quarta-feira, 30 de março de 2011

A Voz Silenciosa.


O Corpo Vital, também chamado corpo etéreo, por ser feito de éter, comanda todos os processos vitais do corpo físico e dá-nos a percepção sensorial; nele fica impresso, indelevelmente, tudo quanto pensamos e fazemos. Por isso, é no Corpo Vital que está o filme da nossa vida! É nele que está a memória inconsciente e aquela voz silenciosa que nos ajudará, ao longo das vidas, a ordenar as nossas acções com maior perfeição; ela surge-nos como reminiscência ou memória do que já fizemos em vidas passadas. É uma força que nos impede de agir mal e até nos repele na iminência de uma decisão nociva.

O Corpo de Desejos, também chamado Corpo Emocional, dá-nos, durante a vida, o estímulo emocional e todo o género de sensações; e, finda a vida, terminados os processos vitais e a respiração, recebe, por transferência do Corpo Vital, o panorama ou filme da vida que terminou. Essa transferência terá uma duração que pode ir de um momento até três dias e meio. Depende da extensão da vida e da maneira como ela foi vivida. Se a vida foi grosseira, levará mais tempo; se foi delicada levará menos. As crianças até cerca dos catorze anos passam no mesmo instante da morte para o estado celeste, pois ainda não são culpáveis pelas suas acções.

Este panorama da vida que terminou constitui a base do intenso trabalho que existe nos estádios chamados purgatorial e celeste. É deles que depende todo o nosso progresso na vida seguinte. Por este motivo convém que a transferência das imagens do filme, do Corpo Vital para o Corpo de Desejos, se faça com a maior perfeição. E essa perfeição depende do ambiente dominante no local onde se encontra o morto.

A morte é um sono como todos os outros; não há sofrimento. Mas, assim como junto de quem dorme se faz silêncio, para não lhe perturbar o sono, também a pessoa que morreu deve ser mantida na mais profunda quietude. Isto porque ao cerrar os seus olhos para a vida terrena o espírito começa a transcendente obra que consiste na transferência do filme a que nos referimos. E este trabalho só se pode fazer na perfeição havendo a mais absoluta tranquilidade.

Os dois corpos – o corpo de desejos e o vital – estão ligados ao corpo físico por um laço etéreo, que à visão espiritual parece de prata. É por isso que se lhe dá o nome de cordão prateado. A união entre os vários corpos desfaz-se quando termina o registo do filme da vida finda.

O momento em que deixamos de respirar assinala o que a ciência oficial considera "morte clínica". Porém, este processo só está concluído depois de terminar a contemplação do filme da vida que terminou; quer dizer, depois dos elementos que formam o cordão prateado perderem a sua coesão e se dissolverem, deixando o espírito inteiramente desligado do corpo físico. Nesse momento é que se dá a morte "real", pois entre o corpo e o espírito cessaram todas as relações. Pode-se então fazer a autópsia ou a cremação, precisamente por já não existir qualquer relação entre o espírito e o corpo. Os suicidas, esses ficarão ligados, intimamente, aos seus corpos (vital e de desejos) por todo o tempo que haviam de viver. E não podem recolher, por isso, o panorama da vida por eles interrompida!
Francisco Marques Rodrigues.

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