sábado, 2 de julho de 2011

Rumi RUBAYAT de RUMI (seleção)



Gritei, e naquele grito ardi.
Calei, e marginado e mudo ardi.
Das margens todas me arrojou.
Ao centro fui, e no centro ardi.

* * * * *

Luz do céu é nosso corpo terrenal.
Zelos causa ao anjo a agilidade nossa.
Às vezes é de invejar aos anjos a pureza nossa.
Às vezes ao diabo afugenta a coragem nossa.

* * * * *

Chegou a hora que dedicar-te deveremos
E com tua alma, casa de fogo levantaremos.
Tu, ó mina de ouro, oculto estás na terra.
Quando puro amanhecerdes, no fogo te lançaremos.


* * * * *

Por uns dias, com os meninos fomos ao Mestre;
Por uns dias, nos alegramos com rostos fraternos.
Escuta o final de nossa história:
Tal como nuvem saímos e fomos tal como o vento.

* * * * *

Sabe, ó alma, quem tua alma é.
E sabe, coração, quem hóspede teu é.
Ó corpo, que por todos os meios buscas remédio!
Ele te é levado, observa tu quem te busca.

* * * * *

Ser dervixe e enamorado a um só tempo é reinar.
Tesouro é a tristeza do amor, mas oculto está.
A casa do coração deixei em ruínas com minhas mãos;
E soube que nas ruínas o tesouro está.

* * * * *

Em nossa mente há vontade de outra tarefa.
É outra face nossa boa amante.
Juro por Deus: tão pouco o amor nos bastará.
Para nós, após este outono, outra primavera haverá.

* * * * *

Aquele Mansur Hallaj que disse: “Sou a Verdade”
A terra do caminho com suas pestanas apagava.
Do mar do seu não-ser Mansur flutuava.
E ali polia a pérola: “Sou a Verdade”.

* * * * *

Enquanto por guia a baixa natureza tenhas
não julgues que tua sina vitoriosa seja.
Dormido de dia, que curta é a noite de tua vida!
Temo que despertes quando dia seja.

* * * * *

Os enamorados, num só instante, os dois mundos perdem.
Em um breve lapso, cem anos eternos perdem.
Mil estações percorrem pelo aroma de um alento.
Por seguirem um coração, mil vidas perdem.

* * * * *

Olha minha face como o ouro do tempo e não perguntes.
Olha esta lágrima qual grão de romã e não perguntes.
Não inquiras sobre o estado interior da casa:
Olha o sangue no umbral e não perguntes.

* * * * *

À ciência que desata nós, busca.
Àquela, antes que a alma te escape, busca.
O não existente que parece existente, deixa.
O existente que não existente parece, busca.

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