terça-feira, 30 de agosto de 2011

O Profeta (Kalil Gibran).


O livro retrara os discursos de L- Mustafa, o Escolhido e Bem-Amado na sua despedida da cidade de Orpholese, onde vivera doze anos. Estava partindo em regresso à sua cidade natal. Mas o povo de Orpholese queria ouvir pela última vez as palavras do Bem-Amado, aquele que por tantas vezes encheu suas vidas de significado, levando ao povo o consolo e o conhecimento. Ele deixava aquele lugar com tristeza, mas sabia que havia chegado o momento de seguir outro rumo, muito havia feito pelo povo de Orpholese, porém não podia tardar mais em partir. "Pois se eu me demorar aqui, enquanto as horas queimam na noite, seria como congelar-me e cristalizar-me, limitado em um molde".
O povo, por sua vez, queria ouvir o Escolhido. Suas vozes gritavam por ele, queriam ouvi-lo mais uma vez. Eis que os sacerdotes e as sacerdotisas lhe disseram: "Não permitas agora que as ondas do mar nos separem, e que os anos que passastes entre nós se tornem uma lembrança". Assim o povo pediu que seu Bem-Amado lhes falasse sobre o amor e eis que ele respondeu: "O amor não dá, a não ser de sí mesmo, e nada recebe, senão de si próprio. o amor não possui e não quer ser possuído; pois o amor basta-se em si mesmo. Quando amais, não devei dizer "Deus está em meu coração" , mas dizei "Eu estou no coração de Deus" . E não penseis que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar dignos, dirigirá vosso curso."
Assim o povo de Orphalese embriagava-se de suas palavras e muitos foram os temas inquiridos a ele. O Escolhido e Bem-Amado falou-lhes sobre o Matrimônio: "Amai um ao outro, mas não facais do amor um cativeiro." Falou sobre os filhos: "Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas do anelo da Vida por si mesma. eles vêm através de vós, e não de vós. E embora estejam juntos de vós, não vos pertencem." Sobre a Dádiva: " Através das sua mãos é Deus que fala, e por trás de seus olhos. Ele sorri para o mundo." L-Mustafa enchia seu povo de conhecimento acerca de diversos assuntos: Sobre o comer e o beber, o Trabalho, a alegria e a tristeza, como construir com os sonhos, enfim, diversos. E na hora da despedida o Bem-Amado sabia que havia chegado o momento de deixar o povo que o acolhera tão Bem e levá-los apenas em seu coração. Subiu ao navio e no convés voltou-se para os cidadão de orphalese: "Povo de Orphalese, o vento me convida a vos deixar. sou menos impaciente que o vento, e todavia devo ir-me. Nós, os errantes, sempre buscando os caminhos mais solitários, nunca começamos um dia onde encerramos o anterior; e nenhuma alvorada nos encontra onde o acaso nos deixou. mesmo quando a terra dorme, nós viajamos. Nós somos as sementes de uma planta tenaz, e é em nossa maturidade e plenitude de coração que o vento nos apanha e nos espalha.





Do Livro "A Voz do Mestre" ~



Do Primeiro Olhar
Do Primeiro Beijo
Do Casamento

~ Do Primeiro Olhar ~

É aquele momento em que a Vida passa da sonolência para a alvorada. É a primeira chama que ilumina o íntimo mais profundo do coração. É a primeira nota mágica arrancada das cordas de prata do sentimento. É aquele momento instantâneo em que se abrem diante da alma as crônicas do Tempo, e se revelam aos olhos as proezas da noite, e as vozes da consciência. Ele é que abre os segredos da Eternidade para o futuro. É a semente lançada por Ishtar, deusa do Amor, e espargida pelos olhos do ser amado na paisagem do Amor, depois regada e cuidada pela afeição, e finalmente colhida pela alma.

O primeiro olhar vindo dos olhos do ser amado é como o espírito que se movia sobre a face das águas e deu origem ao céu e à terra, quando o Senhor sentenciou: "E agora, vivei!"

~ Do Primeiro Beijo ~

É o primeiro gole de néctar da Vida, numa taça ofertada pela divindade. É a linha divisória entre a dúvida que engana o espírito e entristece o coração, e a certeza que inunda de alegria nosso íntimo. É o começo da canção da Vida e o primeiro ato do drama do Homem Ideal. É o vínculo que une a obscuridade do passado com a luminosidade do futuro; é a ponte entre o silêncio dos sentimentos e a sua própria melodia. É uma palavra pronunciada por quatro lábios, proclamando o coração um trono, o Amor um rei e a fidelidade uma coroa. É o toque leviano dos dedos delicados da brisa nos lábios da rosa — pronunciando um longo suspiro de alívio e um suave gemido.

