito, divulgou na Hélade a idéia da expiação das faltas e dos crimes, bem como os cultos de Dioniso e os mistérios órficos, prometendo, desde logo, a imortalidade a quem neles se iniciasse.
Juntou-se à expedição dos Argonautas, assim chamados por causa do navio Argos no qual embarcaram para a Cólquida em busca do Tosão de Ouro. Este célebre navio transportou a fina flor da mocidade grega, cerca de 55 heróis, dos quais cita-se: Jasão, promotor e chefe da empresa, Héracles (que participou só no começo da missão), Argos, Castor e Pólux, Deucalião, Glauco, Laertes, pai de Ulisses, Oileu, pai de Ajax, Peleu, pai de Aquiles, o nosso poeta Orfeu e muitos outros. Teve participação expressiva, pois salvou-lhes a vida em diversas oportunidades: seja acalmando o mar encapelado; seja dando cadência, com a sua música, aos remadores; seja entorpecendo o dragão da Cólquida, o guardião do Tosão de Ouro, ao som de sua cítara; seja recobrindo a música maléfica das Sereias com o som de seu instrumento. Passaram pelo Helesponto, pelo Ponto Euxino, pelas Ciâneas (recifes móveis) também chamadas de Simplégades, por Cila e Caribdes etc. No tocante as Simplégades, seria interessante realcionar seu simbolismo com os ritos de iniciação. Spencer diz que “as Sympleglades, eram duas rochas em luta, na entrada do Mar Negro, e por entre as quais Jasão e os Argonautas tinham de passar em seu barco. As Sympleglades simbolizam a passagem para um outro mundo e têm uma tripla significação: elas representam o guardião do umbral; representam o terror do umbral e a ameaça de deixar a familiar condição mundana; quando a passagem é realizada, elas representam a união dos opostos. Quando o homem deseja tranferir-se deste mundo para outro, ele deve passar através de um intervalo sem dimensão e sem tempo, que divide duas forças relacionadas porém contrárias. No momento real da passagem, o herói abraça amabas as forças e deste modo anula os opostos. Nesse preciso momento ele se encontra no outro mundo” (Spenser, pg.31). Mircea Eliade também dedica grandes parágrafos ao simbolismo iniciático das Simplégades (Eliade, 1975, pg. 108).
Ao regressar da expedição dos Argonautas, casou-se com a ninfa Eurídice a quem amava perdidamente. Acontece que no dia de suas núpcias, o apicultor Aristeu tentou violar a esposa de Orfeu. Eurídice, ao fugir de seu perseguidor, pisou uma serpente que a picou, causando-lhe a morte. Possuído por um desgosto inconsolável, o poeta deixa de cantar e tocar e permanece em silêncio soturno pela morte da esposa. Resolveu, então, descer às profundezas do Hades, para trazê-la de volta ao mundo dos vivos. Orfeu desce aos infernos, nos versos imortais de Virgílio e, com sua cítara e sua voz divina, encantou de tal modo o mundo plutônico que a roda de Exíon parou de girar; o rochedo de Sísifo deixou de oscilar; Tântalo esqueceu a fome e a sede e as Danaides descansaram de sua faina eterna de encher os tonéis sem fundo. Às margens do Styx, tange de tal modo sua cítara que Caronte e Cérbero deixam-no atravessar o rio. Comovidos com tamanha prova de amor, Plutão e Perséfone concordaram em devolver-lhe a esposa. Impuseram-lhe, contudo, uma condição penosa: ele seguiria à frente e ela lhe acompanharia os passos. Enquanto caminhassem pelas trevas infernais, acontecesse o que fosse, Orfeu não poderia olhar para trás, até que o casal transpusesse os limites do império das sombras. Orfeu aceita a imposição e inicia a sua peregrinação. Estava quase alcançando a Luz quando uma dúvida lhe assalta o cérebro: e se tudo não fosse uma enganação dos deuses? E se sua amada não estivesse atrás dele? Acutilado pela incerteza, olhou para trás, transgredindo a ordem dos deuses. Ao voltar-se, viu Eurídice, esvaindo-se para sempre, “morrendo pela segunda vez” Tentou ainda retornar, mas o barqueiro Caronte foi implacável na sua recusa.
Inconsolável, tomado de amor pela sua musa, o vate passa a repelir todas as mulheres da Trácia. Por causa disso, uma vertente da lenda rezava que Orfeu foi estraçalhado pelas enfurecidas mulheres do seu torrão. A outra vertente, afirmava que tinha sido esquartejado pelas Mênades por ter abandonado o culto de Dioniso pelo de Apolo. Sintomático é que em ambas as versões, nota-se uma certa similaridade com o esquartejamento de Osíris e a junção dos pedaços por Ísis no Antigo Egito. É o tema da degradação do ovo original.
Sua cabeça foi lançada ao rio Hebro, cantando e recitando em versos órficos, o nome de sua amada. Desgostosos com esse crime, os deuses resolveram castigar o país com uma grande peste. Consultado o oráculo de como acalmar a ira divina, foi dito que o flagelo só terminaria quando se encontrasse a cabeça de Orfeu e lhe fossem prestadas honras divinas. Após longas buscas, um pescador encontrou a cabeça na embocadura do rio Meles, na Jônia, onde foi erguido um templo em homenagem a Orfeu, cuja entrada era proibida às mulheres. Se a lira do poeta foi parar na ilha de Lesbos, berço principal da lírica grega, pespegaram-na também no firmamento onde se tornou a Constelação da Lyra, que tem Vega como uma das estrelas de primeira grandeza. o Mito:
Orfeu dirigiu-se ao Hades para buscar Eurídice morta. E aqui convém salientar que pela cultura cristã, imagina-se o Hades, o mundo inferior, como o inferno. No orfismo, a topografia do Hades está divida em três regiões: i) o Tártaro, a parte mais abissal, profunda, ou seja, infernal, pois os castigos eram cruéis e violentos; ii) o Érebo, com castigos não tão horrendos como o Tártaro e iii) os Campos Elísios, destinados àqueles que, tendo passado pelos horrores dos dois primeiros, aguardavam o retorno.
Ao descer à mansão do Hades, Orfeu teria trazido Eurídice de volta ao mundo dos vivos se não tivesse olhado para trás, ou seja, mostrou estar ainda, preso ao passado, à matéria, enfim, a Eurídice. “Um órfico autêntico, segundo se verá mais adiante, jamais ‘retorna’. Desapega-se, por completo, do viscoso do concreto e parte para não mais regressar. Certamente o citaredo da Trácia ainda não estava preparado para a junção harmônica e definitiva com sua anima Eurídice. Seu despedaçamento pelas Mênades, supremo rito iniciático, o comprova. Como Héracles, que, apesar de tantos ritos iniciáticos e até mesmo uma catábase [ida] ao mundo das sombras, somente escalou o luminoso Olimpo após uma morte violenta numa fogueira no monte Eta. Orfeu olhou para trás, transgredindo o tabu das direções. Estas, bem como os lados e os pontos cardeais, possuíam, nas culturas antigas, um simbolismo muito rico”
Convém comparar essa parte do mito com o Gênesis (19, 17-26) quando os dois anjos recomendam a Lot que não olhasse para trás quando fugisse com sua família da destruição de Sodoma e Gomorra. Ao fugirem, a esposa de Lot olhou para trás e foi transformada numa estátua de sal. Este olhar para trás dela representa a volta ao passado, o apego a uma cidade do pecado. A desobediência, tanto a Javé como a Plutão, causa a desgraça do infiel.
Na macumba, após o despacho na encruzilhada, quem elabora nunca deve olhar para trás. As culturas tradicionais sempre privilegiaram o silêncio e o interdito do olhar para trás: seja o agricultor ao plantar; a mulher ao fiar o tecido; o coveiro ao abrir a sepultura; os desfilantes ao acompanhar o cortejo fúnebre.
Com a harmonia (em grego, harmonia significa junção das partes) perdida ou rompida, Orfeu não mais podia tanger a lira e o seu canto perdeu a magia. Perdeu tudo: Eurídice, a música, o canto, ele mesmo.
O despedaçamento de Orfeu está ligado a ritos antiquíssimos, pois como se sabe, o neófito ou iniciado, despedaçava um animal e o comia, para significar seu renascimento em Dioniso ou algum deus tribal. O rito frenético de Dioniso, executado pelas bacantes, reflete a originalidade do deus no panteón bem comportado da religião estatal grega. A participação das bacantes demonstrava que Dioniso era um deus das mulheres. Tanto assim que uma delegação de mulheres atenienses, a cada três anos, se dirigia ao campo para serem possuídas pelo charme e a ‘folia’ do deus, longe das cidades, corriam e dançavam ao som de uma flauta, sobre as montanhas e as florestas.
A cabeça de Orfeu sendo lançada ao rio Hebro, também tem um significado lapidar. A cabeça sempre foi considerada, nas mais diversas culturas, como uma das partes mais nobres e sagradas do ser humano, pois hospedava a alma. Possuir a cabeça de um inimigo, quanto maior a hierarquia maior a honra; era um troféu digno de um rei ou de um chefe tribal. Os deuses somente deram descanso aos mortais depois que foi encontrada a cabeça de Orfeu e lhe foram prestadas honras fúnebres. Mesmo decapitada, a cabeça continuava a viver, pois é o símbolo da voz, do verbo, da imortalidade.

