sexta-feira, 28 de junho de 2019

Julgamento – Rabindranath Tagore.

Não julgues… Habitas num recanto mínimo desta terra. Os teus olhos chegam Até onde alcançam muito pouco… Ao pouco que ouves Acrescentas a tua própria voz. Mantém o bem e o mal, o branco e o negro, Cuidadosamente separados. Em vão traças uma linha Para estabelecer um limite. Se houver uma melodia escondida no teu interior, Desperta-a quando percorreres o caminho. Na canção não há argumento, Nem o apelo do trabalho… A quem lhe agradar responderá, A quem lhe agradar não ficará impassível. Que importa que uns homens sejam bons E outros não o sejam? São viajantes do mesmo caminho. Não julgues, Ah, o tempo voa E toda a discussão é inútil. Olha, as flores florescem à beira do bosque, Trazendo uma mensagem do céu, Porque é um amigo da terra; Com as chuvas de Julho A erva inunda a terra de verde, E enche a sua taça até à borda. Esquecendo a identidade, Enche o teu coração de simples alegria. Viajante, Disperso ao longo do caminho, O tesouro amontoa-se à medida que caminhas. Rabindranath Tagore

Carpe Diem – Sociedade dos Poetas Mortos.

Aproveita o dia, Não deixes que termine sem teres crescido um pouco. Sem teres sido feliz, sem teres alimentado teus sonhos. Não te deixes vencer pelo desalento. Não permitas que alguém te negue o direito de expressar-te, que é quase um dever. Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário. Não deixes de crer que as palavras e as poesias sim podem mudar o mundo. Porque passe o que passar, nossa essência continuará intacta. Somos seres humanos cheios de paixão. A vida é deserto e oásis. Nos derruba, nos lastima, nos ensina, nos converte em protagonistas de nossa própria história. Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes trocar uma estrofe. Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem. Não caias no pior dos erros: o silêncio. A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, e nem fujas. Valorize a beleza das coisas simples, se pode fazer poesia bela, sobre as pequenas coisas. Não atraiçoes tuas crenças. Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos. Isso transforma a vida em um inferno. Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda a diante. Procures vivê-la intensamente sem mediocridades. Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com orgulho e sem medo. Aprendes com quem pode ensinar-te as experiências daqueles que nos precederam. Não permitas que a vida se passe sem teres vivido… //////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Carpe Diem é uma frase em latim de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. É também utilizada como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro. Vindo da decadência do império Romano o termo Carpe diem era dito para retratar o “cada um por si”, devido o império estar se desfazendo, naquele momento a visão de que cada dia poderia ser realmente o último era retratado pela frase que hoje é utilizada como uma coisa boa, porém sua origem vem do desespero da destruição de um grande império antigo. No filme “A Sociedade dos Poetas Mortos”, o personagem de Robin Williams, Professor Keating, utiliza-a assim: “Mas se você escutar bem de perto, você pode ouvi-los sussurrar o seu legado. Vá em frente, abaixe-se. Escute, está ouvindo? – Carpe – ouve? – Carpe, carpe diem, colham o dia garotos, tornem extraordinárias as suas vidas.”

A Morte, O Espaço, A Eternidade – Jorge de Sena.

