contos sol e lua

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A ILUSÃO DO PODER.


No fundo de uma criatura presa por uma maldição que dita categoricamente que no final não há esperança, que todos os Vampiros acabarão por se destruir, eles se prendem à falsa esperança de que serão capazes de escapar. Eventualmente, eles acabam escapando às tentações da Besta e acumulando uma grande quantidade de poder por merecimento próprio e experiência. Raramente, um diablerista é bem sucedido, mas pode acontecer. Entretanto, tanto poder acumulado traz suas conseqüências.
Anciões costumam ser altamente crípticos. Eles se ocultam à margem da sociedade, passando a maior parte do tempo em seus refúgios secretos, onde tem contato apenas com uns poucos mortais e neófitos leais a ele. Muitas vezes a lealdade é garantida através de laços de sangue, totais ou parciais. De outra forma, o medo da traição é tão grande que torna o convívio social desses membros realmente antigos algo muito difícil. Anciões não são figuras públicas, raramente detém fachadas mortais. Quando as possuem, as fachadas mortais são muito discretas, evitando o assédio da mídia e conseqüentemente, chamar a atenção dos inimigos.
Para um ancião, existem dois tipos de Vampiros: os aliados, cujos quais se deve manter sempre um olho atento para evitar traições, e os inimigos, que incluem todo o resto. É tão difícil para um ancião confiar em alguém que não esteja atado a ele por laços de sangue ou outro tipo de garantia de fidelidade sobrenatural, que no antigo livro “Elysium”, da segunda edição de Vampiro, existiam as qualidades “Cria Leal” e “Paramour” (relacionamento estável e confiável com outro Vampiro), que dão certo conforto à existência desgraçada e paranóica do ancião.
Além disso, a Besta busca a sua própria sobrevivência. Bem cedo, Vampiros descobrem que não devem se colocar em situação de risco. Chamar a atenção para si e suas atividades é um risco, que só os mais insensatos ou insanos estão dispostos a correr. Ou os mais novos. Anciões normalmente usam neófitos para fazer o que eles querem que seja feito, sem que eles mesmos corram riscos. Contra seus inimigos, eles usam suas influências, dinheiro e aliados. É muito raro que um ancião se coloque em uma disputa direta com outro Membro, especialmente se for uma disputa física. Alimentação irresponsável, uso de dons evidentes na frente de testemunhas, deixar pistas de suas atividades sobrenaturais. Na Camarilla, essas coisas são Quebras de Máscara. No Sabá, são falta de bom senso – exceto quando a sujeira é feita propositalmente em território da Camarilla.
No final das contas, o Ancião é um escravo. Tendo acumulado muito poder e influência, ele se vê obrigado a ocultar-se dos inimigos, reais ou potenciais. Ele sabe que todo Vampiro deseja poder, e tentar roubar o poder daqueles que o possuem é a sina dos amaldiçoados. Após alguns séculos existindo sob esse panorama de falta de esperança, anciões se tornam criaturas amargas. Entediadas, mas incapazes de fazer algo para descontar o seu tédio, eles se entregam a atividades que buscam aumentar ainda mais o seu poder... e temos um ciclo infinito de falta de esperança e perspectivas, de tentativas de acumular mais poder, de medo crescente da morte final. Muitos enlouquecem, criam fantasias para aliviar suas angústias, ou passam a se dedicar a atividades sombrias. Outros encontram um objetivo e o perseguem com todas as suas forças, dedicando sua existência completamente àquilo. Muitos caem no sono das eras, na esperança que ao despertarem, haja algo que valha a pena, ou devido ao medo de presenciar o seu fim. Vampiros são condenados, e o jogo de Vampiro deve deixar isso claro. Interpretar um ancião é interpretar uma criatura maldita, prisioneira do passado e de seus próprios fantasmas, ou prisioneira de seus objetivos obscuros. Sob o sorriso amistoso na face se esconde um monstro criado por seus próprios medos e angústias, uma criatura infeliz e sem esperança, ou um escravo de seus objetivos. Interpretar um neófito é interpretar uma criatura assustada ou deslumbrada com seus poderes, ainda inocente e empolgada, alheia aos perigos e curiosa, mas não necessariamente insensata. Neófitos podem errar, mas anciões não se podem dar a esse luxo.

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