Orfismo.
Possui-se hoje uma visão razoável do orfismo através dos diversos escritos, principalmente os textos de Platão e Virgílio que o integraram no seio de suas obras. O orfismo é um movimento religioso complexo onde se detectam influências dionisíacas, pitagóricas, egípcias, apolíneas e obviamente orientais.
O orfismo oscila entre Dioniso, que sempre desejou romper a camisa-de-força da religião tradicional da pólis grega, e Apolo, que corrigia os excessos e os desvairios dionisíacos. Esta aproximação que Orfeu faz dos dois deuses antagônicos tem um certo sentido: segundo Eliade, o espírito grego exprime por ela sua esperança de encontrar uma solução às crises desencadeadas pela ruína dos valores das religiões homéricas.
Rejeita daquele os ritos, nos quais os iniciados despedaçavam a vítima viva e ainda palpitante, e a consumação imediata da carne e do sangue do animal, pois eram radicalmente vegetarianos. A antropologia órfica tem como consequência o crime dos Titãs, contra Zagreu, o primeiro Dioniso, a mando da ciumenta Hera. A mitologia conta que Dioniso-Zagreu era filho de Zeus com Sêmele, uma mortal que, aconselhada pela deusa esposa Hera, pediu a Zeus que o queria ver com os olhos mortais, o que era um verdadeiro suicídio. Ao se apresentar a Zeus, a mortal não pôde suportá-lo em toda a sua radiante epifania. Morreu carbonizada e o feto foi recolhido por Zeus e agasalhado em sua coxa até o nascimento. Mais tarde, os Titãs, ainda a mando de Hera, após raptarem Zagreu, mataram-no e cozinharam-no num caldeirão. Em seguida, o devoraram-no. Zeus, possesso, fulminou os Titãs, transformando-os em cinzas. Dessas cinzas, nasceram os homens, com sua dupla natureza: o mal advindo de sua natureza titânica e o bem, representado pelo menino Dioniso-Zagreu que os Titãs tinham devorado. A chispa do divino, que o homem carrega dentro de si, advém pois de Dioniso, deus da fertilidade e também da morte. Na religião dionisíaca, inexiste, contudo, esperança escatológica, enquanto o orfismo é essencialmente soteriológico. Além do mais, o êxtase dionisíaco manifestava-se de modo coletivo tanto quanto o orfismo é, por princípio, individual.
De Apolo, herdou uma componente da catarsis, ou seja da purificação, tão praticada no oráculo apolíneo de Delfos, mas era radicalmente contra a weltanschauung de Apolo. Este comandou a religião estatal com mão-de-ferro, freando qualquer inovação que significasse um rompimento com o métron, tão conhecidos na lição apolínea por excelência: ‘conhece-te a ti mesmo’ e ‘nada em demasia’. A inteligência, a ciência e a sabedoria são consideradas pelos epígonos de Apolo como modelos divinos. A serenidade apolínea tornou-se, para o homem grego, o emblema da perfeição. A divergência residia até mesmo na catarsis, enquanto em Apolo, esta visava prioritariamente a purificar o homicídio. Os órficos purificavam-se nesta e na outra vida, visando libertar-se do ciclo das existências. A religião apolínea era o bem viver; a órfica, o bem morrer.
Os órficos substituíram a ‘folia’ dionisíaca pela catarsis apolínea. Através da prece e da oferenda, a purificação – catarsis – é um dos ritos principais das religiões antigas. Tudo que é impuro provoca a repulsão dos deuses e, por impuro, entende-se tanto a alma quanto o corpo. Convém notar que, por purificação, entende-se tanto a individual como a coletiva. Na antigüidade grega, quando se cometia um crime, o castigo recaía não só sobre o criminoso como sobre todo o seu clã. Assim, uma pretensa purificação de um crime, tinha que ser não só individual como coletiva. Ao contrário dos cultos dionisíacos, os apolíneos eram públicos, pois rejeitavam os mistérios das iniciações e dos ritos secretos. Por sinal, conhece-se muito pouco destes ritos secretos e destas iniciações órficas. Eliade nota uma semelhança entre os ritos apolíneos e os xamânicos, pois ambos procuram o conhecimento, a sabedoria e a exaltação do espírito, ao contrário das histerias (no sentido grego) e das possessões dionisíacas. Os órficos resolveram o problema da culpa de forma original na cultura grega: a culpa é sempre de responsabilidade individual e por ela se paga aqui; quem não conseguiu purgar-se nesta vida, pagará por suas faltas no além e nas outras reencarnações até a catarsis final.
A semelhança entre o orfismo e o pitagorismo, nos aspectos religiosos, é por demais sintomática: o dualismo corpo-alma, a crença na imortalidade da alma, a metempsicose, a punição no Hades, a glorificação final da psiqué nos Campos Elíseos, o vegetarianismo, o ascetismo e a importância das purificações. Por outro lado, o orfismo era menos elitista do que o pitagorismo, menos esotérico e não se imiscuia em política.
Orfeu é essencialmente um reformador. O orfismo quebra com a religião homérica, principalmente no tocante à sua teogonia. Salienta-se que a teogonia de Homero foi transmitida pelos rapsodos gregos. Sumariamente, a teogonia órfica afirma o seguinte: na origem estava Cronos (o Tempo) e dele saíram o Éter e o Caos que geraram o Ovo Cósmico, um ovo de prata imenso (daí a proibição de se comerem ovos). Desse Ovo surgiu o deus andrógino Fanes, mais tarde chamado de Eros. Após seu nascimento, a parte superior do ovo tornou-se o céu e a parte inferior, a terra. Fanes criou a lua e o sol, o outros deuses e o mundo. Zeus, contudo, engole Fanes e toda a criação. Houve a produção de um mundo novo, tornando-se, a partir daí, o criador único. Um papiro, descoberto em 1962, revela uma teogonia ainda mais radical: um verso, atribuído a Orfeu, proclama que “Zeus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas”. A seguir, Zeus criou um numeroso panteão no qual é preciso salientar Dioniso-Zagreus que terá realce fundamental no culto do orfismo.
