domingo, 30 de setembro de 2012

Esta Não É Uma Canção de Amor.Bon Jovi.

Eu deveria ter notado quando as rosas morreram Deveria ter visto o fim do verão em seus olhos Eu deveria ter ouvido quando você disse "boa noite" Você quis dizer "adeus" Baby, não é engraçado como nunca se aprende a cair Você está de joelhos quando pensa que está de pé Mas somente os bobos são os sabe-tudo e eu fui esse bobo para você Eu chorei e chorei todas as noites Até que eu morri por você baby Eu tentei e tentei negar que seu amor me deixou louco baby Se o amor que eu tinha por você se foi Se o rio que eu chorei não foi suficiente Então eu errei, sim eu errei Esta não é uma canção de amor Baby, eu pensei que você e eu poderíamos Passar pelo teste do tempo Como se tivéssemos escapado com o crime perfeito Mas nós fomos apenas uma lenda em minha mente Acho que eu estava cego Lembra daquelas noites dançando no baile a fantasia Os palhaços usavam sorrisos que não iam desaparecer Você e eu eramos renegados algumas coisas nunca mudam Isso me deixou tão louco pois eu queria tanto isso para nós baby E agora isso é tão doloroso que o que quer que nós tínhamos Não vale a pena ser salvo oh oh oh Se o amor que eu tinha por você se foi Se o rio que eu chorei não foi suficiente Então eu errei, sim eu errei Esta não é uma canção de amor Se a dor que estou sentindo tão forte É a razão pela qual estou aguentando Então eu errei, sim eu errei Esta não é uma canção de amor Eu chorei e chorei todas as noites Lá eu morri por você baby Eu tentei e tentei negar que Seu amor me deixou louco, baby Se o amor que eu tinha por você se foi Se o rio que eu chorei não foi suficiente Então eu errei, sim eu errei Esta não é uma canção de amor Se a dor que estou sentindo tão forte É a razão pela qual estou aguentando Então eu errei, sim eu errei Esta não é uma canção de amor Então eu errei, sim eu errei Esta não é uma canção de amor oh oh oh no no

com essa música faço uma himenagem,a um grande amigo.Laércio Odair Garcia.

Orinal em Italiano. Amor, te ne vai, è tanto triste e tu lo sai. Che giorni inutili vivrò pensando a te, darei la vita per averti sempre qui vicino a me. Come una voce che ormai conosco già, questo Silenzio di te mi parlerà. Nulla potrebbe cambiar anche se devo aspettar. Amor, te ne vai, ma tornerai ancor. Buona notte amore, ti rivedrò nei miei sogni. Buona notte, buona notte a te che sei lontano. Come una voce che ormai conosco già, questo silenzio di te mi parlerà. Amor, te ne vai, ma tornerai ancor. Tradução. Amor, estás indo embora, é tanto triste e tu o sabes. Que dias inúteis viverei pensando em ti, daria a vida por ter-te sempre aqui perto de mim. Como uma voz que agora conheço já, este Silencio de ti me falará. Nada poderia mudar também se devo esperar. Amor, estás indo embora, mas voltarás ainda. Boa noite amor, te reverei nos meus sonhos. Boa noite, boa noite a ti que estás distante. Como uma voz que agora conheço já, este Silencio de ti me falará. Amor, estás indo embora, mas voltarás ainda. Á você Geovane B.Montagna. Mano, hoje acordei com uma imensa saudade de você... Sinto demais sua falta, pois nas horas em que mais precisei, sempre contei contigo, pois você nunca falhou, chorou e sorriu comigo. Você é a metade da minha lágrima e um pedaço do meu sorriso. Com você aprendi a dar valor as coisas mais simples da vida, aprendi também que as pessoas com quem você mais se importa são tomadas de você muito depressa e por isso devemos deixar sempre aqueles que amamos com palavras amorosas, pois pode ser a última vez que vejamos. Hoje mais do que nunca, me sinto cercada por anjos, mas você é especial... Não possui asas, mas possui alma com sentimentos... E nos momentos em que mais preciso de alguém , posso sentir através do meu coração você aqui do meu lado, segurando minha mão! Mano,obrigada pelo carinho,por tudo que fizestes por mim.Descanse em paz....

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Sombra do Vento.Carlos Ruiz Zafón.

A Sombra do Vento é uma narrativa de ritmo eletrizante, escrita em uma prosa ora poética, ora irônica. O enredo mistura gêneros como o romance de aventuras de Alexandre Dumas, a novela gótica de Edgar Allan Poe e os folhetins amorosos de Victor Hugo. Ambientado na Barcelona franquista da primeira metade do século XX, entre os últimos raios de luz do modernismo e as trevas do pós-guerra, o romance de Zafón é uma obra sedutora, comovente e impossível de largar. Além de ser uma grandiosa homenagem ao poder místico dos livros, é um verdadeiro triunfo da arte de contar histórias. Tudo começa em Barcelona, em 1945. Daniel Sempere está completando 11 anos. Ao ver o filho triste por não conseguir mais se lembrar do rosto da mãe já morta, seu pai lhe dá um presente inesquecível: em uma madrugada fantasmagórica, leva-o a um misterioso lugar no coração do centro histórico da cidade, o Cemitério dos Livros Esquecidos. O lugar, conhecido de poucos barceloneses, é uma biblioteca secreta e labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo mundo, à espera de que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar de A Sombra do Vento, do também barcelonês Julián Carax. O livro desperta no jovem e sensível Daniel um enorme fascínio por aquele autor desconhecido e sua obra, que ele descobre ser vasta. Obcecado, Daniel começa então uma busca pelos outros livros de Carax e, para sua surpresa, descobre que alguém vem queimando sistematicamente todos os exemplares de todos os livros que o autor já escreveu. Na verdade, o exemplar que Daniel tem em mãos pode ser o último existente. E ele logo irá entender que, se não descobrir a verdade sobre Julián Carax, ele e aqueles que ama poderão ter um destino terrível. Em sua busca de início aparentemente inocente, Daniel acaba adentrando os mistérios e segredos mais obscuros de Barcelona, e conhece uma galeria de personagens que vão ajudá-lo a resolver o mistério de Carax. Dom Gustavo Barceló, célebre livreiro barcelonês, seriamente interessado em comprar o exemplar de A Sombra do Vento que Daniel lhe mostra; sua linda sobrinha cega, Clara Barceló, que revela a Daniel os primeiros elementos do mistério que cerca Carax e sua obra e por quem o menino se apaixona perdidamente; Fermín Romero de Torres, mendigo de passado glorioso e aguçado senso de humor que se tornará o maior aliado de Daniel na busca da verdade; Nuria Monfort, mulher triste que guarda em seu apartamento escuro um grande e doloroso segredo; e Javier Fumero, o cruel policial que também parece dedicar a vida a perseguir o fantasma de Julián Carax. À medida que vai descobrindo mais sobre a vida de Carax, Daniel entende que o mistério de sua obra está de alguma forma relacionado à história de amor entre dois jovens do início do século: o próprio Carax, filho de um modesto chapeleiro, e Penélope Aldaya, filha de uma família da alta sociedade de Barcelona. E enquanto a cidade e seus personagens vão aos poucos lhe revelando os segredos e as conseqüências dessa história de amor do passado, o próprio Daniel também descobre o verdadeiro amor nos braços de Bea, irmã mais velha de seu melhor amigo Tomás Aguilar. A Sombra do Vento usa o cenário grandioso de Barcelona, com suas largas avenidas, seus casarões abandonados, sua atmosfera gótica e espectral, para ambientar um romance arrebatador que é também uma reflexão sobre o poder da cultura e a tragédia do esquecimento. A busca de Daniel marca sua transformação de menino em homem, e desperta no leitor um fascínio renovado pelos livros e pelo poder que eles podem exercer. Ao ler A Sombra do Vento, o desejo que se tem é de, assim como o menino Daniel, abrir as portas do Cemitério dos Livros Esquecidos e descobrir em seus infindáveis corredores o livro que mudará nossas vidas. Carlos Ruiz Zafón nasceu em Barcelona, em 1964. Em 1993, ganhou o prêmio Ebedé de literatura com seu primeiro romance, O Príncipe da Névoa, que vendeu mais de 150.000 exemplares na Espanha e foi traduzido em vários idiomas. Desde então, publicou quatro romances e transformou-se em uma das maiores revelações literárias dos últimos tempos com A Sombra do Vento, finalista dos prêmios literários espanhóis Fernando Lara 2001 e Llibreter 2002. O autor vive há sete anos em Los Angeles, onde escreve roteiros para o cinema e trabalha em um novo romance. Zafón colabora também nos jornais espanhóis La Vanguardia e El País. Desde muito jovem, Zafón já tinha o dom de inventar histórias e era conhecido por assustar os colegas de colégio com seus relatos tenebrosos. "Sempre fui fascinado pelo mundo dos robôs, das aparições, dos fantasmas, dos palacetes modernistas, dos túneis. Na minha literatura, gosto de explicar histórias a partir de imagens, e misturo relato de intrigas, relato de aventuras, romance gótico e romance histórico não-realista. Acho tedioso dizer: ‘Fulano está triste.’ O que quero é fazer o leitor sentir a tristeza. Tecnicamente é mais complicado, mas dramaticamente tem mais força e é um desafio", diz o autor. Ao mudar-se para os Estados Unidos, Zafón ficou chocado com "os enormes hangares cheios de livros antigos, verdadeiros tesouros, que estão virando supermercados e McDonald’s". "Noto uma destruição da memória e toda uma indústria da falsificação da história para justificar o presente", afirma ele. Essa preocupação do autor permeia a narrativa de A Sombra do Vento, ambientado em uma Barcelona ainda não atingida pela sociedade de consumo. Zafón justifica a ambientação de seu romance em meados do século "por se tratar de um momento histórico fascinante onde a cultura da banalidade ainda não estava tão desenvolvida, e onde os ideais ainda eram importantes".

Medicina dos Animais.Corvo.Jamie Sams.

