contos sol e lua

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terça-feira, 29 de março de 2011

Poema.


Que voz vem no som das ondas
que não é a voz do mar?
E a voz de alguém que nos fala,
mas que, se escutarmos, cala,
por ter havido escutar.

E só se, meio dormindo,
sem saber de ouvir ouvimos
que ela nos diz a esperança
a que, como uma criança
dormente, a dormir sorrimos.

São ilhas afortunadas
são terras sem ter lugar,
onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando
cala a voz, e há só o mar.
Fernando Pessoa.

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