É importante salientar o carácter monoteísta dessa teogonia que representa uma ruptura importante com os mitos olímpicos advindos dos rapsodos homéricos. O orfismo propugna por uma noção de um deus criador, soberano, simbolizando a vida universal. Contudo, o rompimento mais radical com o mito homérico é na parte escatológica, ou seja, na ciência dos fins últimos do homem, naquilo que deverá seguir à vida terrestre. A descida ao Hades, simboliza a vida após a morte. A concepção órfica da imortalidade advém de um crime primordial: a alma está enterrada no corpo como se fosse um túmulo (soma-sema, que significa em grego corpo-túmulo). Como conseqüência, a existência encarnada se assemelha mais a uma morte e o falecimento constitui o começo da verdadeira vida. Esta verdadeira ‘vida’ não é obtida automaticamente; a alma será julgada segundo as suas faltas e os seus méritos. Após um certo período, ela reencarna. A influência egípcia – julgamento de Osíris e reencarnação – é insofismável no orfismo. Nessa via crucis de reencarnação em reencarnação, até mesmo em corpo de animais, a alma vai se purificando. Nesses intervalos reincarnacionistas, a alma chega a demorar uns 1000 anos no castigo do inferno, onde sofre um ciclo de pesadas penas. Quando completamente purificada, sai desse ciclo de gerações para reinar entre os heróis. O destino, obviamente, não será o mesmo para os iniciados órficos e os profanos. O mortal comum profano deverá percorrer dez vezes o ciclo antes de escapar.
São outro artefato importantíssimo no orfismo. As lamelas órficas ou orfo-pita-góricas. Lamelas são pequenas lâminas ou placas de ouro, descobertas na Itália meridional e na Ilha de Creta, e em túmulos órficos. São, também, todas marcadas com o sinal secreto Y, até hoje um mistério. Delgadas e elegantes, enroladas sobre si mesmas, eram depositadas em pequenas placas hexagonais. Estas, presas a correntes de ouro, eram colocadas no pescoço dos iniciados, como talismãs, à maneira de passaporte para a eternidade.
Numa das lamelas encontradas, estão incrustados versos de aconselhamento à alma do morto para sua viagem em direção ao Hades. Em lá chegando, deve escolher entre um caminho da direita e um da esquerda. “À esquerda da morada do Hades, tu encontrarás o Lago da Memória, e os guardiões estarão lá. Diga-lhes... eu sou o menino da Terra e do Céu estrelado, mas estou morrendo de sede. Dá-me rapidamente a água fresca que flue do Lago da Memória”. Para a alma que deve retornar a terra para reencarnar-se, essa água do Lethes tem por função não esquecer sua existência terrestre mas eclipsar a recordação do mundo pós-morte. O orfismo assim reverte a função da água do Esquecimento pela nova doutrina da transmigração. O esquecimento não simbolisa mais a morte, mas o retorno à vida. A alma que teve a imprudência de beber na fonte do Lethes reencarna e será novamente projetada no ciclo do devir.
Para aquelas almas que não precisam mais se reencarnar, é aconselhado evitar a água do Lago da Memória e passar ao caminho da direita. E esta escrito numa das lamelas: “Venho de uma comunidade de puros, ó puro soberano dos Infernos”. Ao que Persófone replica: “Saúdo-te, toma o caminho da direita em direção aos prados sagrados e aos bosques de Perséfone”.
A sede da alma, comum a tantas culturas, configura não apenas o refrigério, pelo longo caminhar da mesma em direção a outra vida, mas sobretudo, simboliza a ressurreição, no sentido da passagem definitiva para um mundo melhor. Se, para os gregos “os mortos são aqueles que perderam a memória”, o esquecimento para os órficos não mais configura a morte, mas o retorno à vida.
Orfeu não morreu com a Grécia antiga. A sua figura continuou a ser reinterpretada pelos teólogos, tanto judeus quanto cristãos. Nos afrescos das catacumbas romanas, encontram-se imagens de Orfeu, tangendo sua lira no meio de animais simbólicamente cristãos: carneiros, ovelhas, cachorros, pombas. Noutros, encontram-se duas ovelhas: uma simbolizando Orfeu e outra, o Cristo. Nos mosaicos do mausoléu de Gala Placídia, em Ravena, é representado como Bom-Pastor. Uma antiga cena de crucificação chega mesmo a chamar Cristo de “Orfeu báquico”.
A semelhança dos simbolismos são flagrantes: o crime primordial dos Titãs e o pecado original de Adão e Eva, a consumação do corpo do deus cristão e do deus grego, Cristo como filho de Deus assim como Orfeu era filho de Apolo, são pontos comuns entre as duas doutrinas religiosas, numa visão simplista.
Para os filósofos da Renascença até Pope, para os poetas do seicento, passando pelos hermetistas até os dias atuais, o Mundo Ocidental teima em não esquecer Orfeu. Se pouco restou dos mistérios órficos, a figura de Orfeu tem cadeira cativa no inconsciente coletivo de nosso mundo.WILLIAM ALMEIDA DE CARVALHO.
BBibliografia:
BRANDÃO, Junito de Souza, Mitologia Grega, 3 vols., Ed. Vozes, Petropólis, 1987.
COMMELIN, P., Nova Mitologia Grega e Romana, Ediouro, Rio de Janeiro, s/d.
COSTA, Hippolyto Joseph da, The Dionysian Artificers, London, 1820.