É o começo daquela vibração mágica que transporta os amantes do mundo das coisas e dos seres para o mundo dos sonhos e das revelações.

É a união de duas flores perfumadas; e a mistura de suas fragrâncias, para a criação de uma terceira alma.

Assim como o primeiro olhar é uma semente lançada pela divindade no campo do coração humano, assim o primeiro beijo é a primeira flor nascida na ponta dos ramos da Árvore da Vida.

~ Do Casamento ~

Aqui o Amor começa a traduzir a prosa da Vida em hinos e cânticos de louvor, com música que é preparada à noite para ser cantada durante o dia. Aqui a força do amor despe-se dos seus véus, e ilumina todos os recessos do coração, criando uma felicidade que só é excedida pela da Alma quando se encontra com Deus.

O casamento é a união de duas divindades para dar nascimento a uma terceira na terra. É a união de duas almas num amor tão forte que possa abolir qualquer separação. É aquela superior unidade que junta as metades antes separadas, de dois espíritos. É o elo de ouro de uma cadeia cujo começo é um olhar, e cujo fim é a eternidade. É a chuva pura que cai de um céu perfeito para frutificar e abençoar os campos da divina Natureza.

Assim como o primeiro olhar entre os que se amarão é como uma semente lançada no coração humano, e o primeiro beijo de seus lábios uma flor nos ramos da árvore da vida, também a união de dois amantes pelo casamento é como o primeiro fruto da primeira flor daquela semeadura.

~ Da Música ~

Sentei-me ao pé daquela que meu coração ama, e ouvi suas palavras. Minha alma começou a vaguear pelos espaços infinitos onde o universo aparecia como um sonho, e o corpo como uma prisão acanhada.

A voz encantadora de minha Amada penetrou em meu coração.

Isto é música, amigos, pois eu a ouvi através dos suspiros daquela que amo, e pelas palavras balbuciadas por seus lábios.

Com os olhos de meus ouvidos, vi o coração de minha Amada.

Meus amigos: a Música é a linguagem dos espíritos. Sua melodia é como uma brisa saltitante que faz nossas cordas estremecerem de amor. Quando os dedos suaves da música tocam à porta de nossos sentimentos, acordam lembranças que há muito jaziam escondidas nas profundezas do Passado. Os acordes tristes da Música trazem-nos dolorosas recordações; e seus acordes suaves nos trazem alegres lembranças. A sonoridade de suas cordas faz-nos chorar à partida de um ente querido ou nos faz sorrir diante da paz que Deus nos concedeu.

A alma da Música nasce do espírito e sua mensagem brota do Coração.

Quando Deus criou o Homem, deu-lhe a Música como uma linguagem diferente de todas as outras. Mesmo em seu primarismo, o homem primitivo curvou-se à glória da música; ela envolveu os corações dos reis e os elevou além de seus tronos.

Nossas almas são como flores tenras à mercê dos ventos do Destino. Elas tremulam à brisa da manhã e curvam as cabeças sob o orvalho cadente do céu.

A canção dos pássaros desperta o Homem de sua insensibilidade, e o convida a participar dos salmos de glória à Sabedoria Eterna, que criou a melodia de suas notas.

Tal música nos faz perguntar a nós mesmos o significado dos mistérios contidos nos velhos livros.

Quando os pássaros cantam, estarão chamando as flores nos campos, ou estão falando às árvores, ou apenas fazem eco ao murmúrio dos riachos? Pois o Homem, mesmo com seus conhecimentos, não consegue saber o que canta o pássaro, nem o que murmura o riacho, nem o que sussurram as ondas quando tocam as praias vagarosa e suavemente.

Mesmo com sua percepção, o homem não pode entender o que diz a chuva quando cai sobre as folhas das árvores, ou quando bate lentamente nos vidros das janelas. Ele não pode saber o que a brisa segreda às flores nos campos.

Mas o coração do homem pode pressentir e entender o significado dessas melodias que tocam seus sentidos. A Sabedoria Eterna sempre lhe fala numa linguagem misteriosa; a Alma e a Natureza conversam entre si, enquanto o Homem permanece mudo e confuso.

Mas o Homem já não chorou com esses sons? E suas lágrimas não são, porventura, uma eloquente demonstração?

Divina Música!
Filha da Alma e do Amor.
Cálice da amargura
E do Amor.
Sonho do coração humano,
Fruto da tristeza.
Flor da alegria, fragrância
E desabrochar dos sentimentos.
Linguagem dos amantes,
Confidenciadora de segredos.
Mãe das lágrimas do amor oculto.
Inspiradora de poetas, de compositores
E dos grandes realizadores.
Unidade de pensamento dentro dos fragmentos
Das palavras.
Criadora do amor que se origina da beleza.
Vinho do coração
Que exulta num mundo de sonhos.
Encorajadora dos guerreiros,
Fortalecedora das almas.
Oceano de perdão e mar de ternura.
Ó música.
Em tuas profundezas
Depositamos nossos corações e almas.
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos
E a ouvir com os corações.