De morte natural nunca ninguém morreu. Não foi para morrer que nós nascemos, não foi só para a morte que dos tempos chega até nós esse murmúrio cavo, inconsolado, uivante, estertorado, desde que anfíbios viemos a uma praia e quadrumanos nos erguemos. Não. Não foi para morrermos que falámos, que descobrimos a ternura e o fogo, e a pintura, a escrita, a doce música. Não foi para morrer que nós sonhámos ser imortais, ter alma, reviver, ou que sonhámos deuses que por nós fossem mais imortais que sonharíamos. Não foi. Quando aceitamos como natural, dentro da ordem das coisas ou dos anjos, o inominável fim da nossa carne; quando ante ele nos curvamos como se ele fora inescapável fome de infinito; quando vontade o imaginamos de outros deuses que são rostos de um só; quando que a dor é um erro humano a que na dor nos damos porque de nós se perde algo nos outros, vamos traindo esta ascensão, esta vitória, isto que é ser-se humano, passo a passo, mais. A morte é natural na natureza. Mas nós somos o que nega a natureza. Somos esse negar da espécie, esse negar do que nos liga ainda ao Sol, à terra, às águas. Para emergir nascemos. Contra tudo e além de quanto seja o ser-se sempre o mesmo que nasce e morre, nasce e morre, acaba como uma espécie extinta de outras eras. Para emergirmos livres foi que a morte nos deu um medo que é nosso destino. Tudo se fez para escapar-lhe, tudo se imaginou para iludi-la, tudo até coragem, desapego, amor, tudo para que a morte fosse natural. Não é. Como, se o fôra, há tantos milhões de anos a conhecemos, a sofremos, a vivemos, e mesmo assassinando a não queremos? Como nunca ninguém a recebeu senão cansado de viver? Como a ninguém sequer é concebível para quem lhe seja um ente amado, um ser diverso, um corpo que mais amamos que a nós próprios? Como será que os animais, junto de nós, a mostram na amargura de um olhar que lânguido esmorece rebelado? E desde sempre se morreu. Que prova? Morrem os astros, porque acabam. Morre tudo o que acaba, diz-se. Mas que prova? Só prova que se morre de universo pouco, do pouco de universo conquistado. Não há limites para a Vida. Não aquela que de um salto se formou lá onde um dia alguns cristais comeram; nem bem aquela que, animal ou planta, foi sendo pelo mundo este morrer constante de vidas que outras vidas alimentam para que novas vidas surjam que como primárias células se absorvam. A Vida Humana, sim, a respirada, suada, segregada, circulada, a que é excremento e sangue, a que é semente e é gozo e é dor e pele que palpita ligeiramente fria sob ardentes dedos. Não há limites para ela. É uma injustiça que sempre se morresse, quando agora de tanto que matava se não morre. É o pouco de universo a que se agarram, para morrer, os que possuem tudo. O pouco que não basta e que nos mata, quando como ele a Vida não se amplia, e é como a pele do ónagro, que se encolhe, retráctil e submissa, conformada. É uma injustiça a morte. É cobardia que alguém a aceite resignadamente. O estado natural é complacência eterna, é uma traição ao medo por que somos, áquilo que nos cabe: ser o espírito sempre mais vasto do Universo infindo. O Sol, a Via Láctea, as nebulosas, teremos e veremos até que a Vida seja de imortais que somos no instante em que da morte nos soltamos. A Morte é deste mundo em que o pecado, a queda, a falta originária, o mal é aceitar seja o que for, rendidos. E Deus não quer que nós, nenhum de nós, nenhum aceite nada. Ele espera, como um juiz na meta da corrida torcendo as mãos de desespero e angústia, porque nada pode fazer nada e vê que os corredores desistem, se acomodam, ou vão tombar exaustos no caminho. De nós se acresce ele mesmo que será o espírito que formos, o saber e a força. Não é nos braços dele que repousamos, mas ele se encontrará nos nossos braços quando chegarmos mais além do que ele. Não nos aguarda – a mim, a ti, a quem amaste, a quem te amou, a quem te deu o ser – não nos aguarda, não. Por cada morte a que nos entregamos ele se vê roubado, roído pelos ratos do demónio, o homem natural que aceita a morte, a natureza que de morte é feita. Quando a hora chegar em que já tudo na terra foi humano — carne e sangue —, não haverá quem sopre nas trombetas clamando o globo a um corpo só, informe, um só desejo, um só amor, um sexo. Fechados sobre a terra, ela nos sendo e sendo ela nós todos, a ressurreição é morte desse Deus que nos espera para espírito seu e carne do Universo. Para emergir nascemos. O pavor nos traça este destino claramente visto: podem os mundos acabar, que a Vida, voando nos espaços, outros mundos, há-de encontrar em que se continui. E, quando o infinito não mais fosse, e o encontro houvesse de um limite dele, a Vida com seus punhos levá-lo-á na frente, para que em Espaço caiba a Eternidade. Jorge de Sena.

Somos Eternos – Max Heindel.

Numa nuvem tormentosa sibilando; na asa de Zéfiro, O coro do espírito canta os hinos sacros do mundo, alegremente Escuta! Ouve suas vozes: “Pelas portas da morte nós passamos, a Morte não existe; alegrai-vos a vida continua eternamente”. Somos, sempre fomos e sempre o seremos Somos uma parte da Eternidade, Mais velha que a Criação, a parte de Um Grande Todo, Cada Alma é Individual, na sua imortalidade. No tear farfalhante do Tempo, nossa roupagem formamos, A rede do Pensamento urdidos eternamente; O que é modelada na Terra, é no céu que planejamos E ao nascer, nossa raça e nossa pátria, já as trazemos na mente. Brilhamos em uma jóia e sobre a onda dançamos Cintilamos em pleno fogo, a tumba desafiamos através de formas várias em tamanho, gênero e nome A essência individual é a mesma, é a que sempre carregamos. E quando alcançarmos o mais elevado grau, A gradação do crescer com nossas mentes relembraremos Para que, elo por elo, possamos juntá-los todos E passo a passo tragar o caminho que percorremos. Com o tempo saberemos, o que realmente foi feito O que eleva e enobrece, o certo e a verdade Sem malicia com ninguém, sempre agindo com bondade, Em e através de nós, a Deus será feita a Vontade. Max Heindel

quarta-feira, 26 de junho de 2019

"OS FILHOS DE CAIM E OS FILHOS DE SET"

