quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O Filho do Sol e a Reforma Monoteísta.


Exceção foi o faraó Amenófis IV, da 18a dinastia, que trocou seu nome para Akhenaton, “Filho do Sol”. A religião do Egito sofreu com ele uma radical reforma monoteísta. Akhenaton deflagrou sua guerra religiosa investindo contra o célebre Templo de Amon-Rá que se erguia defronte de seu palácio, em Tebas. Até hoje restos dessa colossal construção podem ser visitados; pertencem ao complexo das famosas ruínas de Carnac. Para que Aton ocupasse definitivamente o lugar das outras divindades, era necessário que a principal imagem do politeísmo fosse derrocada, e os demais templos de Amon passaram a ser alvo de ataques. Milhares de sacerdotes foram destituídos de suas funções. Sob as ordens do novo faraó, todos os nomes dos deuses escritos nos templos eram raspados, e suas estátuas destruídas ou confiscadas.
Obcecado pela utopia de seu Estado, idealizado para ser socialmente justo, Akhenaton esperava trocar a demagogia e os privilégios dos sacerdotes de Amon por uma realidade que unisse toda a humanidade sob a glória de um deus único, elegendo o Sol como símbolo dessa sua concepção religiosa universal. Mandou erigir um templo monumental para seu deus, o Gem-Pa-Aton, e, por volta de 1350, transferiu-se para o longínquo vale desértico de Tell-el-Amarna, onde dali a quatro anos inauguraria a nova capital do império, denominada Akhetaton, ou “Cidade do Sol”. Ao lado de seus 50 mil habitantes, o faraó isolou-se da política externa, preferindo ali a vida contemplativa e esotérica. Duraria 17 anos a sua reforma, que se sustentou somente durante seu reinado. Acredita-se que o introspectivo faraó, por contrariar muitos interesses políticos e religiosos, tenha sido envenenado.
Mesmo as radicais reformas de Akhenaton, entretanto, não ousaram violar os templos de Osíris. Também foram preservados os altares dedicados a Thot, divindade que ainda exportaria suas qualidades ao Hermes grego. Por que tal deferência? Qual o motivo do respeito de Akhenaton por essas divindades?
Para esclarecermos a questão, peçamos auxílio ao mito de Osíris. Tal divindade, na era pré-dinástica devia estar associada à agricultura e à colheita, posto que morria periodicamente a cada outono para ressuscitar na primavera seguinte, com a cheia do Nilo. Referências ao mito, ainda que inúmeras e esparsas por diferentes papiros, não retratam, em nenhuma das regiões arqueológicas já pesquisadas, sua história por completo. Há sempre divergências nos relatos, que, até por isso, enriquecem o mito com detalhes. Resumidamente, a versão mais aceita nos é narrada pelo grego Plutarco (séc. 1).R.Planeta.

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