~ Os Filhos ~
(Do Livro "O Profeta")

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."

E ele falou:

Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis dar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na direção do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.
Gibran Kahlil Gibran.

O PROFETA.



Quando o amor ...



Acenar, siga-o, ainda que por caminhos ásperos e íngremes

E quando suas asas o envolverem, renda-se a ele ainda que a

lâmina escondida sob suas asas possa feri-lo.

E quando ele falar a você, acredite no que ele diz,

ainda que sua voz possa destroçar seus sonhos,

assim como o vento norte devasta o jardim.

Pois, se o amor o coroa, ele também o crucifica.

Se o ajuda a crescer, também o diminui.

Se o faz subir às alturas e acaricia seus ramos mais

tenros que tremem ao sol, também o faz descer às raízes

e abala a sua ligação com a terra.

Como os feixes de trigo, ele o mantém íntegro.

Debulha-o até deixa-lo nu.

Transforma-o, livrando-o de sua palha.

Tritura-o, até torna-lo branco.

Amassa-o, até deixa-lo macio;

e então submete ao fogo para que se transforme

em pão no banquete sagrado de Deus.

Todas essas coisas pode o amor fazer para que

você conheça os segredos do seu coração,

e com esse conhecimento se torne um fragmento

do coração, da vida.


A Tempestade



O Pássaro e o homem tem essências diferentes.

O homem vive à sombra de leis e tradições por ele inventadas;

o pássaro vive segundo a lei universal que faz girar os mundos.

Acreditar é uma coisa; viver conforme o que se acredita é outra.

Muitos falam como o mar, mas vivem como os pântanos.

Muitos levantam a cabeça acima dos montes;

mas sua alma jaz nas trevas das cavernas.

A civilização é uma arvore idosa e carcomida,

cujas flores são a cobiça e o engano e cujas frutas

são a infelicidade e o desassossego.

Deus criou os corpos para serem os templos das almas.

Devemos cuidar desses templos para que sejam

dignos da divindade que neles mora.

Procurei a solidão para fugir dos homens, de suas leis,

de suas tradições e de seu barulho.

Os endinheirados pensam que o sol e a lua e as estrelas se levantam

dos seus cofres e se deitam nos seus bolsos.

Os políticos enchem os olhos dos povos com poeira

dourada e seus ouvidos com falsas promessas.

Os sacerdotes aconselham os outros,

mas não aconselham a si mesmos,

e exigem dos outros o que não exigem de si mesmos.

Vã é a civilização. E tudo o que está nela é vão.

As descobertas e invenções nada são senão brinquedos

com a mente se diverte no seu tédio.

Cortar as distâncias, nivelar as montanhas,

vencer os mares, tudo isso não passa de

aparências enganadoras, que não alimentam o

coração e nem elevam a alma.

Quanto a esses quebra-cabeças, chamados ciências e artes,

nada são senão cadeias douradas com os quais o homem

se acorrenta, deslumbrados com seu brilho e tilintar.

São os fios da tela que o homem tece desde o inicio

do tempo sem saber que, quando terminar sua obra,

terá construído a prisão dentro da qual ficará preso.

Uma coisa só merece nosso amor e nossa dedicação, uma coisa só...

É o despertar de algo no fundo dos fundos da alma.

Quem o sente não o pode expressar em palavras.

E quem não o sente, não poderá nunca conhecê-lo através de palavras.

Faço votos para que aprendas a amar as tempestades em vez de fugir delas.


Os desejos do amor



O amor não tem outro desejo senão o de atingir a sua plenitude.

Se, contudo, amar é precisar ter desejos, sejam estes os vossos desejos:

De se diluir no amor e ser como um riacho que canta sua melodia para a noite...

De conhecer a dor de sentir ternura demasiada...

De ficar ferido por vossa própria compreensão do amor ...

De sangrar de boa vontade e com alegria...

De acordar na aurora com o coração alado

e agradecer por um novo dia de amor...

De descansar ao meio-dia e meditar sobre o êxtase do amor...

De voltar para casa a noite com gratidão ...

E de adormecer com uma prece no coração para o bem amado,

e nos lábios uma canção de bem aventurança ...



Então, um homem disse-lhe:



Fala-nos do conhecimento de si. E ele respondeu:

Os vossos corações conhecem, no silêncio,

os segredos dos dias e das noites.