No início da criação, a Humanidade foi divida em duas grandes correntes de evolução: a mística e a ocultista. Na Bíblia, tal divisão é representada pelas correntes de Set e de Caim. Set atingiu seu progresso pela fé; Caim o fez pelo trabalho. De Set (Sheth), portanto, derivou a Igreja; de Caim, por outro lado, derivou o estadismo, a ciência e a arte. Dentre os filhos de Noé , Sem tipifica a corrente de Set ou o Coração; Cam (Ham), a linha de Caim ou o intelecto. Ambas as linhas estão sujeitas ao pecado. Os filhos de ambas as casas são tentadas. Na linha de Cam, o filho de Cush (Gen 10:6) foi Nemrod (confusão, construtor da Torre de Babel, onde o intelecto é exaltado sobre o Espírito. Dentre os filhos de Sem, Faleg defendeu a confusão e a divisão. Em todos os capítulos da Bíblia, a divisão entre os Filhos da Água (Místicos) e os Filhos do Fogo (ocultistas), é observada. Apenas na Segunda Vinda de Cristo, como vislumbrado no Livro do Apocalipse, tal divisão será sanada e a união, alcançada. A doutrina esotérica de Israel, eminentemente exemplificada no Zohar, ou Livro do Esplendor (do Equilíbrio ou Temperança entre Rigor e Misericórdia), tem por objetivo curar tal desunião. Em linguagem moderna, este Equilíbrio ou Temperança é chamado de Trabalho da Iniciação. A Bíblia, que é um manual da Iniciação, retrata a luta das almas aspirantes que buscam alcançar tal Temperança, e, por meio deste Equilíbrio, alcançar o Céu e a sua Glória. Os Livros dos Reis é o Livro do Ocultismo, enfatizando o caminho da realização pelo Labor. Os Livros das Crônicas (primeiro e segundo) são livros sobre Misticismo, enfatizando o caminho da realização pela Fé. Os Livros dos Reis apontam para os seguidores de Jeroboão, a corrente de Caim (Fogo); Crônicas, aos seguidores de Roboão, corrente de Set (Água). Jeroboão significa luta do povo; Roboão significa crescimento do povo. Jeroboão e Roboão eram filhos de Salomão. Enquanto irmãos, estavam completamente divididos por diferenças e antagonismos. Uma divergência indicativa das barreiras que separam aqueles que seguem a corrente do conhecimento dentre aqueles que caminham pela fé. Embora os eventos descritos em ambos os Livros (Reis e Crônicas) sejam amplamente correlacionados entre si, os mesmos produzem reações divergentes entre os personagens envolvidos, pois eles descrevem, em linhas gerais, as variadas reações às experiências da vida, de um lado pela via ocultista, aqueles que seguem o caminho da cabeça, e por outro, os místicos, aqueles que seguem o caminho coração. Reis, o Livro do Ocultismo, relata como o tempo de vida de Ezequias se prolongou; Crônicas não faz qualquer menção sobre isto. O Livro das Crônicas fala do arrependimento do malvado Manassés; em Reis, não se encontra nenhuma referência a isso. Novamente, o Livro dos Reis demonstra o conflito entre Adonias e Salomão, pelo trono de Davi, uma luta omitida no Livro das Crônicas. Nem este último registra a queda de Salomão na idolatria ou o pecado de Davi e Bate-Seba, ambos mencionados em Reis. No idioma Hebreu, as Crônicas são chamadas de Dibre Hayzamin, que significa os eventos do tempo. Crônicas II foi o último Livro histórico antes do Cativeiro. O Livro de Ezra foi o primeiro depois do Cativeiro. Os versos finais do último capítulo das Crônicas antecipam os versos iniciais do primeiro capítulo de Ezra. Os 77 anos de Cativeiro ocorrem entre os primeiros 40 versículos do capítulo 36 das Crônicas. Assim, o registro profético mostra que a profecia preencheu o abismo da história, de modo que, para a visão do Clarividente, a história de Israel é