sábado, 13 de junho de 2015

de Poemas - RUMI.

Vem, Te direi em segredo Aonde leva esta dança. Vê como as partículas do ar E os grãos de areia do deserto Giram desnorteados. Cada átomo Feliz ou miserável, Gira apaixonado Em torno do sol. ***************** Ninguém fala para si mesmo em voz alta. Já que todos somos um, falemos desse outro modo. Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma Fechemos pois a boca e conversemos através da alma Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo. Vem, se te interessas, posso mostrar-te. ******************** Desde que chegaste ao mundo do ser, uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses. Primeiro, foste mineral; depois, te tornaste planta, e mais tarde, animal. Como pode isto ser segredo para ti? Finalmente, foste feito homem, com conhecimento, razão e fé. Contempla teu corpo - um punhado de pó - vê quão perfeito se tornou! Quando tiveres cumprido tua jornada, decerto hás de regressar como anjo; depois disso, terás terminado de vez com a terra, e tua estação há de ser o céu. ****************** Não durmas, senta com teus pares A escuridão oculta a água da vida. Não te apresses, vasculha o escuro. Os viajantes noturnos estão plenos de luz; não te afastes pois da companhia de teus pares. ************** Faltam-te pés para viajar? Viaja dentro de ti mesmo, e reflete, como a mina de rubis, os raios de sol para fora de ti. A viagem conduzirá a teu ser, transmutará teu pó em ouro puro. ***************** Sofreste em excesso por tua ignorância, carregaste teus trapos para um lado e para outro, agora fica aqui. ******* Na verdade, somos uma só alma, tu e eu. Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti. Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo, Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu. ****** Oh, dia, levanta! Os átomos dançam, As almas, loucas de êxtase dançam. A abóbada celeste, por causa deste Ser, dança, Ao ouvido te direi aonde a leva sua dança. ****** Ontem à noite, confidencialmente, eu disse a um velho sábio: - Não me esconda nada dos segredos do mundo! Muito docemente, ele me disse ao ouvido: - Chut! Podemos compreender, mas não exprimir! ****** Quero fugir a cem léguas da razão, Quero da presença do bem e do mal me liberar. Detrás do véu existe tanta beleza: lá está meu ser. Quero me enamorar de mim mesmo, ó vós que não sabeis! ******* Eu soube enfim que o amor está ligado a mim. E eu agarro esta cabeleira de mil tranças. Embora ontem à noite eu estivesse bêbado da taça, Hoje, eu sou tal, que a taça se embebeda de mim. ***** Ele chegou... Chegou aquele que nunca partiu; Esta água nunca faltou a este riacho Ele é a substância do almíscar e nós o seu perfume, Alguma vez se viu o almíscar separado de seu cheiro? ****** Se busco meu coração, o encontro em teu quintal, Se busco minha alma, não a vejo a não ser nos cachos de teu cabelo. Se bebo água, quando estou sedento Vejo na água o reflexo do teu rosto. ****** Sou medido, ao medir teu amor. Sou levado, ao levar teu amor. Não posso comer de dia nem dormir de noite. Para ser teu amigo Tornei-me meu próprio inimigo. ******* Teu amor me tirou de mim. De ti, preciso de ti Noite e dia, eu queimo por ti. De ti, preciso de ti. ******* Não posso dormir quando estou contigo por causa de teu amor. Não posso dormir quando estou sem ti por causa de meu pranto e gemidos. Passo as duas noites acordado mas, que diferença entre uma e outra! ******** Não temos nada além do amor. Não temos antes, princípio nem fim. A alma grita e geme dentro de nós: - Louco, é assim o amor. Colhe-me, colhe-me, colhe-me! ******* À noite, pedi a um velho sábio que me contasse todos os segredos do universo. Ele murmurou lentamente em meu ouvido: - Isto não se pode dizer, isto se aprende. ******* A fé da religião do Amor é diferente. A embriaguez do vinho do Amor é diferente. Tudo que aprendes na escola é diferente. Tudo que aprendes do Amor é diferente. ****** - Vem ao jardim na primavera, disseste. - Aqui estão todas as belezas, o vinho e a luz. Que posso fazer com tudo isso sem ti? E, se estás aqui, para que preciso disso? Jalaluddin Rumi...***

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