Mas os vossos ouvidos têm sede de ouvir finalmente

o eco do saber dos vossos corações.

Gostaríeis de saber pelo verbo

o que sempre soubeste pelo pensamento.

Gostaríeis de sentir com os dedos

o corpo nu dos vossos sonhos.

E está certo que assim o queirais.

A fonte oculta da vossa alma deve necessariamente

jorrar e correr a murmurar para o mar;

e o tesouro das vossas profundezas infinitas

revelar-se aos vossos olhos.

Mas que não haja balança

que pese o vosso tesouro desconhecido;

e não procureis explorar os abismos do vosso saber

com a vara ou com a sonda,

pois o eu é um mar sem limites e sem medida.

Não digais: «Encontrei a verdade»,

mas antes: «Encontrei uma verdade.»

Não digais: «Encontrei o caminho da alma.»

Mas antes: «Cruzei-me com a alma que seguia pelo meu caminho.»

Pois a alma percorre todos os caminhos.

A alma não caminha sobre uma linha

nem se alonga como uma vara.

A alma abre-se a si própria

como se abre um lótus de inúmeras pétalas.


O Profeta (trecho)

'Como poderei ir-me em paz e sem pena ?

Não, não será sem um ferimento na alma que deixarei esta cidade.


Longos foram os dias de amargura que passei dentro de suas muralhas, e longas as noites de solidão; e quem pode despedir-se sem tristeza de sua amargura e de sua solidão ?

Muitos foram os pedaços de minha alma que espalhei nestas ruas, e muitos são os filhos de minha ansiedade que caminham, desnudos, entre estas colinas, e não posso abandoná-los sem me sentir oprimido e entristecido.

Não é uma simples vestimenta que dispo hoje, mas a própria epiderme que arranco com minhas mãos.

Nem é um mero pensamento que deixo atrás de mim, mas um coração enternecido pela fome e pela sede.

Contudo, não posso demorar-me por mais tempo.

O mar, que chama a si todas as coisas, está me chamando, e devo embarcar.

Pois permanecer aqui, enquanto as horas queimam-se na noite, seria congelar-me e cristalizar-me num molde.

De bom grado levaria comigo tudo o que está aqui.

Mas como fazê-lo ? A voz não leva consigo a língua e os lábios que lhe deram asas.

É isolada que deve procurar o éter.

É também só e sem ninho que a águia voará rumo ao Sol."


E uma mulher que acalentava um bebê disse,

- Fale-nos de crianças...

E ele disse:

- Tuas crianças não são tuas crianças. Elas são os filhos da Vida que anseia por si.

Elas vieram através de ti mas não de ti, e a despeito de estarem contigo elas não te pertencem.
Tu podes dar-lhes teu amor mas não teus pensamentos, pois elas têm seus próprios pensamentos. Tu podes hospedar seus corpos mas não suas almas, pois suas almas habitam a casa do amanhã, que tu não podes visitar, mesmo em teus sonhos.

Tu podes empenhar-te para seres como elas, mas não tentes fazê-las serem como tu, pois a vida não caminha para trás nem coabita com o ontem.

Tu és o arco do qual tuas crianças, como flechas vivas, são impulsionadas. Arqueiro vede a marca sobre a trajetória do infinito, a ele te dobra com seu poder para que tuas flechas sigam velozes e para longe.

Deixes que a flexão na mão do arqueiro seja para o contentamento e a felicidade; Pois assim como ele ama a flecha que voa, Ele ama também o arco que seja firme".



"O Profeta" (trecho)

Nús ao Vento


Estar nús ao vento e brincar com sua pele

Deixar-se beijar pelo mar,

pela chuva, pelo orvalho,

pelos humores de uma noite quente de verão

Fazer um manto com a lua

que brinca entre as árvores

E quando o sol subir alto no céu,

derreter no seu quente suspiro ...


Aprendi o silêncio com os faladores,

a tolerância com os intolerantes,

a bondade com os maldosos,

e, por estranho que pareça

sou grato a esses professores.






Vós conversais quando deixais de estar em paz com vossos pensamentos.

E quando não podeis mais viver na solidão de vosso coração, procurais viver nos vossos lábios, e encontrais então uma diversão e um passatempo nas vibrações emitidas.

Em grande parte de vossas conversações, o pensamento é meio assassinado.

Pois o pensamento é uma ave do espaço que, numa gaiola de palavras, pode abrir as asas, mas não pode voar.

Há entre vós aqueles que procuram os faladores por medo da solidão.

A quietude da solidão revela-lhes seu Eu-desnudo, e eles preferem escapar-lhe.

E há aqueles que falam e, sem o saber ou prever, traem uma verdade que eles próprios não compreendem.