A FACE OCULTA DOS DRAGÕES.


A existência dos Dragões, como animais pré-históricos, contemporâneos a uma raça humana arcaica, pode ainda ser contestada mas sua realidade como elemento cultural, seu caráter de poderoso símbolo presente no imaginário popular e nas alegorias religiosas de todo o mundo, isto é um fato inegável. Rico em conteúdos semióticos, o Dragão, ora representa o bem, ora representa o mal.
Uma visão geral do histórico dos Dragões mostra um ser paradoxal, que encarna, ao mesmo tempo, o bem e o mal. É o monstro que aterroriza os mortais, é a besta do Apocalipse, o aliado da Magia Negra, o raptor de donzelas medievais; mas também é um símbolo de sabedoria, força física, poder, proteção e boa fortuna. Este caráter, aparentemente multifacetado dos dragões é o resultado de milênios de sincretismos entre culturas de todo o mundo. O aspecto maligno do dragão é notavelmente acentuado no Ocidente, onde foi associado à figura do Diabo por conta de suas "aparições", quase sempre alegorias mal interpretadas, nas escrituras cristãs como no Apocalipse, onde é chamado Leviathan; nos evangelhos apócrifos: em Bartolomeu, surge submisso e, diante de Cristo e dos apóstolos, confessa suas maldades. Outras referências ao dragão diabólico são os embate com o Arcanjo Miguel e com São Jorge. No evangelho apócrifo de Bartolomeu, o "inimigo dos homens" é descrito assim:
Belial subiu aprisionado por 6 064 anjos e atado com correntes de fogo. O dragão tinha de altura mil e seiscentos côvados e de largura, quarenta. Seu rosto era como uma centelha e seus olhos, tenebrosos. Do seu nariz saía uma fumaça mal-cheirosa e sua boca era como a face de um precipício....Bartolomeu, pois, se foi e pisou-lhe a cerviz, que trazia oculta até as orelhas, dizendo-lhe: — Dizei-me quem és tu e qual é teu nome....Respondeu Belial: — A princípio me chamava Satanail, que quer dizer mensageiro de Deus, Mas, desde que não reconheci a imagem de Deus, meu nome foi mudado para Satanás, que quer dizer anjo guardião do tártaro.
In www.sobrenatural.org - 2005
Todavia, a simbologia tradicional se mantém. Os dragões jamais perderam seus atributos positivos e somente pela via das deturpações podem ser identificados com o mal. Ao contrário, o folclore envolvendo Dragões em guarda de tesouros é uma adaptação popular para os Dragões Guardiães do Éden, Guardiães da Árvore da Vida e da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Mesmo entre os judeus, são os Querubins designados pelo Criador para defender o Paraíso. Estes anjos, são descritos no Livro de Enoch com uma aparência zoomórfica, dotados de múltiplas asas, espadas flamejantes e face zoomórfica, entre o homem e o dragão. São, por isso, guardiães da Sabedoria e ainda abrigam outros significados: representam a energia cósmica criadora, a eternidade e o próprio Cosmos, que repousa enrodilhado sobre si mesmo, círculo de serenidade, e quando desperta em turbilhões, desdobrando suas espirais no infinito, manifestando-se em todas as coisas que existem no Universo.
A imagem do Dragão associada à sabedoria contém uma mensagem de profundo alcance. A imagem diz que a Sabedoria não se relaciona com qualquer tipo de fraqueza. Não há conflito entre força, poder e felicidade, boa fortuna, compaixão e bom senso. O signo original, concebido em épocas insuspeitadas da história humana, referia-se à Regeneração Psíquica e à Imortalidade. Hermes considerava a serpente o mais espiritual de todos os seres. "Jesus admitiu a Serpente como sinônimo de Sabedoria, e um de seus ensinamentos, disse: Sede sábios como a serpente." Todos os povos simbolizaram o "Espírito de Deus" sob a forma de uma serpente de fogo que repousa sobre as águas primordiais até o dia do despertar, quando se expande por meio do verbo tomando a forma do leminiscato, a serpente que morde a própria cauda, representação do Universo, da Eternidade, do Infinito e da forma esférica dos corpos celestes.Wikepédia.

sábado, 27 de março de 2010

O BEM E O MAL.