O corvo sempre foi o portador da magia. Este seu papel foi reconhecido nas mais diversas culturas, ao longo dos tempos, em todo o planeta. É considerado sagrado honrar o Corvo como sendo portador da magia. Se esta magia for ruim, ela inspirará muito mais medo do que respeito. Aqueles que trabalham com a magia de forma errada têm razões para temer o Corvo, pois isto é sinal de que estão se imiscuindo em áreas que não dominam, e os feitiços que estão fazendo certamente acabarão retornando contra eles. Em vez de deplorar o lado negro da magia, conscientize-se de que você só irá temer o Corvo quando necessitar aprender algo sobre os seus temores secretos ou sobre os demônios criados por sua própria imaginação. A magia do corvo é poderosa e pode lhe infundir a coragem necessária para penetrar nas trevas do vazio no qual residem todos os seres que ainda não tem forma definida. O Vazio é denominado “Grande Mistério”. O Grande Mistério já existia antes que todas as coisas viessem a existir. O Grande Espírito é oriundo do Grande Mistério e vive no Vazio. O Corvo é o mensageiro do Vazio. O Corvo é prenúncio de mudança de consciência, que pode, inclusive, significar uma viagem pelo Grande Mistério ou por alguma senda situada à margem do tempo. A cor do Corvo é a cor do Vazio - o buraco negro do espaço sideral que congrega todas as energias criadoras. Significa que você conquistou por seus próprios méritos o direito de vislumbrar um pouco mais da magia da vida. Na cultura dos índios norte-americanos, a cor preta tem diversos significados, mas não simboliza o mal. O preto pode simbolizar, por exemplo, a busca de respostas, o Vazio, ou o caminho para as dimensões suprafísicas. O Corvo é o mensageiro da magia cerimonial e um curador que opera à distância e que está sempre presente em qualquer Roda de Cura. É ele que conduz o fluxo de energia de uma cerimônia mágica, guiando-a até o seu objetivo final. Seu papel é o de interligar as mentes dos praticantes do ritual com as mentes daqueles que estão necessitando daquele trabalho. A magia do Corvo não pode ser interpretada de forma racional porque é a magia do desconhecido em ação, preparando a chegada de algum acontecimento muito especial. O Corvo é o protetor dos sinais de fumaça e das mensagens espirituais representadas por ele.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A vida após a morte e suas distintas interpretações.

Se a vida depois da morte existe ou não ninguém poderá emitir atestado de garantia. Mas o que com certeza se conhece muito bem é o avassalador interesse do público pelo tema. Em meio a tantas incertezas - de terremotos e tsunamis a doenças de cura desconhecida, mesmo com tanta oferta de tecnologia -, a continuidade da vida em planos superiores soa como o refrigério de que necessitamos para nos mantermos em pé. "Essa certeza é um consolo incrível. Apegados a ela, não precisamos depositar todas as esperanças apenas na vida física", diz Geraldo Campetti, diretor da Federação Espírita Brasileira. Por outro lado, a imortalidade do espírito nos responsabiliza pelos sentimentos, pensamentos e ações praticados aqui, no plano terrestre. Carregaremos para a vida depois da morte os créditos e os débitos angariados no dia a dia. "Se acredito que a morte é passagem, transformação, eu vivo a vida de forma mais consciente e coerente", afirma Geraldo. Assim, não corremos o risco de ser abatidos pela desmotivação, manifesta em questionamentos como estes: "Para que me esforçar para ser um ser humano melhor, se tudo vai acabar um dia?", "Se existe um Deus justo, por que pessoas inocentes são alvo de tantas calamidades?". Confira então de que maneira cada religião compreende o que nos espera além desta vida! Espiritismo. "De acordo com a doutrina espírita, o espírito - a essência do ser - continua vivo depois da morte, que só atinge o corpo. O que encontramos do outro lado reflete o que realizamos na Terra. É uma consequência justa, baseada no merecimento. Desencarnação é o processo de libertação do espírito. No entanto, este pode ficar apegado a dores, paixões, vícios, materialismo, preocupações. O desligamento do plano material consome dias, meses ou até anos. Há, inclusive, aqueles que não sabem que desencarnaram. Por isso, é importante termos em vida a compreensão de que haverá continuidade e de que não faremos a travessia sozinhos. O espírito é acompanhado por amigos espirituais e familiares. Pela sintonia que estabelece por meio de pensamentos e sentimentos, será atraído para comunidades de luz ou para o umbral, espécie de purgatório temporário, onde terá a chance de aprender e se elevar. Quando estiver preparado, o espírito retornará ao plano físico num novo corpo para quitar dívidas e adquirir créditos. Alguns chegam devendo e voltam ainda mais endividados por causa de orgulho, desequilíbrios e faltas graves. Reencarnamos quantas vezes forem necessárias. Seres de luz podem ascender ao mundo superior e não mais voltar à Terra." Geraldo Campetti, diretor da Federação Espírita Brasileira (FEB) Budismo. "Vida e morte são uma unidade, não se separam. Tudo, a cada instante, está nascendo e morrendo e logo não há nascimento a ser desejado nem morte a ser rejeitada. Dentro do quadro imenso do universo, os seres estão em movimento e cada um carrega uma personalidade perecível. O budismo nega o eu eterno. Os seres morrem e renascem abandonando a ideia do que foram. Buda dizia que o corpo morto é uma carroça quebrada e não se deve arrastar uma carroça quebrada, ou seja, devemos nos desapegar dessa forma. O budismo japonês não nega nem afirma categoricamente esse processo. A vertente tibetana aceita a volta do espírito em outras vidas. Para os discípulos dessa corrente, depois da morte do corpo físico a consciência cumpre 49 etapas em 49 dias, a fim de se reorganizar. Depois, há o renascimento em algum nível de realidade, seja humano, animal ou inanimado, determinado pelo carma vivido. Se fatos e circunstâncias influenciaram a vida da pessoa, depois da morte continuam a produzir efeitos e consequências na trajetória dela. Os budistas criam alegorias para entender o que acontece depois desse plano - cada um terá sua própria experiência. Portanto, cabe aqui uma única recomendação: faça o bem a todos os seres. Afinal, não há criaturas piores ou melhores. Todos somos interligados, cada espécie com sua função e necessidade no mundo." Monja Coen, fundadora da Comunidade Zen Budista, em São Paulo. Hinduísmo. "Na Índia, quando uma pessoa morre, seu corpo é levado pelos parentes para o Rio Ganges. Lá ocorre a cremação, num ritual repleto de detalhes. Para os indianos, a pessoa não é o corpo, mas a alma, que parte para outra dimensão. Por isso, cantam e festejam. Dependendo do mérito conquistado em vida, o espírito passará um período no loka - uma espécie de céu. Esgotadas as credenciais, tem de retornar à instância física. No trajeto, assimila o que necessita vivenciar na próxima estada - o espírito percorre as dimensões mentais e emocionais e vai conhecendo os desafios que terá de enfrentar na vida nova. Nasce, portanto, imbuído da missão que vem cumprir na encarnação atual, resgatando uma parcela dos erros cometidos no decorrer das vidas anteriores. E regressa para as famílias alinhadas a seu mérito (ou demérito) espiritual, mental e emocional. Almas evoluídas nascem na mais alta casta, a dos brâmanes, representada por sacerdotes e filósofos. O grupo logo abaixo cai na casta dos xátrias, composta de guerreiros e políticos. As almas menos nobres vão para a casta dos comerciantes, os vaishas, e, por último, para a casta dos trabalhadores, os shudras. Quando a alma atinge um patamar espiritual elevado e consegue finalmente se desapegar do mundo material, mental e emocional, passa a ter um entendimento perfeito das coisas, sem ilusões. Aí não precisa mais encarnar. A grande maioria dos indianos aceita essa sina plenamente. Entende que está onde está por mérito e, se ascender, passando por todas as instâncias no decorrer de sucessivas encarnações, haverá uma grande ordem social. Do contrário, imperará a desordem." Luís Malta Louceiro, filósofo e especialista em cultura indiana. Judaísmo. "O judaísmo prega que todos os mortos serão ressuscitados na Era Messiânica (quando o Messias chegar à Terra). Mas a ideia da reencarnação também está presente nos livros judaicos, embora os rabinos falem muito pouco sobre ela. Para a cabala - conjunto de princípios espirituais anterior às grandes religiões monoteístas -, a alma é imortal. Antes de nascer, assinamos uma espécie de contrato por meio do qual nos comprometemos a enfrentar determinadas situações desafiadoras que podem trazer tristezas e dificuldades, provações que contribuem para nosso aperfeiçoamento. Quando morremos, revisamos o que fizemos ou não na Terra antes de estar aptos a retornar. Há três níveis de alma que vão pouco a pouco se alojando no corpo. O mais "baixo", chamado nefesh, entra primeiro; o intermediário, ruach, aos 12 ou 13 anos; e o mais elevado, neshama, aos 20 anos. Quando a pessoa morre, a neshama leva uma semana para partir - por isso, nesse período, os espelhos da casa são cobertos. Assim, a alma, ainda confusa em relação a seu estado, não corre o risco de levar um choque ao visitar o local. O segundo nível demora até 30 dias para desabitar o corpo. E o mais baixo até um ano. Enquanto a alma ou partes dela estiverem ligadas ao corpo, não estará pronta para reencarnar, o que pode lhe causar sofrimento. A consciência da pessoa em vida determina seu entendimento na hora da morte. De toda forma, para proteger o ente querido e ajudar a alma a se elevar, demonstrando amor por quem partiu, os familiares entoam uma prece em sua memória, chamada kadish." Yonatan Shani, diretor do Kabbalah Centre do Brasil Candomblé. "O candomblé compreende diversas vertentes. Respondo pelo candomblé contemporâneo, que agrega conceitos de filosofia, psicologia e tradições orientais. Sob tal perspectiva, se o indivíduo leva uma vida imbuída de verdade, o pós-morte será uma extensão de suas ações, portanto, uma passagem confortável, sem julgamentos. Tal passagem pode ser facilitada também pela influência dos orixás - entidades que representam o vento, o mar, a mata e assim por diante - e que lhe servem de guias espirituais. Acreditamos no processo evolutivo da reencarnação e na existência de reinos espirituais, para onde se encaminham os mortos, dedicados a cada tradição religiosa. Essas comunidades interagem, não há fronteiras entre elas. Depois da morte, o tempo é relativo e o espírito pode ser resgatado ou não - tudo dependerá de como usou o livre-arbítrio. Quem realiza esse resgate nas comunidades espirituais são os espíritos de luz, como os velhos, os caboclos, os índios, as pombagiras, que recebem quem chega e também transmitem ensinamentos com vistas à evolução. Depois de sucessivas reencarnações, o espírito pode optar por servir aos homens encarnados como um ser de luz e não mais retornar à Terra. Ainda assim segue trabalhando pelo próprio aprimoramento." Babalorixá Kabila Aruanda, de São Paulo. Islamismo "Os muçulmanos acreditam que todos nascem puros e inocentes, com uma beleza inata e a capacidade de progredir e adquirir conhecimento. No entanto, possuímos o livre-arbítrio. Ao mesmo tempo em que temos uma tendência natural para o bem, somos livres e capazes de crueldade e injustiça. Sendo assim, quem professa a fé islâmica será responsabilizado por todos os seus pensamentos e ações no Dia do Juízo, quando o mundo será enrolado como um pergaminho e todos serão julgados por Deus. Aqueles que apresentarem bons atos serão recompensados com o paraíso, os outros irão para o inferno - conceitos puramente metafóricos. A verdadeira natureza do céu e do inferno só é conhecida por Deus. A crença no Dia do Juízo significa que a morte não é o fim da vida, mas um portal para a vida eterna. Portanto, os muçulmanos percebem o tempo como sendo contínuo, desse mundo para o próximo; e o tempo passado aqui moldará a natureza do tempo eterno. Em suma, a salvação - neste mundo e na vida depois da morte - está em praticar boas obras e promover tudo o que seja nobre, justo e digno de louvor." Ziauddin Sardar, autor de Em que Acreditam os Muçulmanos (Civilização Brasileira) Catolicismo. "O fundamento da fé na ressurreição se encontra no fato de Deus ter ressuscitado seu filho, Jesus. Morrer e ser ressuscitado significa chegar a uma ampliação plena da cognição, de tal maneira que, só na morte, a pessoa tenha a possibilidade de conhecer, com clareza total e absoluta, o significado e as consequências de sua vida vivida, no nível individual, socioestrutural, histórico e cósmico. Ela própria, junto com Deus e com base nos parâmetros dele, julga sua trajetória, percebendo, em que medida, correspondeu ou não às diretrizes divinas. Tal processo é conhecido por "juízo final". Na morte, Deus oferece a cada pessoa uma última oportunidade de conversão, momento chamado de "purgatório". No entanto, ela pode se negar a aceitar os critérios superiores por Ele estabelecido. Ao agir assim, criaria para si uma situação degradante, o "inferno". Deus quer que todas as pessoas alcancem a plenitude, o "céu", que significa a comunhão plena e íntima com Ele. Dessa forma, o ser humano fica para sempre amparado no amor divino, numa felicidade total, além de viver em comunhão com seus irmãos e irmãs." Renold Blank, doutor em teologia e filosofia e professor emérito da Pontifícia Faculdade de Teologia de São Paulo.