E há aqueles que possuem a verdade dentro de si, mas não a expressam em palavras. No íntimo de tais pessoas o espírito habita num silêncio rítmico.



"OProfeta (A conversação)



Entre as Colinas


Entre as colinas,
quando vos sentardes à sombra fresca
dos álamos brancos,
partilhando da paz e da serenidade dos campos
e dos prados distantes,
então que vosso coração diga em silêncio:
"Deus repousa na Razão".
E quando bramir a tempestade,
e o vento poderoso sacudir a floresta,
e o trovão e o relâmpago proclamarem
a majestade do céu,
então que vosso coração diga
com temor e respeito:
"Deus age na Paixão".
E já que sois um sopro na esfera de Deus
e uma folha na floresta de Deus,
também devereis
descansar na razão e agir na paixão.


És livre na luz do Sol
e livre ante a estrela da noite
E és livre quando não há sol,
nem lua ou estrelas.
Inclusive, és livre quando fecha os olhos
a tudo que existe.
Porém, és escravo de quem amas
pelo fato mesmo de amá-lo.
E és escravo de quem te ama,
pelo fato mesmo de deixar-te amar.


Amizade



Vosso amigo é a satisfação de vossas necessidades.
Ele é o campo que semeais com carinho e ceifais com agradecimento.
É vossa mesa e vossa lareira.
Pois ides a ele com vossa fome e procurais em busca de paz.
Quando vosso amigo expressa seu pensamento, nao temais o "não" de vossa própria opinião, nem prendais o "sim".
E quando ele se cala, que vosso coração continue a ouvir seu coração,
Porque na amizade, todos os desejos, ideais, esperanças, nascem e são partilhados sem palavras, numa alegria silenciosa.
Quando vos separais de vosso amigo, não vos aflijais.
Pois o que amais nele pode tornar-se mais claro na sua ausência, como para o alpinista a montanha aparece mais clara, vista da planicie.
E que não haja outra finalidade na amizade a não ser o amadurecimento de espirito.
Pois o amor que procura outra coisa a não ser a revelação de seu próoprio mistério não é amor, mas uma rede armada, e somente o inaproveitavel é nela apanhado.
E que o melhor de vos próprios seja para vosso amigo.
Se ele deve conhecer o fluxo de vossa maré, que conheça também o seu refluxo.
Pois, que achais seja vosso amigo para que o procureis somente a fim de matar o tempo?
Procurai-o sempre com horas para viver:
O papel do amigo é encher vossa necessidade, não vosso vazio.
E na docura da amizade, que haja risos e o partilhar dos prazeres.
Pois no orvalho de pequenas coisas, o coração encontra sua manhã e sente-se refrescado.

"O Profeta" (trecho)
Quando a vi disfarçar-se com a humildade para alcançar a grandeza;
Quando a vi coxear na presença dos coxos;
Quanto lhe deram a escolher entre o fácil e o difícil, e escolheu o fácil;
Quando cometeu um mal e consolou-se com a idéia de que outros cometem o mal também;
Quando aceitou a humilhação por covardia e atribuiu sua paciência à fortaleza;
Quando desprezou a fealdade de uma face que não era, na realidade, senão uma de suas próprias máscaras;
Quando considerou uma virtude elogiar e glorificar.





Gibran Khalil Gibran

OS POETAS DE POEMAS MÍSTICOS DO ORIENTE.



· Gibran Khalil Gibran

Nascido em 1883 em Bsharre, aldeia montanhosa no Norte do Líbano, Gibran Khalil Ginran tomou contato, na infância, com o pensamento dos filósofos da idade de ouro da cultura árabe e com o cristianismo, ao estudar num colégio de padres maronitas em Beirute. Mas aos 11 anos, migrou com a mãe e os irmãos para os Estados Unidos. Ainda adolescente, começou a desenvolver aptidão para a pintura e a literatura. Aprendeu rapidamente o Inglês e começou a escrever para jornais da comunidade sírio-libanesa radicada nos EUA.

Entre 1903 a 1904, Gibran perdeu a irmã Sultana, o irmão Boutros e a mãe, todos por enfermidades. A sucessão de tragédias familiares em um espaço tão pequeno de tempo marcaria profundamente sua personalidade. Mais do que nunca, Gibran atirou-se inteiramente ao trabalho artístico.

Em 1904, conseguiu realizar sua primeira exposição de pinturas e desenhos em Boston e conheceu Mary Haskell, diretora e proprietária de uma escola local, que passou a custear seus estudos de arte em Paris(1908 a 1910). Seu primeiro trabalho literário de importância foi publicado em 1906, um volume de contos: Ninfas dos Vales, redigido em árabe. O tema básico girava em torno de críticas ao papel da religião na sociedade e colocava-se contra as leis orientais.

