Morte - A Festa.
Jill Thompson.
Para quem conhece o universo do personagem de quadrinhos Sandman, criado por Neil Gaiman, o episódio é arquiconhecido. O Senhor dos Sonhos entra no Inferno disposto a lutar com Lúcifer, o Príncipe da Luz, para recuperar a alma de sua antiga amada. No entanto, ao chegar nas terras tenebrosas, encontra tudo vazio, abandonado. Lúcifer desistiu de ser dono do Inferno! Está cansado. Fechou a conta. Esvaziou seus domínios, expulsou as almas e todos os demônios que ali habitavam e está acabando de fechar os últimos portões quando Sonho se aproxima.
Aproveita para lhe pedir que corte suas asas celestiais: agora, ele vai curtir uma vida de ermitão de meia-idade no litoral (que tem toda a cara de ser a Califórnia) e nunca mais voltará. Antes de partir, seu último gesto soberano: entrega a chave do reino para Sandman. Ele que faça o que quiser com ela.
Sandman é o novo rei de um reino triste e esvaziado. E ainda ouve de Lúcifer, quando este vai embora: "A chave é sua agora, Senhor dos Sonhos. Talvez isto vá te destruir. Talvez, não. Mas, duvido que sua vida se torne mais fácil!"
O que fará Sonho com tal poder? Ninguém sabe. Nem o próprio. Enquanto tenta decidir, começam a chegar diversas delegações reivindicando a chave para si, com toda série de propostas, presentes ou ameaças: de Odin e seu filho Thor, acompanhado de Loki Skywalker, Filho dos Gigantes; Anúbis, Senhora dos Mortos do Delta do Nilo; Azazel, formalmente um príncipe do Inferno, além de outros. E também os anjos Remiel e Duma que vieram... observar.
Pois bem. Como disse, essa história é antiga e os velhos leitores da saga de Morpheus, o Senhor dos Sonhos, sabem muito bem como isso termina. Acontece que um certo detalhe no meio dessa bagunça nunca havia sido revelado anteriormente: afinal de contas, para onde foram todas aquelas almas subitamente libertas da eterna prisão infernal? Ora, elas foram realizar seus desígnios últimos, foram para onde havia Luz, dirigiram-se para a ultima coisa conhecida que viram antes de irem pagar suas penas. Em outras palavras, para a casa da querida irmã de Sandman, a Morte!
Subitamente, Death vê sua cuidada e bonita casinha invadida por milhares de almas perdidas procurando por um caminho e que a cada segundo vão aumentando cada vez mais. Com uma pequena ajuda de suas irmãs Despair (Desespero) e Delirium (Delírio), precisa dar um jeito de distrair as almas enquanto sai para trabalhar. Cuidando para que os "convidados" sejam "alimentados" e ninguém faça muita sujeira no carpete, nem destrua a mobília! E torcendo para que seu irmão decida logo o que vai fazer da vida. E da morte.
"Morte - A Festa" é uma hilária e muito bem sacada adaptação do universo dos Perpétuos realizada por Jill Thompson, uma ganhadora do prestigiadíssimo Prêmio Will Eisner de HQ e fã ardorosa do trabalho do genial Neil Gaiman. Thompson traçou perfeitamente os personagens, trazendo humor e agitação sem perder em nada suas características originais: Morte está tão sensual, lúcida, carismática e inteligente como sempre. Delírio está perfeita como uma criança maluca e não a costumeira adolescente; e vemos um inesperado affair de Desespero com ninguém menos que Edgar Allan Poe!
E os desenhos ainda trazem um inusitado sabor a mais: estão no formato de mangá. É uma perspectiva bem diferente e, para dizer a verdade é bem esquisito. Não sei se me acostumei, não. Creio que continuo preferindo os traços e desenhos e arte originais.
Além do que, Morte está aqui. Em plena ação.
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