sábado, 22 de setembro de 2012


Luz do Ocidente

O Caminho de Compostela não é o único caminho que levava os peregrinos da Europa de Oriente para Ocidente, terminando invariavelmente na costa atlântica, não em mar aberto, mas em rias profundas, que permitiam abrigo e ancoragem segura de barcos. Mas é o único caminho que foi “recuperado” pelo cristianismo, passando a constituir uma das suas três peregrinações principais, juntamente com Roma e Jerusalém.

Além do Caminho de Compostela havia mais três, dois dos quais bastante conhecidos e um que terá caído no esquecimento. Estranhamente, esses caminhos estavam escalonados por latitudes separadas de três em três graus, todas passavam por lugares sagrados e por regiões onde abundam megalitos e dólmenes, vestígios naturais atribuídos à antiga civilização celta ou lígure.

Já vimos que o Caminho de Compostela corria ao longo do paralelo 42. Logo acima, no paralelo 45, havia desde tempos imemoriais um caminho que talvez fosse o menos importante e por isso esquecido, mas que passava por Le Puy, pelas célebres grutas de Lascaux e terminava em Lugon. Não existe ponto de referência para o início deste caminho.

Mais a norte, ao longo do paralelo 48 havia o caminho que tinha início em Sainte-Odile, na Alsácia, povoação situada em recinto de antigas construções ciclópicas impossíveis de datar, e terminava perto de Quessant, na costa atlântica. Ao longo deste caminho encontramos inúmeros megalitos, provavelmente pontos de referência e orientação para os peregrinos. Passa por diversos locais sagrados, especialmente por Chartres, o lugar mais sagrado dos franceses.

Subindo mais três graus na latitude, encontramos o caminho britânico ao longo do paralelo 51. É provável que este caminho tivesse origem mais a leste, no continente europeu, numa altura em que talvez ainda não existisse o Canal da Mancha e a Ilhas Britânicas não existissem como ilhas, mas fazendo parte do continente.

Considerando apenas o território britânico, este caminho começa em Canterbury e passa por Maidstone (a pedra da Virgem), Godstone (a pedra de Deus), por um cromeleque chamado Amesbury, que alguns entendem significar o “túmulo de Adão”, depois por outro cromeleque, Avesbury, que talvez signifique o “túmulo de Eva”. Passa também por Stonehenge, com o seu “grande templo do Sol” e o Cathoir Ghall, a “sala de dança dos gigantes”. Segue-se Glastonbury, onde se conta que José de Arimateia teria depositado o Graal, perto da colina de Avalon, que antes dos depósitos fluviais era a ilha mítica de Avalon, bem conhecida através da lenda de Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda. Este caminho termina num local próximo de Tintagel, onde foi descoberto, gravado na pedra, um labirinto semelhante a um outro encontrado na Galiza, não distante de Santiago de Compostela.

Tudo isto, as rotas traçadas de Oriente para Ocidente, a balizagem ao longo de um paralelo preciso com pequenas variações de minutos, a existência de lugares considerados desde sempre sagrados ao longo desses caminhos, não pode ser obra do acaso.

É de presumir que estes caminhos foram traçados com fins religiosos, em que os peregrinos seguiam a rota do Sol, ou a rota indicada pela Via Láctea, de leste para oeste e terminando sempre no mar atlântico. Mas a precisão com que foram marcados sugere-nos que poderia haver outro motivo que ainda desconhecemos, mas que podemos pressentir. Para uma peregrinação religiosa não é necessária a existência de uma rota elaborada com tal precisão, qualquer caminho serve, desde que sirva para atingir o objectivo final. Por exemplo, para a peregrinação a Roma ou Jerusalém não existe um caminho pré-determinado. No caso de Compostela, outros caminhos foram sendo criados ao longo do tempo, como o chamado caminho português, mas prevaleceu sobre todos o caminho tradicional, aquele que segue ao longo do paralelo 42. O que procuravam os peregrinos a Ocidente?

Uma das profecias de João XXIII diz: “ (…) Luz do Neiva no Oriente, mas a luz vem sempre do Ocidente”. Seria para esta luz que os peregrinos caminhavam através de mil dificuldades impostas pelas condições do terreno e dos perigos que punham em risco a própria vida? Que luz seria esta? Será que os portos atlânticos que os peregrinos demandavam eram pontos de encontro com seres que vinham do mar e traziam consigo todo um conjunto de conhecimentos que depois legavam a esses peregrinos?

Temos que reconhecer que estamos perante um enigma, pois na verdade não sabemos para que é que esses caminhos serviam. Alguns autores afirmam que se tratava de caminhos iniciáticos, ao longo dos quais o peregrino era submetido a provas duras que lhe poderiam proporcionar o acesso a um conhecimento maior. Outros afirmam que durante o percurso o peregrino poderia aprender certos conhecimentos ocultos, como por exemplo o tratamento da pedra. Já vimos que os talhadores de pedra na região, no tempo dos lígures, se chamavam tiagos. O que é que acontecia quando chegavam ao seu destino, à beira do Atlântico? Entravam em contacto com seres que consideravam superiores, que depois chamaram deuses, vindos de algures do meio do oceano? Para tentarmos encontrar alguma resposta temos que recorrer à tradição.

Parece não haver já dúvidas para ninguém de que existiu, há uns milhares de anos, uma grande ilha a meio do Atlântico, de que os arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias serão os remanescentes. Parece também não haver dúvidas para ninguém de que, há uns milhares de anos, se deu um imenso cataclismo, que na Bíblia se chama Dilúvio Universal. Este dilúvio é conhecido sob a forma de lendas em todas as latitudes e longitudes da Terra. Portanto, havendo assim tantas descrições, umas mais fantasiosas que outras, é prova de que aconteceu na realidade. Esse cataclismo terá afundado essa ilha e levado para o fundo das águas os atributos de uma civilização evoluída, a que Platão chamou de Atlântida.

Aparentemente não havia uma única ilha, mas várias ilhas, uma grande ilha rodeada de outras menores. Estas ilhas seriam habitadas por duas raças, uma de pele escura avermelhada e outra de pele clara. A de pele escura era de pequena estatura, mas a de pele clara era constituída por indivíduos altos. Não é credível que esses habitantes não tivessem entrado em contacto com os habitantes das regiões limítrofes, como a Europa ocidental, a costa ocidental da África e a costa oriental da América. Também não é credível que não tivesse havido migrações, tanto para ocidente como para oriente, e que esses povos migrados não se tivessem misturado com as populações locais. Acreditamos que essas migrações terão fundado colónias que mantiveram ligações com a pátria de origem, cujos conhecimentos procuraram transportar para as novas terras que ocupavam.

A determinada altura aconteceu o cataclismo que, além de afundar a pátria de origem, causou devastações por toda a Terra, salvando-se apenas uns poucos sobreviventes. Estes, a pouco e pouco, órfãos da terra-mãe, foram esquecendo os prodígios que a sua civilização tinha alcançado, mas mantiveram os conhecimentos básicos que lhes permitiram depois dar início a outras civilizações. Por isso a civilização do antigo Egipto despontou de repente, como o desabrochar de uma rosa.

Assim, os caminhos traçados de forma quase geométrica poderão ter sido os marcos de referência para os sobreviventes do cataclismo, que após aportarem em locais abrigados da costa, se encaminhavam para o interior ao encontro das populações aí residentes e também sobreviventes. Temos consciência de que esta é uma teoria sem bases de prova, mas é uma teoria tão boa como muitas outras. Com o tempo, esses caminhos serviram para levar os peregrinos em busca desses seres que um dia vieram do ocidente, movidos por uma vaga lembrança da portentosa civilização que aí teria existido.

Isto leva-nos a outro ponto, que é o de saber onde ficaria situado o Paraíso Terrestre. Segundo a Bíblia, estava situado na região de quatro rios, dentre os quais, o Tigre e o Eufrates. Embora na Mesopotâmia actual (Iraque) não existam esses quatro rios, apenas aqueles dois referidos, pesquisas por satélite revelaram a existência em tempos idos de mais dois rios. Portanto, assunto resolvido, o Paraíso ficava localizado na Mesopotâmia. Mas, como grande parte dos livros da Bíblia terão sido escritos por sábios judeus após a sua libertação do cativeiro na Babilónia, é muito provável que a descrição do Paraíso tenha sido originada em alguma lenda daquela região e assim, a indicação daqueles rios.

Por outro lado, Caim, depois de ter assassinado Abel, foi enviado para a Terra de Nod, a leste do Éden. Aparentemente, apesar de expulsos, Adão e Eva ainda estariam no Paraíso (Éden), porque foi dali que Caim foi enviado para leste. Mas “Nod”, segundo alguns autores, significa “peregrinação”, quer dizer, a partir do Éden, Caim peregrinou pelas terras do leste. Mas a leste de quê? Da Mesopotâmia? Foi Caim peregrinar para os antigos Irão, Afeganistão, Paquistão, Índia? Para sabermos que leste era esse precisamos de situar o Éden em algum lugar.

Por estudos feitos através de satélites, está provado que o deserto do Sara foi, em tempos recuados, uma região luxuriante, com várias cidades hoje soterradas debaixo das areias, com lagos e quatro rios, entre os quais o próprio Nilo, que terá sido desviado do seu primitivo curso para o actual que conhecemos. A civilização que ali prosperou terá vindo, muito provavelmente, da Atlântida. Os tuaregues, os “aristocratas” do deserto, serão originários da civilização que ali se implantou pois, segundo a lenda, a filha da Poseidon, Atena, ter-se-á retirado para a terra de Hoggar para ali cumprir uma missão civilizadora. A terra de Hoggar é o Sara e Atena, como rainha dessa região, chamava-se Tin-Hinan.