Friderich Nietzsche foi influência importante no pensamento de Khalil Gibran.

O mais célebre trabalho de Gibran, O Profeta (1923), é visto por muitos estudiosos como um paralelo proposital da obra de Nietzsche, Assim Falou Zaratustra. O Profeta tornou Gibran conhecido no mundo inteiro. Como em Zaratustra, O Profeta de Gibran procura dar um aspecto divino à condição humana, em vez de buscar a divindade no exterior do indivíduo.

Gibran morreu em Nova Iorque, em 1931, acreditando na missão mística da criação artística. “Através de meu trabalho, haverá algumas pessoas que poderão se libertar de todos os grilhões do passado. Aqueles capazes de suportar a vida de hoje são relativamente poucos, mas são os mais fortes. Se eu puder abrir o coração humano, não terei vivido em vão”.

· Jalal ud-Din Rumi

Um dos mais expressivos poetas sufis, nasceu em 1207, em Balkh (atual Afeganistão). Jalal ud-Din Mohammed Ibn Mohammed al-Balkhi Rumi era filho de um sábio religioso. Aos 25 anos, foi enviado para a cidade de Aleppo, para o ensino superior e, mais tarde, para Damasco. Continuou com sua educação até o 40 anos e, após a morte do pai, sucedeu-o como professor. Rumi tornou-se famoso por sua introspecção mística, seu conhecimento religioso e sua poesia.

Em 1244, Rumi encontrou Shams de Tabriz, que se tornou seu mestre espiritual. Shams de Tabriz tinha então 60 anos de idade e havia oferecido a Deus, segundo dizem, sua própria vida em troca do encontro com um de seus santos.

Shams e Rumi permaneceram juntos até 1247, quando Shams desapareceu. Há versões de que tenha sido assassinado por discípulos de Rumi, ciumentos da ascendência que ele exercia sobre seu mestre.
Inconsolável, Rumi escreveu Poemas Místicos em homenagem a Shams. O livro é uma compilação de poemas de amor e de luto. Também em homenagem ao mestre, criou a dança cósmica, o sama, praticada pela ordem sufi Mevlevi. Morreu em 1273, em Konya, local que se tornou sagrado para os dançarinos dervixes.

· Omar Khayyam

Nasceu em Naishápúr (Nishapur), cidade do Nordeste da Pérsia (Irã), em 1048, e morreu em 1131. Durante sua vida, tornou-se famoso por seus conhecimentos de matemática e astronomia, especialmente por sua contribuição para a reforma do calendário Persa. Mas hoje o nome de Khayyam é lembrado por sua poesia.

No ocidente, ficou conhecido primeiramente nos países de língua Inglesa devido à tradução realizada por Edward Fitzgerald, em 1859, de sua obra principal, O Rubaiyat.

Rubaiyat é o plural da palavra persa ruba'i, que designa uma pequena composição em verso composta por duas linhas, cada uma delas com uma quebra, que transforma assim essas duas linhas em quatro versos. É uma forma poética original típica da literatura persa medieval. As Rubaiyat tornaram-se muito populares, mas também foram cultivadas por poetas eruditos e filósofos, como Omar Khayyam.

Sama.



Vem, vem, tu que és a alma
da alma da alma do giro!
Vem, cipreste mais alto
do jardim florido do giro.

Vem, não houve nem haverá
jamais alguém como tu.
Vem e faz de teus olhos
o olho desejante do giro.

Vem, a fonte do sol se esconde
sob o manto da tua sombra.
És dono de mil Vênus
nos céus desse remoinho.

O giro canta tuas glórias
em mil línguas eloqüentes.
Tento traduzir em palavras
o que se sente no giro.

Quando entras nessa dança,
abandonas os dois mundos;
é fora deles que se encontra
o universo infinito do giro.

Muito alto, distante se vê
o teto da sétima esfera,
mas muito além é que encontras
a escada que leva ao giro.

O que quer que exista, só existe no giro;
quando danças, ele sustenta teus pés.
Vem, que este giro te pertence
e tu pertences ao giro.

O que faço quando vem o amor
e se agarra ao meu pescoço?
Seguro-o, aperto-o contra o peito
e arrasto-o para o giro!

E quando as asas das mariposas
abrem-se ao brilho do sol
todos caem na dança, na dança
e jamais se cansam do giro!
Rumi.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Estou partindo.