O Bem e o Mal estão misturados neste mundo e se manifestam sob diversos aspectos. A tragédia e a comédia, a infelicidade e a felicidade, a guerra e a paz, são sempre motivadas pelo Bem e o Mal. Mas porque existem homens bons e homens maus? Deve haver alguma causa fundamental que os origina e esta causa precisa ser conhecida.
Evidentemente, todo ser humano deseja ser bom. Ninguém gosta de ser mau. Tanto no campo da política social como no terreno da família, todos, salvo algumas exceções, amam o bem por inclinação natural, porque sabem que a paz e a felicidade não nascem do Mal.
Vou definir o homem bom e o homem mau.
O homem bom acredita no invisível. O homem mau não acredita no invisível. Quem acredita no invisível, acredita na existência de Deus; em outros termos, é espiritualista. Quem não acredita no invisível, é materialista e ateu.
Quando um homem pratica o Bem, seus pensamentos emanam do amor, da misericórdia, da justiça social e, em sentido amplo, do amor à humanidade. Há homens que praticam o Bem por acreditarem na lei do karma. Ajudam os outros por compaixão, imbuídos do pensamento budista de retribuição das quatro obrigações.
Não desperdiçar as coisas, agir com simplicidade e frugalidade – são algumas das manifestações do Bem. O homem de fé sente-se grato a Deus. A atitude de agradecimento, o esforço para submeter-se à vontade de Deus – estão entre as principais manifestações do Bem.
Vejamos agora a psicologia do homem mau. Quem pratica maus atos não acredita absolutamente na existência de Deus. Essas pessoas pensam que podem praticar qualquer maldade para se beneficiarem, desde que consigam fazê-lo às escondida. Têm pensamentos niilistas, iludem os outros como se tratasse da coisa mais comum, prejudicam o próximo sem pensar nas perturbações que causam aos homens e à sociedade. Em casos extremos chegam até a perpetrar assassínios. A guerra é um assassínio grupal. Os heróis da antiguidade provocavam grandes guerras para alimentar o seu desejo ilimitado de poder e procediam de acordo com o lema segundo o qual " a razão está com quem detém o poder".
Mas há um velho ditado que diz: " Enquanto os ventos lhes são favoráveis, o homem vence até o céu; quando o céu decide, entretanto, o homem é subjugado". O homem mau pode prosperar durante algum tempo, mas o seu fim será sempre um destino trágico. Isto é claramente demonstrado pela História. O motivo de sua ruína, naturalmente, foi o mal que praticou.
Essas pessoas, porém, crêem que obter vantagens à custas dos outros é até uma prova de esperteza e por isso praticam o maior número possível de atos malignos, para poderem levar uma vida faustosa. Elas também pensam que não existe vida no mundo espiritual e que o ser humano, após a morte, fica reduzido a zero. É através desses pensamentos que surge o Mal.
No entanto, ainda que esses indivíduos tenham sorte, o seu sucesso é apenas temporário. Se as observarmos com uma visão ampla, vemos que um dia acabam sendo infalivelmente destruídas.
Quem erra praticando o mal, vive sempre intranqüilo, no terror de ser descoberto e preso a qualquer momento. E torturado pelo peso da consciência, terá de se arrepender fatalmente.
Muitas vezes, uma pessoa que cometeu um delito acaba por denunciar-se a si própria. E não raro, ao ver-se presa e condenada, fica até contente, sentindo-se aliviada. Isto acontece porque a alma, dada por Deus, foi repreendida por Deus. Porque a alma se comunica com a divindade através do fio espiritual. Portanto, quando um homem pratica o mal, mesmo que iluda perfeitamente os olhos dos outros, não consegue iludir-se a si mesmo. Através do fio espiritual que liga o homem à divindade, Deus conhece detalhadamente todos os atos do ser humano. Todas as coisas que o homem pratica ficam registradas no Livro de Yama ( O Senhor de Hades, o Rei do Inferno).
Ensinamento de Meishu Sama.

O silencio.


Que me parece um silêncio na alma
Na noite solta que se vêm a mim
E renascendo nestas horas calmas
Rompe barreiras do seu próprio fim

Quem já permite ao seu cotidiano
Momentos calmos de uma solidão
Amansa o rumo do seu próprio plano
Planta taperas no seu coração

Um rancho tosco será testemunha
Por seu silêncio invadindo a vida
Um mate novo pra sorver os sonhos
Das minhas mágoas que são tão sentidas

Então eu busco nas razões que trago
Qual o motivo de um desassosssego
Talvez os olhos daquela morena
Seja uma estrada de guardar segredos

Mas muitas vezes é melhor o nada
De um silêncio que nos arrodeia
Pois toda a fúria que em nós deságua
Acaba um dia no cristal da areia

A gente aprende no amanhã depois
No próprio rastro que ficou no pó
Que é necessário se viver em dois
Do que o silêncio de viver tão só.
Luiz Marenco.

sexta-feira, 26 de março de 2010

O silêncio da alma.


O silêncio da alma
Sublime silêncio...
que repara os erros,
que enxuga as lágrimas,
que apara arestas,
que fecha feridas
que induz ao raciocínio,
e abre as portas
antes trancadas
pela escuridão da ignorância,
permitindo a entrada da luz,
e o despertar da confiança.

Silêncio

Que desativa todos os sentidos,
e querendo falar, não se fala.
e querendo ouvir, não se ouve.
e querendo ver, não se vê.
e querendo tocar, não se toca.
e querendo aspirar, não aspira,
não respira, não se sente,
apenas pressente,
todo o desejo latente e perdido,
de um coração triste e reprimido.


Silêncio

para que todo o pensamento flua,
e reconhecendo cada erro, cada falha,
a alma arrependida, se destila e depura,
concebendo o dom do perdão e da graça.

Silêncio

para que se faça tangível a razão,
reconhecendo os jardins dos desamores,
e transformando-os em jardins de flores,
no templo puro e cristalino do coração.

Silêncio

para que todas as ofensas desapareçam,
todas as dúvidas em confiança se convertam,
e as esperanças perdidas sejam recuperadas,
na certeza de uma alegria docemente renovada.


Silencio

para que eu me lembre de ti,
de cada momento,
de cada sentimento,
de cada beijo tímido,
que foram dados às escondidas,
mas que nada devem ao pudor,
e que nada devem à dor ou mesmo aos desatinos,
das nossas almas separadas por um curto destino.

Silêncio

para que vendo uma rosa vermelha
eu me lembre do teu coração cheio de Amor.

para que vendo a Lua cheia e luminosa,
eu me lembre da ternura viva dos teus olhos.

para que vendo o Oceano em repouso,
eu me lembre a suavidade e a doçura da tua Paz.

Para que vendo o manto suave das nuvens,
eu recorde a tua pele macia e sedosa.

Para que vendo o nascer do Sol,
eu me lembre do esplendor do teu Sorriso,

E quando sentir em minha volta o milagre da vida,
eu possa recordar que me fizeste sentir igual
quando nos seus braços, revivi no calor do teu Amor.