ininterrupta do primeiro ao último. Embora as grandes massas tenham vivido em escuridão, alguns poucos encontraram a Luz. Assim, nas Crônicas, a Rainha de Sabá, que simboliza a humanidade, busca pela luz aos pés de Salomão, o Rei da Sabedoria. A primeira e a segunda Crônicas são ligadas ao número 10. Onde as massas estão concentradas, este número leva a destruição de Jerusalém, isto é, a perda da paz e do poder espiritual. Mas para os poucos que encontraram a Luz, o número 10 é um caminho secreto, o Caminho ao Rei, que leva ao equilíbrio, harmonia e a realização, quando o UM (1) supera o NADA (0) como a Luz dissipa as trevas. O primeiro e o segundo livros dos Reis estão ligados ao número 6, que simboliza uma Cruz de Lux e a Estrela de Seis Pontas de David. Seis é tanto masculino quanto feminino. Ele abarca as forças mescladas do Sol e da Luz e é representado no Livro do Apocalipse como s Mulher Vertida de SOL que tem a LUA em seus pés. A força vibratória que imprime o poder do 6 sobre qualquer forma de criação proclama o fato de que a evolução na forma alcançou a perfeição, assim, o trabalho do espírito é soberano. Deus sempre vê que o trabalho do sexto dia é bom. Assim, o sexto dia é seguido pelo dia do “descanso”, um interlúdio subjetivo. O crescimento e o desenvolvimento do cosmos, e a relação disso com o Homem, é revelada pelo estudo esotérico dos números. Por esta razão um candidato a maçonaria* é instruído a estudas ambas as ciências: matemática e as ciências das estrelas. “Porém alguns dos filhos de Judá, e dos filhos de Benjamim, e dos filhos de Efraim e Manassés, habitaram em Jerusalém”. 1 Crônicas 9:3. Em Jerusalém, cidade da grande mescla, foi ensinado a arte alquímica do Casamento Místico, união entre o Coração e a Cabeça – o ideal para muitos, porém alcançado apenas por alguns. Ali, Melquisedeque, Rei e Sacerdote de Salém, ensinou este grande mistério alquímico a Abraão, o primeiro Mestre iluminado da Era de Áries. O Caminho para se alcançar este casamento foi ilustrado no Tabernáculo do Deserto, e sua consumação era o Santo dos Santos (Sala Oeste, local onde havia a Glória de Shekinah). Mas o Homem falhou nesta consumação. O Místico Rei Salomão e o Mestre do Ocultismo e Ofício Hiram Abiff tentaram instruir as pessoas no Grande Trabalho, mas seus esforços também encontraram a falha. Após está falha de realizar a mescla divina, ocorreu à destruição do Templo e de Jerusalém, e os 70 anos de escravidão na Babilônia. Cristo Jesus, o Mestre Supremo, fez-se carne e ensinou o Trabalho que foi consumado Nele mesmo. Seu corpo foi à oficina. Ele mesmo foi o Grande Trabalho e o Artífice; o Labor e Quem Labora; A Verdade e o Revelador da Verdade. Seu secreto desenvolvimento foi e é a mescla alquímica entre Água e Fogo, entre Coração e Mente, entre Set e Caim. Ele não é um ou outro, mas ambos. Ele ensinou este segredo aos seus discípulos; e no Dia de Pentecostes, quando a Língua Espiritual dupla (fogo e água) desceu sobre eles, tornaram-se Filhos de Deus com Ele. Este é o verdadeiro ensinamento esotérico do Judaísmo e do Cristianismo, e o florescimento de tudo isso foi ensinado por Homens Sábios de todos os tempos e raças. Em nenhum lugar do Mundo Cristo é um estranho. Ele é o Irmão, e mais do que um Irmão, Ele é todos os Homens. Enquanto seus ensinamentos profundos estão escondidos para as grades massas, os estudantes do esoterismo podem enxergar isso como uma Luz distante e viajam em direção a ela, sem desanimarem pelos terrores do caminho, pois eles sabem que o Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida.(Corinne Heline)