Esta rainha, considerada deusa pelos tuaregues, terá estabelecido um governo matriarcal e por isso, entre os tuaregues a mulher continua a ter um papel muito especial, é a guardiã da tradição. Mas uma lenda acaba quando começa a História e assim, Tin-Hinan deixou de ser uma lenda quando o seu túmulo foi descoberto em Abalessa, ao sul da actual Argélia. Pelo estudo dos seus restos mortais, tratava-se de uma mulher branca, de elevada estatura, parecida com as mulheres egípcias do tempo dos faraós, as ancas estreitas e as espáduas largas.

Por motivos que desconhecemos, o Nilo foi desviado do seu curso, privando o Hoggar da sua água, e parte da população ali existente terá partido para oriente, criando a esplendorosa civilização egípcia. Seria o Hoggar, o local em que se situava o Éden, pois também era uma região de quatro rios?

Segundo a tradição, a grande ilha da Atlântida também tinha quatro rios, os quais corriam no sentido dos pontos cardeais. Seria, afinal, a Atlântida, o local do Paraíso terrestre? Tanto do Hoggar como da Atlântida, as migrações foram feitas maioritariamente para leste, exceptuando as eventuais migrações que terão povoado as Américas.

Assim, talvez aqueles caminhos tão bem demarcados no terreno levassem os peregrinos em busca, não só dos seres que em tempos recuados teriam vindo do mar a ocidente, mas em busca do Paraíso perdido.
Manuel O. Pina

Depois da Morte.


Léon Denis.

O homem é um ser complexo. Nele se combinam três elementos para formar uma unidade viva, a saber:

O corpo, envoltório material temporário, que abandonamos na morte como vestuário usado;

O perispírito, invólucro fluídico permanente, invisível aos nossos sentidos naturais, que acompanha a alma em sua evolução infinita, e com ela se melhora e purifica;

A alma, princípio inteligente, centro da força, foco da consciência e da personalidade.

A alma, desprendida do corpo material e revestida do seu invólucro sutil, constitui o Espírito, ser fluídico, de forma humana, liberto das necessidades terrestres, invisível e impalpável em seu estado normal. O Espírito não é mais que um homem desencarnado. Todos tornaremos a ser Espíritos. A morte restitui-nos à vida do espaço.

Que se passa no momento da morte?

Como se desprende o Espírito da sua prisão material?

Que impressões, que sensações o esperam nessa ocasião temerosa?

É isso o que interessa a todos conhecer, porque todos cumprem essa jornada. A vida foge-nos a todo instante: nenhum de nós escapará a morte.

Deixando sua residência corpórea, o Espírito purificado pela dor e pelo sofrimento, vê sua existência passada recuar, afastar-se pouco a pouco com seus amargores e ilusões; depois, dissipar-se como as brumas que a aurora encontra estendidas sobre o solo e que a claridade do dia faz desaparecer. O Espírito acha-se, então, como que suspenso entre duas sensações: a das coisas materiais que se apagam e a da vida nova que se lhe desenha à frente. Entrevê essa vida como através de um véu, cheia de encanto misterioso, temida e desejada ao mesmo tempo. Após, expande-se a luz, não mais a luz solar que nos é conhecida, porém uma luz espiritual, radiante, por toda parte disseminada.

Pouco a pouco o inunda, penetra-o, e, com ela, um tanto de vigor, de remoçamento e de serenidade. O Espírito mergulha nesse banho reparador. Aí se despoja de suas incertezas e de seus temores. Depois, seu olhar destaca-se da Terra, dos seres lacrimosos que cercam seu leito mortuário, e dirige-se para as alturas. Divisa os céus imensos e outros seres amados, amigos de outrora, mais jovens, mais vivos, mais belos que vêm recebê-lo, guiá-lo no seio dos espaços. Com eles caminha e sobe às regiões etéreas que seu grau de depuração permite atingir. Cessa, então, sua perturbação, despertam faculdades novas, começa o seu destino feliz.

A entrada em uma vida nova traz impressões tão variadas quanto o permite a posição moral dos Espíritos.

Reencarnação e Evolução.


Léon Denis.

"Cada encarnação encontra, na alma que recomeça vida nova, uma cultura particular, aptidões e aquisições mentais que explicam sua facilidade para o trabalho e seu poder de assimilação; por isso dizia Platão: “Aprender é recordar-se!”
Nossa ternura espontânea por certos seres deste mundo explica-se facilmente. Já os havíamos conhecido, em outros tempos, já os encontráramos. Quantos esposos, quantos amantes não têm sido unidos por inúmeras existências, percorridas dois a dois! Seu amor é indestrutível, porque o amor é a força das forças, o vínculo supremo que nada pode destruir.
As condições da reencarnação não permitem que nossas situações recíprocas se invertam; quase sempre se conservam os graus respectivos de parentesco. Algumas vezes, em caso de impossibilidade, um filho poderá vir a ser o irmão mais novo do seu pai de outros tempos, a mãe poderá renascer irmã mais velha do filho. Em casos excepcionais, e somente a pedido dos interessados, podem inverter-se as situações. Os sentimentos de delicadeza, de dignidade, de mútuo respeito que sentimos na Terra não podem ser desconhecidos no mundo espiritual. Para supô-lo, é preciso ignorar a natureza das leis que regem a evolução das almas!
O Espírito adiantado, cuja liberdade aumenta na razão direta da sua elevação, escolhe o meio onde quer renascer, ao passo que o Espírito inferior é impelido por uma força misteriosa a que obedece instintivamente; mas todos são protegidos, aconselhados, amparados na passagem da vida do espaço para a existência terrestre, mais penosa, mais temível que a morte.
A união da alma com o corpo efetua-se por meio do invólucro fluídico, o perispírito, de que muitas vezes temos falado. Sutil por sua natureza, vai ele servir de laço entre o Espírito e a matéria. A alma está presa ao gérmen por esse “mediador plástico”, que vai retrair-se, condensar-se cada vez mais, através das fases progressivas da gestação, e formar o corpo físico. Desde a concepção até o nascimento, a fusão opera-se lentamente, fibra por fibra, molécula por molécula. Pelo afluxo crescente dos elementos materiais e da força vital fornecidos pelos genitores, os movimentos vibratórios do perispírito da criança vão diminuir e restringirem-se, ao mesmo tempo em que as faculdades da alma, a memória, a consciência esvaem-se e aniquilam-se. É a essa redução das vibrações fluídicas do perispírito, à sua oclusão na carne que se deve atribuir a perda da memória das vidas passadas. Um véu cada vez mais espesso envolve a alma e apaga-lhe as radiações interiores. Todas as impressões da sua vida celeste e do seu longo passado volvem às profundezas do inconsciente e a emersão só se realiza nas horas de exteriorização ou por ocasião da morte, quando o Espírito, recuperando a plenitude dos seus movimentos vibratórios, evoca o mundo adormecido das suas recordações.
O papel do duplo fluídico é considerável; explica, desde o nascimento até a morte, todos os fenômenos vitais. Possuindo em si os vestígios indeléveis de todos os estados do ser, desde a sua origem, comunica-lhe a impressão, as linhas essenciais ao gérmen material. Eis aí a chave dos fenômenos embriogênicos.
O perispírito, durante o período de gestação, impregna-se de fluido vital e materializa-se o bastante para tornar-se o regulador da energia e o suporte dos elementos fornecidos pelos genitores; constitui, assim, uma espécie de esboço, de rede fluídica permanente, através da qual passará a corrente de matéria que destrói e reconstitui sem cessar, durante a vida, o organismo terrestre; será a armação invisível que sustenta interiormente a
estátua humana. Graças a ele, a individualidade e a memória conservar-se-ão no plano físico, apesar das vicissitudes da parte mutável e móvel do ser, e assegurarão, do mesmo modo, a lembrança dos fatos da existência presente, recordações cujo encadeamento, do berço à cova, fornece-nos a certeza íntima da nossa identidade.
A incorporação da alma não é, pois, subitânea, como o afirmam certas doutrinas; é gradual e só se completa e se torna definitiva à saída da vida uterina. Nesse momento, a matéria encerra completamente o Espírito, que deverá vivificá-la pela ação das faculdades adquiridas. Longo será o período de desenvolvimento durante o qual a alma se ocupará em pôr à sua feição o novo invólucro, em acomodá-lo às suas necessidades, em fazer dele um instrumento capaz de manifestar-lhe as potências íntimas; mas, nessa obra, será coadjuvada por um Espírito preposto à sua guarda, que cuida dela, a inspira e guia em todo o percurso da sua peregrinação terrestre. Todas as noites, durante o sono, muitas vezes até de dia, o Espírito, no período infantil, desprende-se da forma carnal, volve ao espaço, a haurir forças e alentos para, em seguida, tornar a descer ao invólucro e prosseguir o penoso curso da existência.
Antes de novamente entrar em contacto com a matéria e começar nova carreira, o Espírito tem, dissemos, de escolher o meio onde vai renascer para a vida terrestre; mas essa escolha é limitada, circunscrita, determinada por causas múltiplas. Os antecedentes do ser, suas dívidas morais, suas afeições, seus méritos e deméritos, o papel que está apto para desempenhar, todos esses elementos intervêm na orientação da vida em preparo; daí a preferência por uma raça, tal nação, tal família. As almas terrestres que havemos amado atraem-nos; os laços do passado reatam-se em filiações, alianças, amizades novas. Os próprios lugares exercem sobre nós a sua misteriosa sedução e é raro que o destino não nos reconduza muitas vezes às regiões onde já vivemos, amamos, sofremos. Os ódios são forças também que nos aproximam dos nossos inimigos de outrora para apagarmos, com melhores relações, inimizades antigas. Assim, tornamos a encontrar em nosso caminho a maior parte daqueles que constituíram nossa alegria ou fizeram nossos tormentos. Sucede o mesmo com a adoção de uma classe social, com as condições de ambiente e educação, com os privilégios da fortuna ou da saúde, com as misérias da pobreza. Todas essas causas tão variadas, tão complexas, vão combinar-se para assegurar ao novo encarnado as satisfações, as vantagens ou as provações que convêm ao seu grau de evolução, aos seus méritos ou às suas faltas e às dívidas contraídas por ele.
Dito isso, compreender-se-á quão difícil é a escolha. Por isso, na maioria das vezes ela nos é inspirada pelas Inteligências diretoras, ou, então, em proveito nosso, hão de elas próprias fazê-lo, se não possuirmos o discernimento necessário para adotar com toda a sabedoria e previdência os meios mais eficazes para ativarem a nossa evolução e expurgarem o nosso passado.
Todavia, o interessado tem sempre a liberdade de aceitar ou procrastinar a hora das reparações inelutáveis. No momento de se ligar a um gérmen humano, quando a alma possui ainda toda a sua lucidez, o seu Guia desenrola diante dela o panorama da existência que a espera; mostra-lhe os obstáculos e os males de que será eriçada, faz-lhe compreender a utilidade desses obstáculos e desses males para desenvolver-lhe as virtudes ou libertá-la dos seus vícios. Se a prova lhe parecer demasiado rude, se não se sentir suficientemente armado para afrontá-la, é lícito ao Espírito diferir-lhe a data e procurar uma vida transitória que lhe aumente as forças morais e a vontade.
Na hora das resoluções supremas, antes de tornar a descer à carne, o Espírito percebe, atinge o sentido geral da vida que vai começar, ela lhe aparece nas suas linhas principais, nos seus fatos culminantes, modificáveis sempre, entretanto, por sua ação pessoal e pelo uso do seu livre-arbítrio; porque a alma é senhora dos seus atos; mas, desde que ela se decidiu, desde que o laço se dá e a incorporação se debuxa, tudo se apaga, esvai-se tudo. A existência vai desenrolar-se com todas as suas conseqüências previstas, aceitas, desejadas, sem que nenhuma intuição do futuro subsista na consciência normal do ser encarnado. O
Temíveis são certas atrações para as almas que procuram as condições de um renascimento, por exemplo, as famílias de alcoólicos, de devassos, de dementes. Como conciliar a noção de justiça com a encarnação dos seres em tais meios? Não há aí, em jogo, razões psíquicas profundas e latentes e não são as causa físicas apenas uma aparência? Vimos que a lei de afinidade aproxima os seres similares. Um passado de culpas arrasta a alma atrasada para grupos que apresentam analogias com o seu próprio estado fluídico e mental, estado que ela criou com os seus pensamentos e ações.