Silêncio

Para que recordando cada toque de tua pele
ainda sinta o perfume do teu corpo.
para que recordando do calor dos teus lábios,
ainda sinta o toque quente e úmido nos meus.
para que recordando cada diálogo contigo
ainda sinta a vibração amorosa da tua voz.
para que recordando cada lugar que juntos caminhamos,
ainda sinta a energia de tuas mãos, apertando as minhas.

Silêncio

Este silêncio
que devora cada dia, cada hora,
cada minuto e cada segundo,
de uma forma lenta, triste, inconsolável.
E aos olhos atentos do mundo,
a dor e a solidão não serão notadas,
a minha alma vertendo-se em lágrimas,
de uma saudade incontrolável,
recordará a tua doce existência
como um Sol brilhando em minha alma.
Hassin Ghannam.

A ROSA DOS VENTOS DOS LAMENTOS RACIONAIS.


Barbas brancas sobre a face da noite
Ofuscam o brilho dos faróis da esperança;
Olhos perdidos na abóbada celeste do norte
Por onde caem as gotas do pesar indecente
A cair por entre os escombros da morte
Em meio as explosões do imperioso sonho demente!
São as mesmas lágrimas que movimentam a revolta das águas do leste;
Clamor das ondas devastando as terras áridas de vida
A sufocar os gritos da insanidade inocente.
O pranto dos mares: evapora-se , emudece-se, Cala-se!
Acima do reino dos famigerados do sul
Miseráveis frutos dos campos amargos dos desvalidos;
Infame arquitetura dos projetos de seca!
E tu que já derrubaste muros,
Ergueste edifícios, Desvendaste o segredo da vida,
Aventurando-se nos limites do espaço infinito,
Permaneces imóvel no ponto áureo da direção do oeste!
De pé ante a estátua dos cavaleiros de bronze;
Buscas o reluzido brilho perdido
Enquanto contemplas os raios de outrora!
Simplesmente ali ressecaste tuas vistas;
E apenas permites que a chuva escorra,
Suavemente, por dentre as cicatrizes do teu rosto de choro.
Andréia de Oliveira.

Crenças.


Cremos que a vida humana é múltipla em manifestações, mas uma só em essência e que somos um canal de manifestação da vida, e que lutar contra é uma forma de onipotência, é querer parar o fluxo harmônico da natureza.
Cremos que a família menos que um conjunto de obrigações, é um laboratório de treinamento na operacionalidade do amor, uma experiência comum das diferenças individuais, é na diferença que se situam o crescimento e o amor e que crescer é fazermos em níveis maiores a ligação entre os contrários!
Cremos que o tempo não existe, como força fora de nós, mas que o tempo somos nós mesmos em movimento, em transitoriedade... Que a segurança não existe a não ser como a aceitação da insegurança básica da pessoa humana. Que o amor, a bondade, a verdade e a ternura devem ser cultivados não por imposição moral, mas porque fazem parte das leis naturais do mundo.
Cremos que estamos na vida para louvar a gratuidade, a simplicidade e o imprevisto, que a vida só se vive no improviso, no rascunho. Que nenhum de nós é um todo, mas apenas uma parte, que a alma é um pedaço de nosso corpo e que nosso corpo é um pedaço de nossa alma.
Cremos que até nisso as pessoas são iguais, cada um é diferente, que somos criança, adultos e velhos ao mesmo tempo. Que viver é juntar diariamente o separado e separar diariamente o que está junto.
Cremos que se aprendemos a nadar, temos que aprender a mergulhar, e que para aprendermos a ganhar, temos que aprendermos a perder, que para aprendermos a viver temos que aprender a morrer, que para sentir prazer temos que aprender a sentir dor. Que para aprendermos, a saber, temos que aprendermos a não saber!
Cremos que ser diferentes é ser livre, que o passado e o futuro são importantes como referência da nossa vida, e não como uma determinante dela, que existem o conhecido, o desconhecido e o incognoscível. Que o vazio faz parte do mundo e é onde recebemos o mundo, jamais teremos segurança total, inteligência total, presença total, saúde total, potência total.
Cremos que nossa força vem da consciência de nossa fraqueza, que nossa coragem vem da consciência de nosso medo, que enfrentar as coisas vem da consciência do nosso desejo de fugir, que nossa alegria vem da consciência da nossa depressão, e que nossa esperança vem da consciência de nosso desespero.
Cremos que se após a morte não existir nada, este nada será uma forma de existir, que nós somos bons, verdadeiros, honestos, livres e sábios por natureza embora às vezes sejamos maus, desonestos, presos e ignorantes. Que o mal não existe em si mesmo, é apenas a ausência do bem.
Cremos que mestre é aquele que aprende e não o que ensina, que a autoridade vem dos fatos e não das pessoas. Que não queremos e não podemos ter qualquer compromisso com o sucesso, que viver é apenas viver, e não viver em função de alguma coisa.
Que não estamos neste mundo para viver em função da nossa esposa, do nosso marido, dos nossos filhos... Só estamos neste mundo para vivermos com eles. Que o amor é quando somos bons e verdadeiros ao mesmo tempo.
Cremos que nascemos para ser e não para ter, pois o dinheiro é um meio, instrumento do viver, e não um fim na vida, que pessoas não são coisas e, portanto não são propriedade de ninguém. Que amor é liberdade e que liberdade é o casamento entre o que queremos e o que podemos. Que a vida é um mistério e que nós somos parte dele, que ajudar alguém não é dizer ao outro como ele tem que se, é ajuda-lo a se ajudar, é ajuda-lo a não precisar de nós.
Cremos que é sempre possível arranjar uma desculpa para nos divertirmos, para sermos felizes. Que amar é ser inocente, acreditar nas pessoas como uma criança acredita na outra, que inocência é ver uma gota de orvalho numa flor, ver o broto das árvores,
É ver uma borboleta voar, é saudar o por do sol, é deixar cair uma lágrima, é sujar as mãos na terra, é rir dos nossos limites, é beijar o ar, é respirar uma música, é contar as estrelas, é desprevenir-se.Antonio Roberto Soares.

Um Segredo Áureo.