Fica........
Se te interessa
Através dos jardins, através dos pomares, estou partindo
Meu dia sombrio sem sua face
Eis porque me dirijo agora a chama brilhante no céu

Minha alma corre a frente e diz: o corpo é lento demais, estou partindo
Maças exalam no pomar de minha alma
Seu perfume me invade, me transporta para a colheita das maças
Ventos súbitos não me desviarão
Oh montanha de ferro, cada um dos meus passos dirige-se ao amado
Minha cabeça rompeu-se com a dor de sua perda

Em busca de uma nova vida, cabeça erguida, estou partindo
Sou fogo vivo e mais pareço betume
Quero ser óleo límpido em tua lâmpada e por isso parto
Pareço imóvel como a montanha, mas sigo pouco a pouco em direção a pequena fresca
Estou chegando

Tocaste a órbita do coração celeste
Agora fica aqui
Pudeste ver a lua nova
Agora fica
Sofreste em excesso por tua ignorância
Carregaste teus trapos para um lado e para o outro
Agora fica aqui
Teu tempo acabou
Escutaste tudo o que se pode dizer sobre a beleza desse amante
Fica aqui agora
Juraste em teu coração que havia leite nesses seios, agora que provastes deste leite, fica...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Amanhecer (Breaking Dawn.


=-
Bella casa-se com Edward os dois vão para sua lua de mel na ilha privada de Esme, na costa do Rio de Janeiro. Como Bella cumpre sua parte do acordo com Edward, casando-se com ele, ele acaba por cumprir a dele. Logo, os dois têm sua primeira experiência sexual. No começo, Edward fica irritado consigo mesmo, já que Bella fica coberta de hematomas. Mas depois ele concorda em tentar de novo. Assim, ocorre o inesperado: Bella fica grávida dele, o que todos achavam impossível. Edward e Carlisle decidem abortar a criança antes que esta mate Bella. Discordando da decisão deles, Bella conta com a ajuda de Rosalie, que apóia a decisão dela ter esse filho.

Ao descobrir que Bella está grávida, Sam, líder do bando de lobos, decide destruir a "criatura", julgando que seria um perigo para todos. Jacob não concorda com isso, sabendo que se acontecesse, Bella morreria também. Apesar de seus argumentos, Sam se mostra irredutível e tenta obrigar Jacob e Seth - único membro do bando além deste a não apoiar o ataque - usando o seu domínio de alfa, a se juntarem ao bando no ataque aos Cullen, que defenderiam Bella e, consequentemente, o bebê. Jacob não aceita esse fato, optando por tomar posse de sua herança sanguínea de alfa, a qual nunca aceitou, por achar que Sam seria um melhor líder do que ele. Então Jacob abandona o bando, sendo seguido por Seth e, mais tarde, por Leah. Eles avisam aos Cullen sobre os planos de Sam e a luta não acontece.

Bella ficava cada vez mais fraca, enquanto a gravidez avançava em uma velocidade anormal. Segundo Carlisle, sua chance de sobrevivência era de cinquenta por cento, se seu coração parasse de bater, nem mesmo o veneno dos vampiros poderia salvar sua vida; ela enfraquecia por que o bebê era mais forte que ela, e também por que não conseguiam alimentá-la. Ao saber disso, Jacob tem um pensamento que faz com que Edward perceba que talvez o bebê precisse de sangue. Bella concorda em tomar sangue humano, que Carlisle havia trazido do Hospital, e sente-se melhor. Logo depois, porém, ao dar à luz a criança, Bella quase morre, mas Edward consegue transformá-la em vampira. Ao ver Reneesme, nome dado ao bebê, Jacob acaba tendo um imprinting (tipo de amor à primeira vista) com ela. Bella não aceita esse fato no início, mas depois compreende e eles convivem em harmonia.

Após algum tempo, entretanto, a criança (que crescia rapidamente) é vista por Irina, do clã Denali, que está com raiva dos transmorfos, pois eles mataram Laurent - um integrante do clã de James (Crepúsculo), "amante" que ela teve quando ele foi morar em Denali, tentando viver à base de sangue de animais, mas que não resistiu e decidiu voltar à seus antigos hábitos alimentares, quase matando Bella (Lua Nova) - e vê Jacob se transformar em lobisomem quando ele acompanhou Renesmee e Bella em uma caçada. Irina fica com raiva e conta aos Volturi sobre Renesmee, achando que a criança é imortal e que, segundo a lei dos vampiros, deve ser destruída. Alice tem uma visão desse acontecimento e eles se preparam, não para lutar contra os Volturi, mas para reunir o maior número possível de vampiros amigos, para servirem de testemunhas e dar tempo para que os Volturi ouvissem, antes de atacar, que a criança era filha biológica de Edward e Bella, que crescia como uma humana, seu coração batia e o sangue fluía por suas veias, evitando a batalha.

