quinta-feira, 1 de outubro de 2009
DIFERENÇA ENTRE MAGIA E BRUXARIA.
Há uma verdadeira e uma falsa ciência, uma magia divina e uma magia infernal, isto é, mentirosa e tenebrosa; temos que revelar uma e desvendar outra; temos que distinguir o mago do feiticeiro e o adepto do charlatão. O mago dispõe de uma força que conhece, o feiticeiro procura abusar do que ignora. O mago é o soberano pontífice da natureza, o feiticeiro não passa de um profanador.
ENFEITIÇAMENTOS.
afirmamos sem temor que o enfeitiçamento é possível. não só é possível como também é, de algum modo, necessário e fatal. Realiza-se sem cessar, no mundo social, sem conhecimento dos agentes e pacientes. O enfeitiçamento involuntário é um dos mais terríveis perigos da vida humana. Há, pois, duas espécies de enfeitiçamentos: o enfeitiçamento involuntário e o enfeitiçamento voluntário. Pode-se também distinguir o enfeitiçamento físico do enfeitiçamento moral. o enfeitiçamento “POR CORRENTE” é uma coisa muito comum, como notamos; somos levados pela multidão, no moral como no físico. As doenças morais são mais contagiosas do que as doenças físicas, e os sucessos de predileção e moda [os fenômenos dos modismos] .poderíamos comparar à lepra ou ao cólera-morbo.
MULHERES.
O que contribui para tornar histéricas as mulheres (século XIX) é sua educação débil e hipócrita. Se fizessem mais exercícios, se lhes ensinassem as coisas do mundo elas seriam menos caprichosas, menos vaidosas, menos fúteis e, por conseguinte, menos acessíveis às más seduções. A fraqueza sempre se simpatiza com o vício, porque o vício é uma fraqueza que se dá a aparência de uma força.
(Um homem) Aquele que se quer fazer amar (por uma mulher) deve, primeiramente, fazer-se notar e produzir uma impressão qualquer na imaginação da pessoa que deseja. Que a encha de admiração, espanto ou terror, de horror até, se só tiver este expediente; mas é preciso a todo preço que, para ela, ele saia da posição dos homens comuns e que tome, de boa ou má vontade, um lugar na sua memória.[p 373]
Uma grande decepção para o amor próprio de certas mulheres honestas é descobrir que, no íntimo, o homem a quem tomavam por um bandido, é, na verdade, bom e irreprovável. Desprezam então o bonachão dizendo-lhe: "Tu não és o diabo!". Disfarçai-vos, pois, em diabo o mais perfeitamente possível, vós que quereis seduzir um anjo. A posição de um homem de grandes princípios e caráter rígido somente é encantadora para mulheres imunes aos truques de sedução; todas as outras, sem exceção, adoram os maus homens.
Pode-se dizer que o amor, principalmente na mulher, é uma verdadeira alucinação. Sendo dado este conhecimento transcendental da mulher, há uma segunda manobra a se operar para atrair sua atenção: é não se ocupar dela ou ocupar-se de um modo que humilhe seu amor próprio, tratando-a como uma criança e afastando qualquer hipótese de estar lhe fazendo a corte. Então, os papéis mudarão: ela fará tudo para vos tentar, ela vos iniciará nos segredos que as mulheres se reservam, vestir-se-á e despir-se-á diante de vós, dizendo coisas como estas: "Entre mulheres, entre velhos amigos, não vos temo, não sois homem para mim" etc. aproximar-se-á de vós sob um pretexto qualquer, vos roçará com seus cabelos, deixará o roupão se abrir.
TRANSMUTAÇÕES.
As transmutações e metamorfoses foram sempre,na opinião do vulgo, a própria essência da magia. Ora, o vulgo, jamais acerta ou se engana completamente. A magia muda realmente a natureza das coisas ou, antes, modifica à sua vonate as aparências . A palavra cria sua forma .As coisa são, para nós, o que o nosso verbo interior as faz serem. Julgar-se feliz é ser feliz. Muitas vezes, sob o domínio de uma forte preocupação, OLHAMOS SEM VER ..."Fazei com que olhando não vejam" disseo o grande iniciador ...que, um dia, vendo-se a ponto de ser lapidado no templo, se fêz INVISÍVEL e saiu.
POÇÕES.
Atacamos, agora, o abuso mais criminoso que se pode fazer das ciências mágicas: é a magia, ou antes a feitiçaria envenenadora. Se a justiça humana, usando de rigor contra os adeptos, só tivesse atingido os necromantes e feiticeiros envenenadores seus rigores teriam sido justos (...) contra semelhantes celerados. João Baptista Porta, em sua Magia Natural, dá uma receita do veneno dos Bórgias. Podemos, pois, dar aqui a receita de Porta, somente para satisfazer a curiosidade dos nossos leitores.
O sapo, por si mesmo, não é venenoso, mas é uma esponja de venenos. Tomai, pois, uma grande sapo, diz Porta, e prendei-o numa garrafa com víboras e áspides (sinônimo de pequena cobra venenosa); dai-lhes para alimento, durante vários dias, cogumelos venenosos, a digital e a cicuta, depois irritai-os, batendo-lhes, queimando-os, atormentando-os de todas as maneiras, até que morram de raiva e fome. Salpicai-os então de escuma de cristal pulverizado e eufórbio (raiz venenosa da família da mandioca). Depois, pô-los-ei numa redoma bem fechada e fareis secar lentamente toda a sua umidade pelo fogo. Em seguida, deixareis esfriar e separeis a cinza dos cadáveres . O pó fará dessecar e envelhecer em alguns dias, depois morrer no meio de horríveis sofrimentos, ou uma atonia geral, aquele que tiver tomado uma pitada misturada com sua bebida.
É preciso convir que esta receita tem uma fisionomia mágica das mais feias . Eram semelhantes pós que os feiticeiros da Idade Média . vendiam a grande preço à ignorância e ao ódio; era pela tradição de semelhantes mistérios que espalhavam o espanto nos campos e chegavam a lançar sortes. Uma vez ferida a imaginação, uma vez atacado o sistema nervoso, a vítima perecia rapidamente . Só a operação destas más obras e a realização destes horríveis mistérios constituíam e confirmavam o que então era chamado de pacto com o mau espírito. É certo que o operador devia pertencer ao mal de corpo e alma.
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