Há milhares de anos, no Egito, o Homem iniciou a investigação dos mistérios que o circundavam. A primeira e mais maravilhosa das descobertas que fez foi a da dualidade do Eu. Ele constatou que, além do corpo físico, com seus membros e órgãos, existia uma natureza ou elemento etéreo em seu Ser. O Homem tornou-se, então, pela primeira vez, verdadeiramente autoconsciente, ou melhor, consciente do transcendente Eu interior.
De onde veio essa essência de sua natureza, ou Eu? Ela não poderia ser afetada por aquilo que infligia dor ao corpo, pelo calor, frio ou fome. Poderia estar ativa, pensar e idealizar enquanto o corpo estivesse em repouso, ou mesmo adormecido. Além disso, o que lhe aconteceria no fim da vida, ou morte? Era ela indestrutível? Sobreviveria? Com perguntas semelhantes confundindo a mente dos antigos egípcios e, não obstante, despertando o seu interesse, iniciou-se uma busca que jamais terminou por parte dos homens e mulheres inteligentes em todo o Universo.
No fenômeno comum da vida cotidiana, na observação do início e fim das estações, no fluxo e refluxo das marés, no crescente e minguante da Lua, os homens primitivos descobriram a Lei dos Ciclos, a periodicidade de toda a Natureza. Com a morte periódica das plantas e seu renascimento na primavera, convenceram-se da ressurreição da Natureza, uma admirável imortalidade das coisas viventes. Tudo isso aumentou sua sede de conhecimento.
Mistérios do Eu.
Examinemos os fatos. Sua vida é influenciada por muitas coisas inexplicáveis – fenômenos e ocorrências, que às vezes, o leitor não pode explicar ou controlar. Poderia, mesmo, taxá-los de sobrenaturais; pode mesmo rir-se a seu respeito. Não obstante, eles são os fatores, diretos ou indiretos, que o impedem de realizar algum ideal, algo que está procurando alcançar ou conseguir, ou de libertar-se de preocupações e lutas. Você teve, por exemplo, essas sensações estranhas? Já encontrou pessoas, pela primeira vez, apresentáveis em aparência, mas, que algo, sem explicação, despertou-lhe uma onda de desconfiança e antipatia pela mesma? Por que? Essa é uma manifestação da aura humana. Hoje já sabemos cientificamente que o corpo emana esta radiação. Essa emanação tem um poder místico muito prático, que era e é conhecido pelos estudantes das ciências herméticas.
Estes mistérios e potencialidades do Eu estão sendo, cada vez mais, de domínio dos indivíduos. Todos as novas descobertas cientificas tem colaborado para que, um número cada vez maior de pessoas, se interesse por estudar e desenvolver estas habilidades inerentes a todos seres humanos. O nosso século está, indelevelmente, marcado pelo crescimento de muitas organizações que se dedicam a orientar e desenvolver estes atributos. Porém, estes conhecimentos não são novos. Os egípcios já dominavam grande parte deles, assim como, muitos outros povos ao longo de nossa história.
Podemos observar, de tempos em tempos, pessoas que se destacaram nos diversos campos da ciência e que possuíam qualidades especiais. Via de regra, elas estavam ligadas a organizações preocupadas em despertar este poder interior, latente no ser humano. Parece que, a simples descoberta destas potencialidade, adicionada à algumas técnicas de desenvolvimento e despertar, contribuíram para criar personalidades importantes para a mudança de nossa história.
Como teriam obtido tais informações? Será que faziam parte de uma classe especial de seres, ou teriam adquirido um conhecimento que lhes proporcionou um desenvolvimento acima da media de seus contemporâneos? Esta coluna não tem a intenção de responder a estas questões, mas provocar algumas reflexões e trazer a Luz de nossa consciência assuntos que sempre angustiaram muitas pessoas.Ordem Rosacruz - AMORC

quinta-feira, 25 de março de 2010

Ser Gótico.


Jaz aqui a tristeza.
Onde mora a solidão.
A dor do pensamento que oculta.
Todos os pensamentos obscuros.

Vestidos de luto.
Suportando a ideia.
De viver num mundo.
Onde a felicidade é ilusória.

Perdidos nas sombras.
Onde vagueiam eternamente.
Por entre as rosas já mortas.
Por entre o sangue corrente.

Destruidos por desilusões.
Tristezas...

Guardando por vezes imagens.
Da luz que tiveram um dia.
E jamais a terão...

Vagueiam como almas.
Por entre estranhos subúrbios.
Dos corações indesejáveis...

Indesejáveis,
São vistos...
Maus olhos os têm...

Seres nocturnos.
Melancólicos.
Que vagueiam num mundo sem fim
Sem retorno...

Nesta escuridão.
Como fantasmas que choram.
Vivem esta solidão.
Cravada na raiz do seu coração!
Veronica.

A Árvore da Vida.


A Árvore da Vida é o glifo fundamental da Tradição Ocultista Ocidental e foi utilizada para meditação e trabalho oculto prático durante inúmeros anos. Muitos dos seus símbolos são arquetípicos, o que significa que têm sentido profundo para os homens de todas as raças e credos. Eles encarnam experiências humanas fundamentais como "masculinidade", "feminilidade", "maternidade".
Centenas de estudiosos do ocultismo foram criados neste ocultismo e instruídos no seu uso prático, começam a viver, agir e a pensar dentro deste sistema. Trabalhamos com ele todos os dias, meditando sobre ele e interpretando a vida do ponto de vista da sua estrutura. Isso traz ordem à vida interior; os sonhos e o "psiquismo" aparecerão em função do simbolismo da Árvore e, ao alcançarmos o estágio adequado de preparação, o trabalho ritual se baseará nele.
Para que a Cabala se torne parte da nossa vida, seu uso deve ser completamente automático, se quisermos alcançar o seu pleno proveito. Por isso, é uma excelente idéia tomar notas e traçar diagramas em todas as oportunidade. Desse modo, o sistema se torna parte do nosso mundo interior.
A maioria dos estudiosos modernos não está muito interessada em pesquisa acadêmica por si mesma; quer algo que possa ser utilizado hoje. A Qabalah é um sistema vivo e se desenvolve com o uso, evoluindo, como devem evoluir todos sistemas de conhecimento destinados a sobreviver. Os elementos cabalísticos são frequentemente classificados dentro de quatro títulos:

1) Cabala prática, que trata da magia cerimonial;

2) Cabala dogmática, que compreende a literatura e o sistema;

3) Cabala literal, que trata das letras e dos seus valores numéricos;

4) Cabala oral, que se ocupa com a atribuição dos símbolos às esferas da Árvore da Vida.

Árvore da Vida.