Não há, nesses problemas, nenhum lugar para a arbitrariedade ou para o acaso. É o mau uso prolongado de seu livre-arbítrio, a procura constante de resultados egoístas ou maléficos que atrai a alma para genitores semelhantes a si. Eles fornecer-lhe-ão materiais em harmonia com o seu organismo fluídico, impregnados das mesmas tendências grosseiras, próprios para a manifestação dos mesmos apetites, dos mesmos desejos. Abrir- se-á nova existência, novo degrau de queda para o vício e para a criminalidade. E a descida para o abismo.
Senhora do seu destino, a alma tem de sujeitar-se ao estado de coisas que preparou, que escolheu. Todavia, depois de haver feito de sua consciência um antro tenebroso, um covil do mal, terá de transformá-lo em templo de luz. As faltas acumuladas farão nascer sofrimentos mais vivos; suceder-se-ão mais penosas, mais dolorosas as encarnações; o círculo de ferro apertar-se-á até que a alma, triturada pela engrenagem das causas e dos efeitos que houver criado, compreenderá a necessidade de reagir contra suas tendências, de vencer suas ruins paixões e de mudar de caminho. Desde esse momento, por pouco que o arrependimento a sensibilize, sentirá nascer em si forças, impulsões novas que a levarão para meios mais adequados à sua obra de reparação, de renovação, e passo a passo irá fazendo progressos. Raios e eflúvios penetrarão na alma arrependida e enternecida, aspirações desconhecidas, necessidades de ação útil e de dedicação hão de despertar nela. A lei de atração, que a impelia pa ra as últimas camadas sociais, reverterá em seu benefício e tornar-se-á o instrumento da sua regeneração.
Entretanto, não será sem custo que ela se levantará; a ascensão não prosseguirá sem dificuldades. As faltas e os erros cometidos repercutem como causas de obstrução nas vias futuras e o esforço terá de ser tanto mais enérgico e prolongado quanto mais pesadas forem as responsabilidades, quanto mais extenso tiver sido o período de resistência e obstinação no mal. Na escabrosa e íngreme subida, o passado dominará por muito
tempo o presente e o seu peso fará vergar mais de uma vez os ombros do caminhante; mas, do Alto, mãos piedosas estender-se- ão para ele e ajudá-lo-ão a transpor as passagens mais escarpadas. “Há mais alegria no Céu por um pecador que se arrepende do que por cem justos que perseveram.” O nosso futuro está em nossas mãos e as nossas facilidades para o bem aumentam na razão direta dos nossos esforços para o praticarmos".

Livro: O Problema do Ser, do Destino e da Dor.

Livre-Arbítrio e Providência.

Léon Denis. Um dos problemas que mais preocuparam os filósofos e os teólogos é o do livre arbítrio: conciliar a vontade e a liberdade do homem com o fatalismo das leis naturais e com a vontade divina, parecia tanto mais difícil quanto um cego acaso parecia pesar, aos olhos de muitos, sobre o destino humano. O ensinamento dos espíritos esclareceu o problema: a fatalidade aparente que semeia de males o caminho da vida, não é mais que a conseqüência lógica do nosso passado, um efeito que se refere a uma causa, é o cumprimento do destino por nós mesmos aceito antes de renascer, e que nossos guias espirituais nos sugerem para nosso bem e nossa elevação. Nas camadas inferiores da criação, o ser não tem ainda consciência; apenas a fatalidade do instinto o impele, e não é senão nos tipos superiores da animalidade que surgem, timidamente, os primeiros sintomas das faculdades humanas. A alma, jungida ao ciclo humano, desperta para a liberdade moral, o juízo e a consciência desenvolvem-se cada vez mais no curso de sua imensa parábola: colocada entre o bem e o mal, ela faz o confronto e escolhe livremente, tornada sábia pelas quedas e pela dor; e na prova, sua experiência forma-se e sua força mental se afirma. A alma humana, livre e consciente, não pode mais recair na vida inferior: suas encarnações sucedem-se na dos mundos, até que, ao fim de seu longo trabalho, tenha conquistado a sabedoria, a ciência e o amor, cuja posse a emancipará para sempre das encarnações e da morte, abrindo-lhe a porta da vida celeste. A alma alcança seus destinos, prepara suas alegrias ou dores, exercendo sua liberdade, porém, no curso de sua jornada, na prova amarga e na ardente luta das paixões, a ajuda superior não lhe será negada e, se ela mesma não a afasta, por parecer indigna dela, quando a vontade se afirma para retomar o caminho do bem, o bom caminho, a providência intervém e propicia-lhe ajuda e apoio, Providência é o espírito superior, o anjo que vigia na desventura, o Consolador invisível cujas inspirações aquecem o coração enregelado pelo desespero, cujos fluidos vivificadores fortalecem o peregrino cansado; providência é o farol aceso na noite para salvação daqueles que erram no oceano proceloso da existência; providência é, ainda e sobretudo, o amor divino que se derrama sobre suas criaturas. E quanta solicitude, quanta previdência neste amor. Não suspendeu os mundos no espaço, acendeu os sois, formou os continentes, os mares, para servir de teatro à alma, de campo aos seus progressos? Esta grande obra de criação cumpre-se somente para a alma, para ela combinam-se as forças naturais, os mundos deixam as nebulosas. A alma é nascida para o bem, mas para que ela possa apreciá-lo na justa medida, para que possa conhecer-lhe todo o valor, deve conquistá-lo desenvolvendo livremente as próprias potencialidades: a liberdade de ação e a responsabilidade aumentam com sua elevação, pois quanto mais ela se ilumina mais pode e deve conformar a sua obra pessoal às leis que regem o universo. A liberdade do ser é exercida, pois, em um círculo limitado, parte pelas exigências da lei natural que não sobre violações ou desordens neste mundo, parte pelo passado do próprio ser, cujas conseqüências se refletem sobre ele através dos tempos, até a completa reparação. Assim o exercício da liberdade humana não pode obstar, em caso algum, a execução do plano divino, sem o que a ordem das coisas seria continuamente perturbada: acima de nossas vistas limitadas e variáveis, permanece e continua a ordem imutável do universo. Somos quase sempre maus juizes daquilo que é nosso verdadeiro bem; se a ordem natural das coisas devesse dobrar-se aos nossos desejos, que espantosas perturbações não resultariam disto? A primeira coisa que o homem faria, se possuísse liberdade absoluta, seria afastar de si todas as causas de sofrimento, e assegurar para si uma vida plena de felicidade: ora, se existem males que a inteligência humana tem o dever e os meios de conjurar e destruir, como os que provêm do ambiente terrestre, outros existem que são inerentes à nossa natureza, como os vícios, que somente a dor e a repressão podem domar. Neste caso a dor torna-se uma escola, ou antes, um remédio indispensável, pelo qual as provas são apenas uma repartição equânime da infalível justiça: é por ignorar os fins desejados por Deus, que nos tornamos rebeldes à ordem do mundo e às suas leis, e se elas são suscetíveis de nossas críticas, é apenas porque ignoramos o seu oculto poder. O destino é conseqüência de nossos atos e de nossas livres resoluções: no suceder-se das existências, na vida espiritual, mais esclarecidos sobre nossas imperfeições e preocupações com os meios de eliminá-las, aceitamos a vida material sob a forma e nas condições que nos parecem adequadas a atingir esta finalidade. Os fenômenos do hipnotismo e da sugestão mental explicam-nos o que acontece em tais casos, sob a influência de nossos protetores espirituais; no estado de sonambulismo, a alma empenha-se a realizar uma certa ação em certo momento, por sugestão do magnetizador, e, despertada, sem recordar aparentemente a promessa, executa com exatidão o ato imposto. Assim o homem não conserva lembrança das resoluções que tomou antes de renascer, mas, chegada a hora, afronta os acontecimentos previstos, e participa deles na medida necessária ao seu progresso, ou ao cumprimento da lei inexorável.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Reencarnação e Evolução.


Léon Denis.

