quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Osíris Encarcerado.
Com o mito já avançado, Osíris chegou a ser governante dos egípcios, sendo querido por seu povo; afinal, libertara-o da ignorância, havendo ensinado a todos a agricultura. Séti, invejoso do sucesso do irmão, arquitetou um plano para apoderar-se de seu trono. Promoveu um banquete e, havendo obtido previamente as medidas precisas do irmão, conclamou todos a uma diversão: desafiou seus convivas a se deitarem num belo cofre, que seria ofertado àquele que nele melhor coubesse. Claro, mancomunados, seus aliados esperavam pela hora em que Osíris o experimentaria.
dito e feito: tão logo o rei se deitou no caixão, sua tampa foi colocada sobre ele e suas alças lacradas com chumbo derretido. Osíris estava finalmente encarcerado! O esquife foi jogado no leito do Nilo, para que afundasse. Mas o rio o levou ao mar, e daí à costa de Biblos, hoje o Líbano. O ataúde empacou nos galhos de uma árvore que brotava, e dali a alguns anos seu enorme tronco o ocultou. Tudo isso é alusão franca à transmutação; nessas imagens os alquimistas foram buscar suas idéias de penetrar nas entranhas da terra, transformar o chumbo, e dela sair renascido. A imersão no mar nada mais é do que a solutio universal, isto é, a dissolução da matéria previamente necessária à sua restauração.
A essa altura, a deusa Ísis (esposa de Osíris e também sua irmã) já vinha em seu encalço. Perguntando somente às crianças, de cujas bocas só sai a verdade, se haviam visto o ataúde do irmão, chegou a Biblos. No local indicado, encontrou enorme palácio, que fora construído por um casal de reis que tinha escolhido aquele forte tronco como coluna central de sua luxuosa morada.
Ísis resolveu aproximar-se com cautela. Primeiramente fez amizade com as servas da rainha, e passou a cuidar de seus cabelos; pintava-as, perfumava-as. A rainha logo quis saber quem as deixava assim tão belas; atraída pela simpatia de Ísis, não tardou a confiar-lhe seu filho recém-nascido, fazendo dela sua ama-de-leite. Mas, à noite, Ísis, que se afeiçoara ao bebê, dava-lhe um leite especial que extraía de seus dedos e colocava o menino no fogo, para aos poucos conferir-lhe a imortalidade (outra clara alegoria ao processo alquímico de calcinação). Certa feita, havendo a rainha surpreendido sua ama nessa prática, deu um grito de espanto, e o encanto se desfez. A deusa então revelou sua identidade. A rainha, constatando que o pequeno nem se queimara, acreditou nela e, ajoelhando-se, disse estar às suas ordens. Ísis lhe pediu então de volta seu marido, preso na coluna do palácio. A rainha ordenou que escavassem o tronco com cuidado, até que pudessem retirar dali o cofre. Ísis voltou, então, com ele para o Egito.R.Planeta.
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