A Finalidade da Vida Humana.

Somos “pensamentos” de DEUS. “Pensamentos de DEUS”, vivos e desdobrando a potencialidade que, como herança divina, DEUS nos deu. Envolveram-se estes “pensamentos” desta vida virginal em todas as substâncias necessárias para adquirir consciência de si mesmos. É verdade que um dia fomos inconscientes de nós mesmos. Por assim dizer, movimentávamo-nos na vida una sem consciência dela mesma. Hoje, estes “pensamentos”, Espíritos Virginais convertidos mais tarde em Egos humanos, chegaram a esta perfeição de poderem se manifestar como indivíduos separados e, no entanto, tão unidos e tão imensamente unificados na vida de DEUS. Penso que assim foi para alcançar esta consciência consciente de que hoje dispomos. A humanidade toda tem percorrido tantos e tantos tempos que mesmo se perde na memória. Assim, amigos, já passamos por três grandes Anos Siderais. Cada ano sideral se compõe de 25.868 anos. E passamos três anos Siderais para chegar à metade de nossa Evolução. É apenas o que se pode comprovar em relação aos passos que já realizamos na Terra. Quanto teremos nos movimentado antes de chegarmos a esta forma concreta? Somente na infinita vida de DEUS é que se poderá encontrar a exatidão destes “pensamentos de DEUS”. Entretanto, a vida humana tem uma finalidade: adquirir o domínio total de tudo que possuímos como Espíritos em evolução. Para isto, é que manifestamos pensamentos, sentimentos, desejos que nos vêm de DEUS e nos provocam uma reação, à medida de nossa evolução, que cada dia é maior. Sentimos, hoje em dia, a necessidade imensa de poder ter um mundo de Paz e que toda a humanidade possa ter a alegria de viver em Paz. Paz e Paz para com todos os homens. Paz, trata a ciência e Paz, trata a religião, e ambas trabalham. E como trabalham separadas, separadamente extraem seus resultados. Em conjunto, unidas, é difícil. Por isto, é preciso que se trate de uma unificação integral da criatura de DEUS. Quando se tratar a ciência, a religião e a arte juntas, não haverá tanta preocupação com a Paz e a Paz será uma realidade entre todos nós. Porque o essencial da vida humana é adquirir experiência, e a finalidade de estarmos na Terra é somente adquirirmos uma consciência consciente, para podermos penetrar em outros planos de atividade ou Dias de Manifestação, onde possamos viver em corpos mais leves, com uma Inteligência ou Sabedoria desdobrada mais próxima da realidade da Vida de DEUS. Amigos, na verdade, entender o Cristianismo de Cristo é simples e natural. Nós, os cristãos, é que somos complicados e, sobretudo, é muito difícil para nós entendermos a unificação de toda humanidade. Sim, enquanto isso não seja uma realidade, andaremos pelas areias da vida sempre à procura da última fórmula fora de nós, e sem sentir que ela está no mais interno de nosso coração. Por que ela está no mais interno de nosso coração? Porque em nosso coração há um ventrículo e nele, de verdade e em verdade, mora a Voz de DEUS. É essa voz de DEUS que se manifesta, é essa voz de DEUS que pulsa constantemente para dar algo que nos traga a Paz, algo que nos dê a sensação da Unidade completa com tudo. Por que temos esta ânsia de chegar a DEUS? Em verdade, não há criatura que esteja satisfeita. Não há poder na Terra que dê a completa harmonia, a satisfação do Espírito, porque ele se sente movido sempre por seu eterno Criador, por Aquele que pensa, que o provoca e o movimenta. Assim, amigos, o Espírito, envolvido em corpos, vai desenvolvendo a Vontade do Pai, o Amor e a Sabedoria de Cristo e a Atividade do Espírito Santo. Como isto se manifestará na vida humana? Através da manifestação de cada um de nós. Quando nos manifestamos, pomos em movimento as essências que estão em nosso interior. Assim, vamos desenvolvendo uma vontade, essa vontade que se dirige para o divino, para o perfeito; esta é a Vontade do Pai. De certa forma, a Vontade do Pai sustém o mundo para ver se cada um de nós deseja mesmo empregar a vontade para unir e construir, para amar e levantar a humanidade, se cada um de nós está fazendo contato com a Vontade do Pai, assim como o Pai fez contato com a Vontade de DEUS. Assim será quando desejarmos amar profundamente, amar por amar mesmo sem nada possuir, apenas por um desejo de dar-nos. Dar-nos, amigos, é uma palavra muito difícil. É tão difícil para o cristão dar-se!... O único espelho, o único que temos no Cristianismo, deu-se, deu-se sem nada pedir, deu-se por dar-se mesmo na ânsia infinita de amar até mesmo o imperfeito, como imperfeitos somos nós. Ele é grande, imensamente grande e nós, na nossa pequenez, desejamos somente amar o perfeito. Oh! Quantas vezes negamos a caridade do sentimento! Haverá caridade maior do que a caridade do sentimento para uma alma que sofre, seja qual for a natureza de seu