"Cada encarnação encontra, na alma que recomeça vida nova, uma cultura particular, aptidões e aquisições mentais que explicam sua facilidade para o trabalho e seu poder de assimilação; por isso dizia Platão: “Aprender é recordar-se!”
Nossa ternura espontânea por certos seres deste mundo explica-se facilmente. Já os havíamos conhecido, em outros tempos, já os encontráramos. Quantos esposos, quantos amantes não têm sido unidos por inúmeras existências, percorridas dois a dois! Seu amor é indestrutível, porque o amor é a força das forças, o vínculo supremo que nada pode destruir.
As condições da reencarnação não permitem que nossas situações recíprocas se invertam; quase sempre se conservam os graus respectivos de parentesco. Algumas vezes, em caso de impossibilidade, um filho poderá vir a ser o irmão mais novo do seu pai de outros tempos, a mãe poderá renascer irmã mais velha do filho. Em casos excepcionais, e somente a pedido dos interessados, podem inverter-se as situações. Os sentimentos de delicadeza, de dignidade, de mútuo respeito que sentimos na Terra não podem ser desconhecidos no mundo espiritual. Para supô-lo, é preciso ignorar a natureza das leis que regem a evolução das almas!
O Espírito adiantado, cuja liberdade aumenta na razão direta da sua elevação, escolhe o meio onde quer renascer, ao passo que o Espírito inferior é impelido por uma força misteriosa a que obedece instintivamente; mas todos são protegidos, aconselhados, amparados na passagem da vida do espaço para a existência terrestre, mais penosa, mais temível que a morte.
A união da alma com o corpo efetua-se por meio do invólucro fluídico, o perispírito, de que muitas vezes temos falado. Sutil por sua natureza, vai ele servir de laço entre o Espírito e a matéria. A alma está presa ao gérmen por esse “mediador plástico”, que vai retrair-se, condensar-se cada vez mais, através das fases progressivas da gestação, e formar o corpo físico. Desde a concepção até o nascimento, a fusão opera-se lentamente, fibra por fibra, molécula por molécula. Pelo afluxo crescente dos elementos materiais e da força vital fornecidos pelos genitores, os movimentos vibratórios do perispírito da criança vão diminuir e restringirem-se, ao mesmo tempo em que as faculdades da alma, a memória, a consciência esvaem-se e aniquilam-se. É a essa redução das vibrações fluídicas do perispírito, à sua oclusão na carne que se deve atribuir a perda da memória das vidas passadas. Um véu cada vez mais espesso envolve a alma e apaga-lhe as radiações interiores. Todas as impressões da sua vida celeste e do seu longo passado volvem às profundezas do inconsciente e a emersão só se realiza nas horas de exteriorização ou por ocasião da morte, quando o Espírito, recuperando a plenitude dos seus movimentos vibratórios, evoca o mundo adormecido das suas recordações.
O papel do duplo fluídico é considerável; explica, desde o nascimento até a morte, todos os fenômenos vitais. Possuindo em si os vestígios indeléveis de todos os estados do ser, desde a sua origem, comunica-lhe a impressão, as linhas essenciais ao gérmen material. Eis aí a chave dos fenômenos embriogênicos.
O perispírito, durante o período de gestação, impregna-se de fluido vital e materializa-se o bastante para tornar-se o regulador da energia e o suporte dos elementos fornecidos pelos genitores; constitui, assim, uma espécie de esboço, de rede fluídica permanente, através da qual passará a corrente de matéria que destrói e reconstitui sem cessar, durante a vida, o organismo terrestre; será a armação invisível que sustenta interiormente a
estátua humana. Graças a ele, a individualidade e a memória conservar-se-ão no plano físico, apesar das vicissitudes da parte mutável e móvel do ser, e assegurarão, do mesmo modo, a lembrança dos fatos da existência presente, recordações cujo encadeamento, do berço à cova, fornece-nos a certeza íntima da nossa identidade.
A incorporação da alma não é, pois, subitânea, como o afirmam certas doutrinas; é gradual e só se completa e se torna definitiva à saída da vida uterina. Nesse momento, a matéria encerra completamente o Espírito, que deverá vivificá-la pela ação das faculdades adquiridas. Longo será o período de desenvolvimento durante o qual a alma se ocupará em pôr à sua feição o novo invólucro, em acomodá-lo às suas necessidades, em fazer dele um instrumento capaz de manifestar-lhe as potências íntimas; mas, nessa obra, será coadjuvada por um Espírito preposto à sua guarda, que cuida dela, a inspira e guia em todo o percurso da sua peregrinação terrestre. Todas as noites, durante o sono, muitas vezes até de dia, o Espírito, no período infantil, desprende-se da forma carnal, volve ao espaço, a haurir forças e alentos para, em seguida, tornar a descer ao invólucro e prosseguir o penoso curso da existência.
Antes de novamente entrar em contacto com a matéria e começar nova carreira, o Espírito tem, dissemos, de escolher o meio onde vai renascer para a vida terrestre; mas essa escolha é limitada, circunscrita, determinada por causas múltiplas. Os antecedentes do ser, suas dívidas morais, suas afeições, seus méritos e deméritos, o papel que está apto para desempenhar, todos esses elementos intervêm na orientação da vida em preparo; daí a preferência por uma raça, tal nação, tal família. As almas terrestres que havemos amado atraem-nos; os laços do passado reatam-se em filiações, alianças, amizades novas. Os próprios lugares exercem sobre nós a sua misteriosa sedução e é raro que o destino não nos reconduza muitas vezes às regiões onde já vivemos, amamos, sofremos. Os ódios são forças também que nos aproximam dos nossos inimigos de outrora para apagarmos, com melhores relações, inimizades antigas. Assim, tornamos a encontrar em nosso caminho a maior parte daqueles que constituíram nossa alegria ou fizeram nossos tormentos. Sucede o mesmo com a adoção de uma classe social, com as condições de ambiente e educação, com os privilégios da fortuna ou da saúde, com as misérias da pobreza. Todas essas causas tão variadas, tão complexas, vão combinar-se para assegurar ao novo encarnado as satisfações, as vantagens ou as provações que convêm ao seu grau de evolução, aos seus méritos ou às suas faltas e às dívidas contraídas por ele.
Dito isso, compreender-se-á quão difícil é a escolha. Por isso, na maioria das vezes ela nos é inspirada pelas Inteligências diretoras, ou, então, em proveito nosso, hão de elas próprias fazê-lo, se não possuirmos o discernimento necessário para adotar com toda a sabedoria e previdência os meios mais eficazes para ativarem a nossa evolução e expurgarem o nosso passado.
Todavia, o interessado tem sempre a liberdade de aceitar ou procrastinar a hora das reparações inelutáveis. No momento de se ligar a um gérmen humano, quando a alma possui ainda toda a sua lucidez, o seu Guia desenrola diante dela o panorama da existência que a espera; mostra-lhe os obstáculos e os males de que será eriçada, faz-lhe compreender a utilidade desses obstáculos e desses males para desenvolver-lhe as virtudes ou libertá-la dos seus vícios. Se a prova lhe parecer demasiado rude, se não se sentir suficientemente armado para afrontá-la, é lícito ao Espírito diferir-lhe a data e procurar uma vida transitória que lhe aumente as forças morais e a vontade.
Na hora das resoluções supremas, antes de tornar a descer à carne, o Espírito percebe, atinge o sentido geral da vida que vai começar, ela lhe aparece nas suas linhas principais, nos seus fatos culminantes, modificáveis sempre, entretanto, por sua ação pessoal e pelo uso do seu livre-arbítrio; porque a alma é senhora dos seus atos; mas, desde que ela se decidiu, desde que o laço se dá e a incorporação se debuxa, tudo se apaga, esvai-se tudo. A existência vai desenrolar-se com todas as suas conseqüências previstas, aceitas, desejadas, sem que nenhuma intuição do futuro subsista na consciência normal do ser encarnado. O
Temíveis são certas atrações para as almas que procuram as condições de um renascimento, por exemplo, as famílias de alcoólicos, de devassos, de dementes. Como conciliar a noção de justiça com a encarnação dos seres em tais meios? Não há aí, em jogo, razões psíquicas profundas e latentes e não são as causa físicas apenas uma aparência? Vimos que a lei de afinidade aproxima os seres similares. Um passado de culpas arrasta a alma atrasada para grupos que apresentam analogias com o seu próprio estado fluídico e mental, estado que ela criou com os seus pensamentos e ações.

Não há, nesses problemas, nenhum lugar para a arbitrariedade ou para o acaso. É o mau uso prolongado de seu livre-arbítrio, a procura constante de resultados egoístas ou maléficos que atrai a alma para genitores semelhantes a si. Eles fornecer-lhe-ão materiais em harmonia com o seu organismo fluídico, impregnados das mesmas tendências grosseiras, próprios para a manifestação dos mesmos apetites, dos mesmos desejos. Abrir- se-á nova existência, novo degrau de queda para o vício e para a criminalidade. E a descida para o abismo.
Senhora do seu destino, a alma tem de sujeitar-se ao estado de coisas que preparou, que escolheu. Todavia, depois de haver feito de sua consciência um antro tenebroso, um covil do mal, terá de transformá-lo em templo de luz. As faltas acumuladas farão nascer sofrimentos mais vivos; suceder-se-ão mais penosas, mais dolorosas as encarnações; o círculo de ferro apertar-se-á até que a alma, triturada pela engrenagem das causas e dos efeitos que houver criado, compreenderá a necessidade de reagir contra suas tendências, de vencer suas ruins paixões e de mudar de caminho. Desde esse momento, por pouco que o arrependimento a sensibilize, sentirá nascer em si forças, impulsões novas que a levarão para meios mais adequados à sua obra de reparação, de renovação, e passo a passo irá fazendo progressos. Raios e eflúvios penetrarão na alma arrependida e enternecida, aspirações desconhecidas, necessidades de ação útil e de dedicação hão de despertar nela. A lei de atração, que a impelia pa ra as últimas camadas sociais, reverterá em seu benefício e tornar-se-á o instrumento da sua regeneração.
Entretanto, não será sem custo que ela se levantará; a ascensão não prosseguirá sem dificuldades. As faltas e os erros cometidos repercutem como causas de obstrução nas vias futuras e o esforço terá de ser tanto mais enérgico e prolongado quanto mais pesadas forem as responsabilidades, quanto mais extenso tiver sido o período de resistência e obstinação no mal. Na escabrosa e íngreme subida, o passado dominará por muito
tempo o presente e o seu peso fará vergar mais de uma vez os ombros do caminhante; mas, do Alto, mãos piedosas estender-se- ão para ele e ajudá-lo-ão a transpor as passagens mais escarpadas. “Há mais alegria no Céu por um pecador que se arrepende do que por cem justos que perseveram.” O nosso futuro está em nossas mãos e as nossas facilidades para o bem aumentam na razão direta dos nossos esforços para o praticarmos".

Livro: O Problema do Ser, do Destino e da Dor.

domingo, 16 de setembro de 2012

Anjos Guardiães.


Os anjos guardiães são embaixadores de Deus, mantendo acesa a chama da fé nos corações e auxiliando os enfraquecidos na luta terrestre.

Quais estrelas formosas, iluminam as noites das almas e atendem-lhes as necessidades com unção e devotamento inigualáveis.

Perseveram ao lado dos seus tutelados em toda circunstância, jamais se impacientando ou os abandonando, mesmo quando eles, em desequilíbrio, vociferam e atiram-se aos despenhadeiros da alucinação.

Vigilantes, utilizam-se de cada ensejo para instruir e educar, orientando com segurança na marcha de ascensão.

Envolvem os pupilos em ternura incomum, mas não anuem com seus erros, admoestando com severidade quando necessário, a fim de lhes criarem hábitos saudáveis e conduta moral correta.

São sábios e evoluídos, encontrando-se em perfeita sintonia com o pensamento divino, que buscam transmitir, de modo que as criaturas se integrem psiquicamente na harmonia geral que vige no Cosmo.

Trabalham infatigavelmente pelo Bem, no qual confiam com absoluta fidelidade, infundindo coragem àqueles que protegem, mantendo a assistência em qualquer circunstância, na glória ou no fracasso, nos momentos de elevação moral e naqueloutros de perturbação e vulgaridade.

Nunca censuram, porque a sua é a missão de edificar as almas no amor, preservando o livre-arbítrio de cada uma, levantando-as após a queda, e permanecendo leais até que alcancem a meta da sua evolução.