Os Triângulos na Árvore.
Otz Chiim, a Árvore da Vida, é, na verdade, a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.
Ela é composta de dez círculos ou esferas chamadas Sefirats, que significa "emanações". A forma singular de sephiroth é sefirat. Estas Sefirats são dispostas em três triângulos ficando o décimo círculo isolado embaixo, conforme é mostrado pela figura de abertura desta página.
Os triângulos são ligados entre si por vinte e duas linhas ou caminhos. Observando a figura central da ilustração desta página, você poderá perceber. Os círculos representam estágios no desenvolvimento das coisas - em especial a evolução do universo e da alma. Os círculos são numerados de 1 a 10 de acordo com a linha em ziguezague chamada raio, que às vezes é ligada ao diagrama da Árvore.
Se você quiser perguntar porque as esferas da Árvore não podem simplesmente ser dispostas em linha como uma série de contas, a razão é que a Árvore representa um conjunto de relações, não apenas uma sequência de eventos.

Os Pilares.

As dez esferas da Árvore podem ser consideradas como três linhas verticais ou pilares. Tal disposição apresenta os tr6es grandes princípios complementares de atividade, passividade e equilíbrio. Os pilares laterais representam sempre os complementares, enquanto o do meio retrata o estado de equilíbrio entre eles.
O simbolismo do pilar, como todas as relações na Árvore, pode ser aplicado igualmente à humanidade ou ao universo. A significação das forças complementares da Árvore se tornará clara à medida em que aprofunda o seu estudo. É apresentado um círculo pontilhado entre os círculos um e seis; ele representa uma "sephirah invisível", chamada Daath.

Para locarlizar melhor os circulos, comece numerando do alto e no centro, como circulo 1. O circulo da direita é o 2, da esquerda 3, próximo à direita 4, esquerda 5, centro 6, direita 7, esquerda 8, centro 9, centro 10. Na tradição cabalística, os pilares muitas vezes eram chamados de SEVERIDADE (Ativo), Compaixão (passivo) e Mansidão (equilíbrio).

As Letras Hebraicas.
Dizem que um professor de hebraico numa universidade inglesa iniciou sua preleção com as palavras:- Senhoras e Senhores, esta é a língua que Deus falava. Talvez isto estivesse sendo um pouco exclusivista, mas tinha boa razão para isso. Uma considerável parte das sagradas escrituras da cultura ocidental foi indiscutivelmente escrita nessa língua antiga.
Há vinte e duas letras do alfabeto hebraico. São todas consoantes. Os sons vogais, ou pontos, foram acrescentados posteriormente. Diz a lenda que, durante a Criação, Deus fez desfilar diante de si as vinte e duas letras e "viu que eram boas". Recebida a aprovação divina, as letras foram consideradas sagradas, cada uma representando uma idéia e um som.
A forma atual das letras é semelhante aos objetos que originalmente se supunha que representassem. Desse modo, Shin, a vigésima primeira letra, representa o dente da serpente, enquanto Kaph, a décima primeira, uma palmeira. A esta altura você deve estar se perguntando se precisará aprender o hebraico antes de compreender a Árvore e utilizá-la.
A resposta é um simples NÃO. A Árvore é um sistema universal de relações. Pode ser expressa em qualquer língua e época.
Porque estamos fazendo digressões sobre o hebraico?
Antes de tudo porque as idéias cabalísticas foram originalmente expressas em hebraico e muitas obras subseqüentes, como os elementos da "Aurora Dourada", basearam grande parte de suas teorias e práticas nas letras e seus significados.
Em segundo, porque centenas de estudiosos do ocultismo, meditando e trabalhando sobre elas no ritual, tornaram o hebraico uma espécie de centro do inconsciente da Tradição Ocultista Ocidental. O moderno ocultista, assim diz a teoria, pode, através da reflexão sobre as letras, sintonizar esse conjunto de idéias e experiências.
Há vinte e duas letras, todas consoantes. O hebraico não tem nenhum sinal para os números, de modo que se dá a cada letra um valor numérico.
Os antigos rabinos usavam essa característica, desenvolvendo uma forma de numerologia chamada gematria. Se os valores das letras isoladas que compõem uma palavra são totalizados, a soma obtida pode ser comparada aos resultados ajustados a outras palavras. Todas as palavras com um total comum são consideradas como tendo uma afinidade especial.
Os cabalistas dividem as letras em três grupos: letras-mãe, letras duplas e letras simples. Há três letras-mãe, sete duplas e doze simples.

A Árvore e suas Forças.
A Qabalah é chamada de Árvore da Vida porque é representada por Dez Esferas interligadas, cada qual representando um Princípio-Regente. Essas esferas-princípios são chamadas de Sefirats.
A Árvore da Vida é um diagrama que representa todas as forças e fatores atuantes no universo e na humanidade. Não existe nenhuma característica, influência ou energia que não seja suscetível de representação na Árvore. O começo, o fim e os caminhos intermediários, todos são representados. Pode-se assim ver o passado, o presente o o futuro nas Dez sefirats e nos vinte e dois caminhos que as ligam.
Somos, naturalmente, construtores de formas. Todo o nosso passado foi consumido numa luta corpo a corpo com a forma, pois mesmo os reinos etéricos do plano mental são túrgidos e restritivos para o espírito. Não é de surpreender, portanto, que a personalidade - ela própria uma complexa forma mental e emocional .
Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança e fazemos o mesmo com o nosso universo interior - nossa percepção das forças abstratas é personalizada ou formalizada de acordo com o nível da nossa compreensão do momento. Os Titãs, os deuses olímpicos e os deuses com cabeça de animais do Egito são formas feitas pelo homem.
Os arcanjos, os anjos, serafins e querubins, os elementais e as fadas do folclore são personificados em formas aladas, anões, rodas ardentes, pilares de fogo, etc. segundo a profundidade da nossa percepção e os limites do nosso suprimento de imagens mentais. Os símbolos personalizados são palavras no vocabulário dos ocultistas. Com as palavras de que nos servimos na vida diária, eles representam realidades; só há ameaça de perigo quando elas são tomadadas erroneamente pelas realidades que representam.
O ocultismo jamais pode ser restringido a uma série de fórmulas rígidas. A experiência humana é individual e alguns aspectos dela podem ser singulares. Tampouco duas pessoas reagem do mesmo modo a uma experiência. Há, por conseguinte, pouco valor em adquirir um livro sobre a Cabala com uma série de poderes facilmente acessíveis e utilizá-lo como um substituto da experiência pessoal. O livro só pode servir para apontar o caminho.
Seja como for, tudo depende do uso que você fizer da Árvore como símbolo fundamental.
Wikepédia.