sofrimento? Não há caridade maior que esta, mas nós escolhemos a quem dar nosso sentimento... O Cristianismo é perfeito. O Cristianismo é único. Nós, os cristãos, é que somos imperfeitos, é que selecionamos para amar. Quando amarmos integralmente, quando amarmos sem nada pedir, quando amarmos sem nada possuir, estaremos amando como nos ensina o Cristianismo. Amando, amando tudo, estaremos fazendo contato com o Salvador do Mundo. Não temos outro meio para salvar-nos senão esse meio: o meio de contato com o Pai, o meio de contato com o Filho. Sim, usando nossa vontade, a parte do Pai que está em nós se manifesta através dela, mesmo a vontade para realizar no plano material. É sempre um contato com a vontade do Pai. Assim, quando amamos, quando desejamos saber dar, quando desejamos dar tudo o que possuímos, estamos fazendo contato com o Amor e a Sabedoria de Jesus Cristo. E quando pomos em atividade este Princípio Divino em nós, estamos entrando em contato com a origem de nossa vida e, como “pensamentos de DEUS”, manifestar-nos-emos muitíssimo mais amplamente em toda a atividade da vida. Porque quando a nossa Vontade, o nosso Amor e o nosso desejo revolucionarem o nosso próprio ser de encontro a uma meta divina, estaremos entrando em contato consciente com os poderes latentes que estão em nosso interior e, de certa forma, estarão os “pensamentos de DEUS” buscando a origem de como manifestar-nos divina e sabiamente. A atividade de nossa vida, a ação de nossa vida, está dirigida pelo Espírito Santo. Do Espírito Santo nos chega a ação. Em tudo o que é ação em nossa vida está-se manifestando em nós o Espírito Santo. Em verdade, três divindades em uma, pois, na verdade, todas as três divindades são DEUS mesmo, através de seu Verbo Criador. Assim como nós, Espírito tríplice, em verdade um Espírito agindo em diferentes facetas de nossa manifestação, assim como o Espírito tríplice manifesta-se ou extrai a alquimia destas atividades, a alma, que não é de DEUS, se forma para DEUS. Quando nós, em Espírito como somos, manifestarmos a Vontade, o Amor e a Atividade, estará se manifestando em nosso interior a triplicidade de nosso Espírito. Essa triplicidade de nosso Espírito põe em atividade os Corpos. Chamamos na Filosofia Rosacruz de Max Heindel de Sombras do Espírito. Sombras porque são de matérias mais densas e denominam-se Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente. Em verdade, são instrumentos do Espírito Uno. Mas o Espírito Uno não se manifesta diretamente senão através de sua Santíssima Trindade e nós, como”pensamentos d´ELE”, nos manifestamos em Triplicidade. É assim que DEUS põe em movimento o Pai, o Filho e o Espírito Santo para manifestar seu Poder Criador Divino. Nós, como Espíritos Virginais imortais, pomos em manifestação a triplicidade do Espírito com seu tríplice corpo, e, trabalhando através de seus corpos, o Espírito extrai de cada um deles a alquimia, a grandiosa e formosa alquimia dos alquimistas: a transmutação do material inferior em ouro puríssimo da alma. Quando o Espírito consegue trabalhar manifestando a Vontade Divina, o Amor, a Sabedoria e uma Atividade correta, digna e unificante, está trabalhando as alquimias de seus corpos e ele extrairá disso o resultado. Forma-se, então, através do trabalho do Corpo Físico o que se denomina Alma Consciente. Extrai-se do Corpo Vital o que se denomina Alma Intelectual e extrai-se do Corpo de Desejos o que se denomina Alma Emocional. Tem, então, o Espírito o que se denomina as alquimias, como um grande alquimista que há de transmutar a partir dos metais baixos o puríssimo ouro para formar as almas em homenagem Àquele que o criou. Em Verdade e em Verdade disse Paulo: “Não sabeis que sois Templos de DEUS?” Sim, somos Templos de DEUS, onde DEUS se manifesta, mas através de um grande alquimista que também está em nosso interior – o Espírito Uno em potencial. Assim, amigos, poderemos realizar tudo o que nos propuzermos a realizar. Sim, amigos, tudo alcançaremos, dependendo das forças que pusermos em movimento dentro de nós. Não se esqueçam de que a vontade deve ser uma Vontade Divina, deve ser uma vontade sublime, deve ser uma vontade mística e magnífica. O Amor deve ser um amor de dar por dar mesmo. E a Atividade deve ser uma atividade que nos dê a experiência sábia e consciente, sem magoar, sem oprimir, sem nada querer, senão pela forma de dar-se. Dar-nos é a única forma que temos de ganhar. Dar-nos para ganhar o Caminho de Retorno, Sábio e Consciente à Fonte de toda Origem. Hoje é um grande dia para recolher-se, para recuperar a saúde, harmonizar os corpos e sobretudo revestir-se de harmonia interna. Que a Paz seja convosco e a Paz seja entre todos nós! - Palestra radiofônica feita ao microfone da Rádio Copacabana, no Programa "A Voz Rosacruz",17/09/1959

terça-feira, 11 de junho de 2019

A Amizade.

Que a Paz seja convosco e a Paz seja entre todos nós! Sentimos a alegria de podermos estar entre todos vós. Que sempre seja “alegria” a palavra que nos leva mais perto de DEUS e, assim sendo, a essa harmonia infinita que tudo envolve e nos sustenta a todos. Amigos, há algo maravilhoso que todos nós humanos devemos praticar, para seguir, sempre, justificando a verdade que é luz. Tudo isto tem sentido: é o sentido da amizade. Hoje, nossas palavras serão sobre a amizade. A amizade é algo profundo em nós e é a maior palavra que nos deu Cristo quando nos diferenciou como “Seus amigos”. Ele disse: “O servo nunca sabe o que o amo faz, mas seus amigos sabem o que ele faz”. Assim, hoje trataremos de compreender o sentido da amizade. Todos nós, que compreendemos e aceitamos o renascimento como finalidade para que o Espírito em evolução conquiste seu patrimônio verdadeiro e absoluto, encontramos nesta manifestação de amizade um desprendimento de nós mesmos, que deve ser o maior sentimento que podemos ter para com a humanidade. Cristo nos chamou de “Seus amigos” e, com isso, Ele nos mostrou saber ser Amigo de toda a humanidade. Saber ser amigo não somente daqueles que nos agradam, não somente daqueles que nos fazem o bem, não somente daqueles que algum interesse representam para nós, mas ser amigos em um sentido o mais amplo possível, levando a um desprendimento compatível com a divindade que mora em nosso interior. Ser amigos! Ter amizade! É algo profundo e inesgotável o que existe nesta amizade! E, no cristianismo, por havê-lo compreendido, colocamo-lo em prática e assim ele nos une a todas as criaturas. Se Cristo nos deu este exemplo com um sentimento tão profundo de amizade, é por que este é o grande elo que deve haver entre todos nós. Nós que compreendemos o renascimento, sejamos estudantes Rosacruzes ou de qualquer outra escola de corrente espiritual, deveríamos ter uma amizade profunda entre todos nós. Deveríamos amar-nos e sentir-nos profundamente uns aos outros no esforço de levar adiante o ensinamento que Cristo, com Sua grande amizade, nos deixou: o renascimento. Não deveria haver jamais entre nós, os que aceitamos a Lei do Renascimento, forças contrárias ou confrontações, porque estas enfraquecem e diminuem as forças do cristianismo. Como poderíamos dizer que alguém é cristão se nega a sua amizade a outro cristão? Como se pode ser amoroso, se não se sabe ser amigo? O sentido da amizade é algo tão profundo como a luz infinita. Entre aqueles que viveram uma verdadeira amizade, nada houve que os pudesse separar, nem houve mal-entendidos que os pudessem aborrecer. Onde há amizade, Amor. A amizade perdura através dos tempos, a amizade se sobrepõe aos pequenos obstáculos na escola de aprendizagem do espírito. A inimizade vem sempre da incompreensão. A incompreensão é sempre um produto daquele que se sustenta por ela mesma, e que não alcançou o verdadeiro sentido da evolução. Por isso, havendo em nós juízos, é muito necessário compreender que cada criatura está colocada na situação que lhe corresponde. Cada um executa aquilo que ressoa no instrumento de sua alma no sentido espiritual. Todos podemo-nos unir e trabalhar, trabalhando cada um de acordo a seus instrumentos anímicos. Não seria uma grande orquestra se cada um dos indivíduos se especializasse em determinado instrumento? Assim, somos nós espiritualistas que aceitamos a Lei do Renascimento, espiritualistas que compreendemos que estamos na escola da vida, colocados para aprender, cada um, sua devida lição. Assim como toda a humanidade não pode freqüentar uma mesma escola, o mesmo ocorre com os Rosacruzes. Que mal entendedor seria este da magna Filosofia Rosacruz se dissesse que não está unido com outros Rosacruzes! Pois assim como em cada cidade há diversas escolas segundo as pessoas que compõem esta cidade, assim também somos os que seguimos as correntes Rosacruzes: são escolas de ensino superior. São escolas onde o espírito compreende e sente a profundeza da vida. Busca, como busca o bom estudante, a união entre todos em um alto sentido de amizade. Como seria possível que uma faculdade depusesse contra a outra? Se uma depõe contra a outra, é porque há falta de verdade, é porque não desenvolveu o primeiro sentido da amizade. Todos os Rosacruzes, sejam de Max Heindel, sejam de qualquer outra fraternidade, sejam estudantes ou adeptos, segundo a situação de cada um, são, no sentido verdadeiro, o que mostram através de sua compreensão e suas obras, por força do estágio evolutivo que ocupam dentro do Conhecimento Rosacruz. O Conhecimento Rosacruz não é somente uma ideologia a mais para a humanidade. Ele é a própria manifestação da evolução humana e, assim sendo, serve para todos. Todos podem estar nele e ele estar, em diversos graus, entre todos. Por isso, na amizade daqueles que entenderam o princípio do renascimento e a evolução humana, haverá sempre o mais profundo e benéfico sentido dessa amizade. Se há amizade, há um verdadeiro reverberar de Amor. Por isso, Cristo nos ensina que não serão as palavras nem as ideologias que salvarão a humanidade, senão o sentido próprio da unidade com tudo, através da manifestação do Amor. E como poderá haver Amor se não há amizade? Comecemos por sentir esta profunda amizade para com todos e ela se transformará no Amor que vai redimir a humanidade. Que a Paz seja convosco e a Paz seja entre todos nós! - Palestra radiofônica feita ao microfone da Rádio Copacabana, no Programa "A Voz Rosacruz", 29/09/1959