Os anjos guardiães são lições vivas de amor, que nunca se cansam, porquanto aplicam milênios do tempo terrestre auxiliando aqueles que lhes são confiados, sem se imporem nem lhes entorpecerem a liberdade de escolha.

Constituem a casta dos Espíritos Nobres que cooperam para o progresso da humanidade e da Terra, trabalhando com afinco para alcançar as metas que anelam.

Cada criatura, no mundo, encontra-se vinculada a um anjo guardião, em quem pode e deve buscar inspiração, auscultando-o e deixando-se por ele conduzir em nome da Consciência Cósmica.

Tem cuidado para que te não afastes psiquicamente do teu anjo guardião.

Ele jamais se aparta do seu protegido, mas este, por presunção ou ignorância, rompe os laços de ligação emocional e mental, debandando da rota libertadora.

Quando erres e experimentes a solidão, refaze o passo e busca-o pelo pensamento em oração, partindo de imediato para a ação edificante.

Quando alcances as cumeadas do êxito, recorda-o, feliz com o teu sucesso, no entanto preservando-te do orgulho, dos perigos das facilidades terrestres.

Na enfermidade, procura ouvi-lo interiormente sugerindo-te bom ânimo e equilíbrio.

Na saúde, mantém o intercâmbio, canalizando tuas forças para as atividades enobrecedoras.

Muitas vezes sentirás a tentação de desvairar, mudando de rumo. Mantém-te atento e supera a maléfica inspiração.

O teu anjo guardião não poderá impedir que os Espíritos perturbadores se acerquem de ti, especialmente se atraídos pelos teus pensamentos e atos, em razão do teu passado, ou invejando as tuas realizações... Todavia te induzirão ao amor, a fim de que te eleves e os ajudes, afastando-os do mal em que se comprazem.

O teu anjo guardião é o teu mestre e amigo mais próximo.

Imana-te a ele.

Entre eles, os anjos guardiães e Deus, encontra-se Jesus, o Guia perfeito da humanidade.

Medita nas Suas lições e busca seguir-Lhe as diretrizes, a fim de que o teu anjo guardião te conduza ao aprisco que Jesus levará ao Pai Amoroso.
Joanna de Ângelis.
Psicografia de Divaldo Franco.

Depois da Morte.


Léon Denis.

O homem é um ser complexo. Nele se combinam três elementos para formar uma unidade viva, a saber:

O corpo, envoltório material temporário, que abandonamos na morte como vestuário usado;

O perispírito, invólucro fluídico permanente, invisível aos nossos sentidos naturais, que acompanha a alma em sua evolução infinita, e com ela se melhora e purifica;

A alma, princípio inteligente, centro da força, foco da consciência e da personalidade.

A alma, desprendida do corpo material e revestida do seu invólucro sutil, constitui o Espírito, ser fluídico, de forma humana, liberto das necessidades terrestres, invisível e impalpável em seu estado normal. O Espírito não é mais que um homem desencarnado. Todos tornaremos a ser Espíritos. A morte restitui-nos à vida do espaço.

Que se passa no momento da morte?

Como se desprende o Espírito da sua prisão material?

Que impressões, que sensações o esperam nessa ocasião temerosa?

É isso o que interessa a todos conhecer, porque todos cumprem essa jornada. A vida foge-nos a todo instante: nenhum de nós escapará a morte.

Deixando sua residência corpórea, o Espírito purificado pela dor e pelo sofrimento, vê sua existência passada recuar, afastar-se pouco a pouco com seus amargores e ilusões; depois, dissipar-se como as brumas que a aurora encontra estendidas sobre o solo e que a claridade do dia faz desaparecer. O Espírito acha-se, então, como que suspenso entre duas sensações: a das coisas materiais que se apagam e a da vida nova que se lhe desenha à frente. Entrevê essa vida como através de um véu, cheia de encanto misterioso, temida e desejada ao mesmo tempo. Após, expande-se a luz, não mais a luz solar que nos é conhecida, porém uma luz espiritual, radiante, por toda parte disseminada.

Pouco a pouco o inunda, penetra-o, e, com ela, um tanto de vigor, de remoçamento e de serenidade. O Espírito mergulha nesse banho reparador. Aí se despoja de suas incertezas e de seus temores. Depois, seu olhar destaca-se da Terra, dos seres lacrimosos que cercam seu leito mortuário, e dirige-se para as alturas. Divisa os céus imensos e outros seres amados, amigos de outrora, mais jovens, mais vivos, mais belos que vêm recebê-lo, guiá-lo no seio dos espaços. Com eles caminha e sobe às regiões etéreas que seu grau de depuração permite atingir. Cessa, então, sua perturbação, despertam faculdades novas, começa o seu destino feliz.

A entrada em uma vida nova traz impressões tão variadas quanto o permite a posição moral dos Espíritos.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A Transmissão de Energia Espiritual .


“A coisa mais fundamental para entender é que o materialismo está morto, que matéria já não existe. Tudo que existe é energia.
A energia em uma pedra é a mais baixa forma, a mais dormente, a mais fechada, mais adormecida. Então tem o mundo das plantas, das árvores. Elas abriram um pouco mais. Elas estão mais disponíveis à existência do que uma pedra. Elas comunicam-se com o sol, com a lua, com as estrelas, e esta comunicação é comunicação de energia. Elas levam energia; dão energia. E esta é a ecologia da existência completa, uma tremenda interdependência. De todas as maneiras possíveis, existe uma transferência delicada de energia que acontece em todos os lugares.
O homem expira, e ele está expirando uma certa energia que nós chamamos gás carbônico; não é nenhuma matéria. Ele inspira, novamente outra forma de energia, oxigênio. As árvores fazem exatamente o oposto: elas exalam oxigênio; e inalam gás carbônico. É assim que o equilíbrio é mantido.
Em milhões de formas, a energia está se movendo através dos diferentes organismos. E mais elevado do que as plantas são os animais que têm a capacidade de se movimentar. Há um vinculo: existe plantas que não podem se mover, e plantas que podem mover-se um pouco; têm animais que podem se mover por milhas, e têm pássaros que podem se mover milhares de milhas. Este movimento faz sua energia dinâmica.
Estes são desenvolvimentos de energia. E acima de todos estão os seres humanos que têm energia que contém vida e movimento. Mas poucos deles podem atingir a consciência, que é a maior forma de energia desenvolvida. E o caminho da consciência é exatamente como o caminho de um rio. Segue o caminho da gravidade para baixo.

O dispositivo que você está perguntando é um dispositivo antigo. Eu usei-o, porém por menos que seis anos porque eu o refinei para formas melhores, e transformações mais invisíveis. O dispositivo antigo é absolutamente dependente no discípulo, e naquele discipulado você não pode usar a palavra ‘Amigo’. A palavra ‘Amigo’ somente pode ser usada com as minhas técnicas refinadas.
O dispositivo antigo tem que usar o mestre e o discípulo. O discípulo tem que se render totalmente, tem que ficar vulnerável, estar aberto, ariscar tudo e ter fé. Se o mestre é um mestre autêntico então o toque dele, particularmente na testa entre os dois olhos, onde mitologicamente no Oriente nós visualizamos um terceiro olho. . . Se ele entra em contato físico com o terceiro olho, e o discípulo está absolutamente disponível, rendido, pronto para receber, então a energia do mestre começa a fluir. O mestre não perde nada porque quanto mais ele dá, mais energia é vertida pelo próprio cosmo