No final, quando os Volturi aparecem, acabam sabendo da verdade por Aro, seu líder, que usa o seu dom para descobri-la através de Edward. Mas, mesmo assim, eles dizem não ter certeza se devem deixar Renesmee viver, alegando que ela pode ser perigosa. Os Cullen e parte de suas testemunhas estavam dispostos a lutar pela criança, mas Alice, que após ter ido embora com Jasper, deixando-os pensar que tinham abandonado a família, retorna com a solução: após pesquisa feita na América do Sul, encontra um homem que, assim como Renesmee, é apenas meio-imortal, provando que a menina não ofereceria perigo. Bella também ajuda, tendo o controle de seu dom, que é criar um "escudo" à sua volta, e adiando o momento do confronto até a chegada de Alice. Depois que tudo é resolvido e os Volturi vão embora, Bella também aprende a "expulsar" o escudo que tinha em sua mente, permitindo que Edward possa ler seus pensamentos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011


SOMOS ETERNOS


Numa nuvem tormentosa sibilando; na asa de Zéfiro,

O coro do espírito canta os hinos sacros do mundo, alegremente

Escuta! Ouve suas vozes: "Pelas portas da morte nós passamos,

a Morte não existe; alegrai-vos a vida continua eternamente".

Somos, sempre fomos e sempre o seremos

Somos uma parte da Eternidade,

Mais velha que a Criação, a parte de Um Grande Todo,

Cada Alma é Individual, na sua imortalidade.

No tear farfalhante do Tempo, nossa roupagem formamos,

A rede do Pensamento urdidos eternamente;

O que é modelada na Terra, é no céu que planejamos

E ao nascer, nossa raça e nossa pátria, já as trazemos na mente.

Brilhamos em uma jóia e sobre a onda dançamos

Cintilamos em pleno fogo, a tumba desafiamos

através de formas várias em tamanho, gênero e nome

A essência individual é a mesma, é a que sempre carregamos.

E quando alcançarmos o mais elevado grau,

A gradação do crescer com nossas mentes relembraremos

Para que, elo por elo, possamos juntá-los todos

E passo a passo tragar o caminho que percorremos.

Com o tempo saberemos, o que realmente foi feito

O que eleva e enobrece, o certo e a verdade

Sem malicia com ninguém, sempre agindo com bondade,

Em e através de nós, a Deus será feita a Vontade.

Max Heindel.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Esperança.


Rir é arriscar-se
a parecer doido...

Chorar é arriscar-se
a parecer sentimental.

Estender a mão é arriscar-se
a se comprometer.

Mostrar os seus sentimentos
é arriscar-se a se expor.

Dar a conhecer as suas idéias, os seus sonhos, é arriscar-se a ser rejeitado.

Amar é arriscar-se a não ser retribuído no amor.

Viver é arriscar-se a morrer.

Esperar é arriscar-se a se desesperar.
Tentar é arriscar-se a falhar...

Mas devemos nos arriscar!

O maior perigo na vida está
em não arriscar.

Aquele que não arrisca nada...

Não faz nada...
Não tem nada...
Rudyard Kipling.

SE EU DESISTIR.

Se eu desistir, se eu disser

a mim mesmo que não posso;

se eu não tentar ir mais longe,

ousar mais ou ir mais alto;

se eu só, parado, comigo

me contentar, me bastar

e não pedir ao destino

e não rezar a algum deus,

mas em minha própria casa,

mas em meu próprio castelo

(que não é castelo algum);

se eu não me deixar levar

pela ideia sedutora,

pela ilusão sedutora

do mais amplo e do mais vasto,

pela visão do mais rico;

se eu, mesmo que insatisfeito

e falho de asa e valor,

e neutro de ouro e ambição,

a mim mesmo me disser

que basta não ter chegado,

que basta não ter ousado,

que não ter chegado foi

o mais longe que pude ir,

que não havia mais longe,

que não havia horizonte

e que por isso bastou

ter ido até onde fui

(que sei eu?); se eu me disser

que estar em casa é o bastante,

que me convém não ousar

e que é melhor não ousar,

não ir tão longe, não ser

o que tentou ir tão longe,

que basta apenas ficar,

permanecer, demorar,

que a mim me basta ficar;

se eu me disser a mim mesmo,

se eu não tentar ir mais longe,

se eu não fizer a besteira

de tentar me ultrapassar,

de ir aonde não posso ir,

de ser quem tenta ir mais longe,

de ser quem tenta ir mais alto.
Renato Suttana.

Se.



If.

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;

If you can dream--and not make dreams your master,
If you can think--and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it all on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings -nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And -which is more- you'll be a Man, my son!
TRADUÇÂO.
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar -sem que a isso só te atires,
De sonhar -sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;

De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,

E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais -tu serás um homem, ó meu filho!
Rudyard Kipling.