Auto-conhecimento e Espiritualidade.

Meu Irmão... ... nunca pensaste na hora em que possas conhecer-te a ti mesmo? Queres iniciar, hoje, a fazer reais esforços para alcançar essa inefável virtude? Ela é tão preciosa para o espírito, que Goethe, um iluminado ser, dizia: "Quando o homem se conheça a si mesmo, libertar-se-á das cadeias que o prendem a este mundo". Bem...se queres começar agora mesmo, acalma, primeiro, o tumulto de tuas vozes internas. Senta-te comodamente. Respira com sossego e naturalidade. Fecha os olhos. Depois pergunta-te: "Quem sou eu, em realidade?" Pensa lentamente, mas com determinação. Procura conhecer-te em todas tuas facetas. Esquadrinha profundamente teu mundo mental, definindo-o com leal exatidão. Pergunta-te honestamente: "Qual é meu objetivo sobre a Terra?" Se chegas a responder-te, de acordo aos conhecimentos que possuis, de um modo consciente e claro, tuas possibilidades de progresso são imensamente melhores O objetivo do ser humano na Terra caminha paralelamente a seu grau de inteligência. Quando se chega a um grau de consciente responsabilidade, delineando ampla e precisamente os propósitos espirituais que se tem, passa-se a estar na proporção de cinqüenta por cento no caminho verdadeiro. De nada valem todas as filosofias sobre a vida, se a humanidade não se define a si mesma. Uma pessoa pode passar estudando as coisas do espírito vinte, trinta anos, uma existência enfim, e não obter mais que uma erudição intelectual. Portanto, amigo, sê teu próprio juiz, com o máximo rigor, com a maior severidade, efetuando a necessária devassa em tua vida interna. Averigua, em teu íntimo, o que procuras no caminho espiritual: conhecer-te ou ignorar-te? Acaso, será que queres passar a existência filosofando inutilmente, sem tentar a reforma interna, sem divisar com clareza tuas reais ânsias e aspirações? Ou desejas, pelo contrário, constatar tuas imperfeições, conhecer tuas falhas e debilidades, a fim de transmutar tuas fraquezas, conscientemente, e empreender uma nova etapa em tua vida, para viver o que estudas e compreendes, procurando elevar-te na conquista da evolução celeste, e ser, desde este momento, por primeira vez em tua aprendizagem na Terra, espiritualmente sincero e leal com teu próprio Ser espiritual? Se te respondes positiva e convictamente, e procedes em teu íntimo em harmonia com as respostas que te deres, então deixarás de representar uma simples folha levada à vontade do vento, para passar a governar sabiamente o timão de tua presente vida, de teu destino, de tua finalidade divina! - Irene Gómez de Ruggiero