no seu ser. Ele é recompensado imensamente. Mas ele não pode fazer nada se o discípulo for um pouco relutante, um pouco fechado, um pouco amedrontado, não se rendeu totalmente. Então nada acontecerá.
A propósito, eu me lembrei do tika no terceiro olho usado pelas mulheres orientais, recomendado pelos homens para usá-lo. É uma marca redonda vermelha exatamente no mesmo lugar onde está o terceiro olho. Eles persuadiram as mulheres, ‘Este é o sinal de estar casada’. Mas a verdade é outra coisa. É novamente a longa história de criar a mulher como escrava do homem. A marca vermelha no terceiro olho está impedindo a mulher de receber a energia de um mestre. A cor da energia é vermelha, e o tika que foi recomendado para a mulher pôr na testa também é vermelho.
As cores funcionam de tal uma forma que se você tiver uma mancha vermelha em sua testa, todas as cores serão absorvidas menos o vermelho. O vermelho será mandado de volta. Assim, o que nós vemos no mundo é um fenômeno muito estranho. Quando você vir alguém em roupas azuis, a realidade é que essas roupas não são azuis, elas estão refletindo de volta a cor azul. Eles estão absorvendo todas as seis cores do arco-íris dos raios do sol, mas não aceitando o azul. E porque o azul não é aceito, ele atinge em seus olhos e você vê a cor das roupas como azul. Mas tudo isto é muito ilusório - essas roupas não são azuis.
E desta forma uma estratégia usada por milhares de anos na Índia, mostra que eles sabiam como funcionam as cores. Pôr uma marca vermelha no terceiro olho significa que todas as cores podem ser absorvidas, podem ser absorvidos todos os tipos de energias, mas não a energia que tem a cor vermelha. A energia do mestre tem a cor vermelha; é a cor do sangue, a cor de vida, a cor do calor.
Impedir as mulheres de se tornarem discípulas ou, mesmo se eles o fizeram, não lhes permitindo o privilégio de ser uma discípula, uma estratégia muito esperta foi usada. Assim se você gosta do tika, use qualquer cor, porém não use o vermelho. Parece bonito, use o espectro inteiro de cores, mas exclua vermelho.
Quando o mestre toca o terceiro olho do discípulo, se o discípulo está disponível - e isso é um grande SE, que raramente acontece - então de repente um fluxo de calor, vida, e consciência começa a atingir o ponto que por razões específicas nós chamamos o terceiro olho. É o ponto que, se abrir, faz de você um vidente. Então você pode ver coisas sobre você e sobre outros mais claramente, mais transparentemente--e sua vida inteira começará a mudar com esta nova visão.
Mas eu não usei o método de shaktipat por mais que seis anos porque sentia que havia algumas falhas nele. Primeiro, o discípulo tem que estar em um estado mais baixo que o mestre, do que eu não gosto. Aqui, ninguém é mais baixo; como ninguém é mais alto. O discípulo tem que ser apenas um receptor. Ele não pode contribuir em nada. E também ele fica dependente, porque somente quando o mestre o toca é que ele se sente cheio de energia, cheio de alegria, mas não de outra forma.
Depois, a mesma idéia de rendição é basicamente difícil, e pedir rendição total é pedir o impossível. Nós deveríamos pensar nas condições humanas. Nós estamos lidando com seres humanos, e não deveríamos pedir algo que eles não podem fazer. E quando eles não podem fazer algo e são condenados, eles começam a se sentirem culpados por não estarem abertos, e por não terem se rendido totalmente, e por haver dúvidas em suas mentes. Assim é criada a culpa. Em vez de rendição você criou a culpa.
Durante seis anos tentei achar métodos mais refinados, e eu os achei. Talvez eles nunca tenham sido usados antes, mas são mais civilizados, refinados e mais humano. Por exemplo, quando estou falando com você, eu não estou lhe pedindo que se renda, que fique aberto, não estou lhe pedindo nada. Mas apenas por me escutar, tudo acontece automaticamente -- você não tem que fazer nada.
Energia não é algo físico, que você tem que tocar a pessoa. Ela pode acontecer apenas olhando nos olhos da pessoa. Ela pode acontecer apenas por seu gesto, ou apenas no silêncio entre duas palavras. Deste modo nada é pedido e ainda está mais facilmente disponível.
Depois, o discípulo não necessita ser um escravo, um escravo espiritual. Ele pode ser um amigo. Eu sinto que você pode confiar mais em um amigo do que pode confiar em qualquer outra pessoa.
Amizade é o mais alto florescimento do amor onde tudo que é primitivo no amor foi derrubado e somente o perfume permanece. E o perfume pode ser alcançado sem qualquer conexão física. Nestes seis anos eu vi isto acontecendo mais e mais em uma vasta escala. Você nem está esperando pela energia, nem está preparando para a energia e inesperadamente, ela vem como uma surpresa e enche o seu coração.
No método antigo a rendição é pedida; no método novo é pedido somente uma amizade amorosa que é mais humana, mais natural. No antigo método a rendição tinha que ser à base de tudo. Mas lembre-se, a quem quer que você se renda, você levará um rancor contra essa pessoa.
Não é apenas uma coincidência que Judas, um dos discípulos mais proeminentes de Jesus, o traiu. O próprio genro de Mahavira o traiu. O próprio primo-irmão de Buddha, Devadatta, o traiu. Não é uma exceção, mas uma regra. Estas pessoas podem ter se rendido, mas um pouco de relutância deve ter continuado neles.
Por exemplo, o caso de Judas. . . . Ele era mais educado, culto, e filosoficamente mais instruído que o próprio Jesus, e ele teve que se render e ter fé em um homem que sabia menos que ele. Alguma coisa estava acontecendo dentro dele, mordendo-o--" Algo tem que ser feito. Uma vingança tem que ser tomada".
O genro de Mahavira. . . . Na Índia é a tradição que o genro seja muito respeitado; até mesmo o sogro tem que tocar os seus pés. A única filha de Mahavira se tornou uma sannyasin, e assim o genro pensou que como de costume ele seria o sucessor de Mahavira--" quem mais poderia reivindicar? Houve um momento que até mesmo Mahavira tinha tocado os seus pés!
Mas Mahavira não quis isto porque haviam na comunidade pessoas mais sábias, mais iluminadas. Ele recusou o genro, dizendo, ‘não é uma questão de relacionamento, e no momento em que você se tornou um monge você deveria ter esquecido esta relação’.
Ele rebelou-se contra e traiu Mahavira. Então Mahavira escolheu uma outra pessoa que era o mais instruído, o mais carismático, e um orador muito influente.
Goshalak tinha tremendo poder, de muitas formas sobre muitos reis. Mas Goshalak estava acostumado, tomou isso como garantido, e começou a usar o poder dele em cima de outros, enquanto dizia, ‘eu vou ser o sucessor de Mahavira.’
Tem uma história muito bonita. . .
Goshalak e Mahavira ambos estavam indo para a sua mendicância diária. Eles passavam por uma planta que tinha brotado recentemente. Goshalak disse a Mahavira, ‘Senhor, você diz que tudo acontece de acordo com uma certa lei do karma. Agora, o que você pode dizer sobre esta planta, ela sobreviverá ou não? Você é onisciente, você pode saber’.
Mahavira disse, ‘ela sobreviverá, e se tornará uma árvore muito grande com grande folhagem’.
Goshalak foi até a planta, arrancou-a e jogou fora, dizendo, ‘Agora nós veremos como essa árvore crescerá com uma grande folhagem’.
Mahavira simplesmente sorriu, e eles caminharam para a aldeia.
Enquanto isso, aconteceu um grande ciclone. . . chuvas. Quando eles se voltaram, Mahavira mostrou para ele que a planta estava ficando em pé. O ciclone e as chuvas tinham mudado sua posição. Estava novamente de volta à terra. E Mahavira disse, ‘Goshalak, você quer tentar novamente? Esta planta vai se tornar uma grande árvore, com grande folhagem, uma bonita árvore. Você não pode mudar o seu curso.’
Goshalak ficou muito bravo. Mahavira mudou seu pensamento, este não era o homem certo: ‘Se ele suspeita de minha abordagem com a vida, toda a minha filosofia, então ele não pode ser meu sucessor.’
No momento em que Goshalak achou que não iria ser o sucessor, ele se rebelou imediatamente, levando quinhentos sannyasins de Mahavira com ele. Ele se proclamou ser o verdadeiro mestre, e Mahavira apenas uma fraude.
Meu próprio insight é que estas pessoas tinham se rendido, mas alguma parte do ser delas permaneceu não rendida, esperando por uma vingança, e enquanto esperam por uma oportunidade, cedo ou tarde a oportunidade acontece.
Eu não sou muito a favor da antiga estratégia. Eu usei isto porque isso era a única estratégia que estava disponível. Mas devagarzinho eu vi suas desvantagens, suas falhas. Ela pode ajudar alguns, mas prejudicou muitos mais. Desde então eu tenho tentado achar modos mais sutis, mais humanos, mais invisíveis. Eu os achei e eles estão funcionando, estão funcionando tremendamente. Posso fazer o mesmo apenas falando com você, ou apenas com o meu silêncio. Eu posso fazer o mesmo apenas com a minha presença.
E eu não lhe peço nada. O que quer que eu esteja fazendo, se você se envolver nisto, o que vai acontecer... Se você estiver me escutando, você vai se envolver. Se eu estou olhando para você, no momento em que você não pode pensar em nada, algo exala e você se torna uma chama. É mais delicado e mais adaptado às camadas mais altas de consciência.
Nesta referência a palavra `Amigo' pode ser usada, mas não na primeira. É por isso que eu tenho insistido na palavra `Amigo'.
Eu não quero ser traído por você.
Eu não quero nenhum Judas, nenhum Goshalak, nenhum Devadatta. E se eu não estou apresentando uma posição mais elevada que você, não há nenhuma necessidade de ser traído.
Eu tenho sido apenas um amigo no caminho, caminhando junto--ninguém mais alto, ninguém mais baixo. Nós apenas gostamos um do outro e caminhamos junto! E como nós caminhamos junto, a preferência se tornou amor. Enquanto caminhamos juntos, nós nos tornamos mais e mais íntimos e a energia é transferida.
Isto é algo novo que antes nunca foi dito, e nunca tinha sido tentado. Eu quero fazer uma linha clara que divide a história de escravidão espiritual da liberdade espiritual onde o mestre é tão confiante da sua autoridade que não precisa fingir ser mais alto. Você consegue ver o ponto? Sempre que alguém finge ser mais alto, ele é suspeito da sua altura, ele é suspeito da sua autoridade.
Somente um verdadeiro mestre pode ser humilde.
Somente um verdadeiro mestre pode ser humano.
Os antigos métodos de religião, todos eles têm que ser abandonados. Nós demos bastante tempo para eles; e não tiveram sucesso transformando a humanidade. Agora nós temos que trabalhar de um modo diferente, de um modo novo.
Meu sentimento é que existe milhões de pessoas no mundo que querem ser transformadas, mas que não querem ser humilhados diante de um Deus, diante de um mestre; pessoas que têm um pouco de auto-respeito.
Eu estou abrindo a porta para todas essas pessoas que têm algum auto-respeito. Nós não tocaremos em seu auto-respeito. É totalmente seguro. Se ele desaparecer pela sua própria decisão e deixar uma consciência melhor dentro de você, foi você quem decidiu.

OSHO.

Desiderata.


Qualquer que seja a religião que te ensinaram,

Qualquer que seja a forma pela qual tenhas sido criado,

Qualquer que seja a forma como tenhas compreendido teus mestres,

Nesses níveis compreenderá esta mensagem.

Não basta acreditar nela, deve ser vivida.


A essência da Religião Universal é Paz e Verdade,

O amor e a bondade para com todas as criaturas da terra.

É o momento de expressar essa essência em tua própria vida.

Deve estabelecer-se um começo

E o lugar para começar está em ti mesmo.


Vais reformar o mundo

Começa contigo mesmo.

A mensagem de um reformador não reformado

Raras vezes poderá inspirar uma reforma.


O coração de toda religião é o Amor e a Retidão

Que é o Amor em Ação

É a realização da religião.

Ama não sómente a família e os amigos,

Porque o amor limitado é Amor negado.

Busca a paz dentro de ti mesmo

e busca também o divino alento da vida.

Persiste nisso!

Não abandones esse propósito nem por um momento.

Através de teus atos modelas tua vida

E ajudas a modelar a vida dos outros.

Que responsabilidade!


O espírito encontra em ti seu agente e também seu companheiro.

E na medida que tomes consciência e atues de acordo com isso,

Tua vida se enriquece.

Ocorrerá em ti uma revelação...

Maior que teus sonhos mais exaltados.


Aproxima-se a nova era e nela estará a Igreja de todos.

Desaparecerão as diferenças entre as distintas religiões.

Fundir-se-a o bem que existe em cada uma delas

E será comum a toda a humanidade.


Compreenda que tens o poder de eleger!

Eleger o Amor e não o Ódio,

Eleger a Bondade e não a Violência,

Eleger a Piedade e não a Maldade.

Atreve-te a crer que logo chegará o reino de Amor e Paz!

Prepara-te para ele!

A bondade te abrirá a porta

E mais além da porta está o Amor.

Que o poder divino penetre em todos os aspectos de tua vida,

Dotando-a com as recompensas das conquistas materias,

Com os tesouros de uma existencia útil,

E a luz eterna das Aquisições Espirituais.

A viagem.


Em algum lugar destas terras, há um doce olhar só para você...

Um olhar especial, de alguém especial de distantes origens...

Um olhar de um justo coração que pulsa só a vida,

que sorri porque ama plenamente sem julgamentos,

preconceitos, nem distinções.



Hoje, como ontem, longe desses céus,

há um encantado olhar só para você...

e nesse olhar vai para você a magia da luz,

a simplicidade do perdão,

a força para comungar uma vida.



Hoje, de algum lugar dentro de você,

alguém que já o amou muito,e ainda o ama,

diz para você que valeu a pena ter estado nestas terras,

sob estes céus, falando de paz, união, amor, perdão.


Poder sentir a força que faz você sorrir

e continuar o caminho...

que um dia aquele doce olhar iniciou para você.

Tudo isso, só para você saber que a vida continua...

E que a morte, é uma viagem.

domingo, 9 de setembro de 2012

A MORTE NÃO É NADA - Sto. AGOSTINHO.


"A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.

Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?

Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi."